O Centro Dom Bosco ficou famoso por seus confrontos com a CNBB, denunciando, dentre outras coisas, a Campanha da Fraternidade Ecumênica. Mais recentemente, eles chegaram mesmo a entrar em controvérsia com o próprio Papa Francisco. Devido as recentes restrições à Missa Tradicional, dizem eles, o Santo Padre estaria promovendo o "enterro da Tradição".
"Tradição" é um termo muito corrente no Centro Dom Bosco. Na verdade, seus membros se apresentam como um apostolado que busca a Tradição em tempos de crise na Igreja. É importante notar que aqui eles falam de Tradição em um sentido um tanto equívoco, a fim de designar por ela sua preferência pelo Magistéro pré-Concílio Vaticano II.
Não obstante o piedoso uso, quando o assunto é a autoridade do Papa e da Igreja, os ensinamentos dos antigos Pontífices não só é desprezado, mas contrariado por eles de forma herética e cismática.
Neste quesito podemos dizer com segurança e toda evidência: Se é mesmo que está havendo um enterro da Tradição, seguramente os rapazes do Centro Dom Bosco são hábeis coveiros, ansiosos para enterrar a todo custo a doutrina tradicional sobre o Papa e a Igreja.
O QUE ENSINA A TRADIÇÃO SOBRE A OBEDIÊNCIA DEVIDA AO PAPA
A Tradição nos ensina a reconhecer o poder e a autoridade do Romano Pontífice pela nossa obediência:
“Ora, nesta única Igreja de Cristo ninguém está, nem persevera, a menos que, obedecendo, reconheça e aceite a autoridade e o poder de Pedro e de seus legítimos sucessores. - Jamvero in hac una Christi Ecclesia nemo est, perseverari nemo, nisi Petri, legitimorumque eius successorum, auctoritatem potestatemque obediendo agnoscat atque accipiat.” (Papa Pio XI, Mortalium Animos).
Eis mais alguns exemplos do que ensina a “Tradição” (isto é, o Magistério dos Papas anteriores ao Vaticano II) sobre a questão da obediência:
PAPA PIO IX, Bula Quanta Cura (ex cathedra):
“Nem podemos passar em silêncio a audácia de quem, não podendo tolerar os princípios da sã doutrina, pretendem ‘que aos juízos e decretos da Sé Apostólica, que têm por objeto o bem geral da Igreja, e seus direitos e sua disciplina, enquanto não toquem os dogmas da fé e dos costumes, se pode negar assentimento e obediência, sem pecado e sem nenhuma violação da fé católica’. Esta pretensão é tão contrária ao dogma católico do pleno poder divinamente dado pelo próprio Cristo Nosso Senhor ao Romano Pontífice para apascentar, reger e governar a Igreja, que não há quem não o veja e entenda clara e abertamente. Em meio desta tão grande perversidade de opiniões depravadas, Nós, com plena consciência de Nossa missão apostólica, e com grande solicitude pela religião, pela sã doutrina e pela saúde das almas a Nos divinamente confiadas, assim como até pelo próprio bem da sociedade humana, temos julgado necessário levantar de novo Nossa voz apostólica. Portanto, todas e cada uma das perversas opiniões e doutrinas determinadamente especificadas nesta Carta, com Nossa autoridade apostólica as reprovamos, proscrevemos e condenamos; e queremos e mandamos que todas elas sejam tidas pelos filhos da Igreja como reprovadas, proscritas e condenadas.” (Papa Pio IX, Quanta Cura, 8 dez 1864)
PAPA LEÃO XIII, Encíclica Sapientiae Christianae:
“Quanto à determinação dos limites da obediência, não imagine alguém que basta obedecer à autoridade dos pastores de almas e, sobre todos, do pontífice romano, nas matérias de dogma, cuja rejeição pertinaz traz consigo o pecado de heresia. Nem basta ainda dar sincero e firme assentimento àquelas doutrinas que, apesar de não definidas ainda com solene julgamento da Igreja, são todavia propostas à nossa fé pelo magistério ordinário e universal da mesma como divinamente reveladas e, as quais, por decreto do concílio Vaticano I devem ser cridas com fé católica e divina. É necessário também que os cristãos contem entre os seus deveres o de se deixarem reger