Juízo Particular e UniversaI

5.ª Lição de Catecismo da Doutrina Cristã. O Juízo Particular e Universal.

Revisão da lição sobre a Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

I. Os novíssimos ou as últimas coisas que hão de acontecer ao homem são quatro: Morte, Juízo, Inferno ou Paraíso.

II. A morte é certa, mas a hora da morte é incerta. A morte revela quanto os bens do mundo são passageiros e quanto os bens espirituais são necessários. Na hora de morte, sentiremos dor pelo mal que cometemos e pelo bem que não fizemos. É por isso que é uma loucura fazer coisas que depois nos causarão arrependimento.

III. São Bernardo costumava perguntar a si mesmo muitas vezes durante o dia: Farias isto se hoje tivesses que morrer? E quando começava alguma boa ação ou obra de obrigação, perguntava a si mesmo: Se depois desta ação, tivesses que morrer, como a farias? E assim com a memória da morte mantinha-se em continuo fervor.

IV. Um cavalheiro de alta categoria, mas grande pecador, resolveu enfim converter-se. Para isto foi a Roma, querendo ter a consolação de confessar-se com o Papa. Ouviu-o este com efeito, ficando extremamente edificado da exatidão de sua confissão, da veemência de sua dor e da generosidade de suas resoluções. Mas quando se tratou de lhe impor a penitência, não havia nenhuma que fosse do agrado do penitente. “Não tenho forças para jejuar; falta-me tempo para ler; não tenho como usar instrumentos de penitência; não posso fazer peregrinações; minha saúde não permite ajoelhar e dormir com incômodos e isso tampouco convém a uma pessoa de minha categoria…” Que fazer, pois, com um homem desta condição? O Papa deu-lhe um anel de ouro em que estavam inscritas as palavras Memento Mori, lembra-te que hás de morrer. Impôs-lhe por penitência o anel e pediu que sempre o levasse consigo e que lesse as palavras nele inscritas ao menos uma vez por dia. Retirou-se o cavalheiro muito contente, felicitando-se por ter recebido uma penitência tão ligeira; mas esta produziu todas as demais. O pensamento da morte fez tão forte e ditosa impressão no seu espírito, que em breve começou a dizer a si mesmo: “Já que hei de morrer, que devo fazer neste mundo senão preparar-me para morrer bem? De que serve cuidar tanto de uma saúde, que a morte deve destruir? Para que regular um corpo e uma carne, que hão de apodrecer na sepultura?” Feitas estas reflexões, não houve penitência, que não lhe parecesse leve; abraçou-as todas, perseverando nelas até a sua morte, que foi preciosa diante de Deus, muito edificante aos homens e cheia de consolação para ele mesmo.

V. Assim como a morte, também é igualmente certo que logo depois virá o juízo particular, isto é, a nossa alma há de apresentar-se no tribunal de Jesus Cristo, para dar contas de todas as suas obras. Quem estiver sem pecado, nem tiver pena alguma a pagar, vai para o Paraíso; quem estiver em pecado venial ou tiver alguma pena a pagar, vai para o Purgatório até satisfazer à justiça divina; e quem estiver em pecado mortal, ainda que seja um só, vai para o Inferno.

VI. O Inferno e o Paraíso duram eternamente, mas são bem diferentes um do outro. O Inferno é todo o mal sem qualquer mistura de bem, ele é a privação da visão de Deus e sujeição a tormentos atrozes em meio a um fogo que jamais se extingue; já o Paraíso é todo o bem sem qualquer mistura de mal, ele é a visão feliz de Deus e a posse da bem-aventurança eterna. Os sofrimentos do Inferno e as alegrias do Paraíso não tem equivalente neste mundo: a maior das dores deste mundo não se compara aos tormentos dos danados no Inferno; a maior das alegrias deste mundo não se compara à bem-aventurança dos justos no Paraíso.

VII. Tendo São João Clímaco visitado no Egito um mosteiro de trezentos monges, ficou admirado da virtude do cozinheiro. Como o via sempre recolhido e banhado em lágrimas no meio de suas ocupações, perguntou-lhe de que meios se valia para manter a sua alma em tanto recolhimento e compunção. “Quando sirvo os monges”, respondeu o bom religioso, “imagino que sirvo não os homens, mas Deus na pessoa dos seus servos; e a vista do fogo que tenho sem cessar diante de mim, recorda-me as chamas em que arderão eternamente os pecadores.”

VIII. O Purgatório é um lugar temporário de expiação para as almas daqueles que, embora tenham morrido em graça de Deus, não satisfizeram inteiramente à justiça divina. Podemos aliviar as almas do Purgatório com orações, indulgências, esmolas e outras obras boas, sobretudo com a Santa Missa.

IX. Na crônica do patriarca S. Francisco, conta-se que um religioso desta ordem, que se havia descuidado em vida de rogar pelas almas do purgatório, apareceu depois de morto a um companheiro, expondo-lhe a grandeza dos tormentos que sofria naquelas chamas em punição de sua negligência em orar pelos defuntos; que por isso não recebia nenhum alívio das missas e orações que se diziam por ele, porque Deus as aplicava a outros, que em vida haviam sido mais caritativos do que ele para com aquelas almas aflitas, sendo justo que não se tenha compaixão daqueles que a não tiveram dos outros.

X. No fim do mundo, Jesus Cristo voltará à terra em glória e majestade para julgar os vivos e os mortos. Assim será para que todos conheçam melhor a sabedoria e justiça de Deus; para que Jesus seja glorificado em face do mundo inteiro; para que os bons publicamente recebam recompensa e os maus o castigo; finalmente, para que o corpo participe com a alma do prêmio ou da pena eterna.

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