A verdade sufocada: Resposta ao Padre Leonardo da Administração Apostólica de Campos

Verdade sufocada por bravatas, verdade sufocada por omissões, verdade, a verdade católica, sendo trocada e adulterada pela grossa mentira modernista sobre o atual estado de coisas na Igreja de Cristo. Foi isso que vi quando assisti nada menos que uma hora e meia de conferência do Padre Leonardo da Administração Apostólica de Campos sobre os erros dos “tradicionais”.

É louvável que Padre Leonardo tenha abandonado a Missa Nova e tenha o propósito de jamais celebrá-la novamente, mas é digno de censura que ele pare por aí mesmo e queira que os seus subordinados o imitem. É verdade, ele já deu um passo adiante; sim, ele já começa a afastar-se da pecaminosa comunhão com os modernistas: do mesmo modo que, na juventude, ia até o outro lado da cidade para evitar a missa de seu pároco comunista, hoje ele procura evitar a Missa Nova em geral. De certa forma, hoje ele já está em desobediência ao que mandou o mui ardiloso Bento XVI em sua Carta aos Bispos de 7 julho de 2007, aquela anexa ao famoso Motu Proprio Summorum Pontificum: “Obviamente, para viver a plena comunhão, também os sacerdotes das Comunidades aderentes ao uso antigo não podem, em linha de princípio, excluir a celebração segundo os novos livros.”

Mas isso não basta. Padre Leonardo não deve contentar-se com um altar lateral na capela ecumênica de Ratzinger e Bergoglio. Ele tem que ir além sob pena de estar caindo e levando os outros a caírem na armadilha do Motu Proprio; sob pena de estar criando uma geração de supostos católicos tradicionais, com muito latim e incenso no exterior, mas com um interior cheio de modernismo. Sob pena, repito, de formar uma futura geração que é tradicional no feitio e no nome, mas não o é no coração. Esses neotradicionalistas seriam os fariseus da sinagoga pós-conciliar, uma minoria que teria muito prestígio e pouco mando, que viveria pacificamente ao lado de seus irmãos saduceus da Renovação Carismática e da Teologia da Libertação. Ora, não pode ser assim!

É preciso dizer toda a verdade! Chamar o seu próximo de cismático e protestante não muda em nada a realidade! Padre Leonardo, como pode o senhor vir com essas bravatas? Os católicos tradicionais, que não reconhecem o Concílio Vaticano II e suas reformas, bem como a autoridade daqueles que o promulgaram, estão simplesmente fazendo o que é de seu dever. A obrigação que todo batizado assume de professar a fé é o que move os católicos a detestarem todas essas inovações doutrinais e disciplinares e resolutamente se afastarem da nova religião dos modernistas. Os inovadores modernistas, por outro lado, com Padre Leonardo e todos os protestantes mais inclinados ao liberalismo e indiferentismo, falam sobre “uma caridade sem fé, muito terna aos incrédulos, que abre a todos infelizmente o caminho da eterna ruína.” (São Pio X, Discurso aos Novos Cardeais, 17 abr. 1917) Isso é modernismo, isso não tem nada a ver com o modo católico de proceder ante os erros modernos.

E é assim que a receita dada por Padre Leonardo consiste em dizer que, embora o católico não pode ser liberal, aqueles que assim o são devem ser tidos como nossos irmãos e nós devemos conquistá-los pelo nosso testemunho de santidade. Essa é a mesma linguagem que os modernistas empregam para falar do diálogo com protestantes e ateus: temos outra fé, mas são nossos irmãos, vamos conquistá-los com o testemunho de nossa vida. Ao que tudo indica, Padre Leonardo já está consciente de que sua religião pós-conciliar está infestada de protestantes e ateus. Aqui há uma confissão do fracasso da nova religião em manter a unidade da fé e da disciplina.