e governar pela autoridade e direção dos bispos e principalmente da Sé Apostólica. Bem fácil é de ver o razoável dessa sujeição. Efetivamente das coisas contidas nos divinos oráculos, umas referem-se a Deus e outras ao mesmo homem e aos meios necessários para chegar à eterna salvação. Pois bem, nestas duas ordens de coisas, isto é, quanto ao que se deve crer e ao que se deve fazer, compete por Direito Divino à Igreja e, na Igreja, ao Romano Pontífice determiná-lo. E eis a razão do porque o Romano Pontífice deve ter autoridade para julgar que coisas contenha a palavra de Deus, que doutrinas concordem com ela e quais dela desdigam; e, do mesmo modo, determinar o que é bem e o que é mal; o que se deve fazer e o que se deve evitar para conseguir a salvação eterna. Se isso não se pudesse fazer, o Papa não seria intérprete infalível da vontade de Deus, nem o guia seguro da vida do homem.” (Leão XIII, Sapientiae Christianae, n. 35, 10 jan 1890; em Documentos de Leão XIII. Tradução de Honório Dalbosco e e Lourenço Costa. São Paulo: Paulus, 2005, pp. 396-397)
PAPA SÃO PIO X, Encíclica Vehementer Nos:
“A Igreja é uma sociedade, por essência, desigual; isto é, uma sociedade que compreende duas categorias de pessoas: os pastores e o rebanho; os que ocupam uma posição nos diferentes níveis da hierarquia e a multidão dos fiéis. E estas categorias são de tal modo distintas entre si que apenas no corpo pastoral reside o direito e a autoridade necessários para promover e dirigir todos os membros rumo ao fim da sociedade. Quanto à multidão, não tem outro dever a não ser se deixar conduzir e, rebanho dócil, seguir seus pastores.” (São Pio X, Vehementer Nos, 11 fev. 1906; em Documentos Pontifícios: nº 88. Petrópolis: Vozes, 1957)
BENTO XV, Encíclica Ad Beatissimi Apostolorum:
Então, em qualquer momento em que a legítima autoridade enuncie algum mandato, a ninguém seja lícito transgredi-lo, por não lhe agradar; mas cada qual submeta a própria opinião à autoridade daquele a qual está sujeito, e a ele obedeça por mérito de consciência. Assim também ninguém, privadamente, ao publicar livros ou jornais, ou que fizer discursos públicos, comporte-se na Igreja como mestre. Todos sabem a quem foi confiado por Deus o Magistério da Igreja; a ele, portanto, se deixe livre o campo, a fim de que fale como e quando creia oportuno. É dever dos outros prestar a ele, quando fala, obséquio devoto, e obedecer à sua palavra.” (Bento XV, Ad Beatissimi, 1 nov 1914; em Documentos de Pio X e Bento XV. Tradução de Darci L. Marin. São Paulo: Paulus, 2002, pp. 308-309)
TRÊS ALTERNATIVAS INEVITÁVEIS:
1.ª ENTERRAR A TRADIÇÃO (MODO 1)
FRANCISCO É PAPA, mas não somos obrigados a dar assentimento às decisões da Sé Apostólica, salvo no que for de fé e moral. HERESIA.
2.ª ENTERRAR A TRADIÇÃO (MODO 2)
FRANCISCO É PAPA e devemos dar nosso assentimento e sustentar com ele coisas como: comunhão para recasados (AAS CVIII n. 10), uma fraternidade universal pluralista, sem Cristo Rei (Fratelli Tutti), a exclusividade da Missa de Lutero (Traditionis Custodes) etc. HERESIA.
3.ª DEFENDER A TRADIÇÃO
FRANCISCO NÃO É PAPA, porque, se ele fosse um, os que o reconhecem não viveriam neste dilema diabólico: ou reconhecê-lo desobedecendo (cisma que termina em heresia), ou obedecê-lo descrendo (heresia que termina em cisma).
COMO É POSSÍVEL QUE FRANCISCO NÃO SEJA PAPA?
SÃO ROBERTO BELARMINO RESPONDE:
“É manifesto que o papa herege cessa por si de ser papa e cabeça, assim como por si cessa de ser cristão e membro do corpo da Igreja, razão pela qual a Igreja pode julgá-lo e puni-lo. ESTA É A SENTENÇA DE TODOS OS ANTIGOS PADRES, que ensinam que os hereges manifestos perdem imediatamente toda jurisdição” (Sobre o Sumo Pontífice II, 30).
Se nós, como diz o CDB, não temos autoridade, imagine um Papa Herético! O tal carece de toda a autoridade, eis o que nos ensina a Tradição!