Explicação do beijo no Corão a partir da fé católica e da gnose modernista

Artigo dedicado à página Teologia da Deslibertação, Bernardo Pires Küster e Padre Paulo Ricardo.

O católico beija a Bíblia, a Santa Cruz, o Rosário, coisas que ele ama e aprova. João Paulo II beija todas essas coisas, mas também dá um beijo no Corão. É um gesto simbólico, ninguém o nega, e não deve nos escapar o seu sentido profundo. Olhando esta cena estranha desde a perspectiva do Calvário, o beijo no Corão significa que, guardadas as proporções, a obra do diabo merece a mesma veneração que a obra de Deus, que a obra do infiél Maomé merece a mesma veneração que a obra de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Você consegue entender o quanto isso é satânico?

Se você não percebe a gravidade disso, eu lhe pergunto, o que restou da sua fé, ou melhor, em que coisa monstruosa ela se transformou? É tempo de ver as coisas como elas realmente são, sem apoiar-se em filosofias profanas como fez João Paulo II e sua facção modernista. É tempo de ver que o Corão é uma obra detestável aos olhos de Deus e a causa da morte de milhares de cristãos, membros do corpo místico de Jesus Cristo. É ainda tempo de ver que Karol Wojtyla, que o mundo chamou de João Paulo II num dos períodos mais dramáticos da história da Igreja, foi um traidor da fé e um apóstata dos mais satânicos que este mundo já conheceu. E sejamos bem objetivos: ele foi muito pior do que Lutero, pois este não ousou levar a sua impiedade a este grau de indiferença e desprezo a tudo o que é mais sagrado. Muito pior realmente, porque Lutero exaltou o juízo do homem por meio da Bíblia, que em si mesma é boa, ao passo que Wojtyla exaltou o juízo do homem por meio de todas as religiões, o que ele fez no Encontro de Assis e reiterou diversas vezes. Hoje recordamos o lamentável episódio do beijo no Corão.

Se alguém quiser compreender o porquê ele é capaz de fazer isso sem remorsos, eu digo em poucas palavras que é porque ele acreditava na imanência vital, uma doutrina modernista condenada por São Pio X e incompatível com a fé cristã. É uma doutrina profana adotada por todos os modernistas.

Segundo a imanência vital, o homem não conhece a Deus por meio de dogmas, mas sim por meio da experiência religiosa. Essa experiência nasce no íntimo do coração de cada homem, ela é essencialmente prática e se manifesta na vida da pessoa. Essa ideia certamente supõe o agnosticismo anatematizado por três vezes no Concílio Vaticano I e já está implicada no conceito luterano de fé fiducial, isto é, uma fé que nasce da confiança, de uma certeza interior e não da crença em dogmas definidos. Donde se pode dizer que todo modernista é filho de Lutero. No entanto, a imanência vital do modernista não é idêntica a de Lutero, pois Lutero confinava a experiência ao contato com a Sagrada Escritura, enquanto o conceito modernista amplia o escopo dessa experiência para todas as “tradições religiosas” (exatamente ao modo do perenialismo de René Guénon et caterva).

Embora o cristão faça a sua experiência de Deus a partir da Bíblia, todos os homens têm essa experiência pessoal com Deus, cada qual em sua respectiva religião. Em realidade, segundo essa perspectiva, até mesmo o ateu tem certa experiência religiosa a partir de sua experiência da ausência de Deus. É por isso, aliás, que devemos dialogar com todos e aprender de todos.

De fato, Deus se manifesta ao homem no íntimo do coração, as religiões são o “gatilho” pelo qual essa experiência com o sagrado se produz na consciência humana e nela se desenvolve. É daí que nascem os dogmas e daí também que se depreende o valor das várias “tradições religiosas”: todas elas são meios pelos quais o homem tem sua experiência de Deus e – é muito importante acrescentar – todas elas são meios pelos quais o homem “dá testemunho” de sua experiência pessoal, isto é, por onde ele a dogmatiza e cristaliza através de diferentes formulas, ritos e leis. Neste sistema, convém salientar, a experiência religiosa do crente somente se inspira e exprime na religião, porém a sua origem verdadeira, a raiz de todas as religiões, dogmas, ritos e leis, é o próprio homem que alega ter recebido uma revelação no íntimo de seu coração. Como a experiência humana se aprofunda e progride com o tempo, assim também a religião do homem deve igualmente mudar com ele e deve ir se aperfeiçoando com o passar do tempo.

É a partir dessa perspectiva que um Vaticano II pode ser concebido e é assim que se sustenta uma Igreja permanentemente conciliar, que vive de atualizações feitas mediante periódicas “consultas à Igreja”.

Sem querer aprofundar a matéria aqui – em outro momento o faremos, haveria realmente muito que dizer sobre a consequente crença de João Paulo II na salvação universal e outros tópicos -, convém reforçar o que já foi dito sobre a imanência vital a partir do próprio Wojtyla:

“O Espírito Santo não está presente nas outras religiões somente através de expressões autênticas de oração. A presença e ação do Espírito, assim como escrevi na carta encíclica Redemptoris Missio, ‘afeta não somente indivíduos, mas também a sociedade e a história, povos, culturas e religiões.’”

