MONTFORT REFUTADA: Exame da tese de Padre Daniel Pinheiro sobre o assentimento ao Magistério Católico não infalível

MONTFORT REFUTADA
Exame da tese de Padre Daniel Pinheiro sobre o assentimento ao Magistério Católico não infalível

No contexto da controvérsia com a Montfort, manifestei o interesse em saber qual teria sido a bibliografia usada pelo Padre Daniel Pinheiro, citado pelo Sr. Zucchi em seu artigo contra Frei Tiago, para justificar a sua tese a respeito do assentimento ao Magistério não infalível. Alguns leitores muito gentilmente me enviaram o texto. Eu o examinei e me admirei com a quantidade de teólogos consultados pelo autor. O reverendo padre está de parabéns pela pesquisa realizada. Entretanto, a conclusão que ele deduz, mediante a citação destes teólogos, é um evidente non sequitur. Permitam-me demonstrá-lo neste breve artigo.

Primeiramente, passemos a palavra ao Padre Daniel Pinheiro. Antes de apresentar as citações dos teólogos e a bibliografia, ele resume da seguinte maneira o sentir comum dos teólogos:

“Eles afirmam claramente que pode haver erros nesse tipo de Magistério, ordinário não infalível ou puramente autêntico, e que essa possibilidade de erros impede necessariamente uma adesão absoluta de nossa inteligência. Eles não fazem menção à menor ou maior gravidade desses erros, mas vemos, pelo vivo interesse e precisão com que tratam o assunto, que eles podem, sim, ser erros sérios e com consequências importantes. Dizer o contrário é fazer uma glosa pessoal que foge da doutrina católica e da Tradição da Igreja tão belamente manifestada pelos teólogos”.

(Padre Daniel Pinheiro, Assentimento ao Magistério (Parte Final) – Doutrina Comum dos Teólogos e Bibliografia).

De fato, concedo que os teólogos são unânimes quanto à possibilidade de erro em decretos doutrinários não infalíveis do Papa. Isso está bem. Contudo, nego que as consequências inferidas concordam com o ensinamento dos teólogos, de tal modo que penso ser fácil de demonstrar, com os teólogos e o Magistério da Igreja, que toda a tese do Padre Daniel Pinheiro – que repousa principalmente nessas consequências, a saber, a possibilidade de erros graves do Magistério e a consequente necessidade de negar-lhes o assentimento – não constitui um reflexo fiel da doutrina católica, mas parece antes uma glosa pessoal de sua parte.

A partir do critério que, como católicos, concordamos utilizar – o ensino comum dos teólogos -, verificam-se três erros neste texto do Padre Daniel Pinheiro:

1.º Erro: A não infalibilidade de uma doutrina impede necessariamente a adesão absoluta de nossa inteligência. [Se com isso se pretende, como é o caso pelo que se segue, excluir a adesão plena devida a um juízo que pode ser tido como certamente seguro e prudente.]
2.º Erro: Esses erros do Magistério não infalível podem ser sérios.
3.º Erro: Dizer o contrário é fazer uma glosa pessoal que foge da doutrina católica e da Tradição da Igreja tão belamente manifestada pelos teólogos.

1. Contra o primeiro erro, os teólogos ensinam, de comum acordo, que essas decisões não infalíveis são moralmente certas ou, como dizem outros, são infalivelmente seguras. Por conta disso, elas requerem o assentimento interno e externo (ou seja, pleno assentimento da inteligência), não pela certeza especulativa de que a doutrina proposta é infalível (pois não há a intenção de fazê-lo), mas pela certeza prática de que ela é segura, pois está fundada em razões teológicas certas ou prováveis, e que se está obrigado a segui-la por obediência. Salvo na hipótese de um recurso ao Papa, dissentir de uma doutrina assim estabelecida é temerário e resistir-lhe constituiu um pecado mortal de desobediência (sobre este ponto, vide os teólogos citados abaixo).

2. Contra o segundo, é inteiramente falso dizer que os possíveis erros doutrinários podem ser sérios, sob a alegação de que os teólogos citados nada disseram sobre sua gravidade, e isto por duas razões:

Primeiro, porque é um erro chegar à evidência da ausência pela ausência da evidência. Dessa forma de raciocínio indutivo, não se pode tirar nenhuma certeza absoluta. O fato de uma dúzia de teólogos não terem falado sobre o assunto, não significa que jamais alguém tenha lidado com o problema ou que, como veremos, não se possa – a partir do que estes disseram implicitamente – inferir, sem grandes dificuldades, a nota teológica de um tal ensinamento.

Segundo, porque os teólogos citados qualificam a doutrina do Magistério não infalível como segura, quando dizem que ela é moralmente certa, que é raríssimo acontecer de a Igreja errar, que se deve presumir a verdade da doutrina ensinada pela Igreja e que, no mínimo, requer-se o silêncio obsequioso (ou seja, não se pode ensinar uma doutrina contrária sem pecado). Logo, é evidente que essas doutrinas são seguras e, como tais, não podem ser erros sérios ou acarretar consequências prejudiciais à fé e à moral.

Nota: Vale aqui também fazer uma redução ao absurdo ou apelo ao bom senso. Se esses erros graves fossem possíveis, a Igreja estaria usando de sua autoridade não infalível em detrimento de seu Magistério infalível e, deste modo, agindo em prejuízo dos fiéis, o que não faz o menor sentido e tornaria tais pronunciamentos um meio inepto para a preservação da fé e da moral. Além disso, um regime assim ordenado supõe tirania da parte dos superiores e hipocrisia da parte dos inferiores, pois os de cima obrigariam os de baixo a um coisa não razoável e os de baixo teriam que fingir-lhes obediência. Ora, como veremos, uma Igreja que adota essa espécie de regime pode ser tudo, menos a Esposa de Nosso Senhor Jesus Cristo!

3. Contra o terceiro, basta dizer que não só teólogos, e grandes teólogos, falaram expressamente sobre a segurança do ensino não infalível da Igreja e da necessidade de prestar-lhe pleno assentimento, mas também o próprio Magistério da Igreja, em face do não assentimento de fiéis e teólogos a seus decretos doutrinários, não cessou de fazê-lo.

Dos muitos que há, eu irei aduzir a dois somente, por amor da brevidade e porque estes dois pronunciamentos do Magistério aparecem no contexto da desobediência aos decretos não infalíveis da Igreja contra a contracepção e o modernismo teológico. Um contexto que deveria sugerir ao Padre Daniel Pinheiro os erros sérios e consequências importantes de sua tese. Com efeito, se a Igreja pudesse errar gravemente nessas matérias e o fiel ficasse livre para dissentir dela nestas coisas, então os rebeldes liberais e modernistas teriam toda razão e os papas antigos estariam errados. Pior: se tal ensinamento não for seguro, então devemos crer que a Igreja pode ter imposto a milhares de pais de família e teólogos, durante séculos, um jugo insuportável.

