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PIO XII E A SÉ APOSTÓLICA:
  • Publicado em 17/05/2017
  • Por Diogo Rafael Moreira
Não, esse curto artigo não tratará [caption id="attachment_12015" align="aligncenter" width="300"]FILE PHOTO OF POPE PIUS XII Sua Santidade Papa Pio XII.[/caption]

EXCERTOS DA CARTA ENCÍCLICA MEMINISSE IUVAT

13. Com paterno afeto exortamos, pois, de modo particular aqueles nossos veneráveis irmãos e filhos diletos, que são impelidos de todos os modos, mesmo dolosos e insidiosos, a deixarem a firme, sólida e constante união com a Igreja, e a estreita fidelidade a esta Sé Apostólica, sem a qual tal unidade não pode ter nenhum fundamento seguro. Com efeito, ninguém ignora que em alguns lugares essa unidade é alvo de insídias e combatida com opiniões enganosas e com todas as artes. Lembrem-se, porém, todos de que o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja, deve ser "compacto e ligado por todas as junturas de comunicação, segundo uma operação proporcionada a cada membro" (Ef 4,16); "até que se reúnam todos, na unidade da fé e no conhecimento do Filho de Deus, num homem perfeito, na medida da idade plena de Cristo" (Ef 4,13), de quem o pontífice romano, como sucessor de Pedro, é, por disposição divina, estabelecido vigário na terra. Recordem e meditem estas sapientes palavras de São Cipriano, bispo e mártir: "O Senhor assim fala a Pedro: 'Digo-te que és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja'... (cf. Mt 16,18s). Só sobre ele educa a Igreja... Esta unidade devemos firmemente manter e defender, especialmente nós bispos, que na Igreja governamos... Também a Igreja é una, e estende-se amplamente a uma grande multidão com o incessante incremento da sua fecundidade; do mesmo modo que os raios do sol são muitos, mas uma só é a luz; e muitos são os ramos da árvore, mas um só é o tronco, que se afunda no terreno com resistentes raízes; e, quando de uma só fonte jorram diversos cursos de água, embora pareça que o número deles se ramifique por causa da abundância de água irrompente, todavia há sempre uma só fonte. Podes arrancar do sol um raio, mas a unidade da luz não se divide; podes quebrar um ramo da árvore, mas, quebrado, ele não poderá mais germinar; interceptas um córrego da sua fonte, e ele secará. Assim também a Igreja, inundada pela luz de Deus, envia os seus raios a todo o universo; todavia é um só esplendor o que por toda parte se difunde; e a unidade do organismo não é dividida. Ela estende os seus ramos sobre toda a terra com luxuriante riqueza, despeja por toda parte córregos amplamente transbordantes; mas um só é o tronco, uma só a fonte... E não pode ter Deus como pai quem não tem como mãe a Igreja... Quem não mantém essa unidade não mantém a lei de Deus, não mantém a fé do Pai e do Filho, não tem a vida e a salvação".(2) 14. Essas palavras do santo bispo mártir serão de conforto, de exortação, de defesa especialmente para aqueles que, não podendo de modo algum, ou senão com dificuldade, estar em relações com a Sé Apostólica, se acham em grandes perigos, e têm de vencer diversos obstáculos e ciladas. Confiem todavia no auxílio de Deus, e não deixem de invocá-lo com fervorosas súplicas. E lembrem-se de que todos os perseguidores da Igreja - ensina-o a história - têm passado como uma sombra, enquanto que o sol da verdade divina nunca se põe, porque "a palavra de Deus permanece para sempre" (1 Pd 1,25). A sociedade fundada por Cristo pode ser combatida, mas não vencida, porque haure a sua força não dos homens, mas sim de Deus. Antes, não há dúvida de que ela deve ser martirizada nos séculos por perseguições, contrariedades, calúnias, como sucedeu ao seu divino Fundador, consoante a profecia: "Se a mim me perseguiram, perseguirão também a vós" (Jo 15,20); mas é igualmente certo que, no fim, assim como Cristo nosso redentor triunfou, ela também alcançará sobre todos os seus inimigos uma pacífica vitória. Confiai, pois; sede fortes e constantes. Exortamo-vos ainda com as palavras de santo Inácio, embora estejamos certos de que não precisais de exortações: "Sede gratos àqueles por quem combateis... Nenhum dentre vós se torne desertor, Seja o vosso batismo como uma arma, a fé como um elmo, a caridade como uma lança, a paciência como uma armadura completa. Sejam as vossas obras os vossos tesouros, a fim de que mereçais uma digna recompensa".