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O CÓDIGO DO CATÓLICO MILITANTE SEGUNDO SANTO INÁCIO DE LOYOLA:
  • Publicado em 09/01/2018
  • Por Diogo Rafael Moreira
[caption id="attachment_35416" align="aligncenter" width="220"]Santo Inacio de Loyola Santo Inácio de Loyola (1491-1556)[/caption] Para o verdadeiro sentido que devemos ter na igreja militante, guardem-se as regras seguintes: Primeira regra. Deposto todo o juízo próprio, devemos ter o espírito preparado e pronto para obedecer em tudo à verdadeira Esposa de Cristo, nosso Senhor, que é a nossa santa Mãe a Igreja hierárquica. Segunda regra. Louvar a confissão ao sacerdote e a recepção do Santíssimo Sacramento, uma vez no ano, e muito mais, em cada mês, e muito melhor, de oito em oito dias, com as condições requeridas e devidas. Terceira regra. Louvar a assistência frequente à missa, e igualmente cantos, salmos e longas orações, na igreja e fora dela; e também a determinação de horas destinadas para todo o ofício divino e para toda a oração e todas as horas canônicas. Quarta regra. Louvar muito a vida religiosa, a virgindade e a continência, e não louvar tanto o matrimônio como nenhuma destas. Quinta regra. Louvar os votos religiosos, de obediência, pobreza e castidade e de outras perfeições de superrogação. É de notar que, como os votos se fazem sobre coisas que se aproximam mais da perfeição evangélica, não se devem fazer de coisas que nos apartam dessa perfeição, como de ser comerciante ou de casar-se, etc. Sexta regra. Louvar as relíquias dos Santos, venerando-as a elas e rezando-lhes a eles. Louvar estações, peregrinações, indulgências, jubileus, bulas da cruzada e velas acesas nas igrejas. Sétima regra. Louvar constituições sobre jejuns e abstinências, como as da quaresma, das quatro têmporas, vigílias, sexta e sábado; e também as penitências, não somente internas, mas também externas. Oitava regra. Louvar os ornamentos e os edifícios das igrejas e também as imagens e venerá-las pelo que representam. Nona regra. Louvar finalmente todos os preceitos da Igreja, tendo prontidão de espírito para buscar razões para os defender, e, de modo nenhum para os criticar. Décima regra. Devemos ser mais prontos para aprovar e louvar tanto as diretrizes e recomendações como o comportamento dos nossos Superiores. Porque, mesmo que a conduta de alguns não fosse tal como deveria ser, falar contra ela, ou em pregações públicas ou em conversas, na presença de simples fiéis, originaria mais críticas e escândalo do que proveito. E assim, o povo viria a irritar-se contra os seus superiores, quer temporais quer espirituais. De maneira que assim como é prejudicial falar mal dos Superiores, na sua ausência, diante do povo humilde, assim pode ser proveitoso falar da sua má conduta às pessoas que lhes podem dar remédio. Undécima regra. Louvar a doutrina positiva e escolástica, porque assim como é mais próprio dos doutores positivos, tais como S. Jerónimo, S. Agostinho e S. Gregório, etc. mover os afetos, para em tudo amar e servir a Deus, nosso Senhor, assim é mais próprio dos escolásticos, tais como S. Tomás, S. Boaventura e o Mestre das Sentenças, etc., definir ou explicar para os nossos tempos, as coisas necessárias à salvação eterna, e refutar e explicar mais todos os erros e todos os sofismas. Porque os doutores escolásticos, como são mais modernos, não só se aproveitam da exata inteligência da Sagrada Escritura e dos Santos Doutores positivos, mas ainda iluminados e esclarecidos pela graça divina, ajudam-se também dos concílios, cânones e constituições da nossa Santa Mãe Igreja. Duodécima regra. Devemos evitar fazer comparações entre os que estamos vivos e os bem-aventurados de outrora. Porque não pouco nos enganamos neste ponto, quando dizemos, por exemplo: "Este sabe mais do que Santo Agostinho, este outro é mais do que São Francisco, aquele é outro São Paulo, em bondade, em santidade, etc". Décima terceira regra. Para em tudo acertar, devemos estar sempre dispostos a crer que o branco, que eu vejo, é negro, se a Igreja hierárquica assim o determina. Porque creio que entre Cristo, nosso Senhor, esposo, e a Igreja, sua esposa, não há senão um mesmo Espírito que nos governa e dirige para a salvação das nossas almas. Porque é pelo mesmo Espírito e Senhor nosso, que nos deu os dez mandamentos que é dirigida e governada a nossa Santa Mãe Igreja. Décima quarta regra. Embora seja muito verdade que ninguém se pode salvar sem ser predestinado, e sem ter a fé e a graça, contudo deve-se ter muito cuidado no modo de falar e de se expressar sobre todas estas coisas. Décima Quinta regra. Habitualmente não devemos falar muito de predestinação; mas se, de alguma maneira e algumas vezes, se falar, faça-se de maneira que o povo simples não venha a cair nalgum erro, como acontece, algumas vezes, ao dizer: "se tenho de me salvar ou condenar, já está determinado, e não é por eu fazer bem ou mal que pode acontecer outra coisa". E assim relaxam-se e descuidam as obras que conduzem à salvação e ao proveito espiritual de suas almas. Décima sexta regra. Da mesma forma, devemos acautelar-nos de que, ao falar muito da fé, e com muita insistência, sem alguma distinção e explicação, não demos ao povo ocasião de ser desleixado e preguiçoso nas obras, quer antes da fé ser informada pela caridade quer depois. Décima sétima regra. Também não devemos falar tão abundantemente nem com tanta insistência, da graça que se gere o veneno de suprimir a liberdade. De maneira que da fé e da graça pode falar-se, quanto seja possível, com ajuda da graça divina, para maior louvor de sua divina majestade, mas não de tal forma e com tais modos, sobretudo nos nossos tempos tão perigosos, que as obras e o livre arbítrio sofram algum prejuízo ou sejam tidos por coisa de nenhuma importância. Décima oitava regra. Embora devamos estimar sobretudo o serviço intenso de Deus, nosso Senhor, por puro amor, devemos contudo louvar muito o temor de sua divina Majestade. Porque não somente o temor filial é coisa piedosa e santíssima, mas mesmo o temor servil, quando outra coisa melhor e mais útil não se pode conseguir, ajuda muito a sair do pecado mortal. E, uma vez que se sai dele, facilmente se chega ao temor filial que é totalmente aceito e agradável a Deus, nosso Senhor, por ser inseparável do amor divino. In: LOYOLA, Santo Inácio de. Exercícios Espirituais3 ed. Tadução de Vital Cordeiro Dias Pereira, S.J. Braga: Apostolado da Imprensa, 1999, p. 76-77.
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