Antes de citá-los, porém, ouçamos a doutrina católica sobre a segurança do Magistério não infalível tão belamente manifestada pelos teólogos:

1) O Padre Sisto Caterchini, um dos autores referendados, mas não citados pelo Padre Daniel Pinheiro, expõe no seu trabalho sobre as notas teológicas, a verdadeira doutrina sobre a segurança e o assentimento ao Magistério não infalível:

“O que queremos dizer com preceito doutrinário? É aquele preceito pelo qual é necessário aceitar uma doutrina promulgada pelo pontífice, embora não infalivelmente definida, para ser respeitada sem contradizer, aliás, para ser mantida na prática. Nestes preceitos doutrinários, a Igreja, que goza daquela autoridade suprema que vem da infalibilidade na definição do dogma e nos assuntos relacionados com o dogma, tem uma autoridade de segurança infalível, com a diferença de que enquanto a autoridade de infalibilidade não pode ser comunicada pelo papa a outros, a autoridade de segurança pode e de fato é comunicada às congregações romanas.

Ora, assim como a infalibilidade do fiel que adere à doutrina proposta à sua fé é garantida pela infalibilidade do magistério da Igreja, assim também os preceitos doutrinários conferem indiscutível certeza moral e, portanto, exigem plena submissão da obediência cristã.

Como pode ser dado o assentimento intelectual quando o superior não é infalível

Essa certeza é apenas moral, porque o magistério não quis defini-la infalivelmente e, portanto, nosso assentimento obediente não pode ser absolutamente indubitável e muito firme como nas verdades dogmáticas. Mas não se segue daí que seja permitido aos fiéis duvidar internamente ou suspender o assentimento, permanecendo em silêncio obsequioso, pois há vários tipos de assentimento interno que podem ocorrer entre a dúvida e o assentimento muito firme. De fato, para que o intelecto preste submissão e obediência, não se exige, como condição necessária, que o superior que comanda seja infalível, ou, se fosse infalível como o papa, queira de fato usar sua infalibilidade.

De fato, tudo o que o homem ordene no lugar de Deus, desde que não haja certeza de que este mandamento desagrade a Deus, deve ser aceito como se viesse diretamente de Deus. Portanto, o súdito, duvidando se a coisa ordenada é lícita ou não, é verdadeira ou falsa, se não tiver prova em contrário, é necessário que abandone a dúvida e obedeça, que submeta a vontade e o intelecto à autoridade que manda, não por opinião especulativa, mas por juízo prático da honestidade do juízo e da necessidade do ato de submissão. Em outras palavras, o súdito deve, salvo no caso em que tenha provas de que a coisa ordenada é ilícita, dar um assentimento interno a esse juízo: o que me é ordenado é, pelo fato mesmo de que me é ordenado, o mais seguro nas presentes circunstâncias, é o mais adequado, embora me pareça, e também possa estar realmente errado ou, em outros aspectos, menos apropriado. Isso sempre é possível pela aplicação do princípio universal da Divina Providência, que também usa os erros dos homens para atingir seus fins. Mesmo para o bem da sociedade e para a conversão do mundo, Deus não quer de nós milagres, nem acontecimentos sensacionais, pois não precisa de nossa onipotência; ao contrário, ele quer o sacrifício de nosso intelecto e nossa vontade, que é maior quando o superior não é infalível. Por outro lado, nem tudo o que é verdade também é apropriado para dizer, defender ou aplicar em qualquer momento da história.

Portanto, é necessário não um assentimento com o qual se julga que a doutrina é infalivelmente verdadeira ou falsa, mas um assentimento com o qual se julga que a doutrina contida em tal juízo é segura sem qualquer outro motivo, ou tendo em conta as circunstâncias atuais, e a ser mantida por nós apenas por uma questão de obediência.

E se algum douto erudito teve motivos muito sérios para suspender o assentimento, pode suspendê-lo sem temor e sem pecado, desde que recorra ao juízo do Pontífice Romano. Nesse ínterim, porém, também é necessária a obediência externa para que ele evite o escândalo, e o assentimento interno quanto à maior segurança do que é ordenado.

(CATERCHINI, Sisto. Dall’opinione al domma: Valore delle note theologiche. Roma: Civiltà Cattolica, 1953 [Capítulo IX: Della Dottrina Secura]).

2) Cardeal Franzelin, não citado pelo Padre Daniel Pinheiro, embora seja um dos teólogos mais destacados do século XIX, diz expressamente que as doutrinas não infalíveis são infalivelmente seguras, em seu tratado De Divina Traditione et Scriptura:

“A Santa Sé Apostólica, a quem foi confiada a custódia do depósito, juntamente com o múnus e ofício de apascentar a Igreja universal para a salvação das almas, pode prescrever sentenças teológicas, ou outras opiniões na medida que relacionadas com elas, para que sejam seguidas; ou proscrevê-las para que não sejam seguidas, não só com a intenção de definir a verdade infalivelmente por uma sentença definitiva, mas também sem ela, [e isto] com a necessidade e a intenção, quer simplesmente ou com determinações inclusas, de proporcionar a segurança da doutrina católica (cf. Zaccaria, Antifebronius vindicatus T. II. dissert. V. c. 2. n.1.). Nestas declarações, embora a verdade da doutrina não seja infalível – visto que por hipótese não há a intenção de defini-la -, há, porém, segurança infalível. Digo segurança tanto como segurança objetiva da doutrina declarada (ou simplesmente ou com tais determinações), quanto subjetiva na medida que é seguro a todos abraçá-la, e não é seguro, nem pode ser feito sem violação da devida submissão ao Magistério constituído por Deus, que recusem abraçá-la.”

FRANZELIN, S.J., Johann Baptist. Tractatus de divina traditione et scriptura. 3d ed. Romae, ex typographia polyglotta S.C. de Propaganda Fide, 1882, p. 127 [Caput II, Thesis XII, scholion I, principium VII]).

3) Cardeal Franzelin, no texto citado, cita como referência o teólogo Francesco Antonio Zaccaria, um grande defensor das prerrogativas do Papa, autor da famosa obra Anti-Febrônio. Portanto, na fileira dos mais devotados defensores da Santa Sé, encontramos mais um defensor da segurança do Magistério não infalível do Romano Pontífice.

4) O Padre Penido, conhecido teólogo brasileiro, também se pronunciou expressamente sobre esta questão:

“Possível é o erro, em compensação, no que se refere a decisões menos importantes e gerais. Porém, ainda aqui devemos crer que a ‘assistência’ divina não falta. As diretivas eclesiásticas serão acertadas, o mais das vezes. Já aludimos a certa ‘infalibilidade global’, entendendo por aí que o governo da Igreja é de tal forma dirigido pelo Espírito Santo que, em conjunto, leva ao estabelecimento do Reino de Deus sobre a terra, em que pesem os enganos ou deficiências pessoais deste ou daquele hierarca. A crença na ‘assistência’ do Espírito Santo confere a nossa obediência de fiéis um caráter religioso.

Obedecendo aos pastores, obedecemos ao Espírito que os constitui Bispos, para governarem a Igreja de Deus (At 20, 28). Mas podem errar? – Seja. Em última análise, Deus saberá tirar o bem do mal. De qualquer forma foi Deus servido permitir aquele erro.

