Está para acontecer em Goiás, nos próximos dias, uma jornada de combate ao sedevacantismo, encabeçada por um membro dos cônegos da Santa Cruz, o padre irlandês Ailbe O'Reilly.
Esse evento vem em um boa hora para os modernistas, que já estão se aquecendo para outras duas jornadas. A Jornada Mundial da Juventude, que deve acontecer, no mês de agosto, em Lisboa; e a jornada sinodal, o Sínodo sobre a Sinodalidade, que deve ocorrer, no mês de outubro, em Roma.
Bem mais do que isso, vem em um momento no qual até os mais ingênuos e desavisados estão começando a desconfiar que Francisco é um herege trabalhando para adulterar o Evangelho e levar as pessoas a uma jornada, sem retorno, para o inferno. De o fato, somente para me limitar ao mais essencial, Francisco-Bergoglio nomeou um dos pais da exortação Amoris Laetitia para o Dicastério da Doutrina da Fé, isto é, um herege de marca maior, disposto a violar o preceito do Espírito Santo sobre a recepção da Sagrada Comunhão, expresso por São Paulo, para criar regras próprias que incluam pessoas que vivem em adultério. O mesmo Bergoglio, além de tornar esse herege o prefeito do órgão vaticano que cuida de matérias de fé, chamou para o sínodo da sinodalidade, dando-lhes poderes de voto e veto, uma série de militantes abertamente favoráveis à sodomia e ao feminismo, como é o caso do blasfemador infernal James Martin. Além disso, na semana passada, Bergoglio recebeu em audiência ao filho de George Soros, que se encontra engajado em promover o aborto e outras práticas imorais.
Essas coisas, gravíssimas como são, somadas a inumeráveis outras heresias de Bergoglio, que temos documentado há anos em por aqui, podem levar as pessoas à conclusão de que Francisco não pode ser papa, de que ele não representa Cristo em hipótese alguma, de que ele não está sob a direção do Espírito Santo.
Felizmente para o heresiarca Bergoglio e infelizmente para a verdade e a justiça, existe em Goiás, principalmente na região de Anápolis, um considerável número de monges e padres, empenhados em defender a HERESIA – sim, a HERESIA - que quer obrigar os católicos a se manterem em comunhão com esse herege, enquanto a doutrina da Igreja ensina precisamente o contrário, que não deve haver nenhuma comunhão entre católicos, que professam a doutrina de Cristo e dos Apóstolos, e hereges, como Betgoglio, que em plena luz do dia a pervertem. Demonstrá-lo não é nada difícil, pois se trata de uma doutrina elementar, atestada tanto pelas Santas Escrituras quanto pela Sagrada Tradição.
Aos fiéis da Galácia, São Paulo dizia que todo inovador, que trouxer uma doutrina diferente daquela ensinada pelos Apóstolos deve ser anátema. São João, Apóstolo da Caridade, diz que não devemos estar em comunhão com hereges, isto é, com pessoas que abandonaram essa doutrina, e ele nos ensinou isso também com o seu próprio exemplo. Segundo Santo Irineu de Lião, em sua obra Contra as Heresias, São João, o discípulo do Senhor, tendo ido, um dia, às termas de Éfeso e tendo notado Cerinto lá dentro, precipitou-se para a saída, sem tomar banho, dizendo ter medo que as termas desmoronassem, porque no interior se encontrava Cerinto, o inimigo da verdade. O próprio Policarpo, discípulo do mesmo São João, quando Marcião, um dia, se lhe avizinhou e lhe dizia: “Prazer em conhecê-lo”, respondeu: “Eu te reconheço como o primogênito de Satanás”; tanta era a prudência dos apóstolos e dos seus discípulos, comenta Santo Irineu, que recusavam comunicar, ainda que só com a palavra, com alguém que deturpasse a verdade, em conformidade com o que Paulo diz: “Foge do homem herege depois da primeira e da segunda correção, sabendo que está pervertido e é condenado pelo seu próprio juízo” (s. Irineu de Lião, Contra as Heresias, livro 3, 4).
