• Fale conosco
  • controversiacatolica@gmail.com
PLACUIT DEO: OURO DE TOLO:
  • Publicado em 10/03/2018
  • Por Diogo Rafael Moreira
A Placuit Deo mostra como uma instituição que já abandonou há muito o dogma católico e já não possui caráter apostólico, confina-se a lidar com os seus próprios fiéis sem engajar-se na conversão dos povos ao Evangelho de Jesus Cristo. Com efeito, o neopelagianismo e neognosticismo denunciados na carta pouco ou nada tem a ver com aqueles que são verdadeiramente uma ameaça, não só aos católicos, mas também e sobretudo aos não católicos de nosso tempo. O ululante neopelagianismo do indiferentismo religioso dos maçons, do reencarnacionismo espirita, do panteísmo hindu, budista e taoísta e mesmo da própria noção do Vaticano II de que há meios de salvação em toda parte, são reverberações do pelagianismo em nosso tempo, infinitamente mais explicitas e perigosas do que "o neopelagianismo auto-referencial e prometeico de quem, no fundo, só confia nas suas próprias forças e se sente superior aos outros por cumprir determinadas normas ou por ser irredutivelmente fiel a um certo estilo católico próprio do passado" (Francisco, Evangelii Gaudium, n. 94). Ainda assim, a maior preocupação de Francisco é evitar que os conservadores ou semi-tradicionalistas voltem à prática do catolicismo, em vez de mergulharem na larga porta do falso ecumenismo proposto por ele. Com efeito, eles cometem o crime de ver na figura de Cristo "um modelo que inspira ações generosas com suas palavras e seus gestos, em vez de como aquele que transforma a condição humana, incorporando-nos em uma nova existência, reconciliando-nos com o Pai e habitando entre nós no Espírito." (CDF, Placuit Deo, n. 2). Quando o católico pensa em transformação da natureza e reconciliação com Deus, logo ele pensa na recepção dos Sacramentos, na oração mental e em outras formas de devoção que são abundantes na Igreja Católica, sociedade perfeita criada para a salvação dos homens. Mas é claro que não é disso que se trata n lo caso de Francisco e seus sequazes, porque segundo eles Cristo não fundou uma Igreja verdadeira entre os homens, única Arca de Salvação, mas sim gerou "um novo tipo de relacionamento com o Pai e entre as pessoas humanas, e nos introduziu nesses relacionamentos, graças ao dom do Espírito, de modo que somos capazes de unir-nos ao Pai como filhos no Filho, e nos tornamos um corpo no 'primogênito entre muitos irmãos' (Rom 8:29)." Ou seja, Cristo não veio dar testemunho da verdade divina e passar essa missão aos seus discípulos, mas antes veio comunicar uma filosofia de vida que, por incrível que pareça, antecipava em muitos pontos o humanismo integral de Jacques Maritain e o personalismo de Emmanuel Mounier. É claro como o sol que esse Jesus dos relacionamentos e dos diálogos é apenas um fantoche nas mãos desses e outros filósofos modernistas que detestam a exatidão doutrinal e a inconveniente universalidade do dogma. Eles já perderam a fé na Cristandade, renderam-se ao pestilento secularismo e mesmo quando tratam de heresias do passado, fazem questão de dizer que "há grande diferença entre a sociedade moderna e secularizada e o contexto social do Cristianismo primitivo, no qual essas duas heresias nasceram." (ibidem, n. 3) Sim, a sociedade moderna é boa demais para ser cristanizada, sendo necessário tratar todos os seus erros e desvios como um direito da pessoa humana. Ainda resta falar da segunda heresia. Aos que tinham a ilusão de que a dita pudesse, mesmo que remotamente e quase que por acidente, corresponder a uma heresia real, reserva-se não pouca decepção. Novamente, não se trata do neognosticismo da infindável literatura esotérica - tão divulgada que faz estranhar o nome -, do racionalismo e do liberalismo reinantes nas universidades e seminários, os quais repelem a necessidade da fé com base em uma falsa noção de ciência, do falso misticismo do próprio Francisco que crê que a experiência direta com Deus é mais importante do que a submissão à hierarquia e adesão integral à verdade imutável transmitida pelo Salvador, isto é, ao depósito da fé. Não longe disso, ao invés, o centro das atenções é a possibilidade de restauração da devoção católica no árido deserto da Igreja Conciliar. De fato, Francisco muito se preocupa com "o fascínio do gnosticismo, uma fé fechada no subjetivismo, onde apenas interessa uma determinada experiência ou uma série de raciocínios e conhecimentos que supostamente confortam e iluminam, mas, em última instância, a pessoa fica enclausurada na imanência da sua própria razão ou dos seus sentimentos." (Francisco, idem, loc. cit.). Enclausurada e longe das relaçõecom os outros, inclusive com a mãe terra e seus derivados. O que mais admire neste neognosticismo é o desprezo ao mistério da Encarnação... mas não vá pensar você que isso tenha qualquer coisa a ver com verdade objetiva. Encarnação aqui é simplesmente "aceitar, curar e renovar os nossos relacionamentos com os outros e com o mundo criado". É interessante notar a desproporção do escrúpulo de Francisco com os fatos: em época de culto ao corpo e de ecologismo atroz, tudo cheirando a advento de neopaganismo, a Igreja Conciliar vem pedir mais ênfase ao corpo e ao mundo físico para que as pessoas não se sintam demasiadamente unidas a Deus, como se a base da união com Cristo não fosse a caridade. Outro importante conceito é o de salvação. Segundo a carta, a "salvação consiste em ser incorporado em uma comunhão de pessoas que participam na comunhão da Trindade." Um dizer vago o bastante para caber tanto na cabeça de um conservador, que aí verá alguma coisa do dogma Extra Ecclesiam nulla salus, quanto naquela do liberal que nessa "comunhão de pessoas" certamente incluirá aí toda a humanidade sem exceção, inclusive