Filial docilidade, acrescentamos: não aquiescência automática e forçada, como a de soldados, mas aceitação afetuosa e grata, como ouvimos a uma Mãe muito querida. De quanta perplexidade nos livra o ensinamento da Santa Madre Igreja! De pouco valeria, houvesse Cristo confiado a sua Igreja dogma profundo e sublime moral, se ela malograsse na aplicação cotidiana desse dogma e dessa moral; se não conseguisse praticamente afastar seus filhos do mal e encaminhá-los ao bem.

O Magistério quando não ensina com autoridade imediatamente divina, mas com simples autoridade pastoral, não é absolutamente infalível v. g. o Papa falando sem intenção de definir. Devemos a tais ensinamentos, não já adesão de fé, mas assentimento interno, filial, por ser tal magistério também assistido pelo Espírito Santo, embora não de maneira absoluta. Maior ou menor a obrigação de assentir, segundo o Magistério urge mais ou menos a aceitação da verdade ou a repulsa do erro. Em conjunto, tais decisões da Igreja são verídicas e santificantes”.

(PENIDO, Mons. Dr. Maurílio Teixeira-Leite. Iniciação Teológica [vol. I: O mistério da Igreja]. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1956 [Capítulo VII: Os Poderes da Igreja]).

Os teólogos não poderiam se pronunciar diferentemente, porque esta é a doutrina do próprio Magistério da Igreja. Em meio a tantos ensinamentos dos Papas a esse respeito, agora solenemente ignorados pelo Padre Daniel Pinheiro, como foram nos tempos idos pelos liberais e modernistas, limito-me a duas declarações que sintetizam, com autoridade, o que os teólogos disseram acima:

5) “Mal ficaria, efetivamente, a qualquer cristão digno deste nome… não prestar-lhe [à Igreja] assentimento e obediência senão no que impõe por meio de definições mais solenes, como se fosse lícito pensar que suas outras decisões pudessem ter-se como falsas ou não robustecidas por motivos suficientes de verdade e honestidade. Ao contrário, é próprio de qualquer verdadeiro e fiel cristão, sábio ou ignorante, deixar-se dirigir e guiar pela Santa Igreja de Deus em tudo o que respeita à fé e aos costumes, por meio do seu Supremo Pastor, o Pontífice Romano, que, por sua vez, é dirigido por Jesus Cristo Nosso Senhor”. (Papa Pio XI, Encíclica Casti Connubii, 31 dez. 1930).

“(…) Nem se deve crer que os ensinamentos das Encíclicas não exijam por si o assentimento, sob o pretexto de que os Pontífices não exercem nelas o poder de seu Supremo Magistério. Tais ensinamentos fazem parte do Magistério Ordinário, para o qual também valem as palavras: “Quem vos ouve, a mim ouve*” (Lc 10,16), além do que, quanto vem proposto e inculcado nas Encíclicas pertence já, o mais das vezes, por outros títulos, ao patrimônio da doutrina católica. Ademais, se os Sumos Pontífices no exercício do seu Magistério emitem de caso pensado uma decisão em matéria até então controvertida, é evidente que tal questão, segundo a mente e a vontade dos mesmos Pontífices, não pode já constituir objeto de livre discussão entre os teólogos”. (Papa Pio XII, Humani Generis, 12 ago. 1950).

Diante do que foi dito, aprendemos que se deve ao Magistério não infalível do Romano Pontífice, quer exercido por ele mesmo, quer por meio das congregações romanas, pleno assentimento e obediência, por conta da infalível segurança inerente a tais pronunciamentos para a conservação da doutrina católica aqui e agora.

Como consequência necessária dessa exposição, fica demonstrado que a tese de Padre Daniel Pinheiro sobre esse Magistério necessita passar por uma revisão no que tange tanto à natureza dos decretos não infalíveis, quanto ao grau de assentimento que lhes é devido.

Mulheres podem ensinar na Igreja?

Já disse eu aqui que, ao menos por um tempo, ficarei de jejum de sedevacantismo, a fim de melhor dedicar-me à composição de um estudo sistemático da questão. Enquanto isso, neste canal, tratarei de assuntos pendentes ou que ainda não abordei aqui, o que não falta neste ano promissor em controvérsias religiosas e políticas.

Assim eu o farei, sem dúvida, mas é necessário dizer que, enquanto isso, os tradicionalistas e conservadores Novus Ordo não cessam de falar deste assunto. Tome-se como exemplo a Associação Cultural Montfort que muito em breve fará um congresso, no qual, um dos temas em pauta não será outro senão o sedevacantismo. Isso nós aprendemos em um vídeo que nos foi enviado, onde a Dona Lucia Zucchi, por meio de uma comparação, dá o seu breve parecer a respeito do sedevacantismo.

Se não me engano, é a primeira vez que respondo a uma senhora, então me parece oportuno, dadas as circunstâncias, falar aqui, com todo o respeito, de algo mais essencial, que já há muito tempo queria compartilhar com os demais.

Trata-se do papel específico da mulher na Igreja, ou, se quiserem, da razão teológica grave que nos obriga, em consciência, a dizer que a modéstia feminina é ofendida, não só com o usar uma calça ou despojar-se do véu, mas também com o pôr-se a falar em público sobre assuntos de religião, o que, como veremos, constitui não menos do que uma usurpação de um papel próprio do homem.

O motivo fundamental é que as mulheres não receberam de Deus o dom da palavra de sabedoria e ciência para a instrução pública dos homens, mas antes o encargo de cuidar da prole e aconselhar e exortar de maneira privada, como convém ao seu sexo.

Isto mesmo é o que ensina São Paulo no capítulo XIV da Primeira Epístola aos Coríntios e no Capítulo II da Primeira a Timóteo:

“As mulheres estejam caladas nas igrejas, porque lhes não é permitido falar, mas devem estar sujeitas, como também o ordena a lei. E se querem aprender alguma coisa, perguntem-na em casa a seus maridos. Porque é coisa indecente para uma mulher o falar na Igreja”. (1Cor. 14, 34-35).

“Pois eu não permito à mulher que ensine, nem que tenha domínio sobre o marido: Senão que esteja em silêncio. Porque Adão foi formado primeiro, depois Eva: E Adão não foi seduzido, mas a mulher foi enganada em prevaricação. Contudo, ela se salvará pela geração dos filhos, se permanecer na fé, no amor e na santidade com sobriedade”. (1 Timóteo 2, 12-15).

Sobre esta última passagem, comenta Teodoreto:

“O demônio, conhecendo que o homem era mais prudente, não lhe dirigiu os seus primeiros tiros, mas enganou primeiro a mulher. O homem pecou depois, não por sedução, mas por comprazer à mulher. E assim Eva disse: ‘a serpente me enganou’; porém Adão: ‘a mulher me deu a maçã’. A mulher que tinha menores luzes e era mais fraca, pôde ser mais facilmente surpreendida; donde conclui S. Paulo, que não lhe toca a ela ensinar ao homem, nem ter domínio sobre ele”. (Bíblia Sagrada do Padre Figueiredo, reedição de LEB, vol. 12 [PDF], p. 160).

