FAKE NEWS sobre o conflito na Ucrânia

É dois de março de 2022. Já se passou uma semana desde o começo do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, bem mais do que esperava que tomasse para eu me pronunciar a respeito. Creio, porém, que valeu a pena a demora. Do dia 24 de fevereiro para cá, estive me informando sobre o que estava acontecendo, ouvindo diferentes opiniões e abordagens, tudo a fim de me posicionar de acordo com a justiça e caridade cristã, e ajudar também aos outros a fazê-lo. Ainda estou aberto as considerações dos demais, que podem muito bem ter compreendido o que me escapou. Em todo caso, vou divulgando aqui o resultado de meus estudos, na forma de comentários que lidam com aspectos gerais e específicos do conflito e sua repercussão, dentro da perspectiva católica, com a lição ou conclusão prática a ser tirada desses acontecimentos. Começarei aqui tratando das notícias falsas que circulam em torno desse acontecimento.

I. Primeiramente, cumpre notar que o estado de medo e ansiedade, que Santo Inácio chamaria de tempos de desolação, não é o mais apropriado para a tomada de qualquer decisão importante. É preciso de calma e paz no coração, sem isso o ser humano não consegue pensar direito e acaba cedendo a propostas que, em circunstâncias normais, jamais aceitaria. O terror psicológico que vemos neste tempo é para enganar ou paralisar, e não parece que seja proporcional a dimensão real e concreta do problema que vivemos atualmente.

Note bem o modo como as coisas têm sido retratadas:

1.º Surgiu um perigo novo, iminente e extraordinário.
2.º – Este perigo ameaça toda a humanidade.
3.º – Ele pode causar a morte de milhões de pessoas.
4.º – É necessário que todos se unam contra ele, para que não sejam suas vítimas.
5.º – É fundamental que todos os governos tomem medidas urgentes.
6.º – Espera-se que os afetados tomem medidas que atentem contra a sua própria vida.
7.º – Os não afetados, igualmente, devem prevenir-se de formas não menos agressivas.

Ora, não é preciso ser um gênio, nem ter uma memória privilegiada, para lembrar e comparar o que hoje ocorre na Ucrânia com o que se passou nos últimos dois anos. Falava-se exatamente as mesmas coisas do Coronavírus, as pessoas se desesperaram – e até hoje alguns se desesperam -, mas as previsões apocalípticas não se cumpriram e as soluções encontradas – máscaras e vacinas experimentais – fazem ver os riscos e o ridículo a que nos expõe essa abordagem. Antes se falava em pandemia, hoje se fala em Terceira Guerra Mundial; antes se falava em medidas sanitárias enérgicas, hoje em sanções econômicas homéricas; antes se falava em fazer as pessoas cobaias de laboratório, hoje se fala em fazê-las buchas de canhão. Diante do aprendizado dos últimos dois anos, não pode escapar da acusação de gravemente imprudente a pessoa que cai nesse jogo de faz de conta.

II. Todos os lados envolvidos no conflito estão errados em alguma medida e todos mentem. Como muitos disseram: a primeira vítima da guerra é a verdade. Portanto, demonizar qualquer uma das partes envolvidas não é apenas uma estupidez enorme, mas faz parte do plano. A guerra de informação pela opinião pública corre, lado a lado, com a disputa armada pelo poder.

É importante chamar a atenção para esse elemento propagandístico da guerra, até mesmo para ressaltar que é muito difícil saber, durante o conflito, e às vezes mesmo depois dele, o que realmente está acontecendo. Há muitas coisas que fogem do nosso alcance, que são só do conhecimento dos governos e seus serviços de inteligência, e há tantas outras que não passam de desinformação, ou seja, de notícias deliberadamente falsificadas, no intento de desmoralizar o adversário.

Até que ponto isso é lícito? São Tomás de Aquino ensina na Suma Teológica (II-II, q. 40, art. 3) que é lícito omitir informações do inimigo e deixar-se o que é segredo em segredo, porque nem todos devem saber tudo. Contudo, divulgar informações falsas e quebrar promessas é sempre ilícito, pois a falta de lealdade com o próximo, além de ser uma injustiça, também é um poderoso combustível para maiores conflitos.

Neste caso de mentira ilícita, incluem-se as notícias, na grande mídia ocidental, que divulgavam fotos e vídeos de bombardeios acontecidos em outros lugares e épocas da história, como os conflitos na Iuguslávia e Palestina, como se tivessem ocorrido na Ucrânia. Houve até o caso de cenas de vídeo game sendo exibidas como imagens dos ataques russos. Por outro lado, na mídia russa, fala-se, como justificativa da operação, em grupos terroristas e armas nucleares em solo ucraniano, mesma espécie de argumento dúbio usado pelos Estados Unidos ao invadir o Iraque.

Um comentário em “FAKE NEWS sobre o conflito na Ucrânia

  1. Excelente. Acredito que tem algo muito grande por detrás desse conflito. Um fato histórico e hoje em dia conhecido muito bem por poucos, infelizmente, é quando a mídia incessantemente noticia algo de forma romanceada, com falso pesar, com falsa caridade, falsa piedade é porque tem algo que não sabemos e somente a podre imprensa noticia o que lhe é mandado por “ordens superiores internacionais”.

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