“Normalmente, será pela prática sincera daquilo que é bom nas suas próprias tradições religiosas e seguindo os ditames de sua própria consciência que os membros de outras religiões respondem positivamente ao convite de Deus e recebem a salvação em Jesus Cristo, mesmo enquanto eles não o reconhecem ou aceitam como seu Salvador.” (As sementes da Palavra nas religiões do mundo, 9 set. 1998)

É aí que vemos com claridade solar o quanto, na cabeça de João Paulo II, a fé católica e dogmática foi substituída pela experiência religiosa gnóstica, isto é, pelo conceito herético e profano de imanência vital. Já que as outras religiões são obra do Espírito Santo, instrumentos por meio dos quais as pessoas têm a sua experiência pessoal com Deus, sem o intermédio da revelação externa, sem os dogmas da religião, por que não dar um beijo no Corão?

João Paulo II está bem certo da salvação dessas almas e reza com elas e não por elas, pois ele crê na imanência vital. O Islã é uma tradição religiosa, na qual as pessoas podem ter uma verdadeira experiência de Deus, ele é um instrumento do Espírito, onde este atua revelando-se a si mesmo no íntimo do coração de cada indivíduo e, porque não dizê-lo, até mesmo na “consciência coletiva” dos membros da religião islâmica. Jesus Cristo veio para os cristãos, Maomé veio para os muçulmanos. Embora possa existir alguma superioridade na revelação de Cristo – ele não ousaria negá-lo -, trata-se apenas da diferença de meio e não de espécie, como aquela entre dois carros com motores de diversa potência, contudo ambos os veículos nos permitem acessar a mesma experiência íntima com Deus. Sendo assim, por que não dar um beijo o Corão?

É assim que um homem começa na heresia e termina na apostasia. É assim que um homem começa querendo seguir mestres profanos e termina fazendo neste mundo a obra de Satanás. É assim que o modernismo resvala no satanismo.

É conveniente encerrar esta reflexão com o entendimento católico sobre a matéria, especialmente naquilo que ele se opõe ao conceito de João Paulo II e seus gurus gnósticos. É possível sintetizá-lo nos seguintes três pontos:

1. A natureza da fé. A fé é a submissão da inteligência e da vontade ao que Deus revela por causa da autoridade do próprio Deus. Ela consiste na assimilação de uma revelação pública e externa que Deus confiou a Igreja na forma de dogmas e preceitos salutares. É verdadeiro conhecimento científico, moral e histórico, com a vantagem de desfrutar da assinatura de Deus que não engana e nem se pode enganar. É por isso que a ciência, a moral e a história devem docilmente se curvar perante a fé. Não se trata de uma experiência interior e pessoal, não é um conhecimento prático e existencial, formado na consciência humana a partir do contato direto com a “realidade divina” (o “sentimento religioso” dos filósofos) e que somente depois vai ser traduzido na forma de dogmas de acordo com a condição dos tempos. Não, a fé não é o reviver e desenvolver as experiências expressas nessas antigas formulas da religião (compendiadas nas diversas “tradições religiosas”), mas o assentir às verdades imutáveis da única religião revelada porque Deus assim revelou e confiou à Igreja, conforme provam principalmente os milagres e as profecias. (cf. Papa São Pio X, Pascendi, passim)

2. A importância da conversão. Nenhuma pessoa visivelmente fora da Igreja pode estar segura de sua eterna salvação, absolutamente nenhuma. A perspectiva católica está muito longe do desalmado otimismo modernista. As falsas religiões não são meios de salvação, mas meios de perdição inventados pelo demônio como causa remota, pelo mundo como causa próxima e pela carne como causa imediata. Elas privam as pessoas dos inumeráveis auxílios e graças que somente se pode obter com o ingresso no corpo da Igreja pelo batismo. (cf. Papa Pio XII, Mystici Corporis, n. 100)

3. A importância da oração pela conversão. A caridade nos obriga a “desejamos que sem interrupção subam até Deus as orações de todo o corpo místico [ou seja, de toda a Igreja] implorando que os errantes entrem quanto antes no único redil de Jesus Cristo” (ibidem, n. 101). Ninguém aqui irá rezar com os hereges e infiéis pela paz no mundo, como fez João Paulo II, mas todos nós rezaremos pela conversão dos hereges e infiéis para que entrem no redil de Cristo.

Façamo-lo, pois, e guardemos sem desvios a santa fé que recebemos da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. E façamo-lo por inteiro, o que implica o grave dever de repudiar esta seita modernista, esta bastarda protestantico-gnóstica, mais conhecida como Igreja pós-conciliar.

Eis alguns artigos que podem ser úteis como complemento do que foi dito acima:

6 comentários em “Explicação do beijo no Corão a partir da fé católica e da gnose modernista

    1. Vem por ouvir a pregação, no que consiste a pregação? Em chamar à conversão à fé. Pois bem, em Assis e outros lugares reuniram-se as religiões para rezar pela paz mundial e JPII não chamou ninguém a conversão pela adesão à fé, mas pôs toda sua esperança nas orações feitas em nome dos demônios Alá, Buda, Shiva etc.

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  1. Uma curiosidade sobre o islamismo.
    Eu descobri recentemente que, o alcorão, afirma que a Santíssima Trindade é composta por: Deus, Jesus, e, MARIA!

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