Devoção a Nossa Senhora de Fátima e sua Mensagem

A 13 de outubro de 2014, o Padre Benedict Hughes CRMI palestrou sobre a Mensagem de Nossa Senhora de Fátima em programa transmitido pela True Restoration Radio. As explicações feitas pelo sacerdote são muito pertinentes, ainda mais nesse dia em que se completam 100 anos da primeira aparição de Fátima. Durante a palestra, ele remeteu à entrevista que Irmã Lúcia concedeu em 1957 ao então postulador da causa de beatificação de Francisco e Jacinta, o Padre Agustin Fuentes. Depois de um breve resumo dos principais pontos feitos pelo Padre Hughes, segue o conteúdo dessa famosa entrevista de Ir. Lúcia.

Nossa Senhora do Rosário de Fátima

A MENSAGEM, O CASTIGO E A RESTAURAÇÃO

I. A MENSAGEM. Nossa Senhora veio pedir mudança de vida, recitação diária do Rosário e consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração; não apenas a última delas, mas essas três coisas juntas. A atenção aos apelos de Nossa Senhora requer muita oração e sacrifício da parte de todos os fiéis. As crianças de Fátima deram o exemplo: elas foram tão generosas nos sacrifícios que fizeram. Em suma, a Mensagem de Fátima, que foi aprovada pela Igreja e sancionada pelos milagres, consiste essencialmente na Mensagem do Evangelho, uma Mensagem de conversão e penitência: o mundo precisa parar de ofender a Jesus e Maria.

II. O CASTIGO. A punição do Céu era iminente, porque mesmo os bons não davam ouvidos à mensagem de Nossa Senhora. O Papa Pio XII chegou a consagrar a Rússia, mas era tarde demais. As coisas não foram feitas como a Santíssima Virgem tinha pedido. O que sucedeu então foi o terrível castigo: assim como França perdeu o seu Rei por ele não tê-la consagrado ao Sagrado Coração de Jesus e até hoje essa nação se encontra sem um Rei, a Igreja também perdeu o Papa por ele não ter consagrado a Rússia ao Imaculado Coração de Maria e eis que até hoje a Igreja se encontra sem um Papa. [De fato, como os próprios modernistas disseram, a apostasia do Vaticano II foi a Revolução Francesa dentro da Igreja.]

III. A RESTAURAÇÃO. Creio que a consagração será feita um dia por um futuro Papa. Mas o que importa é não fazer uma leitura carnal da Mensagem, como se a simples consagração da Rússia feita por qualquer um e de qualquer maneira fosse o suficiente. Padre Gruner era um homem devoto, mas queria atender à Mensagem sem dar devida atenção à questão da Fé. A Virgem Maria mostrou as crianças o Inferno e quantas almas se perdiam, ela usou de um método que a Igreja Novus Ordo rejeita por completo. Eles ocultam o Inferno, não falam de conversão e penitência, eles são a antítese da Mensagem. Como é que tais “bispos” e tal “Papa” podem consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria? Eles precisam converter-se primeiro; era isso o que Padre Gruner deveria ter pedido antes de tudo. De fato, a restauração somente ocorrerá por via de conversão e penitência. Todos os que estão conscientes da Mensagem de Fátima devem, portanto, tomar para si a incumbência de fazer muita oração e muito sacrifício, rezar o Santo Rosário diariamente e ser devotos do Imaculado Coração de Maria.

Pastorinhos de Fátima

ENTREVISTA DA IRMÃ LÚCIA

Encontrei-a no seu convento muito triste, pálida e abatida; e me disse:

Padre, a Santíssima Virgem está muito triste porque não se deu atenção à sua mensagem de 1917. Nem os bons nem os maus tomaram conhecimento. Os bons seguem o seu caminho sem preocupar-se com atender às indicações celestes; os maus, marcham na estrada larga da perdição sem tomar nenhum conhecimento das ameaças de castigo.

Creia, padre, o Senhor Deus muito em breve castigará o mundo. O castigo é iminente e o padre pode imaginar quantas almas cairão no inferno se não se rezar e fizer penitência. Esta é a causa da tristeza de Nossa Senhora. Senhor Padre, o que falta para 1960? E o que sucederá então? Será algo muito triste para todos, nada leve se, antes, o mundo não fizer oração e penitência. Não posso detalhar mais, uma vez que é ainda um segredo que, por vontade da Santíssima Virgem, só pode ser conhecido pelo Santo Padre e pelo Senhor Bispo de Fátima – mas nem um nem outro o quiseram ler, para não se deixarem influenciar. É a terceira parte da Mensagem de Nossa Senhora, que ainda permanece em segredo até essa data de 1960. Padre, diga a todos o que a Senhora tantas vezes me disse que muitas nações desaparecerão da face da Terra, que a Rússia seria o flagelo escolhido por Deus para castigar a humanidade se antes, por meio da oração e dos santos Sacramentos, não obtiverdes a graça da conversão dessa pobre Nação.

