Resposta católica à apostasia de João Paulo II

RESPOSTA CATÓLICA À APOSTASIA DE JOÃO PAULO II

Por S. Ex.ª Revma. Mons. Daniel L. Dolan
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Conferência proferida em St-Maurice, Bretanha (França), 13 de agosto de 2000.

É PARA MIM ALEGRIA SINGULAR vir a França nesta grande festa da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria a convite do Padre Guépin. A Assunção é a maior de todas as festas da Ss, Virgem e é em França que este esplêndido triunfo de Nossa Senhora é celebrado com a maior solenidade, pois como sabeis, vosso Rei, Luís XIII, fez deste dia festa nacional em França e chamou por uma dedicação anual de França a Nossa Senhora. A piedade e a devoção do francês a Bem-Aventurada Virgem Maria é bem conhecida pelo mundo inteiro.

Mas vós bem sabeis que nossa alegria é temperada pela tristeza que devemos suportar todos os dias devido a crise na Igreja Católica. Temos já suportado esta tristeza por trinta e cinco anos e nós nos perguntamos: “Domine, usquequo? / Senhor, até quando?”

O que engrandece imensamente nossa tristeza durante esses tempos é o fracasso dos fiéis católicos em organizar um fronte unido e consistente contra o inimigo. Quando olhamos para a resistência católica, quão perturbados ficamos ao ver sua falta de unidade. O que é ainda mais inquietante é que a maioria dos que resistem não reconhecem o inimigo como inimigo, mas como a própria autoridade de Cristo. Assim, tratando os modernistas como a verdadeira autoridade de Cristo e sua Igreja, eles tem se submetido ao jugo dos modernistas, como no caso da Fraternidade São Pedro, ou desejam estar em comunhão com os modernistas, para sujeitar-se a eles e trabalhar com eles, como no caso da Fraternidade São Pio X.

Percebo, pois, que minha missão como bispo consiste em alertar os católicos para a resposta verdadeiramente católica à presente crise na Igreja. Ademais, espero conquistar jovens para o sacerdócio que sejam formados de maneira integralmente católica e que não respondam à apostasia de João Paulo II com um espírito de cisma.

Existem dois tópicos que tratarei hoje: primeiro, a apostasia de João Paulo II e suas consequências teológicas; e segundo, a resposta verdadeiramente católica a essa apostasia.

A APOSTASIA DE JOÃO PAULO II

Observai que não escolhi a palavra heresia, mas antes apostasia. Os erros de João Paulo II verdadeiramente constituem uma apostasia e não meramente uma heresia.

Heresia é duvidar ou negar uma verdade particular da fé, ou talvez algumas verdades da fé, e.g. a divindade de Cristo, a presença real de Cristo na Santa Eucaristia, o nascimento da Virgem etc. Provavelmente estais familiarizados com os nomes de alguns hereges bem-conhecidos da história: Ario, Lutero, Calvino.

Apostasia, por outro lado, é rejeitar completamente a fé cristã. Por exemplo, o imperador do quarto século, Juliano, rejeitou totalmente a fé e se tornou um apóstata, abraçando o culto dos deuses pagãos de Roma. Ele é conhecido como Juliano, o Apóstata.

Então, por que uso esta palavra forte com João Paulo II, que professa ser um católico e que mesmo de tempos em tempos diz coisas pias e edificantes?

É porque ele não crê em quaisquer artigos de fé que ele professa crer. Ele não adere a eles, pois para ele essas verdades sagradas não excluem o que é oposto a elas. O que contradiz essas verdades não é falso para ele.

Por que ele não as tem por falsas? Porque primeiro e sobretudo, João Paulo II é um ecumenista, e não um católico. Um ecumenista é alguém que crê que todas as religiões contém uma certa medida de verdade, algumas mais, outras menos, e que elas, portanto, possuem certo valor. Todas as religiões para o ecumenista são verdadeiras religiões. Algumas são apenas melhores do que outras.

O máximo que eles concedem à Igreja Católica é que ela possui a “plenitude da verdade”, enquanto as outras possuem uma “verdade parcial”. Mas quando eles falam sobre a Igreja Católica, estão eles falando da Igreja Católica como nós a entendemos? Não, eles estão se referindo a esse catolicismo reformado, essa nova religião do Vaticano II, uma caricatura grotesca da verdadeira fé.