Ao que acrescenta São João Crisóstomo:

“A mulher ensinou uma vez, e tudo subverteu; por isso o Apóstolo disse: ‘Não lhe é permitido tomar a palavra’. Que importa às demais mulheres que ela o tenha feito? Importa certamente; o sexo é fraco e leviano. Aliás, o sermão trata de todo o sexo. Pois não disse: Eva foi seduzida, e sim: ‘A mulher’, designando mais o sexo em comum do que um nome. Como? Todo o sexo por causa dela caiu na prevaricação? Conforme se disse a respeito de Adão: ‘De modo semelhante à transgressão de Adão, que é figura daquele que devia vir’ (Rm 5,14), assim também aqui o sexo feminino prevaricou, não o masculino. E então? Não haverá mais salvação? Sim, foi dito. Qual? Por intermédio dos filhos. Pois não foi dito a respeito de Eva: ‘Desde que, com modéstia, permaneça na fé, no amor e na santidade’, com sobriedade. Qual fé? Qual amor? Qual santidade com sobriedade? Seria como se dissesse: Não vos entristeçais, mulheres, porque vosso sexo é incriminado. Deus vos deu outra ocasião de salvação, a criação dos filhos, de sorte que não só por vós mesmas, mas também por meio de outrem podeis obter a salvação.” (São João Crisóstomo, Homília Nona à Epístola Primeira de São Paulo a Timóteo).

Além da salvação pela educação da prole, Cornélio a Lapide nos recorda que a mulher também pode ensinar ao homem, sem subverter sua autoridade, do seguinte modo:

“Privadamente, Priscila ensinou ao eloquente homem Apolo a fé em Cristo (At 18, 26). E em Tito 2, 4 o Apóstolo expressa o desejo de que as mães ensinem privadamente às filhas e servas a prudência e a modéstia; e uma mulher fiel é ordenada a converter e instruir seu marido infiel (1 Coríntios 7, 16). Assim Santa Cecília ensinou a Valeriano, seu esposo, a fé em Cristo; Santa Natália a Adriano; Santa Mônica a Patrício; Santa Marta a Mário; Teodelinda a Agilulfo, o rei dos lombardos; Clotilde a Clóvis; Flávia Domitila a Flávio Clemente. Pois como diz Crisóstomo na Homilia 60 ao Evangelho segundo São João: ‘Nada é mais poderoso do que uma boa mulher para instruir e formar um homem no que ela quiser. Nem um homem suporta tão facilmente amigos, mestres ou superiores como à sua esposa que o admoesta e aconselha. Pois a admoestação da esposa tem algum poder sensível, pois ela ama mais, ou, como leem outros, é mais amado o que ela aconselha’.”

Não obstante, o grande exegeta jesuíta insiste que, à parte disso, a modéstia feminina sempre requer a submissão e o silêncio:

“Lembre-se também que o Apóstolo não apenas proíbe aqui que uma mulher ensine em público, digamos na igreja, mas também não permite que ela ensine em particular, se ela quiser fazer isso por força de seu ofício ou autoridade. Por isso se segue:

NEM DOMINAR – em grego authentein, que é ‘usurpar a autoridade sobre’ – SEU MARIDO, SENÃO QUE DEVE PERMANECER EM SILÊNCIO – que em grego é hesuchiai, ou seja, ‘em quietude’.

Crisóstomo diz que esse silêncio, esse pudor, essa modéstia confere mais beleza a uma mulher do que uma veste preciosa. E, como diz Eurípides em Hércules: ‘O mais belo dom de uma mulher é o silêncio e a modéstia, e manter a calma interior’. É por isso que (Gregório de) Nazianzo elogia sua irmã Gorgônia desta forma: ‘O que é mais prudente do que o silêncio? Quem conhecia as coisas sagradas melhor do que ela, tanto de oráculos divinos, quanto de sua própria inteligência e discernimento? E ainda quem falou menos do que ela, restringindo-se aos limites da piedade feminina?’ (Cornelius a Lapide, Commentaria in I. Epist. ad Timotheum, cap. II).

Por fim, como uma síntese do que foi dito acima, eis como São Tomás explica o porquê não cabe à mulher o ensino público das coisas da religião:

“Pode-se fazer uso da palavra de dois modos: 1 . Um, privado, quando se fala familiarmente com uma ou poucas pessoas. Nesse caso, a graça da palavra pode convir às mulheres. 2. O outro, público, quando se fala a toda a assembleia. E isto não se concede às mulheres porque:

Em primeiro lugar e principalmente, por sua condição de mulher, ela deve ser submissa ao homem, como fica claro no livro do Gênesis. Ora, ensinar e persuadir publicamente, na assembleia, convém, não aos súditos, mas aos prelados. Contudo, homens que são súditos podem cumprir este ofício por delegação, pois sua sujeição não se deve ao sexo natural, como no caso das mulheres, mas em alguma circunstância acidental que lhes sobrevém.

Em segundo lugar, para que não se desperte a concupiscência do homem, pois diz o livro do Eclesiástico que ‘a conversação [das mulheres] queima como fogo’.

Em terceiro lugar, porque geralmente as mulheres não alcançam a perfeição da sabedoria, para que seja possível confiar-lhes convenientemente o ensino em público. (São Tomás em II-IIae q. 177).

Nota Bene. A edição da Suma Teológica da Loyola, alem de possuir uma nota contrária ao ensinamento de São Tomás (vol. IX, p. 564, b.), traduz “Magis tamen viri subditi ex commissione possunt exequi: quia non habent huiusmodi subiectionem ex naturali sexu, sicut mulieres, sed ex aliquo accidentaliter supervenienti” como “Contudo, se homens que não são prelados, mas súditos, podem cumprir este ofício, é por delegação que o fazem. E isto lhes convém mais que às mulheres, porque a sujeição deles ao superior, não se funda naturalmente no sexo, mas em alguma circunstância acidental que lhes sobrevém”. Creio que o mais elementar estudante de latim perceberá logo que traduzir “non… sicut mulieres” (não… como as mulheres) como “mais… que as mulheres” é um erro impossível de se cometer por acidente. Ao que tudo indica, os tradutores foram da contradição na nota para a corrupção no corpo do texto de São Tomás.

APÊNDICE – NONA HOMÍLIA DE SÃO JOÃO CRISÓSTOMO À PRIMEIRA EPÍSTOLA DE SÃO PAULO A TIMÓTEO

2,11. Durante a instrução a mulher conserve o silêncio, com toda submissão. 12. Eu não permito que a mulher ensine, ou domine o homem. Que ela conserve, pois, o silêncio.
13. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva.
14. E não foi Adão que foi seduzido, mas a mulher que, seduzida, caiu em transgressão.
15. Então, ela será salva pela sua maternidade, desde que, com modéstia, permaneça na fé, no amor e na santidade.

