O Sacramento da Penitência ou Confissão

11.ª Lição de Catecismo da Doutrina Cristã. O Sacramento da Penitência ou Confissão.

Revise a lição sobre o Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

I. A Penitência ou Confissão é o sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo.

II. Chama-se penitência, porque se espera da parte do pecador o espírito de penitência, isto é, que esteja arrependido e com o desejo de sair do pecado, disposição de todo oposta ao vício da impenitência, quando o pecador está satisfeito e deseja perseverar no pecado. Também se chama assim porque o sacerdote impõe ao pecador uma penitência, que ele deve cumprir fielmente. Recebe ainda o nome Confissão, porque não basta a dor de coração (dolor cordis), mas também é preciso a confissão de boca (confessio oris), isto é, a acusação distinta dos pecados cometidos.

III. Cristo instituiu este sacramento depois de sua Ressurreição, soprando sobre os Apóstolos, Ele disse “Recebei o Espírito Santo. Aos que perdoardes vós os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e aos que vós o retiverdes, ser-lhes-ão retidos.” (Jo 20, 22-23). Este poder foi conferido aos Apóstolos não para o benefício pessoal deles, mas para o benefício de toda a Igreja. Assim, continua na Igreja este poder de perdoar os pecados, transmitido aos sucessores dos Apóstolos. O cristão que “se confessa com Deus”, na verdade se confessa com o diabo, pois muito agrada ao diabo o desprezo pela vontade de Deus. Mas a vontade de Deus é esta: quer que as pessoas se confessem com homens aos quais investiu do poder de perdoar os pecados, do mesmo modo que um rei manda libertar um preso por meio de um ministro seu e não diretamente. Por isso e muitas outras vantagens, Cristo conferiu tal poder aos Apóstolos e seus sucessores. Ofende ao rei o preso que não acolhe seu ministro, ofende a Cristo quem rejeita aqueles que ele enviou (Lc 10, 16). E Cristo quer a confissão auricular, pois os seus sacerdotes são juízes de consciências e como tais devem ouvir tudo o que diz respeito aos pecados do penitente para somente então dar a sentença.

São João Maria Vianney, o ilustre Cura d’Ars, foi um grande servo de Deus e um confessor exímio. Quantas pessoas ele converteu nas horas que ficava atendendo confissões! Certa vez, apareceu-lhe um cavalheiro na sacristia querendo fazer-lhe umas perguntas. O santo então disse: “Primeiro confesse-se e depois o senhor faz as perguntas”. O homem então admirou-se dizendo “Como posso eu confessar-me se não creio na confissão?” Sem descompor-se, atalhou o servo de Deus: “Senhor, ajoelhe-se naquele genuflexório ali e verá”. Disse-o com tal autoridade e tanta eficácia na graça de Deus que o cavalheiro ajoelhou-se quase sem o querer. Então, aproximando-se dele, o santo e lhe falava tão bem de Jesus, sua bondade, sua misericórdia, a feiura do pecado, a necessidade da graça, a importância de uma boa confissão para salvar-se, que o homem caiu em si e acabou por fazer, ajudado pelo cura, uma esplêndida confissão. Levantando-se qual novo homem, agradece ao santo que sorrindo lhe diz: “Agora o senhor pode dizer quais são as suas dificuldades, objeções…” Este porém, com lágrimas responde: “Mas, servo de Deus,  não tenho mais nenhuma pergunta, achei as respostas durante a confissão, tudo o que precisava era de uma boa confissão”.

IV. A matéria remota do Sacramento da Penitência são os pecados cometidos, a matéria próxima é a confissão desses pecados acompanhada do devido arrependimento. A forma são as palavras de absolvição ditas pelo sacerdote, que é o ministro deste sacramento.

V. A confissão bem-feita requer cinco coisas: 1.ª Exame de consciência; 2.ª Dor pelos pecados; 3.ª Propósito de Emenda; 4.ª Confissão; 5.ª Satisfação. Todas essas coisas se encontram na parábola do filho pródigo.

Convém fazer algumas observações.

O exame deve ser uma investigação sobre os pecados cometidos contra a lei de Deus, os mandamento da Igreja e os deveres do próprio estado. Deve ser feito com tal diligência que se saiba a espécie, o número e as circunstâncias agravantes de cada pecado.

A dor pelos pecados pode ser perfeita ou imperfeita. É perfeita quando o pecador se dói por amor de Deus, por ter ofendido ao pai bondoso, nosso Criador e Redentor. neste caso chama-se de contrição. É imperfeita quando o pecador se dói por ter perdido o céu e merecido o inferno, neste caso dá-se-lhe o nome de atrição.

O propósito de emenda requer a detestação não só do pecado em si, mas de tudo o que for ocasião próxima de pecado, isto é, verdadeira e firme resolução de não pecar mais, nem de dar ocasião ao pecado.

A confissão tem de ser inteira, sem nada omitir; sincera, sem nada disfarçar; humilde, sem qualquer exaltação ou indiferença perante o pecado. O penitente deve estar como Maria Madalena aos pés de Jesus.

Por fim, a satisfação implica ouvir com atenção as orientações e conselhos dados pelo sacerdote, bem como cumprir com exatidão a penitência imposta por ele.

VI. Os efeitos do Sacramento da Penitência são extraordinários. Primeiro, o pecador como que vai da morte para a vida, como aconteceu com o filho pródigo. Ao voltar para a casa do pai, recebe depois de confissão dorida e humilde, a graça de Deus, simbolizada pela veste que lhe é dada. Mas não só isso: também recebe o anel, figura da caridade e das outras virtudes infusas que agora o unem a Deus; e ainda o calçado, imagem do mérito das boas obras que é restituído ao pecador penitente.

VII. A Confissão muda a pena eterna devida ao pecado (o Inferno) em pena temporal, isto é, uma divida que deve ser paga neste mundo ou no Purgatório. Ordinariamente, a penitência imposta pelo padre paga apenas uma parte desta divida, o que exige que o pecador continue expiando essa divida com as indulgências e exercícios de penitência. As indulgências aplicam os méritos de Cristo, Nossa Senhora e dos Santos àquele que, estando na graça de Deus, cumpre os exercícios de piedade indulgenciados, conforme as condições prescritas pelo Romano Pontífice. Os exercício de penitência são principalmente três: oração, jejum e esmola. Assim é porque o homem deve oferecer-se todo a Deus em reparação: com a oração, oferece a alma; com o jejum, o corpo; com a esmola, os bens exteriores que possui. Por oração se entende também assistir piedosamente ao Santo Sacrifício da Missa, recitar o Rosário, fazer a Via Sacra e coisas semelhantes. O jejum também inclui toda mortificação corporal, como aplicar-se disciplina, dormir no chão, fazer uma peregrinação. A esmola é cumprir o nosso dever de caridade para com o próximo por amor de Deus.

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