Eles também distinguem entre “A Igreja” e a “Igreja Católica”. “A Igreja” para eles é a humanidade, porque, como o Vaticano II disse na Gaudium et Spes, Cristo se uniu de algum modo com todo homem por causa de sua Encarnação:

“Já que, n’Ele, a natureza humana foi assumida, e não destruída, por isso mesmo também em nós foi ela elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem” (Gaudium et Spes, no. 22)

João Paulo II o repetiu em sua primeira encíclica e realmente tem feito dela um tema central de sua doutrina. Ouçamos alguns outros textos de João Paulo II. Falando por ocasião do dia pancristão ecumênico de Assis (27 de outubro de 1986), ele declara que:

“Tal dia parece exprimir, de maneira visível, a oculta, mas radical unidade que o Verbo estabeleceu entre homens e mulheres deste mundo… o fato de termos nos reunido em Assis é como um sinal da profunda unidade daqueles que buscam valores espirituais na religião… O Concílio fez uma ligação entre a identidade e a unidade da raça humana.” (Lumen Gentium 1 e 9; Gaudium et Spes 42)

Em consequência, cada homem, na medida em que já está unido a Cristo pela simples virtude de sua Encarnação, é um membro da Igreja de Cristo. A Igreja de Cristo não é outra coisa que toda a raça humana sem qualquer exceção. No mesmo discurso, ele continua esse tema explicando que a ordem divina das coisas é a unidade de todos os homens que procuram valores religiosos. As diferenças de fé e moral que existem entre as várias religiões são efeitos dos seres humanos que corromperam a ordem divina. Assim o objetivo para João Paulo |II é fazer as diferenças religiosas desaparecerem e fazer a ordem divina – que é a ordem panteística – prevalecer. Citemos o seu discurso:

“As diferenças religiosas se revelam como pertencentes a uma outra ordem. Se a ordem da unidade é divina, as diferenças religiosas são do fazer humano e devem ser superadas no processo rumo a realização do grandioso desígnio da unidade que preside a criação. É possível que os homens não estejam conscientes de sua radical unidade de origem e sua inserção no mesmo plano divino. Mas apesar de tais divisões, eles estão inclusos no grande e singular desígnio de Deus em Jesus Cristo, que uniu-se de certo modo a cada homem (Gaudium et Spes, 22), mesmo que ele não esteja consciente.”

Dessas palavras percebemos a apostasia de João Paulo II: todo homem pertence a um Cristo panteísta que está unido a cada homem, quer ele saiba ou não, em virtude de sua Encarnação.

Ouçamos mais uma vez a João Paulo II:

“Todos os homens são chamados a esta unidade católica do povo de Deus, a esta unidade pertencem, de diversos modos, os fiéis católicos e aqueles que olham com fé para Cristo a finalmente todo homem sem exceção.”

Essas palavras de João Paulo II nos dão a chave para a compreensão do enigma deste homem: por um lado professa as verdades da Fé Católica, recita o Credo Católico, mas, por outro lado, professa ao mesmo tempo um repúdio completo da Fé por atos abomináveis contra o Primeiro Mandamento.

João Paulo II vê o valor e utilidade da Fé Católica e do Credo Católico como um instrumento para a união da humanidade, não de fato para conduzi-la ao verdadeiro Salvador, mas ao seu Cristo panteísta que abraça todos os homens apesar de suas diferenças religiosas. Ele tem, em suma, criado uma Igreja sem dogmas que procura unir a humanidade sob um Cristo sem dogmas. Por que a Igreja Católica é tão útil para este fim, transformada como ela foi pelo Vaticano II, João Paulo II professa muitas doutrinas católicas. Mas ele adere a essas doutrinas com a certeza e firmeza da fé divina? De jeito nenhum! Pois qualquer pessoa que tenha verdadeiramente a Fé Católica não poderia:

  • Beijar o Corão, a Bíblia Maometana.
  • Dizer que todos os homens estão unidos a Cristo unicamente em virtude da Encarnação [1].
  • Dizer que todos os homens estão salvos [2].
  • Dizer que a Igreja Una Santa Católica e Apostólica do Credo está presente, em todos os seus elementos essenciais, em seitas não católicas. [3]
  • Dizer que a Igreja Católica está em comunhão com seitas não católicas. [4]
  • Dizer que a Igreja Católica é incapaz de dar credibilidade ao Evangelho, a não ser que ocorra a “reunião dos cristãos” [5]
  • dizer que a Igreja Católica compartilha uma fé apostólica comum com as seitas não católicas. [6]
  • Dizer que seitas não católicas possuem uma missão apostólica. [7]
  • Dizer que o Espírito Santo usa as seitas não católicas como meios de salvação. [8]
  • Dizer que é divinamente revelado que o homem tem o direito a verdade religiosa e liberdade de consciência. [9]
  • Dizer que uma sociedade bem ordenada é aquela em que todas as religiões são dadas livre curso para a sua prática, proselitismo e propaganda. [10]
  • Dizer que a descida de Nosso Senhor aos infernos simplesmente significa que ele foi sepultado. [11]
  • Participar em todas as formas de culto não católicos, incluindo aqueles com luteranos, judeus, indus, índios americanos, polinésios, apenas para mencionar alguns;
  • Louvar a religião do vudu;
  • Admitir a abominação de Assis, na qual uma estátua de ouro de Buda foi colocada sobre um altar e incensada por um sacerdote budista;
  • Permitir as abominações ecumênicas contidas no Diretório Ecumênico.
  • Aprovar o sacrilégio do Santíssimo Sacramento permitindo sua recepção por não católicos.
  • Sustentar e ensinar uma noção blasfema e herética de Igreja, segundo a qual a Igreja de Cristo não é exatamente a mesma coisa que a Igreja Católica, mas meramente subsiste nela. Essa doutrina herética foi ensinada pelo Vaticano II na Lumen Gentium e seu significado herético tem sido sustentado por João Paulo II muitas vezes, particularmente no Diretório Ecumênico.
  • Dizer que muçulmanos e católicos adoram o mesmo Deus. [12]
  • Dar aprovação pública a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, que contém muitas heresias explicitas e contradiz totalmente o ensinamento solene do Concílio de Trento sobre a justificação.

