Em decorrência de nossa controvérsia sobre o Padre Reginaldo Manzotti, a ressurreição dos animais e o limbo das crianças, uma pessoa me enviou pelo whatsapp a foto de uma camiseta de academia, onde aparece estampada a imagem de outro padre cantor, que ficou muito famoso nos finais dos anos 90 e início dos anos 2000, falo de Padre Marcelo Rossi (a camiseta pode ser vista aqui) e - o que mais chama a atenção nessa peça de vestuário - é que, por trás do musculoso sacerdote, vemos o que parecem ser as chamas do Inferno. Além disso, ao redor da estampa, vemos também a cor preta, que parece indicar o que nosso Senhor chama no Evangelho de “trevas exteriores”, que com as chamas, é outro elemento usado para descrever o mesmo inferno. Seria isso uma mensagem subliminar ou mera coincidência?
Claro, o dizer “Treino abençoado por Jesus” vem atenuar o impacto das chamas e das trevas em que o dito padre está envolto. Em todo o caso, cumpre advertir que a camiseta de Padre Marcelo no inferno não se trata de uma imagem feita por inimigos dele, mas antes é um produto apresentado e oferecido por ele mesmo na internet, atualmente no valor de 69,90.
Essa imagem de Padre Marcelo Rossi no inferno nos permite continuar uma reflexão que já pudemos começar no vídeo A Herança Maldita de Jonas Abib. Assim como o falecido fundador da Comunidade Canção Nova, Padre Marcelo Rossi é um dos maiores responsáveis pela divulgação da Renovação Carismática aqui no Brasil e - sem dúvida alguma - ele é um dos principais expoentes de um novo jeito de evangelizar, um jeito – como já notei várias vezes, em outros vídeos - de origem não católica, importado do protestantismo americano de viés neopentecostal.
Nesse novo sistema, multidões de fiéis são levadas a seguir um evangelismo genérico, tão próximo ao evangélico-protestante, que atinge um resultado quase idêntico ao dele: depois de muito barulho (que eles também chamam de música), muita agitação, muita animação, muita falação, muita gente, muitas obras, muita construção, muita capitalização de dinheiro, muita repercussão na mídia… O que acontece? Descatolicização. As pessoas saem de tudo isso menos católicas. Por quê? Por que, como as raízes não são católicas, o fim tampouco pode ser católico. Pelo fato do carismatismo não estar fundamentado na rocha da doutrina e prática católica tradicional, que foi e é um verdadeiro fermento de Santos, mas antes está baseado em um emaranhado de heresias e erros protestantes, que são a essência do carismatismo: um batismo no Espírito Santo não sacramental e sentimental, um dom de línguas falso, uma mística equivocada, com sua desvairada busca por carismas, que – segundo grandes e verdadeiros místicos católicos, como São João da Cruz e São Vicente Ferrer - mais leva à soberba e ao engano diabólico do que ao progresso na vida espiritual e com a ênfase, não no exercício das virtudes teologais e morais, que devemos praticar para nos salvar, mas com uma ênfase em sentimentos e experiências de caráter dúbio e subjetivo. No fim, essa “espiritualidade” (entre aspas), como é fogo inflamado pelo orgulho e trevas de ignorância da doutrina, se adapta muito bem à mentalidade moderna e à secularização da sociedade, onde o homem, que acha que tem o Espírito Santo na barriga, toma o lugar do verdadeiro Deus católico.
Ainda assim, vende-se ao público a esperança de ter um treino abençoado por Jesus. Será mesmo? Sem os fundamentos da sã doutrina católica, com que preparo vão essas pessoas para o treino, o que as pode defender das tentações e ilusões deste mundo, que jaz no Maligno? A foto de um padre musculoso as pode defender?
Todos os padres católicos antigamente rezavam a Missa de costas para o povo e voltados para o Altar, voltavam as costas ao povo, não por desprezo, tanto que quando se dirigiam ao povo se voltavam para ele, mas para significar que estavam eles, assim como o próprio povo, totalmente alheios às distrações deste mundo, enquanto se ocupavam do serviço de Deus. A fé que contempla os sagrados mistérios e o silêncio que reverencia à Majestade Divina, no espaço de mil e novecentos anos, foi o que nos alcançou tantas graças e bençãos da parte de Deus.
Hoje estamos em uma crise de fé e moral tremenda, porque os padres – principalmente estes “padres pop-stars”, que cantam, dançam e aparecem na mídia – fecham os olhos para os erros graves e imoralidade reinante em nosso tempo, não denunciam as heresias e a proliferação das seitas heréticas, que matam o rebanho de Cristo, nem exigem, em nome de Deus, uma reforma nos costumes da sociedade, mas deixam tudo ir ladeira a baixo e sempre de mal a pior.
Jesus Cristo, que é o nosso modelo supremo, não agia assim, como esses novos e falsos evangelizadores. Ele sempre foi um sinal de contradição no meio do povo, sempre falou de antes cortar um braço, arrancar um olho, do que cometer um pecado, de antes perder a amizade dos familiares e amigos do que ser conivente com o mal, de preferir salvar a própria alma do que ganhar os aplausos do mundo, de ir pelo caminho estreito e apertado do que seguir pelo caminho largo e cômodo deste século. Em vez desses padres nos trazerem o exemplo do verdadeiro Jesus, tão bem representado na pregação dos padres católicos do passado, eles nos trazem um Jesus protestante, falsificado pelos hereges e acomodado aos ditames deste mundo. Então não creio no que se diz nessa camiseta, prefiro antes crer naquilo que vejo claramente: eu vejo o fogo, eu vejo as trevas, eu vejo uma falsa promessa.
Se queremos melhores resultados, sigamos aquilo que funcionou. Tínhamos sociedades católicas, quando os católicos pensavam e agiam como católicos e reprovavam, não só as ideias, mas também o modo de vida dos protestantes, maçons, espíritas, judeus, muçulmanos e todo gênero de paganismo. Sem o ideal genuinamente católico de vida, com a vigilância sobre o que vemos e ouvimos, sem cuidado com a modéstia interior e exterior, sem, enfim, agir de um modo que pareça loucura e escândalo para todo este mundo, que – mais do que nunca – jaz no Maligno, não obteremos a benção de Deus. Lembremos sempre do dizer de São Tiago: Quem se faz amigo do mundo é inimigo de Deus.
Rezemos para que Deus nos ajude a ter essa coragem e peçamos em particular por esses padres cantores, como o próprio Padre Marcelo Rossi, que, por suas ações e omissões, correm o sério perigo de perderem-se eternamente. Nesta semana, rezemos por sua conversão ao catolicismo de sempre e salvação de sua alma. Assim seja.