Paulo exige das mulheres muita modéstia, grande honestidade. Por isso remonta não apenas à veste e ao manto, mas inclui a voz. E o que diz? “Durante a instrução a mulher conserve o silêncio.” O que significa isso? A mulher não fale na igreja, conforme declarava também na Carta aos Coríntios: “Não é conveniente que uma mulher fale nas assembleias”. Por quê? Porque a Lei as quer submissas. E ainda noutra passagem: “Se desejam instruir-se sobre algum ponto, interroguem os maridos em casa” (1Cor 14,35). Outrora, de fato, as mulheres, obedecendo a este preceito, calavam; agora, contudo, entre elas há grande tumulto, muito clamor, várias conversas; em parte alguma tanto quanto aqui. Verificarás que todas elas falam, e tanto, nem na praça, nem nas termas. Parecem ter vindo a fim de obterem oportunidade de tratar de inutilidades. Por isso tudo se revoluciona. Não pensam, não aprendem algo de útil, porque não sossegam. Qual a utilidade de nos dispormos a falar, se ninguém presta atenção? O silêncio é necessário de tal sorte que não se fale na igreja não só dos assuntos mundanos, mas nem dos espirituais. Eis o ornamento. A modéstia ornará melhor do que as vestes. Se a mulher se contiver, fará as orações com decência. “Não lhes é permitido tomar a palavra” (1Cor 14,34). Não lhes permito. Qual a consequência? Muitas. Falou sobre o silêncio, a honestidade, a modéstia. Disse: Não quero que elas falem. Retira-lhes qualquer motivo. Não ensinem, mas coloquem-se na posição de discípulos; demonstrem submissão através do silêncio. O sexo feminino é um tanto loquaz e por isso Paulo sempre o reprime. “Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E não foi Adão que foi seduzido, mas a mulher que, seduzida, caiu em transgressão.” Importa às mulheres de nosso tempo? Sim, assegura. O gênero masculino alcançou honra maior. O homem foi plasmado primeiro. Em outro lugar trata da primazia, dizendo: “O homem não foi criado para a mulher, mas a mulher para o homem” (1Cor 11,9). Por que o assevera? A fim de atribuir ao homem múltipla prevalência. Em primeiro lugar porque tem a primazia no tempo; segundo, pelos acontecimentos. Ela ensinou uma vez ao homem, tudo subverteu e tornou-o culpado de desobediência. Deus a submeteu, porque empregou mal o domínio, ou antes a igualdade. “Teu desejo te levará ao teu marido” (Gn 3,16). Anteriormente não fora dito. Adão não foi seduzido? Não teria desobedecido se não tivesse sido seduzido? Atenção! “E a mulher respondeu: a serpente me seduziu” (Gn 3,13). Adão não disse: A mulher me seduziu, mas: “A mulher me deu, e eu comi”. Não é o mesmo ser enganado por uma companheira, uma parente ou por um animal, um servo, submisso ao homem, o que constitui verdadeira sedução. Em comparação, portanto, com a mulher afirma-se que ele não foi seduzido, porque ela fora enganada por um súdito e subordinado e ele por uma mulher livre. Ainda relativamente a Adão não foi dito: “Viu que a árvore era boa ao apetite” (Gn 3,6), mas a respeito da mulher diz-se que comeu e deu ao marido. Por conseguinte, ele não prevaricou, vencido pela concupiscência, mas simplesmente obedeceu à mulher. A mulher ensinou uma vez, e tudo subverteu; por isso o Apóstolo disse: “Não lhe é permitido tomar a palavra”. Que importa às demais mulheres que ela o tenha feito? Importa certamente; o sexo é fraco e leviano. Aliás, o sermão trata de todo o sexo. Pois não disse: Eva foi seduzida, e sim: “A mulher”, designando mais o sexo em comum do que um nome. Como? Todo o sexo por causa dela caiu na prevaricação? Conforme se disse a respeito de Adão: “De modo semelhante à transgressão de Adão, que é figura daquele que devia vir” (Rm 5,14), assim também aqui o sexo feminino prevaricou, não o masculino. E então? Não haverá mais salvação? Sim, foi dito. Qual? Por intermédio dos filhos. Pois não foi dito a respeito de Eva: “Desde que, com modéstia, permaneça na fé, no amor e na santidade”, com sobriedade. Qual fé? Qual amor? Qual santidade com sobriedade? Seria como se dissesse: Não vos entristeçais, mulheres, porque vosso sexo é incriminado. Deus vos deu outra ocasião de salvação, a criação dos filhos, de sorte que não só por vós mesmas, mas também por meio de outrem podeis obter a salvação. Vede quantas questões surgem em torno de um mesmo assunto. “A mulher foi seduzida, caiu em transgressão.” Qual? Eva. Ela será salva pela procriação dos filhos? Não o afirma, mas que todo o sexo feminino conseguirá a salvação. Mas não foi ela que prevaricou? Sim; foi Eva quem prevaricou, mas o sexo feminino se salvará pela procriação dos filhos. Mas, por que não por própria virtude? Acaso exclui as outras? E as virgens? E as estéreis? As viúvas que antes de darem à luz perderam os maridos? Acaso estão perdidas? Não têm esperança alguma? Ora, as virgens são mais que todas comprovadas. O que significa isto?

Alguns afirmam que todo o sexo ficou sujeito por causa da criação da primeira mulher. (Eva fora formada em segundo lugar, foi submetida, e o sexo inteiro também ficou submetido). Assim, visto que ela prevaricou, também todo o sexo transgrediu. Mas não é razoável. No primeiro caso, tudo se originara de um dom de Deus (a criação), neste provém do pecado da mulher. O sentido é o seguinte: Todos os homens morrem por causa de um só, porque um só pecou; assim todo o sexo feminino prevaricou, porque a primeira mulher transgrediu. A mulher não se lastime. Deus lhe deu não pequeno consolo, o de dar filhos à luz. Ora, isto vem da natureza, replicas. E aquilo também vem da natureza; foi-lhe concedido não só o que é natural, mas também o relativo à criação dos filhos: “Desde que, com modéstia, permaneça na fé, no amor e na santidade”, com sobriedade, isto é, se depois do parto permanecer na caridade e castidade. Não conseguirão uma pequena recompensa, e sim a máxima por terem nutrido atletas de Cristo. Denomina santificação a vida correta, a sobriedade e a honestidade.

3,1. Fiel é esta palavra:
Refere-se ao acima mencionado. Não à locução: se alguém aspira ao episcopado.

Era ambíguo e por isso disse: “Fiel é esta palavra”, a saber, que os pais poderão ganhar com a virtude dos filhos, bem como as mães, se os educarem honestamente. O que acontecerá se ela for malvada e cheia de inúmeros vícios? Acaso lucrará com a educação dos filhos? Não é mais provável que ela educará os filhos de acordo com os seus costumes? Ele não está tratando de qualquer uma, mas da mulher virtuosa, que receberá grande recompensa e retribuição.

Ouvi, pais e mães! Não faltará a recompensa devida à educação dos filhos. Ele o assevera na sequência: “Se tiver em seu favor o testemunho de suas boas obras” (1Tm 5,10), se educou os filhos. Entre outras, refere-se a esta exigência. Não é sem importância consagrar ao próprio Deus os filhos que Ele deu. Com efeito, terão grande recompensa se lançarem bons fundamentos e boa base, bem como terão castigo se forem negligentes. Efetivamente, Eli pereceu por causa dos filhos. Devia repreendê-los. Admoestou, mas não à medida do necessário; como não queria aborrecê-los, causoulhes a ruína a eles e a si próprio. Ouvi, pais! Instruí vossos filhos na disciplina e avisos do Senhor, com suma diligência.