Essas são apenas algumas heresias de João Paulo II. Nunca devemos nos esquecer que alguém pode manifestar e aderir a heresia não somente pela palavra, mas também pelas obras. Assim esses vários atos ecumênicos que são uma afronta ao Deus uno e verdadeiro são manifestações de uma adesão interior à heresia.

Todos esses erros e heresias são sustentados e ensinados por João Paulo II em nome do ecumenismo. É este ecumenismo a apostasia de João Paulo II. O ecumenismo é apostasia, porque reduz todos os dogmas da Fé Católica à relatividade. No sistema ecumênico, todas as religiões são vistas como tendo certas partes de verdade e todas as religiões são vistas como em posse de certo valor. Por esta razão, João Paulo II frequentemente repetiu a heresia do Vaticano II: que o Espírito Santo não hesita em fazer uso de religiões não católicas como meios de salvação.

Porém, tratar os dogmas da Igreja Católica de tal maneira é destituí-los de todo seu valor. O ecumenista abandona todos os dogmas de Igreja Católica, uma vez que ele não dá o assentimento da fé a nenhum deles.

A fé é uma adesão ao dogma baseada na autoridade de Deus que revela. Logo, o que cremos pela virtude da fé é absoluto e imutável. Os mártires professaram sua adesão a esses dogmas imutáveis dando suas vidas, às vezes tendo de suportar torturas atrozes. Assim a virtude da fé não pode tolerar o ecumenismo. O ecumenismo é diretamente contrário ao assentimento da fé, ele é, pois, uma grave violação do Primeiro Mandamento da Lei de Deus: Eu sou o Senhor teu Deus, não terás deuses estranhos perante mim.

O ecumenista, deve-se recordar, está construindo a grande religião ecumênica, um grande templo ecumênico, em que todas as religiões são capazes de coexistir, não importa quais sejam suas crenças internas, desde que nenhuma delas sustente que suas crenças são absolutamente verdadeiras e excludentes das crenças que se lhes opõem.

Este fato explica por que João Paulo II ocasionalmente fala sobre a doutrina católica: para ele isto é falar sobre os nossos assuntos internos, nossa experiência religiosa, nossos dogmas. Mas para ele esses dogmas são mantidos e ensinados no contexto do ecumenismo, isto é, onde eles são destituídos de todo sentido absoluto.

Isso poderia ser comparado a cozinha local das várias regiões de França: cada região tem seus próprios pratos, seus próprios vinhos, seus próprios queijos. Elas são boas em si mesmas, e a cozinha de uma religião não exclui as especiarias de outras regiões.

João Paulo II vê as religiões de modo semelhante. Todas as religião são o efeito da obra de Deus na alma; todas as religiões possuem certa verdade. É a missão da Igreja apagar as divisões entre as várias religiões, e trazer os homens para uma grande religião universal sem, no entanto, eliminar a legítima diversidade dos dogmas.

Isso é apostasia. Sabemos disso não a partir de nosso juízo privado, mas a partir do ensinamento da Igreja Católica. O Papa Pio XI em sua encíclica Mortalium Animos, referindo-se aos congressos ecumênicos, disse:

“Sem dúvida, estes esforços não podem, de nenhum modo, ser aprovados pelos católicos, pois eles se fundamentam na falsa opinião dos que julgam que quaisquer religiões são, mais ou menos, boas e louváveis, pois, embora não de uma única maneira, elas alargam e significam de modo igual aquele sentido ingênito e nativo em nós, pelo qual somos levados para Deus e reconhecemos obsequiosamente o seu império. Erram e estão enganados, portanto, os que possuem esta opinião: pervertendo o conceito da verdadeira religião, eles repudiam-na e gradualmente inclinam-se para o chamado Naturalismo e para o Ateísmo. Daí segue-se claramente que quem concorda com os que pensam e empreendem tais coisas afasta-se inteiramente da religião divinamente revelada.” (Papa Pio IX, Mortalium Animos, nn. 2-3, 6 jan. 1928)

AS CONSEQUÊNCIAS DA APOSTASIA DE JOÃO PAULO II

É óbvio que a apostasia, que é o pior pecado contra a fé, tem terríveis consequências na Igreja, que é uma organização fundada sobre a fé. Nosso “bilhete” de entrada na Igreja Católica é a profissão da verdadeira fé. No Batismo, antes mesmo de entrar no edifício da Igreja, o sacerdote pergunta: “O que pedes a Igreja de Deus?” A resposta é: “a Fé”. Sem a profissão da fé, o sacerdote não consentiria em nos admitir na Igreja.

