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RESISTÊNCIA VS. SEDEVACANTISMO: PE. CEKADA RESPONDE PE. CHAZAL:
  • Publicado em 31/01/2019
  • Por Diogo Rafael Moreira

Pe. Francois Chazal é um padre que detém a posição de reconhecer e resistir: reconheça como válidos os “papas” desde o Vaticano II enquanto resista a qualquer coisa que ensinem ou legislem que pareça conflitar com o ensino ou a prática da Igreja antes do Vaticano II. A este ponto, pe. Chazal faz parte da facção chamada “Corpo Mariano” ou “Observância Estrita” da “Sociedade Lefebvrista de São Pio X”, que se separou da “FSSPX oficial” em resposta ao curso conciliatório de Dom Fellay em relação aos modernistas do Vaticano.

Diferentemente do Sedevacantismo, a posição de reconhecer e resistir é extremamente popular entre os tradicionalistas porque oferece a melhor abordagem dos dois tipos à seita do Vaticano II: você consegue resistir e recusar tudo o que é modernista ou de outra forma censurável, até mesmo ao ponto de ter ipso facto uma igreja paralela ao lado; enquanto, ao mesmo tempo, você não precisa lidar com nenhum dos incômodos problemas que surgem do Sedevacantismo. Além disso, você pode reter qualquer coisa da Igreja Novus Ordo que você possa precisar ou desejar em sua vida pessoal (validade de certos sacramentos e anulações, certos santos canonizados, permissibilidade para participar da “Nova Missa”, etc.).

O único problema com essa posição bastante conveniente é que ela não é de modo algum conciliável com o ensinamento católico sobre o papado, o magistério e a Igreja, como demonstramos repetidamente neste site, inclusive em uma resposta direta ao pe. Chazal há alguns anos atrás. Isso é irônico porque significa que pessoas como o pe. Chazal acredita efetivamente que eles podem defender e defender o ensinamento católico tradicional, negando o mesmo - o que faz tanto sentido quanto tentar tomar emprestado o próprio endividamento.

Recentemente, pe. Chazal saiu com uma longa monografia intitulada Contra Cekadam, que pretenderia rebater uma série de argumentos favoráveis ao sedevacantismo apresentado pelo pe. Anthony Cekada em seu livro amplamente difundido Tradicionalistas, Infalibidade e o Papa.

Respondendo a uma pergunta dum terceiro, pe. Cekada forneceu uma réplica sucinta a pe. Chazal, que estamos felizes em publicar abaixo. Os leitores interessados ​​em uma discussão mais aprofundada do tópico são encorajados a verificar nossa página atual sobre sedevacantismo aqui.

Resposta ao Contra Cekadam

Obrigado por enviar juntamente o documento de Chazal. Ele dificilmente pode ser considerado, a despeito do que parece crer o Pe. Chazal, uma refutação pormenorizada de meu argumento em Tradicionalistas, Infalibilidade e o Papa.

Contra Cekadam do Padre Chazal nem mesmo afirma o argumento do “Cekadam” em questão, tampouco o refuta. Eis, para fins de clareza, o argumento que fiz no opúsculo:

  1. Ensinamentos e leis oficialmente sancionadas durante e depois do Vaticano II contém erros e/ou promovem o mal.
  2. Porque a Igreja é indefectível, seu ensinamento não pode mudar, e porque ela é infalível, suas leis não podem dar o mal.
  3. É, pois, impossívelque os erros e males oficialmente sancionados nos ensinamentos e leis do Vaticano II e pós-Vaticano II possam proceder da autoridade da Igreja.
  4. Aqueles que promulgam tais erros e males devem perder de algum modo sua autoridade atual na Igreja.
  5. Canonistas e teólogos ensinam que a defecção da fé, uma vez que se torne manifesta, provoca a perda automática do ofício eclesiástico (autoridade). Eles aplicam este princípio até mesmo ao papa que, em sua competência pessoal, de algum modo se torna herético.
  6. Canonistas e teólogos também ensinam que hereges públicos, por lei divina, são incapazes de ser eleitos validamente ao papado ou de obter a autoridade papal.
  7. Até mesmo papas admitiram a possibilidade de que um herege poderia algum dia ascender ao trono petrino. Em 1559 o Papa Paulo IV decretou que a eleição de um herege ao papado seria inválida, e que o homem eleito careceria de toda autoridade.
  8. Posto que a Igreja não pode defectar, a melhor explicação para os erros e males que repetidamente encontramos é que eles procedem de indivíduos que, a despeito de terem ocupado o Vaticano e várias catedrais diocesanas, publicamente defectaram da fé e, portanto, objetivamente não possuem autoridade canônica.

Se Pe. Chazal concorda com o que foi dito no ponto 1 (as mudanças são más) e 2 (a Igreja, pela promessa de Cristo, não pode dar o mal/erro), e, no entanto, ainda insiste que os Papas do Vaticano II sãoverdadeiros papas, em posse da autoridade vinda de Cristo; logo, ele sustenta que a Igreja de Cristo defectou e que as promessas de Cristo são sem efeito.

Quanto ao resto, Pe. Chazal simplesmente:

  1. recicla opiniões sobre um papa herético que foram abandonadas depois de São Roberto Belarmino,
  2. procura aplicar critérios pertinentes a crimes eclesiásticos, quando sedevacantistas sustentam que é o pecado público de heresia e não o crime o que impede um papa herético de obter ou permanecer no papado,
  3.  reintroduz a falsa citação de Adriano VI,
  4. repete a história de Paulo vs. Pedro sobre correção fraterna por uma infração moral, que não resolve o problema da defecção em massa pela promoção de erros teológicos e ímpias leis universais,
  5. em seu exame de Escritura como uma “refutação” do sedevacantismo, ele ignora que a asserção do próprio São Paulo de que ele poderia, de fato, “pregar outro Evangelho” e de, assim fazendo, ele próprio poderia se tornar “anátema.”
  6. recicla supostos incidentes da história para demonstrar que já houveram papas heréticos antes, mas tais incidentes são (a) parte dos argumentos típicos de protestantes que rejeitam a infalibilidade papal e (b) repetidamente refutados por teólogos católicos.

Os argumentos de Pe. Chazal sobre cada um desses pontos ainda não o livram dos apuros em que os pontos 1 e 2 de minha argumentação original o colocam – da equação chazaliana que conduz ao seguinte:

  • Mudanças más + verdadeiros papas = Igreja defectível.

Boa sorte da próxima vez, Padre Chazal!

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