A juventude é dura e difícil, e precisa de muitos instrutores, mestres, pedagogos, acompanhantes, nutritícios. Mal poderás contê-la apesar de tantos cuidados. A juventude é semelhante a um cavalo indômito e a uma fera selvagem. Se, portanto, colocarmos ótimos limites desde o princípio, desde a tenra idade, não precisaremos depois de muito labor, mas o hábito lhes servirá posteriormente de lei. Não deixemos que empreendam algo que seja agradável e prejudicial ao mesmo tempo, nem os acariciemos como a crianças. Conservemo-los principalmente na castidade, pois o vício oposto é o que mais arruína a juventude. Para tal fim empreguemos muito labor, máxima atenção.

Cedo lhes procuremos esposas, a fim de receberem a noiva com corpos puros e intactos. O amor é então mais ardente. Quem se conservou casto antes do matrimônio, se-lo-á muito mais depois; mas o que antes das núpcias aprendeu a fornicação, também depois a cometerá. “Para o homem sensual todo alimento é doce” (Eclo 23,24). Impõem-se-lhes coroas na cabeça, símbolo da vitória, porque anteriormente invictos; entrem coroados no tálamo, uma vez que não foram superados pela volúpia. Se dominados, entregues a meretrizes, por que, vencidos, trazem uma coroa na cabeça? Devemos darlhe estes avisos e preceitos, atemorizá-los, ameaçá-los, ora com isto, ora com aquilo. Possuímos grande tesouro, a saber, os filhos. Tenhamos solicitude por eles, tudo façamos para que o maligno não no-los arrebate. Sem dúvida, tudo nos é contrário. Fazemos o possível para que o campo se mantenha ótimo, e o entregarmos a um homem fiel. Procuramos asneiro, arrieiro, intendente e despenseiro ótimos. Mas descuidamos do mais precioso: Confiar o filho a quem possa proteger-lhe a castidade, embora ele nos deva ser mais caro do que todas as posses e por causa dele é que possuímos o restante. Preocupamo-nos com deixar-lhes propriedades, não com eles próprios. Vês que coisa absurda? Exercita-lhe a alma, e o restante virá depois. Se a alma não estiver bem, para nada servirá o dinheiro; ao invés, se honesta, a pobreza não a lesará. Quer deixá-lo rico? Ensina-lhe a honestidade. Desta maneira aumentará os bens; e se não aumentar, não ficará em piores condições do que as dos proprietários. Se for perverso, embora lhe transmitas inúmeros bens, não lhe legas um protetor, mas fica em situação pior do que a extrema pobreza. Aos filhos mal-educados é melhor a pobreza do que as riquezas. Com efeito, a pobreza, mesmo a contragosto, os retém na virtude; as riquezas, nem mesmo se o quiserem, permitem que sejam temperantes, mas os afastam, pervertem e projetam em inúmeros males. Mães, educai retamente vossas filhas. É fácil tarefa. Vigiai. Que permaneçam em casa. Sobretudo ensina-lhes a piedade para serem honestas e desprezarem o dinheiro, livres da vaidade. Conduzi-as assim até as núpcias. Bem formadas, não apenas preservar-se-ão a si próprias, mas também ao futuro esposo; não só ao esposo, mas igualmente aos filhos, nem apenas aos filhos, mas ainda aos netos. Pois, se a raiz é boa, os ramos também se expandem, e haverá total recompensa. Tudo realizemos, considerando não apenas o bem de uma alma, mas por meio de uma a de muitas. Despeçam-se da casa paterna para as núpcias, como o atleta sai da arena, instruídas cuidadosamente em toda ciência, qual fermento que leveda toda a massa. Ainda sejam os filhos tão respeitosos que se façam reconhecer mais pela honestidade e castidade, e alcancem grandes louvores perante Deus e os homens. Aprendam a controlar a alimentação, a abster-se de excessivos gastos, a economia, a caridade, a submissão. Retribuam deste modo aos pais. E tudo redundará para a glória a Deus e a nossa salvação, em Cristo Jesus, nosso Senhor, ao qual com o Pai, na unidade do Espírito Santo glória, império, honra, agora e sempre e nos séculos dos séculos. Amém.

Soberba, Sínodo e Sacrilégio: O Programa Modernista de Bergoglio

Bergoglio Noel: O Pesadelo de Natal dos Tradicionalistas

No dia 23 de dezembro de 2021, Jorge Mario Bergoglio, que os incautos ainda insistem em reconhecer como Papa Francisco, dirigiu seu habitual discurso natalino à Curia Romana. Desta vez, tomou como tema a humildade, segundo ele, um fator indispensável para o caminho sinodal dos próximos anos e uma virtude que nos deve fazer despojar de apegos litúrgicos e doutrinais.

A parte que nos toca principalmente, e que gostaria de comentar aqui, não se refere tanto ao que ele diz a princípio sobre a humildade, a qual é – sem dúvida – a mais importante virtude que nos é proposta pelo mistério da Encarnação e Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas nos interessa antes e sobretudo a aplicação que ele faz desta lição aos conservadores e tradicionalistas, que têm se oposto às suas reformas.

Em substância, Bergoglio afirma que quem se abre para mudanças de caráter doutrinal e disciplinar é pessoa humilde e esclarecida, ao passo que quem se atém à doutrina e disciplina tradicional da Igreja é soberbo e ignorante da verdade das coisas. Como o que ele diz é patentemente falso, não nos admira encontrar contradições em seu discurso.

A primeira parte do seu discurso não é mais que uma dissertação razoável sobre a humildade. Fala-se da história do general Naamã, o Sírio, que não obstante sua fama e poder, foi assaltado pela lepra. Aconselhado por uma escrava hebreia, vai até o profeta Eliseu, em busca de uma cura. Este lhe pede para banhar-se sete vezes no Rio Jordão, hesitante a princípio, mas bem-aconselhado pelos seus servos, Naamã faz este ato humildade e assim obteve o que desejava.

Esta é uma cena muito bela que nos ensina tantas lições maravilhosas, muitas das quais se contrapõem diretamente à segunda parte do discurso de Bergolgio, aquela em que este desastradamente aplica o conceito mui cristão de humildade ao conceito modernista de sinodalidade.

Para dar algum exemplo e fazer uma relação, meditemos o seguinte:

1.º Ponto: Humildade vs. Soberba. – Como a lepra, em sentido místico, significa o pecado, que mancha a nossa alma e destrói nossa amizade com Deus, a verdadeira humildade requer que busquemos a cura, não em nós mesmos, mas da parte de homens de Deus, que nos encaminham para a fonte dos Sacramentos, em particular, para a pia batismal, de onde somos lavados do pecado original e, depois disso, para o sacramento da Penitência, que de nós não exige mais do que esta verdadeira humildade, na forma de contrição de coração, confissão de boca e satisfação da pena. Nas coisas espirituais, se queremos nos salvar, a nós cabe fazer como Naamã: crer com certeza o que os profetas dizem e fazer sem demora o que eles mandam.