Assim a perda da fé, quer seja por heresia ou apostasia, tem a consequência imediata e automática de nos separar da Igreja Católica. Para que isso ocorra, porém, nossa heresia ou apostasia deve ser pertinaz. Nossa heresia e apostasia é pertinaz se nós sabidamente e voluntariamente nos opomos ao ensinamento da Igreja Católica. O único fator que desculpa o herege da pertinacidade é a ignorância do fato de que a doutrina que ele professa é contrária ao ensinamento da Igreja Católica.

João Paulo II pode ser desculpado por ignorância? Claro que não. Seria absurdo dizer que um homem com tamanha educação na Fé pré-Vaticano II pudesse ignorar o ensinamento da Igreja Católica. Enquanto podemos conceber a ignorância da parte de um simples leigo, é impossível conceber a ignorância da parte de um ex-professor de seminário como João Paulo II, que possui um Doutorado na Universidade Angelicum. Se a ignorância fosse possível em um tal homem, então quem porventura poderia ser culpado de heresia ou apostasia?

Asseguramo-nos da pertinacidade de João Paulo II quando consideramos que no curso de sua ocupação do Vaticano por mais de vinte anos, reinou a destruição da fé em todas as instituições da Igreja. Se ele não fosse pertinaz, ele ao menos estaria horrorizado por esta perda da fé e tomaria medidas conta ela. Os únicos passos que ele tomou, porém, são contra a preservação da fé tradicional e estes ele tomou muito vigorosamente e com particular severidade.

I. Separação da Igreja e Perda de Autoridade

Assim a primeira consequência da apostasia de João Paulo II é sua separação da Igreja Católica.

A conclusão óbvia que emana diretamente da natureza da Fé Católica e da Igreja Católica é que João Paulo II não é e realmente não pode ser um verdadeiro Romano Pontífice. Pois não é preciso dizer que não se pode ser cabeça de alguma coisa da qual não se é sequer um membro.

O problema que enfrentamos é que sua separação da Igreja Católica e assim seu não papado não tem sido legalmente declarado. Se um concílio geral ou um conclave declarasse a sua apostasia e as suas consequências, a crise da Igreja de repente cessaria. A confusão acabaria. Ele estaria na mesma posição que Martinho Lutero. Mas o problema agonizante que enfrentamos é que falta essa declaração legal e ele portanto tem as aparências de ser um verdadeiro papa, enquanto adere e promulga uma falsa religião. Não há nada que acompanhe o papado melhor do que a fé verdadeira, e não existe nada que se oponha mais ao papado do que a profissão e promulgação de uma falsa religião. A autoridade do papado foi dada por Cristo a Igreja para confirmar-nos na verdade revelada. Assim, não há maior perversão de autoridade do que nos confirmar na apostasia.

II. Promulgação de Apostasia como Regra da Fé e da Disciplina

A segunda consequência da apostasia de João Paulo II é ainda mais importante. Devemos assinalar que João Paulo II não caiu unicamente no pecado pessoal de heresia e apostasia, mas o que é infinitamente mais pernicioso, ele promulgou sua apostasia como uma regra de fé e disciplina da Igreja Católica Romana.

João Paulo II, numa palavra, requer que todos os católicos se tornem apostatas ecumênicos juntamente com ele.

Isso é mais importante, pois essa tentativa de alterar a fé e a disciplina da Igreja Católica toca na indefectibilidade da Igreja e sua constante assistência pelo Cristo nos séculos. “Eu estarei convosco até a consumação dos séculos.”

Assim, Paulo VI e seus sucessores promulgaram as falsas doutrinas do Vaticano II e suas subsequente falsa liturgia e disciplinas.

Podemos dizer que essas falsas doutrinas, essa falsa liturgia e essas falsas disciplinas nos são dadas pela autoridade de Cristo?

Podemos admitir que a Igreja Católica tenha autorizado a promulgação universal e o uso de tais coisas?

Absolutamente não. Pois se associamos toda essa destruição com a Igreja Católica e consequentemente com a autoridade de Cristo, então como poderemos dizer que a Igreja é indefectível? Como dizer que ela está sendo assistida por Cristo?

Uma vez que somos obrigados pela fé a não afirmar tais blasfêmias sobre Cristo e sua Igreja, somos obrigados a concluir que de algum modo as pessoas que promulgaram essas coisas não possuem a autoridade de Cristo e da Igreja. A conclusão é óbvia: a fé que temos na assistência divina da Igreja nos compele a dizer que é impossível que Paulo VI, João Paulo I ou João Paulo II sejam verdadeiros papas católicos.

A RESPOSTA CATÓLICA

Em resumo, a resposta católica à apostasia de João Paulo II é clara: ele não pode ser um papa verdadeiro. Isso é claro sob dois aspectos e por dois argumentos distintos:

(1) pela sua queda pública e pessoal da verdadeira fé, que o coloca fora da Igreja;

(2) pela promulgação de falsas doutrinas, liturgia e disciplinas, que provam que ele carece da assistência de Cristo prometida à verdadeira autoridade da Igreja.