Esta doutrina apostólica, da qual ninguém se pode desviar sem deturpar o próprio Evangelho, também é exemplificada pelo testemunho de Santos Monges, como Santo Hipácio de Bitínia e São Máximo, o Confessor.
Como lemos na vida de Santo Hipácio, escrita pelo seu discípulo Calínico (Acta Sanctorum, dia 17 de junho), que depois de narrar a visão profética do santo – segundo a qual Nestório, então a caminho para ser entronizado, reinaria somente por três anos e meio, conta o seguinte fato:
Passados os três anos, pouco a pouco o tesouro maligno de seu coração começou a se mostrar. [refere-se a Nestório] Pois em seus sermões ele disse coisas abomináveis sobre o Senhor que cairiam novamente sobre sua própria cabeça e que não nos é permitido repetir. Este homem mau não conhecia as Sagradas Escrituras, que dizem: “Quem declarará a sua geração?”, e “Não procures coisas profundas demais para ti”. Quando entendeu que Nestório tinha opiniões contrárias àquelas que deveriam ser reconhecidas, Santo Hipácio imediatamente, na igreja dos Apóstolos, removeu seu nome dos dípticos, para que não estivesse mais na Oblação [por dípticos entende-se a lista dos nomes dos vivos ou defuntos comemorados na Missa, inclusive do bispo com o qual tal Igreja estava em comunhão]. Quando o piíssimo bispo Eulálio soube disso, ficou ansioso com o desfecho do caso. E vendo que havia sido divulgado no exterior, Nestório também ordenou que ele repreendesse Hipácio. Pois Nestório ainda era poderoso na cidade. O bispo Eulálio disse a Hipácio: “Por que removestes o nome dele sem entender qual seria a consequência disso?” Santo Hipácio respondeu: “Desde que soube que ele dizia coisas injustas sobre o Senhor, não tenho mais comunhão com ele e não comemoro seu nome; pois ele não é um bispo". Então o bispo, com raiva, disse: “Vá embora! Repare o que fizestes, pois tomarei medidas contra o senhor”. Santo Hipácio respondeu: “Faça o que quiseres. Quanto a mim, decidi sofrer qualquer coisa, e é com isso em mente que fiz o que fiz”. Ora, quando Nestório partiu para Éfeso, e o Concílio se reuniu, no dia em que ele deveria ser deposto, São Hipácio viu em uma visão que um anjo do Senhor tomou São João Apóstolo consigo e o conduziu ao piíssimo Imperador e lhe disse: “Diga ao Imperador: 'Pronuncie sua sentença contra Nestório.' E ele, tendo ouvido isso, pronunciou-a. Santo Hipácio anotou o dia, e verificou-se que Nestório foi deposto naquele mesmo dia, passados os três anos e meio, como o Senhor havia predito ao Santo. E alguns dias depois o decreto de deposição foi trazido. Foi lido na presença de todo o clero e povo, estando presentes na Igreja o Bispo Eulálio e Santo Hipácio.
Séculos depois, São Máximo, o Confessor, grande defensor do Papado, também teve a mesma postura quando praticamente todos os bispos orientais sucumbiram à heresia monotelita. Ele, um simples monge, rompeu imediatamente a comunhão com esses hereges e nem sequer aceitou estar em comunhão com aqueles que – sem professar esse erro - simplesmente queriam que os católicos ficassem em comunhão com eles.
Assim ele narra em uma carta ao seu discípulo Anastásio:
Ontem, dia dezoito do mês, que era o santo meio de Pentecostes, o Patriarca [de Constantinopla] me enviou uma mensagem, dizendo: A que igreja o senhor pertence? Constantinopla? Roma? Antioquia? Alexandria? Jerusalém? Veja, todas elas estão unidas, juntamente com as províncias que lhes são sujeitas. Se, portanto, o senhor pertence à Igreja Católica, una-se a nós, para que talvez não crie um caminho estranho em seu modo de vida e sofra o que não espera.