No entanto, para Bergolgio, a humildade consistiria no exato oposto: os profetas mesmos, na pessoa dos cardeais, deveriam considerar-se como se fossem outros Naamã, acometidos de outro tipo de lepra, uma lepra chamada “mundanidade espiritual”, enquanto que o próprio Naamã, imagem de todo pecador, deveria despojar-se de qualquer sentimento de segurança, para que não venha a ser afetado pela mesma doença:

“Esta é a perigosa tentação – que assinalei outras vezes – da mundanidade espiritual, que à diferença de todas as outras tentações é difícil de desmascarar, porque está coberta de tudo o que normalmente nos dá segurança: nosso cargo, a liturgia, a doutrina, a religiosidade… Sem humildade buscaremos seguranças, e talvez as encontraremos, mas certamente não encontraremos o que nos salva, o que pode curar-nos. As seguranças são o fruto mais perverso da mundanidade espiritual, que revelam a falta de fé, esperança e caridade, e se convertem na incapacidade de discernir a verdade das coisas… Ao humilde não só lhe interessa o passado, senão também o futuro, porque sabe olhar adiante, sabe contemplar os ramos com a memória cheia de gratidão. O humilde gera, convida e se move para aquilo que não se conhece; o soberbo, ao contrário, repete, se endurece, a rigidez é uma perversão, é uma perversão atual, se endurece e se encerra em sua repetição, se sente seguro do que conhece e teme ao novo, porque não pode controlá-lo, o faz sentir desestabilizado, porque perdeu a memória.”

(ACI Digital, Discurso del Papa Francisco a la Curia Romana para las felicitaciones de Navidad 2021, 23/12/2021)

A linguagem de Bergoglio é incrivelmente absurda.

O que ele chama aqui de “mundanidade espiritual”, e em outras partes de “vanglória” e “soberba”, seria o vício oposto à virtude da humildade. Porém ele o caracteriza como a busca de segurança, que se manifesta particularmente em questões de posição hierárquica, liturgia, doutrina e devoção. Ora, buscar segurança nestas matérias é uma coisa que, em si mesma, não é contrária à humildade, nem representa qualquer perversão ou obstáculo à salvação. Muito pelo contrário, a virtude da fé, esperança e caridade exigem que creiamos, esperemos e tenhamos essas coisas como seguramente agradáveis a Deus, de outro modo poderíamos estar na idolatria ou em um culto que ele reprova, o que poria em risco nossa salvação, nos lançaria em desespero. Sem sentir-se seguro da verdade das palavras do profeta Eliseu, Naamã jamais teria sido curado. Se ele perseverasse na hesitação e incerteza inicial, acabaria morrendo de lepra, isto é, em seus pecados.

A noção bergogliana de humildade também é um caso a ser estudado. Para São Tomás (II-II q. 161), a humildade era uma virtude relacionada com a temperança, ela serviria para frear e reprimir o nosso impulso de buscar as coisas grandes de forma desordenada, isto é, de um modo que não estivesse em harmonia com a razão. Assim, por meio desta virtude, o pecador, não obstante a esperança ou magnanimidade que o faz buscar a vida eterna segundo o que manda a razão e a fé, temendo não alcançá-la em vista dos seus pecados, há de implorar sempre a misericórdia de Deus e será misericordioso para com o próximo e modesto consigo mesmo, vendo que os outros são melhores do que ele em tudo que receberam por graça de Deus, ao passo que ele mesmo lhes é inferior em tudo que obra sem essa graça.

Então, a virtude da humildade reside em ao menos duas certezas: a grandeza de Deus (inclusive manifesta no nosso próximo) e a pequenez do homem. A consciência de nossa fragilidade nos deve fazer humildades, mas não inseguros, o que seria – neste caso – uma falta de magnanimidade, virtude relacionada com a fortaleza, isto é, a coragem na busca de grandes coisas. Se a humildade bergogliana ofende a certeza que a razão e a fé manda ter nas questões de posição hierárquica, liturgia, doutrina e devoção, ela não é verdadeira humildade. Com efeito, existiria maior soberba do que duvidar de Deus ou de sua Igreja, assistida como ela é pelo Espírito Santo de Deus? Inversamente, haveria maior humildade do que crer, esperar e amar tudo o que nos manda a Igreja Católica e, consequentemente, repudiar toda novidade que se lhe opõe de algum modo? A verdade é que a humildade é uma grande virtude justamente porque ela nos dispõe para a fé, esperança e caridade, já que tirando a soberba do caminho, prepara o terreno de nossa alma para o fundamento da verdadeira fé, que é, numa palavra, a maior de todas as certezas.

Essa consideração nos faz ver que a tal da mundanidade espiritual e da perversão não está com os tradicionalistas, mas sim com os modernistas. A soberba, afirma São Pio X, juntamente com o amor das novidades, é a causa remota do modernismo (cf. Pascendi, II.ª Parte: As Causas do Modernismo). Sim, o mover-se para aquilo que não se conhece, em detrimento das certezas da fé, não é humildade, mas é orgulho!

Em outro lugar da mesma Encíclica, ao falar de sua filosofia, assim são descritos os modernistas por São Pio X:

“Cegos, na verdade, a conduzirem outros cegos, são esses homens que inchados de orgulhosa ciência, deliram a ponto de perverter o conceito de verdade e o genuíno conceito religioso, divulgando um novo sistema, com o qual, arrastados por desenfreada mania de novidades, não procuram a verdade onde certamente se acha; e, desprezando as santas e apostólicas tradições, apegam-se a doutrinas ocas, fúteis, incertas, reprovadas pela Igreja, com as quais homens estultíssimos julgam fortalecer e sustentar a verdade (Gregório XVI, Encíclica “Singulari Nos” 7 Jul. 1834)”.

(São Pio X, Pascendi Dominici Gregis, 8 de setembro de 1907).

2.º Ponto: Clericalismo vs. Sinodalidade. – A mesma passagem referida por Bergoglio também nos ensina que a religião verdadeira não é sinodal, porque a verdadeira humildade consiste em seguir o que nos ensinam os homens de Deus, inspirados como são pelo Espírito Santo, e não sugerir-lhes o que fazer da nossa própria conta. O grande exemplo de Naamã e da própria escrava hebreia foi este: eles não impuseram ao profeta suas opiniões e condições, mas, ao contrário, submeteram-se aos ditames de Eliseu, crendo que, pela particular assistência de Deus que gozava, ele saberia o que era mais condizente com a Divina Vontade.

Bergoglio, porém, tem outro entendimento das coisas, para ele todo mundo é profeta, exceto, talvez, quem dele discorde nesta matéria:

“‘Todos’, demos um passo adiante, ‘todos”, não é uma palavra que possa ser mal-interpretada! O clericalismo, que como tentação perversa, serpenteia diariamente entre nós, nos faz pensar sempre em um Deus que fala somente a alguns, enquanto que os demais só devem escutar e executar. O Sínodo é a experiência de sentirmos todos membros de um povo maior: o santo povo fiel de Deus e, portanto, discípulos que escutam e, precisamente por essa escuta, podem compreender também a vontade de Deus, que se manifesta sempre de maneira imprevisível.”