RESPOSTAS NÃO CATÓLICAS

I. A Fraternidade São Pedro e os seguidores do Indulto

A Fraternidade São Pedro e aqueles que que seguem o Indulto aceita a hierarquia Novus Ordo como a hierarquia católica, e aceita o Vaticano II e todas as reformas oficiais feitas em consequência do Vaticano II. Eles obtiveram da parte dos modernistas o direito de manter a Missa de João XXIII e operar um seminário e instituto de acordo com linhas mais ou menos pré-Vaticano II. Sua solução, então, consiste em aderir à tradição sob os auspícios e em obediência à hierarquia Novus Ordo. Sua adesão à tradição, portanto, não é tida como uma defesa da Fé contra os modernistas, mas antes como uma preferência, algo similar a ala conservadora da comunhão anglicana.

Do que se disse acima, vemos que essa nem sequer é uma solução. Posto que eles aceitaram o Novus Ordo como católico, eles reduziram sua adesão à tradição a uma mera nostalgia. Eles se tornaram uma ala conservadora dentro da religião ecumênica de João Paulo II, uma religião que também admite o vudu, o culto de Shiva, de Buda e o louvor a heresiarcas tais como Martinho Lutero.

Mas uma coisa deve ser dita em favor daqueles que seguem a Fraternidade São Pedro: Eles são pelo menos consistentes e lógicos em seu pensamento, na medida que eles veem que não se pode aceitar João Paulo II como papa e ao mesmo tempo ignorar sua autoridade doutrinal e disciplinar. Mas é absolutamente deplorável que essas pessoas tenham se cegado ao ponto de estarem em comunhão, isto é, serem correligionários dos modernistas, aqueles que São Pio X disse que deveriam ser combatidos com os punhos.

II. A Fraternidade São Pio X e outras

A resposta da Fraternidade São Pio X tem sido opor-se à apostasia de João Paulo II com o espírito de cisma. Muitas outras seguem por um caminho semelhante.

A solução lefebvrista, enunciada simplesmente, é esta: reconhecer a autoridade de João Paulo II, mas não segui-lo em seus erros. O Arcebispo Lefebvre insistiu que todos dentro da Fraternidade São Pio X considerassem João Paulo II como papa e expulsou da Fraternidade todos que publicamente sustentassem que ele não o fosse. Ele sempre tratou com os modernistas romanos como se eles tivessem autoridade, procurando a aprovação deles para a sua Fraternidade. Ele via como uma solução para a crise modernista um movimento tradicional popular que clamasse, em cada diocese, por padres tradicionais e rejeitasse os modernistas. Ele supôs que a solução sedevacantista sufocaria esse movimento popular, já que ele pensava que dizer que João Paulo II não era papa lançaria um fardo demasiado pesado sobre as costas do católico mediano.

Ao óbvio problema da obediência colocado pela sua posição, o Arcebispo Lefebvre respondia que nenhuma autoridade, inclusive aquela do papa, teria o direito de nos dizer para fazer algo de errado. Mas o Novus Ordo é errado. Logo, o papa não pode nos obrigar a aceitar o Novus Ordo. Esse raciocínio trouxe a necessidade de peneirar o Novus Ordo com o Catolicismo. Como um homem garimpa os fragmentos de ouro escondidos em meio a lama, assim o católico teria de peneirar o magistério de Paulo VI e João Paulo II e ficar com a verdadeira fé. O que quer que fosse tradicional seria aceito, o que fosse modernista seria rejeitado. E como o Arcebispo Lefebvre foi um dos mais proeminentes aderentes da tradição, a sua palavra se tornou a regra próxima da fé e logrou a obediência de milhares de padres e dezenas de milhares de católicos. Assim a suposta autoridade da João Paulo II não foi o suficiente para mover as mentes e vontades dos católicos fiéis a tradição, mas tinha de ser ampliada pela aprovação do Arcebispo Lefebvre. Esse papel de perneira adquirido pela Fraternidade foi zelosamente mantido e qualquer um que ousasse ignorá-lo era tido um como um subversivo e finalmente expulso.

A Fraternidade frequentemente usa a analogia do pai de família que pede para seus filhos fazerem alguma coisa errada. Os filhos em um tal caso devem desobedecer ao pai a fim de serem obedientes a lei superior de Deus. Mas ao mesmo tempo o pai sempre permanece sendo o pai. Do meso modo, eles afirmam, o Papa é o nosso pai e ele está nos pedindo para fazer alguma coisa errada, isto é, o Vaticano II e suas reformas. Devemos desobedecer-lhe, eles dizem, pois isso é contrário a lei divina. Porém, ele continua sendo o nosso pai.

Infelizmente, essa analogia não se aplica. Primeiro, ser o pai natural de alguém nunca muda, pois está baseado em geração biológica. Mas ser o pai espiritual de alguém pode mudar, pois se baseia em geração espiritual. Logo, um papa poderia renunciar e já não seria o pai espiritual de católicos.