aquela que nega explicitamente a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo. É claro que os dois tem razão, com efeito, o documento significa as duas coisas e nenhuma delas ao mesmo tempo, longe de definir alguma coisa de forma autoritativa, ele apenas cuida para operar a rotineira manutenção de conflitos, tão necessária para o controle da religião ecumênica do Vaticano II. Manter a fidelidade aos dois partidos, sem decidir-se por nenhum, mas sempre favorecendo o progressista pelo silêncio e omissão, é uma marca da Igreja Conciliar. Isso remonta aos tempos de Paulo VI que, durante o Concílio, falava com os dois lados da boca para parecer-se neutro aos conservadores, enquanto incentivava os progressistas nos bastidores. Coisa semelhante acontece nesta carta, apesar de falar em "tradição da fé", "verdade" e "salvação cristã", termina por confirmar o neodogma da Gaudium et Spes, segundo o qual os "cristãos também devem estar prontos para estabelecer diálogo sincero e construtivo com os crentes de outras religiões, confiantes de que Deus pode conduzir 'todos os homens de boa vontade, em cujos corações a graça opera ocultamente'." 3. Pope Francis, in his ordinary magisterium, often has made reference to the two tendencies described above, that resemble certain aspects of two ancient heresies, Pelagianism and Gnosticism.[4] A new form of Pelagianism is spreading in our days, one in which the individual, understood to be radically autonomous, presumes to save oneself, without recognizing that, at the deepest level of being, he or she derives from God and from others. According to this way of thinking, salvation depends on the strength of the individual or on purely human structures, which are incapable of welcoming the newness of the Spirit of God.[5]On the other hand, a new form of Gnosticism puts forward a model of salvation that is merely interior, closed off in its own subjectivism.[6] In this model, salvation consists of improving oneself, of being “intellectually capable of rising above the flesh of Jesus towards the mysteries of the unknown divinity.” [7] It presumes to liberate the human person from the body and from the material universe, in which traces of the provident hand of the Creator are no longer found, but only a reality deprived of meaning, foreign to the fundamental identity of the person, and easily manipulated by the interests of man.[8] Clearly, the comparison with the Pelagian and Gnostic heresies intends only to recall general common features, without entering into judgments on the exact nature of the ancient errors. There is a great difference between modern, secularized society and the social context of early Christianity, in which these two heresies were born.[9] However, insofar as Gnosticism and Pelagianism represent perennial dangers for misunderstanding Biblical faith, it is possible to find similarities between the ancient heresies and the modern tendencies just described. Contudo, na medida que o gnosticismo e o pelagianismo representam graus pereniais de incompreensão da fé bíblica, é possível encontrar similaridades entre as antigas heresias e as tendências modernas descritas. Both neo-Pelagian individualism and the neo-Gnostic disregard of the body deface the confession of faith in Christ, the one, universal Savior. How would Christ be able to mediate the Covenant of the entire human family, if human persons were isolated individuals, who fulfil themselves by their own efforts, as proposed by neo-Pelagianism? Also, how could it be possible for the salvation mediated by the Incarnation of Jesus, his life, death and Resurrection in his true body, to come to us, if the only thing that mattered were liberating the inner reality of the human person from the limits of the body and the material, as described by the neo-Gnostic vision? In the face of these two trends, the present Letter wants to reaffirm that salvation consists in our union with Christ, who, by his Incarnation, death and Resurrection has brought about a new kind of relationship with the Father and among human persons, and has introduced us into these relationships, thanks to the gift of the Spirit, so that we are able to unite ourselves to the Father as sons in the Son, and become one body in the “firstborn among many brothers” (Rom 8:29). Revelation, in this manner, does not limit itself to announcing salvation as an answer to any particular contemporary desire. “If redemption, on the contrary, were to be judged or measured according to the existential needs of human beings, how could we avoid the suspicion of having simply created a Redeemer God in the image of our own need?”[13] “Being a Christian is not the result of an ethical choice or a lofty idea, but the encounter with an event, a person, which gives life a new horizon and a decisive direction.”[14] [6] Cf. Id., Apostolic Exhortation Evangelii gaudium, 94: AAS 105 (2013), 1059: “the attraction of gnosticism, a purely subjective faith whose only interest is a certain experience or a set of ideas and bits of information which are meant to console and enlighten, but which ultimately keep one imprisoned in his or her own thoughts and feelings”; Pontifical Council for Culture-Pontifical Council for interreligious Dialogue, Jesus Christ, the Bearer of the water of life. A Christian reflection on the “New Age”(January 2003), Vatican City, 2003. [8] Cf. Id., Address to the Participants in the Pilgrimage from the Diocese of Brescia (22 June 2013): AAS 95 (2013), 627: “in this world where man is denied, where people prefer to take the road of Gnosticism, […] of the “no flesh” — a God who did not take flesh […].” Carta Placuit Deo aos bispos da Igreja Católica sobre alguns aspectos da salvação cristã.
Deixe o seu comentário