Eu então lhes disse: O Deus de todos declarou que a Igreja Católica era a confissão correta e salvadora da fé n'Ele, quando chamou a Pedro de bem-aventurado por causa dos termos em que ele havia feito a confissão apropriada d'Ele. Mas deixe-me aprender a confissão em que a unidade de todas as igrejas foi efetuada, e se foi efetuada adequadamente, não me afastarei dela (Letter of Maximus to Anastasius, his Disciple in ALLEN, Pauline; NEIL, Bronwen (ed. e trad.). Maximus the Confessor and his Companions: Documents from Exile. New York: Oxford University Press, 1999, pág. 121).
Como os termos dessa comunhão não eram a fé católica, mas uma inovação e perversão do Evangelho, então São Máximo se recusou a estar em comunhão com eles. Na mesma carta, o autor manifesta sua crença de que a Igreja de Roma não tinha sucumbido a essa heresia e de fato não havia, os mensageiros estavam mentindo. Contudo, depois de inumeráveis interrogatórios e tormentos, ainda tentaram fazer que o Santo renunciasse à verdadeira fé e ficasse em comunhão com hereges pelo motivo de que até mesmo Roma tinha seguido por esse caminho. Eis o que lemos no relato de seu julgamento:
Eles lhe disseram: "E o que o senhor há de fazer, se os romanos se unirem aos bizantinos? Veja, afinal, os delegados papais vieram de Roma ontem e se comunicarão com o Patriarca amanhã, domingo - e ficará claro a todos que foi o senhor que desviou os romanos. Sem dúvida, com o senhor removido daqui, eles concordarão com os bizantinos".
E então ele disse-lhes: Os que vieram não prejudicarão em nada a Sé de Roma, mesmo que se comuniquem, porque não trouxeram uma carta ao Patriarca. E nunca me convencerei de que os romanos se unirão aos bizantinos, a não ser que eles [os bizantinos] confessem que nosso Senhor e Deus por natureza deseja e opera a nossa salvação de acordo com cada uma [das naturezas] a partir das quais ele é, e nas quais ele é, assim como ele é.
E eles disseram: "Mas se os romanos chegarem a um acordo com os bizantinos, o que o senhor fará?"
E ele disse: "O Espírito Santo, através do Apóstolo, condena até os anjos que inovam de alguma forma ao contrário do que é pregado" (Recod of the Trial in ALLEN, Pauline; NEIL, Bronwen (ed. e trad.). Maximus the Confessor and his Companions: Documents from Exile. New York: Oxford University Press, 1999, pág. 63).
É assim que verdadeiros Sacerdotes e Monges se comportam, retirando-se da comunhão com hereges, e nem sequer mencionando o seu nome no Cânon da Missa, cumprindo assim o preceito dos Apóstolos. Quão diferente é a atitude dos falsos católicos de hoje, que pregam exatamente como os hereges do passado e os modernistas ecumênicos do presente: uma comunhão com todos sem a verdadeira fé. É preciso resistir firmemente a esses hereges, e não reconhecê-los como fiéis católicos, pois isso é uma ofensa à verdade e uma grande injustiça. Católico é quem, como São Pedro, professa publicamente a verdadeira doutrina de Cristo pela graça de Deus, e não aqueles que distorcem o Evangelho para agradar aos homens. Nessa categoria, porém, encontra-se tanto o heresiarca Bergoglio, quanto aqueles que, como os algozes do grande São Máximo, por meio de ciladas demoníacas, com mentiras e falsos argumentos, querem que estejamos em comunhão com esse ímpio. Essa jornada aí, essa jornada da heresia de Padre O'Reilly, não é para católicos. Que Deus dê a todos a graça de percebê-lo enquanto há tempo!