Mas ainda há um motivo ainda mais importante que rende o argumento falso. Se um papa desse a uma pessoa em particular uma ordem que fosse má (e.g. profanar um crucifixo), o argumento se aplicaria. Pois em tal caso o papa não estaria envolvendo toda a prática da Igreja e portanto não envolveria a indefectibilidade da mesma Igreja. Mas se ele fizesse uma lei geral para que todos os católicos profanassem crucifixos, então a própria indefectibilidade da Igreja estaria em jogo. Pois como poderia a Igreja de Cristo fazer tais leis? Isso não conduziria todas as almas para o inferno? O fato de João Paulo II ter feito leis que prescrevam ou mesmo permitam o mal é uma violação da indefectibilidade da Igreja.

Logo, o argumento da Fraternidade não pode ser aplicado à presente crise na Igreja.

Se João Paulo II é o papa, devemos obedecer-lhe. O fato mesmo de admitir a possibilidade de que um papa possa promulgar falsas doutrinas e decretar leis disciplinares universais que sejam más é por si uma heresia contra o ensinamento de que proclama que a Igreja Católica é infalível nessas matérias. É impossível que, seguindo os ensinamentos universais da Igreja ou suas disciplinas universais, você pudesse se desviar e ir para o inferno. Se isso fosse possível, teria que se concluir que a Igreja Católica Romana já não é a verdadeira Igreja, mas uma instituição humana como qualquer outra falsa igreja.

Além disso, peneirar os ensinamentos da Igreja é estabelecer-se como o papa, pois sua adesão a esses ensinamentos não estaria baseada na autoridade da Igreja, mas na sua própria “peneira” desses ensinamentos.

Um dos superiores de distrito da Fraternidade São Pio X escreveu uma carta desacreditando as reformas do Vaticano II: “Esse é o motivo pelo qual insistimos em reconhecer o Papado e a hierarquia apesar do fato de que nós não nos sentimos um como eles”. Esta sentença bem descreve sua posição, que combina duas coisas que são intrinsecamente incompatíveis, i.e., reconhecer João Paulo II, mas não ser um com ele.

É imediatamente evidente que sua posição envolve inescapáveis contradições do ponto de vista da eclesiologia católica. Em primeiro lugar, eles de algum modo veem o Vaticano II e suas reformas como católico e não católico e por essa razão eles “peneiram” os ensinamentos Novus Ordo e sua disciplina a fim de recolher dessa massa podre o que quer que venha a ser católico. Eles, portanto, associam o Novus Ordo com a Igreja Católica. Eles consideram a hierarquia Novus Ordo como tendo a autoridade de Cristo para ensinar, governar e santificar os fiéis. Mas ao mesmo tempo eles são excomungados por essa mesma autoridade, uma vez que eles agem como se ela não existisse, de modo que consagram bispos contra uma expressa ordem “papal”.

A posição lefebvrista é uma posição completamente inconsistente e faz em pedaços a indefectibilidade da Igreja, da Igreja Católica, uma vez que identifica com a Igreja Católica a defecção doutrinal e disciplinar do Vaticano II e suas subsequentes reformas. Nossa posição é a seguinte: o Vaticano II com suas reformas não é católico e, por conseguinte, aqueles que o promulgaram não podem ser detentores da autoridade católica. Se eles possuíssem verdadeira autoridade católica, eles teriam a assistência de Cristo e seriam incapazes de promulgar uma doutrina e uma disciplina deficiente em nome da Igreja Católica.

Os lefebvristas, porém, estão na posição impossível de resistir à autoridade da Igreja Católica em matérias de doutrina, disciplina e culto. Esses três domínios são o efeito das três funções essenciais da hierarquia da Igreja: a função de ensinar, governar e santificar. Essas funções são os fundamentos da tripla unidade da Igreja: a unidade da fé, a unidade de governo e a unidade de comunhão. Resistir à Igreja Católica nessas matérias é suicídio espiritual, uma vez que a adesão à Igreja Católica é necessária à salvação. Se é permitido resistir à Igreja em doutrina, disciplina e culto, então no que é que a Igreja deve ser obedecida? Qual é a autoridade de São Pedro, se ele pode ser ignorante nessas matérias?

Em suma, a Fraternidade São Pio X reconhece a autoridade de João Paulo II, mas ao mesmo tempo rejeita as prerrogativas de sua autoridade. Nessa última matéria eles infelizmente estão ligados aos galicanos, jansenistas e outras seitas de rito oriental que fazem exatamente a mesma coisa, isto é, que “filtram” as doutrinas e decretos dos Romanos Pontífices de acordo com a sua preferência.

Conforme essas seitas, o magistério não pode obrigar a menos que ele seja considerado conforme a Tradição. Os ensinamentos e decretos dos Pontífices Romanos seriam, portanto, sujeitos à revisão por parte dessas seitas, isto é, elas peneirariam os atos dos Papas. Os jansenistas em particular disseram que a fim de determinar se uma doutrina era tradicional ou não, um estudo histórico deveria ser feito. Isso é exatamente o que a Fraternidade diz: que os atos do m
agistério tem de ser rejeitados, se os católicos historicamente nunca acreditaram nessas coisas.

