OS JESUÍTAS E A CONSPIRAÇÃO MAÇÔNICA:
- Publicado em 05/06/2018
- Por Diogo Rafael Moreira
Antes da celebrada convenção de Wilhelmsbad havia um entendimento mútuo entre os maçons dos países católicos da Europa Continental. Tal se fez manifesto na horrível intriga que levou à expulsão da Companhia de Jesus da França, Espanha, Portugal, Alemanha e Nápoles; e que finalmente compeliu Clemente XIV a dissolvê-la pela autoridade eclesiástica. Não há dúvida que os jesuítas contavam com inimigos poderosíssimos entre os jansenistas, galicanos e outros cujo espírito de partido e inveja era mais forte do que o zelo pelo bem da religião. Contudo, sem as inescrupulosas intrigas dos infiéis da escola de Voltaire, ora reunidos em estreita aliança pela recém-desenvolvida Maçonaria, a influência das seitas cristãs hostis à Companhia jamais poderiam ter produzido um efeito tão completo e universal. Deve-se recordar que logo apareceram lojas anglicanas tanto em Portugal quanto em França. Uma foi aberta em Gibraltar em 1726, e uma em Madrid em 1727. Essa última rompeu com a loja-matriz de Londres em 1779 e estabeleceu lojas em Barcelona, Cadiz, Vallidolid e outras cidades. Haviam diversas lojas operando em Lisboa por volta de 1735. O Duque de Choiseul, um maçom auxiliado pela abominável Pompadour, a concubina do ainda mais abominável Luís XV, conseguiu expulsar os jesuítas de França. Ele então passou a instigar seus irmãos maçons, o Conde De Aranda, Primeiro-Ministro de Carlos III de Espanha, e o infame Carvalho-Pombal, o
alter ego do débil rei de Portugal, para que fizessem o mesmo nos estados católicos de seus respectivos soberanos. O Marquês de L'Angle, um ateu franco-maçom e amigo de Choiseul, assim escreveu de De Aranda: "Ele é o único homem de que a Espanha pode se orgulhar neste momento. Ele é o único espanhol de nossos dias que a posteridade gravará em seus registros. Ele é aquele cuja imagem amarão colocar na frente de todos os seus templos, e cujo nome estará inscrito em seus escudos juntamente com os nomes de Lutero, Calvino, Maomé, William Penn e Jesus Cristo! Ele é aquele que desejou vender os utensílios dos santos, a propriedade das virgens e transformar a cruz, os candelabros, as patenas e etc. em pontes, pousadas e ruas pavimentadas". O que fez De Aranda não deve nos surpreender depois de ouvirmos um tal testemunho. Conspirando com Choiseul, ele forjou uma carta como se ela fosse de Ricci, o Geral dos Jesuítas, na qual se pretendia provar que a mãe do rei era uma adúltera e que o rei não tinha direito algum ao trono de Espanha. Então secretamente foi obtida uma ordem do débil monarca e num certo dia e hora os jesuítas de todas as partes de Espanha foram arrancados de suas casas, embarcados em navios e lançados às margens dos Estados Papais, num estado de desoladora privação. Uma calúnia tão atroz e infundada quanto essa permitiu a Pombal infligir um destino ainda pior aos jesuítas de Portugal e suas dependências. Carlos III, ordenou que Panucci, outro maçom inimigo dos jesuítas, a banisse os membros da sociedade de Nápoles, onde o seu filho reinava. Geiser escreve a Voltaire que José II havia sido iniciado nos mistérios da Maçonaria e consequentemente os jesuítas, apesar das simpatias da Imperatriz Maria Teresa, caíram em Áustria. Desse modo, deixou-se o caminho livre para os filósofos maçons completarem a destruição planejada em Wilhelmsbad e realizada na Revolução oito anos mais tarde.
DILLON D.D., Mons. George F.
The War of Antichrist with the Church and Christian Civilization. Dublin: M. H. Gil e Son, 1885, pp. 27-28.