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ARGUMENTOS DE MAQUIAVEL CONTRA O CRISTIANISMO:
  • Publicado em 17/07/2017
  • Por Diogo Rafael Moreira
O ataque multifacetado que Maquiavel faz ao Cristianismo de uma lado revela a riqueza e coerência do pensamento político cristão, enquanto de outro mostra a falta de unidade e coerência da perspectiva rival. Em suma, a conclusão é que o pensamento cristão é O idealismo realista baseado na contemplação do bem, criativo e fermento de civilizações, enquanto o pensamento de Maquiavel é um idealismo realista baseado na contemplação do mal, destrutivo e fermento de revoluções. O primeiro é um princípio vital para os Estados, o último é um parasita que somente pode florescer em um ambiente ainda religioso. Tenho sempre dito que o realismo, bem longe de ser a perfeição da política, é ao contrário sua negação. Não é vantajoso mentir e perjurar senão num mundo de pessoas honestas. Mas, quando o uso da mentira e do perjúrio se tornou geral, ou mesmo universal, os Maquiavéis e os Tartufos, todos privados de matéria-prima, isto é, da boa-fé alheia estão reduzidos à triste condição de desempregados. BERNANOS, Georges, op. cit. CARVELHO, Olavo de. A Dialética Simbólica: e outros ensaios, p. 59. Cristo é o espelho de todas as virtudes humanas e divinas, o Príncipe de Maquiavel é o espelho de todos os vícios. O cristão é um idealista que contempla o bem, o maquiavélico é um idealista que contempla o mal. O realismo de ambos consiste no fato que os dois caminhos são possíveis e se baseiam em seres reais. É verdade que poucos homens são realmente bons, mas também é verdade que poucos são realmente maus. O caso de Baglioni é um exemplo disso e dá testemunho do idealismo de Maquiavel. A maioria das pessoas oscila entre os dois e sua vida deve pender ou mais para um lado, ou mais para o outro. Há realmente dois mundos e é preciso escolhê-lo. Quem opta pela filosofia moderna trilha um caminho claramente diferente daquele do que escolhe a filosofia clássica e a rivalidade entre as duas é inevitável, tal como é inevitável a rivalidade entre cristianismo e satanismo. A mulher contra a serpente. Os argumentos de Maquiavel serão apresentados como objeções à doutrina do poder temporal e espiritual do Papa em particular e da Igreja em geral. Essa doutrina basicamente afirma que o Papa, como Vigário de Cristo, possui jurisdição universal sobre o mundo inteiro, tal doutrina foi bem expressa por Papa Bonifácio VIII com a doutrina das duas espadas. Esse modo de exposição parece o mais apropriado, porque parece que a crítica de Maquiavel é um esforço para negar essa doutrina fundamental. Eles precisam ser dividido em diferentes questões, porque a crítica de Maquiavel ao cristianismo ora parece que às vezes se refere somente ao papel do Papado nos assuntos italianos (antipapismo), em outros lugares se refere ao clero em geral (anticlericalismo) e ainda em outras ataca a mensagem cristã como um todo (anticristianismo). Os argumentos nem sempre foram tirados diretamente das obras de Maquiavel, acrescentou-se também argumentos de comentadores. Ao fim do estudo procurarei oferecer um parecer geral sobre o pensamento de Maquiavel e a religião cristã. TESES DE MAQUIAVEL A religião é necessária para a fundação e conservação do Estado? Parece que a religião não é necessária para a fundação e conservação do Estado, pois Primeiro em virtude da causa eficiente dos Estados em geral, isto é, a ambição de riquezas e fama. O desejo de aquisição, que é no homem coisa natural e ordinária, nem sempre é um desejo religioso ou filosófico. De fato, existe um ócio ambicioso, um desejo pelas coisas celestes ou inteligíveis, porém, muitas vezes a ambição tem por objeto coisas terrenas como as riquezas e as honras. Ora, esse desejo é muitas vezes a causa da fundação e expansão dos Estados, como no caso de Rômulo. Logo, nem sempre a religião é a causa da fundação e expansão do Estado. FORISON, 3ª FIGURA, OIO. EIO Algum desejo não é religioso Segundo em virtude da causa eficiente do império dos romanos. Há coisas que são conquistadas por obra da fortuna e outras que são conquistadas por obra da virtude. A