Mas quem é o árbitro da Tradição? Não é o magistério? O Papa não está investido da autoridade de Cristo? Certamente que sim. Então a doutrina jansenista de peneirar era meramente um mau disfarce do juízo privado protestante. A única diferença entre os protestantes e os jansenistas era que os últimos aplicavam seu juízo privado às Sagradas Escrituras, enquanto que os últimos aplicavam o juízo privado à Tradição. A posição da Fraternidade São Pio X concernente ao magistério e à tradição não difere de qualquer modo daquela dos jansenistas. Enquanto os protestantes defenderam o livre exame das Escrituras, a Fraternidade defende o livre exame do Denzinger. [13]

Assim, a Fraternidade abertamente se opôs à apostasia de João Paulo II não com uma resposta verdadeiramente católica, mas com a resposta do juízo privado, onde as doutrinas, decretos e disciplinas universais daquilo que eles tratam como a Igreja estão sujeitas ao seu escrutínio privado.

Quão oposto ao juízo privado é o espírito do Catolicismo! “Quem vos ouve a mim ouve”, disse Nosso Senhor. “Tudo o ligares na terra será ligado no céu”, Ele disse a São Pedro. A autoridade de Deus confiada a São Pedro por Nosso Senhor Jesus Cristo é o que faz a Igreja Católica ser o que ela é. A atitude da Fraternidade São Pio X reduz a missão apostólica da Igreja confiada a São Pedro, a alguma coisa pouco mais que algo acidental. Mas é esta mesma autoridade, e a legítima posse e transmissão da mesma, que faz da Igreja Católica realmente Católica. Essa é a forma, o espírito da Igreja Católica, isto é, aquilo pelo qual ela é o que ela é. Nada poderia ser mais substancial à Igreja Católica do que essa autoridade.

Ademais, deve assinalar-se que exercer p seu poder de ordenar ministros sem a aprovação da hierarquia da Igreja Católica é um pecado mortal gravíssimo, e é cismático quando feito de modo permanente e sistemático. Nós justificamos nosso apostolado pelo princípio de epichéia. Por este princípio presumimos que a autoridade da Igreja, um verdadeiro papa, se estivesse presente, desejaria que disséssemos a Missa e distribuíssemos os Sacramentos. Sabemos que nossa presunção é razoável, uma vez que os fiéis não teriam verdadeira Missa e Sacramentos de outro modo. Só se pode invocar o princípio de epichéia quando o legislador está ausente. Usar esse princípio contra um papa reinante, que possui jurisdição sobre os Sacramentos, faz uma bagunça em toda a Igreja Católica. É afundar-se no protestantismo, onde cada ministro recebe seu poder “diretamente de Deus”. Para que uma hierarquia, para que jurisdição, se todos podem decidir que possuem o direito de exercer suas ordens sob a suposição de que a Igreja a supre diretamente? Num tal caso, a hierarquia seria puramente acidental e cada padre individual, como ministros protestantes, poderiam manter o seu próprio apostolado.

O espírito de cisma na Fraternidade São Pio X fica evidente pelo oferecimento da Missa una cum. Pois ou João Paulo II é papa, ou ele não é. Se João Paulo II é papa, então a Missa una cum da Fraternidade é cismática, uma vez que é dita fora e contra a sua autoridade. É altar contra altar, pois suas Missas são desautorizadas pelo Romano Pontífice. Mas se ele não é o papa, então sua Missa una cum também é cismática, uma vez que é oferecida fora da Igreja, em união com um falso papa.

Em outras palavras, ou o altar do padre tradicional é o verdadeiro altar de Deus, ou o altar de João Paulo II é o verdadeiro altar de Deus. Porque o padre tradicional ergue seu altar e mantém seu apostolado contra o apostolado Novus Ordo — que é o de João Paulo II — é óbvio que ambos altares não podem ser ao mesmo tempo legitimamente católicos e que ambos apostolados não podem ser ao mesmo tempo apostolados católicos. Cristo não poderia autorizar tanto o altar Novus Ordo quanto o altar tradicional. Um é legítimo, o outro é ilegítimo.

Porque dizemos que nosso altar é legítimo, somos logicamente obrigados a dizer que o altar Novus Ordo, e assim seu sacerdócio e apostolado, são ilegítimos.

Mas se o sacerdote se une ao altar ilegítimo, ao sacerdócio e ao apostolado de João Paulo II e do Novus Ordo, então ele faz de seu próprio altar, seu próprio sacerdócio e seu próprio apostolado ilegítimos e portanto cismáticos.

Assim enquanto penso que aqueles que estão envolvidos no grupo lefebvrista sejam de boa vontade e desejem o bem da Igreja de coração, eles estão, contudo, trabalhando sob o espírito de cisma. Sua política de peneiragem do magistério é realmente herética.