(3) 15. Além disso, deem-vos as belas palavras de santo Ambrósio bispo, uma segura esperança e uma fortaleza inabalável: "Empunha o leme da fé, a fim de que te não perturbem as tempestuosas procelas deste mundo. É bem verdade que o mar é vasto e imenso, porém, não temais; pois ele a fundou sobre os mares e estabeleceu-a sobre os rios (Sl 23, 2). Não sem razão, pois, a Igreja do Senhor persiste imóvel no meio de tantas ondas, porque fundada na rocha apostólica, e persevera sobre o seu fundamento, imóvel contra as fúrias do mar (cf. Mt 16, 18). É batida pelas ondas, mas não sacudida; e se bem que, quebrando-se, os vagalhões deste mundo lhe rumorejem em volta, ela tem todavia um porto seguro para receber os nautas fatigados".(4) [...] 17. E, visto que muito confiamos no interposto patrocínio da Virgem Maria, exprimimos ardentes votos para que em todas as regiões da terra, durante a novena que costuma preceder a festa da augusta Mãe de Deus assunta ao céu, os católicos elevem preces públicas, de modo particular pela Igreja que, como se disse, em algumas regiões é vexada e afligida. [...] 22. Mas a essas súplicas públicas, como bem sabeis, veneráveis irmãos, mister se faz seja adotada a reforma cristã dos costumes, sem a qual as nossas preces são vozes vãs que absolutamente não podem ser agradáveis a Deus. Pela caridade terna e ardente com que os cristãos todos amam a Igreja Católica, não somente elevem eles ao céu piedosas preces, mas também ofereçam sentimentos de penitência, obras virtuosas, sacrifícios, penas, e todas as dores e asperezas, as necessariamente inerentes a esta vida mortal, e também aquelas a que às vezes, livremente, com ânimo generoso, convém sujeitarmo-nos. 23. Com essa auspiciosa renovação moral, unida às súplices preces, tornem eles Deus propício não somente a si mesmos, mas também a santa Igreja, que eles devem amar como mãe afeiçoada. Reproduzam entre si, sempre que as circunstâncias o exijam, aquele espetáculo que com tão maravilhosa e expressiva beleza é descrito na carta a Diogneto: "Os cristãos... estão na carne, mas não vivem segundo a carne. Habitam na terra, mas têm a sua cidadania no céu. Obedecem às leis aprovadas, e com o seu teor de vida superam as próprias leis. Amam a todos, e todos os perseguem. São ignorados e condenados; são mortos e sentem-se vivificados... são escarnecidos, e entre as ignomínias adquirem glória. A sua fama é lacerada, e é tornada testemunho da sua justiça... Comportam-se como gente honesta, e são punidos como malfeitores; enquanto são punidos, alegram-se como aqueles que se sentem vivificados".(9) "Em suma, para exprimir tudo isso brevemente, aquilo que no corpo é a alma, isso são no mundo os cristãos".(10) 24. Se como eram na época dos apóstolos e dos mártires, assim tornarão a florescer os costumes cristãos, então com segura confiança podemos esperar o atendimento benigno da parte da beata Virgem Maria, desejosa como está de que todos os que ela conta como seus filhos tragam em si a sua virtude; e na solícita impetração da parte dela, por tantas vozes súplices invocada, podemos outrossim esperar tempos mais tranquilos e mais felizes para a Igreja do seu unigênito Filho e para o gênero humano inteiro. [...] NOTAS: [...] (2) S. Cipriano, De unitate Eccl. IV, V, VI; PL IV, 513, 514, 516-520. (3) Inácio, Ad Polycarpum, VI, 2; PG 5, 723-726. (4) S. Ambr., Ep. II; PL 16, 917. [...] (9) Ep. ad Diogn., V; PG II,1174-1175. (10) Ib., VI; PG IV,1175. In: Documentos De Pio XII. 1939-1958.
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