Mas, se assim é, onde está a nota da unidade, característica exclusiva da Igreja Católica? Ela simplesmente não está. E, como a religião moderna já é a imagem e semelhança de uma igreja protestante, o que resta fazer é tratá-la do mesmo modo que as seitas se tratam entre si: “os credos são diversos, mas Deus é um só”.

Essa ideia chama-se ecumenismo, ela nasceu no protestantismo liberal e foi notavelmente condenada nos pontificados de Leão XIII e Pio XI. No vídeo, esse erro moderno é apresentado por Padre Leonardo como se fosse doutrina católica e, pasmem, como se fosse o que nos ensinam os Santos! Que falsificação gigantesca! Na verdade, trata-se de uma ideia protestante adotada por ele e seus correligionários.

E o que dizer da solução proposta para o problema da crise iniciada, pelo menos, desde o século XVI: devemos converter não pela propagação da fé e oposição aos erros, mas simplesmente pela santidade de vida? Essa ideia – adivinhem? – também é protestantico-modernista. Ela quer dizer adeus à antiga apologética e pôr em seu lugar a experiência subjetiva de cada um com Deus, a qual será suficiente para persuadir os demais. Eis que aqui temos muita fé fiducial luterana, muito pietismo, muito existencialismo e tão somente a aparência de catolicismo. As noções de fé como experiência e apologética como diálogo foi justamente condenada por São Pio X na encíclica Pascendi, as quais foram justamente associadas ao pseudo-misticismo dos protestantes.

Por outro lado, os Santos e o próprio Magistério da Igreja não recomendam senão a denúncia dos erros e a luta pela verdade. Limito-me a um santo e a um pronunciamento do Magistério:

São Francisco de Sales recomenda aos simples fiéis denunciarem quaisquer manifestações heréticas: “É uma caridade descobrir o lobo que se esconde entre as ovelhas, em qualquer parte onde o encontramos.” (Filoteia III, 29). Evidentemente, ele não está só. Todos os grandes confessores da fé católica sempre pediram que os seus subordinados os imitassem no combate aos erros. Isso é absolutamente normal e tradicional. Mas os ecumenistas da Administração Apostólica, aqui representada pelo Padre Leonardo, não quer saber disso, o negócio deles é precisamente parecer tradicional e não sê-lo realmente.

O Papa Alexandre VII em Decreto do Santo Ofício de 24 set. 1665 condenou a seguinte proposição:

“Embora te conste de modo evidente que Pedro é um herege, não és obrigado a denunciá-lo, se não te é possível prová-lo.” (Denzinger-Hünermann 2025; Denzinger 1105)

A condenação desta proposição demonstra duas coisas importantíssimas: (1) um particular tem a obrigação de denunciar aquele que lhe pareça um herege e (2) não é necessário que tenha contra ele uma prova definitiva, basta uma suspeita ou um indício.

Para mais informações, leia nosso artigo contra o argumento: quem sou eu para julgar?

Esses ensinamentos são omitidos pelo Padre Leonardo que deseja encobrir os lobos para evitar maiores problemas. Felizmente, nós não temos esse tipo de compromisso e assim podemos dizer toda a verdade.

Enquanto se vive neste mundo ainda há tempo de mudar e melhor se ajustar ao programa de Nosso Senhor Jesus Cristo. Espero que o Padre Leonardo tenha a coragem de dar mais esse passo. Ele já disse não à Missa Nova, agora é tempo de dizer não à Missa do Motu Proprio. Assim ele estará de acordo com Paulo IV, Inocêncio III, Alexandre VII, São Pio X, São Roberto Belarmino, São Francisco de Sales, Santo Afonso Maria de Ligório e muitos mais que ensinam para além de toda a dúvida que o ecumenismo com hereges, quem quer que sejam ou tenham sido, é pecaminoso.

Quanto a nós, sabemos que nesta terra fomos recrutados para militar pela causa de Deus contra as obras e pompas do demônio, o qual é pai de todas as heresias; a fé exige de nós esse combate frontal contra os erros de nosso tempo e é precisamente isso o que esperamos fazer até o derradeiro suspiro.

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