virtude não é a fortuna, o que o homem conquista por sua própria força é diferente daquilo que Ele recebe de Deus ou do acaso. Ora, Roma conquistou o império por causa de sua própria virtude e não por causa da fortuna, isto é, da Providência Divina. Logo, a providência divina não foi responsável pelo império do Estado de Roma. FERIO, 1ª FIGURA, EIO. Terceiro pela natureza humana. Ainda que Deus fosse a causa, o fato é que os homens não dariam grande importância para esse fato. Com efeito, eles lamentam mais a perda do patrimônio que a morte de seu pai, pois a afeição que um homem tem aos bens temporais é superior àquela que ele tem pelos seus benfeitores. Deus é um benfeitor. O homem ama mais os bens temporais que os seus benfeitores. Logo, um Estado constituído por homens cuidará mais o bem temporal que o reconhecimento de sua causa. CAMESTRES, Segunda Figura, AEE.  Quarto pela insuficiência da religião na ordem do tempo. Os profetas desarmados sempre falharam, ao passo que os profetas armados sempre foram bem-sucedidos, portanto o sucesso é mais uma questão de coerção física que de apoio divino. Ainda que Deus seja o fundador, o homem precisa dar mais atenção às armas que ao culto, ele pode realmente dar atenção somente as armas e logrará sucesso, mas o cuidado somente com as coisas divinas o levará à ruína. Quinto pelo princípio das leis. Um Estado duradouro se baseia em boas leis. Boas leis não podem ser observadas sem boas armas, de modo que elas não bastam sem armas, ou seja, as boas leis não são capazes de manter o Estado sem boas armas. Logo, boas armas são o bastante para manter o Estado. CAMENES, 4ª FIGURA, AEE Os homens devem procurar fins que esteja ao seu alcance. As religiões assim como as filosofias propõe uma ordem irrealizável no plano terreno. Logo, as religiões e as filosofias atrapalham o homem na aquisição dos bens que ele realmente pode obter, prometendo-lhes bens que ele não pode obter. CAMESTRES Figura 2 AEE Em sentido contrário, Autoridade: autores clássicos sempre consideraram o papel da religião como fundamental para o estabelecimento de leis boas e duráveis. Respondo que A religião cristã é prejudicial ao Estado? Parece que a religião cristã é prejudicial ao Estado, porque ela torna os homens mais fracos pela ócio ambicioso, que faz as pessoas desejarem os bens eternos mais que os terrenos (primado do contemplativo sobre o pragmático), as pessoas amam mais a pátria celeste que a pátria terrena. Ora, um povo que ama mais o céu do que a terra será negligente nas coisas do mundo e levará à ruína da república. (1) pela doutrina da humildade (ética cristã), que as torna vítimas das mais fortes; pela doutrina da amizade aos inimigos e do perdão, o cristianismo faz das pessoas vítimas dos astutos, inclusive do clero Os sacramentos cristãos são menos cruéis que os pagãos, o que torna as pessoas menos dispostas para as atividades militares (3) pela interferência da Igreja nos assuntos temporais dos países com suas prerrogativas, ela torna a nação dependente de um poder estrangeiro. Caso de Luís XII comparado com Henrique VIII. Its universal and absolute character, in contrast to the particular and flexible character of the Roman civil religion, hinders successful international conquest. 54 More than any other cause, it is Louis XII’s inability to understand or defy these powers that leads to his failure. Parsons, William B.. Machiavelli's Gospel: The Critique of Christianity in "The Prince" (p. 26). Boydell & Brewer Group Ltd. Edição do Kindle. Pelo poder temporal do Papa em Roma que mantém a Itália dividida Pela má interpretação do Cristianismo; Se a república de Maquiavel é superior à república cristã. Parece que a república de Maquiavel é superior à república cristã, porque O amor das riquezas e da glória terrena produz feitos mais grandiosos que o amor dos bens eternos. Uma pessoa que busca a glória de Deus salva a si mesma, enquanto aquela que busca a glória do mundo salva muitos com ela. Nessa república há mais liberdade de opinião Essa república será constituída por príncipes, ela será a obra humana mais durável
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