A vós correndo vou, braços sagrados, nessa Cruz sacrossanta descobertos que, para receber-me, estais abertos, e, por não castigar-me, estais cravados.
A vós, divinos olhos, eclipsados de tanto sangue e lágrimas cobertos, pois, para perdoar-me, estais despertos, e, por não condenar-me, estais fechados.
A vós, pregados pés, por não deixar-me, a vós, sangue vertido, para ungir-me, a vós, cabeça baixa, por chamar-me.
A vós, lado patente, quero unir-me, a vós, cravos preciosos, quero atar-me, para ficar unido, atado e firme.
GREGÓRIO DE MATOS. In: RAMOS, Péricles Eugênio da Silva (Introdução, seleção e notas). Poesia Barroca: Antologia. São Paulo: Melhoramentos, 1967, p. 32.