A Irmã Lúcia ainda me disse: “Senhor Padre, o demônio está operando a batalha decisiva contra a Virgem Maria, e o que mais aflige o Coração Imaculado de Maria e de Jesus é a queda das almas religiosas e sacerdotais. O demônio sabe que sacerdotes e religiosas, descuidando de sua excelsa vocação, arrastam muitas almas para o inferno. Estamos ainda em tempo de evitar o castigo do Céu. Temos à nossa disposição meios muito eficazes: a oração e o sacrifício. Mas o demônio faz de tudo para distrair-nos e tirar-nos o gosto pela oração. Ou nos salvaremos ou então nos danaremos. Porém, padre, é preciso dizer às pessoas que não devem permanecer à espera de uma convocação à oração e à penitência, nem de parte do papa, nem dos bispos, nem dos párocos, nem dos superiores gerais. Chegou o tempo de cada um, por sua própria iniciativa, realizar santas obras e reformar a sua vida segundo a convocação da Santíssima Mãe. O demônio quer apoderar-se das almas consagradas, tenta corrompê-las para levar à impenitência final, usa todas as astúcias para introduzir o Mundo na vida religiosa; daí a esterilidade da vida interior, a frieza dos seculares em relação à renúncia aos prazeres e à total entrega a Deus. Lembro, padre, que foram dois fatos que concorreram para santificar Jacinta e Francisco: a grande tristeza da Senhora, e a visão do inferno. Porque víamos a Santíssima Virgem sempre muito triste em todas as Suas aparições. Nunca sorriu para nós; e essa tristeza e essa angústia que notávamos na Santíssima Virgem, por causa das ofensas a Deus e dos castigos que ameaçavam os pecadores, sentíamo-las até à alma. E nem sabíamos o que mais inventar para encontrarmos, na nossa imaginação infantil, meios de fazer oração e sacrifícios (…). A Senhora encontra-se como que entre duas espadas: de um lado vê a humanidade obstinada e indiferente às ameaças de castigos; de outro, vê a profanação dos santos Sacramentos e o desprezo dos avisos de castigos que se aproximam, permanecendo incrédulos, sensuais, materialistas. Por isso, Senhor Padre, minha missão não é indicar ao mundo os castigos materiais que decerto virão sobre a terra se, antes, o mundo não fizer oração e penitência. A minha missão é indicar a todos o perigo iminente em que estamos de perder para sempre a nossa alma, se persistirmos em continuar no pecado. Senhor Padre – reiterou-me a Irmã Lúcia -, não esperemos que venha de Roma para todo o mundo um chamamento à penitência, da parte do Santo Padre; nem esperemos que tal apelo venha da parte dos Senhores Bispos para cada Diocese; nem ainda, das Congregações Religiosas. Não. Nosso Senhor usou já muitos destes meios e ninguém fez caso deles.

Nossa Senhora me disse claramente que se aproximam os últimos tempos. Disse-o por três vezes; na primeira, que o demônio está para iniciar a luta decisiva, isto é, final, da qual sairemos vitoriosos ou vencidos: ou estamos com Deus, ou com o demônio; não há meio termo.

Na segunda, me repetiu que os últimos remédios dados ao mundo são o Santo Rosário e a devoção ao Imaculado Coração de Maria. E últimos significa que não há outros meios.

Na terceira vez, disse-me que esgotados os outros recursos desprezados pelos homens, oferece-nos a última âncora de salvação, que é a Santíssima Virgem em pessoa, com seus numerosos sinais, suas lágrimas, as mensagens de videntes espalhadas no mundo. Isto porque – sempre – nos planos da Divina Providência, quando Deus vai castigar o mundo, esgota primeiro todos os outros meios; depois, ao ver que o mundo não fez caso de nenhum deles, só então (como diríamos no nosso modo imperfeito de falar) é que Sua Mãe Santíssima nos apresenta, envolto num certo temor, o último meio de salvação. Mas se desprezarmos e repelirmos este último meio, já não obteremos o perdão do Céu, porque cometemos o pecado que no Evangelho se chama ‘pecado contra o Espírito Santo’ e que consiste em repelir conscientemente, com todo conhecimento e vontade, a salvação que nos é entregue em mãos; e também porque Nosso Senhor é muito bom Filho, e não permite que desprezemos Sua Mãe Santíssima.

Padre, é urgente que tomemos consciência da terrível realidade. Não se quer encher as almas de medo, mas é uma convocação urgente à realidade, porque desde que a Virgem Santíssima deu grande eficácia ao Santo Rosário, não há problema material ou espiritual, nacional ou internacional, que não possa ser resolvido por ele e pelos nossos sacrifícios. Recitá-lo com amor e devoção consola o Imaculado Coração e enxuga tantas lágrimas de Maria Santíssima. Nessa devoção ao Imaculado Coração de Maria encontraremos o seguro caminho para o Céu, aproximando-nos do Trono da clemência, do perdão e da serenidade; salvar-nos-emos e obteremos a salvação de muitas almas.

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