Se eles caíram nesses erros, isso é por falta de bom treinamento. Como seminaristas eles se apresentaram na Fraternidade e, não sabendo nada além, foram imbuídos com esses erros durante os anos de seminário. Estou certo que se eles tivessem sido treinados corretamente, eles não adeririam a esses erros. Estou assinalando seus erros, graves como são, não a fim de atacar-lhes pessoalmente, ou pôr em questão as suas intenções, mas em sinal de respeito pela verdade. Estou certo de que eles amam a verdade também, e é minha sincera esperança que eles ouçam essas críticas com o mesmo espírito de caridade com o qual elas lhes são dadas.

CONCLUSÃO

Como um bispo, estou profundamente preocupado com a má influência da Fraternidade São Pio X. Em vez de elaborar uma resposta católica para a apostasia de João Paulo II, eles tem plantado as sementes do espírito de cisma dentro de muitas, muitas almas. Os jovens formados na Fraternidade terão uma ideia completamente distorcida do que é a autoridade católica, do que a autoridade do Romano Pontífice realmente é. Talvez eles nunca saberão da santa e profunda reverência que os católicos sempre tiveram pela mais augusta autoridade confiada aos homens. É a nossa fé católica nesta autoridade que nos compele a dizer que os autores do Novos Ordo não poderiam possui-la.

Como seria formidável se os católicos pudessem formar um fronte unido contra os modernistas! Se todos nós disséssemos com uma só voz que a defecção do Vaticano II não vem da autoridade de Cristo! Essa seria uma poderosa profissão de fé entre os católicos. Em vez disso, a grande maioria dos católicos tem agido como uma ala conservadora de anglicanos – a Fraternidade São Pedro – ou como galicanos e jansenistas cismáticos – a Fraternidade São Pio X. Realmente, como os inimigos da Igreja devem rir-se e divertir-se desse espetáculo desolador, do fato de que depois de dois mil anos de profissão de fé, e depois de muitos gloriosos martírios, isso é tudo o que os católicos podem apresentar em face do pior de todos os inimigos da Igreja Católica.

Exorto-vos, pois, não permanecer indiferentes a esses problemas. A necessidade da resposta católica é muito importante. É muito importante que evitemos substituir a apostasia de João Paulo II pelo espírito de cismo, juízo privado, e desprezo pela autoridade papal que são evidentes na posição da Fraternidade São Pio X.

Também vos exorto a rezar pelos membros da Fraternidade que, como já disse, são de boa vontade, e que desejam ser bons católicos. Eles são desencaminhados pelo medo de que dizer a verdade sobre João Paulo II esvaziará suas igrejas. É de conhecimento comum que muitos de seus padres são privadamente de nossa posição. Mas eles temem o que acontecerá se eles saírem. Mas eles deveriam ser encorajados a sair e deveriam dizer que sua posição não está em conformidade com a fé católica.

Nossa experiência nos Estados Unidos mostra que os fiéis são muito solidários com os padres que tomam uma posição pública contra o papado de João Paulo II. Quando eles ouvem essas explicações, como essas que eu dei aqui, eles veem que eles estão em conformidade com princípios católicos, e abraçam a nossa posição de coração. Mas ainda que eles não o fizessem, ainda que o sacerdote fosse reduzido a tribulação, todo sacerdote deve saber que deve amar a verdade católica mais do que a si mesmo.

Temos perante nós o maravilhoso exemplo do Padre Guépin, que em 1980 manteve corajosamente os princípios que expus e foi, como um resultado, bruscamente ejetado da Fraternidade. Embora ele tenha dado sua vida ao sacerdócio, ele foi sumariamente lançado na rua. Mas ele permaneceu destemido por esta cruz, e suportou com generosidade, sabendo pela sua forte fé e seu ardente amor de Deus, que seria melhor morrer do que comprometer a fé católica. Que outros padres da Fraternidade aprendam de seu corajoso exemplo e entendam que Deus abençoará o apostolado do sacerdote que ama a sua verdade mais do que as comodidades.

Lembremos também da alma do Arcebispo Lefebvre em nossas orações que, apesar da inconsistência de suas posições, fez muito pela preservação da Missa verdadeira.

Finalmente não deixemos de rezar a Nossa Senhora, que sozinha esmaga todas as heresias, como diz a Sagrada Liturgia, e São José, o patrono da Igreja Universal.

(Boletim de Santa Gertrudes, a Grande, 52, Suplemento, Outono de 2000)

[1] Redemptor Hominis, 13.3
[2] Homilia em Santa Maria em Trastevere, 27 abr. 1980
[3] Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre Alguns Aspectos da Igreja entendida como Comunhão., (1992)
[4] ibid.
[5] Osservatore Romano, 20 mai. 1980
[6] ibid.
[7] Osservatore Romano, 10 jun. 1980
[8] Catechesi Tradendae, 16 out. 1979
[9] Redemptor Hominis, 12.2 e Dives in Misericordia, e seu discurso nas Nações Unidas em 2 out. 1979 e muitos outros lugares.
[10] Vaticano II, Dignitatis Humanae, um documento que João Paulo II diz ter uma obrigatoriedade particular.
[11] Audiência Geral, 11 jan. 1989
[12] 21 mai. 1980 em discurso aos muçulmanos em Paris.
[13] O Denzinger é o livro que contém os ensinamentos dos papas e concílios gerais

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