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ALGUMAS NOTAS SOBRE A PRÁTICA DA DEVOÇÃO NO TRABALHO:
  • Publicado em 28/01/2018
  • Por Diogo Rafael Moreira
  • Qualquer trabalho que dê dinheiro fácil, qualquer ganho obtido sem esforço é um incentivo ao vício. A prosperidade assim lograda é de pouco proveito ao trabalhador, pois é prêmio sem mérito, descanso sem fadiga, atividade sem virtude.
  • Portanto, seja grato a Deus o homem que, dedicando-se a um tal empreendimento, termina frustrado pelas circunstâncias. É de crer que Deus manda obstáculos e impedimentos ao enriquecimento do cristão que se furta nesta via a fim de que ele não venha a viver na injustiça.
  • Quando São Tomás explica o motivo pelo qual o Apóstolo escreveu que as riquezas são a raíz de todos os pecados, ele não hesita em dizer que assim o é, porque a prosperidade material dá acesso aos meios que levam ao pecado do mesmo modo que a raíz de uma árvore fornece o necessário para o crescimento da planta. De fato, a abundância põe diante do homem a possibilidade de fazer coisas que este nem sequer podia imaginar no tempo em que ele vivia na simplicidade.
  • O amor à pobreza e o contentamento com aquilo que recebemos da Providência de Deus é o caminho real trilhado pelo próprio Senhor Jesus. Esta e a opção econômica que todo cristão deve considerar com muito carinho: embora jamais se deva viver na miséria extrema, aquela que, segundo Aristóteles, faz do homem um ser mesquinho e pouco afeito à virtude; também é aconselhável e muito louvável rechaçar tudo o que excede o necessário e, se possível, colocar os excedentes ao serviço do próximo.
  • Tanto o capitalismo quanto o comunismo são ruins não só porque ofendem a justiça, mas também porque consideram a pobreza como uma maldição a ser banida da face da terra. Contra a insanidade destas doutrinas sociais, se é que podemos assim chamá-las, a Igreja de Cristo aponta para o modelo de seu Mestre Eterno, com a multidão de santos e santas, que voluntariamente optou pela pobreza. Valho-me, pois, das lúcidas palavras de Georges Bernanos: "Nosso Senhor, esposando a pobreza, elevou tão alto a dignidade do pobre, que já não será possível descê-lo do seu pedestal. Deu-lhe um antepassado - e que antepassado! Um nome - e que nome! A gente o prefere revoltado e resignado, mas, de qualquer forma, parece pertencer já ao reino de Deus, onde os primeiros serão os últimos." (BERNANOS, Georges. Diário de um pároco de aldeia. Tradução de Edgar de Godoi da Mata-Machado. São Paulo: É Realizações, 2011, p. 51).
  • Recentemente, especialmente de meados de 2017 até o começo de novembro, li e estudei com afinco os livros de Gustavo Cerbasi sobre organização financeira e investimentos, e não empenhei pouco de meu tempo assistindo e refletindo sobre os vídeos do canal do mesmo autor, da Economirna e do Primo Rico. Com eles e outros aprendi muitas coisas sobre como lidar com o dinheiro de uma forma geral, mas protesto que vi todos eles padecendo do mal que na minha alma mesma encontrei, do mal que se disfarça sob as aparências de necessidade. Este mal não era de todo estranho aos pagãos, muitos autores lamentaram o dano por ele causado e com sobriedade descreveram o sutil disfarce com o qual ele engana as pessoas. Talvez nenhum deles o tenha dito de forma mais memorável que Salustio, o qual assim escreve no XI capítula de sua Bella Catilinae: "Mas primeiro a ambição, mais do que a avareza, exacerba o espírito dos homens, ela que, no entanto, era um vício próximo da virtude. Pois tanto o bom quanto o covarde desejam para si honra, glória e poder, mas aquele se empenha no caminho verdadeiro, enquanto este, que se afasta das artes do bem, serve-se de fraudes e faláscias. A avareza possui um entusiasmo pelo dinheiro que nenhum sábio deseja, ela, como que impreganada de venenosos males, efemina o corpo e a alma viril, sempre infinita e insaciável, não se diminui nem pela abundância, nem pela carência".
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