(ACI Digital, Discurso del Papa Francisco a la Curia Romana para las felicitaciones de Navidad 2021, 23/12/2021)

Eliseu, Jesus Cristo e os Apóstolos não eram sinodais. Eles agiam como oráculos divinos, ensinavam e mandavam com autoridade vinda de Deus. Por que Bergoglio entende como clericalismo a obrigação que os fiéis tem de escutar e executar o que mandam os profetas? Nosso Senhor não disse que era para ouvir e obedecer aos chefes da Igreja? E ainda que nada dissesse a respeito, já o simples bom senso não requer que a autoridade venha do alto e não de baixo?

O fato é que Bergoglio não crê esta doutrina sobre a autoridade divina da Igreja como referente ao clero, ele a aplica ao “povo de Deus”, como fazem os protestantes em geral. De fato, tal como a seita de Lutero e Calvino, a Igreja Sinodal de Bergoglio é humilde demais para que somente alguns sejam profetas em sentido próprio, nela todos são profetas!

No entanto, ele defende a profecia universal em um sentido modernista, isto é, a experiência de fé dos fiéis no tempo presente deve ser a base da crença comum na Igreja, a qual deve ser assimilada e proposta a todos pela autoridade, mediante certas fórmulas que, como procedem dos homens vivendo no devir histórico, vão se atualizando de tempos e tempos.

Eis como São Pio X explica, com cem anos de antecedência, a Igreja Sinodal de Bergolgio:

“Assim como a Igreja emanou da coletividade das consciências, a autoridade emana virtualmente da mesma Igreja. A autoridade, portanto, da mesma sorte que a Igreja, nasce da consciência religiosa, e por esta razão fica dependente da mesma; e se faltar a essa dependência, torna-se tirânica. Nos tempos que correm o sentimento de liberdade atingiu o seu pleno desenvolvimento. No estado civil a consciência pública quis um regime popular. Mas a consciência do homem, assim como a vida, é uma só. Se, pois, a autoridade da Igreja não quer suscitar e manter uma intestina guerra nas consciências humanas, há também mister curvar-se a formas democráticas; tanto mais que, se o não quiser, a hecatombe será iminente. Loucura seria crer que o vivo sentimento de liberdade, ora dominante, retroceda. Reprimindo e enclausurando com violência, transbordará mais impetuoso, destruindo conjuntamente a religião e a Igreja. São estes os raciocínios dos modernistas que, por isto, estão todos empenhados em achar o modo de conciliar a autoridade da Igreja com a liberdade dos crentes.”

“Mais grave e perniciosos são suas afirmações relativamente à autoridade doutrinal e dogmática… Visto pois que o magistério, afinal de contas, não é mais do que um produto das consciências individuais, e só para cômodo das mesmas consciências lhe é atribuído ofício público, resulta necessariamente que ele depende dessas consciências, e por conseguinte deve inclinar-se a formas democráticas. Proibir, portanto, que as consciências dos indivíduos manifestem publicamente as suas necessidades, e impedir à crítica o caminho que leva o dogma a necessárias evoluções, não é fazer uso de um poder dado para o bem público, mas abusar dele. – Da mesma sorte, no próprio uso do poder deve haver modo e medida. É quase tirania condenar um livro sem que o autor o saiba, e sem admitir nenhuma explicação nem discussões. Ainda aqui, portanto, deve adotar-se um meio termo, que ao mesmo tempo salve a autoridade e a liberdade. E nesse ínterim o católico poderá agir de tal sorte que, protestando o seu profundo respeito à autoridade, continue sempre a trabalhar à sua vontade. Em geral admoestam a Igreja de que, sendo o fim do poder eclesiástico todo espiritual, não lhe assentam bem essas exibições de aparato exterior e de magnificência, com que sói comparecer às vistas da multidão. E quando assim o dizem, procuram esquecer que a religião, conquanto essencialmente espiritual, não pode restringir-se exclusivamente às coisas do espírito, e que as honras prestadas à autoridade espiritual se referem à pessoa de Cristo que a instituiu.”

“Para concluir toda esta matéria da fé e seus diversos frutos, resta-nos por fim, Veneráveis Irmãos, ouvir as teorias dos modernistas acerca do desenvolvimento dos mesmos. Têm eles por princípio geral que numa religião viva, tudo deve ser mutável e mudar-se de fato. Por aqui abrem caminho para uma das suas principais doutrinas, que é a evolução. O dogma, pois, a Igreja, o culto, os livros sagrados e até mesmo a fé, se não forem coisas mortas, devem sujeitar-se às leis da evolução.”

“De uma espécie de convenção entre as forças de conservação e de progresso, isto é, entre a autoridade e as consciências individuais, nascem as transformações e os progressos. As consciências individuais, ou pelo menos algumas delas, fazem pressão sobre a consciência coletiva; e esta, por sua vez, sobre a autoridade, obrigando-a a capitular e pactuar. Admitido isto, não é de admirar ver-se como os modernistas pasmam por serem admoestados ou punidos. O que se lhes imputou como culpa, consideram um dever sagrado. Ninguém melhor do que eles conhece as necessidades das consciências, porque são eles e não a autoridade eclesiástica, os que se acham mais em contato com elas.”

“Gritam a altas vozes que o regime eclesiástico deve ser renovado em todos os sentidos, mas especialmente na disciplina e no dogma. Por isto, dizem que por dentro e por fora se deve entrar em acordo com a consciência moderna, que se acha de todo inclinada para a democracia; e assim também dizem que o clero inferior e o laicato devem tomar parte no governo, que deve ser descentralizado. Também devem ser transformadas as Congregações romanas, e antes de todas, as do Santo Ofício e do Índice. Deve mudar-se a atitude da autoridade eclesiástica nas questões políticas e sociais, de tal sorte que não se intrometa nas disposições civis, mas procure amoldar-se a elas, para penetrá-las no seu espírito. Em moral estão pelo Americanismo, dizendo que as virtudes ativas devem antepor-se às passivas, e que convém promover o exercício daquelas de preferência a estas. Desejam que o clero volte à antiga humildade e pobreza e querem-no também de acordo no pensamento e na ação com os preceitos do modernismo. Finalmente não falta entre eles quem, obedecendo muito de boa mente aos acenos dos seus mestres protestantes, até deseje ver suprimido do sacerdócio o sacro celibato. Que restará, pois, de intacto na Igreja, que não deva por eles ou segundo os seus princípios ser reformado?”

(São Pio X, Pascendi Dominici Gregis, 8 de setembro de 1907).

A autoridade à serviço da consciência coletiva dos fiéis, estruturas democráticas e decentralizadas para livre discussão e pressão sobre a autoridade, proposta de mudanças radicais na disciplina da Igreja e até mesmo nos dogmas da fé… pode haver melhor retrato da Igreja Sinodal de Bergoglio?

3.º Ponto: Liturgia vs. Sacrilégio – Na mesma perícope vemos que a fé de Naamã teve que ser confirmada por boas obras: não bastava que cresse nas palavras, era necessário que executasse um rito, não obstante lhe parecesse, a princípio, ineficaz e repugnante. A humildade de Naamã consistiu em não considerar tanto o que era para ser feito, mas quem fez: em consideração da autoridade que estabeleceu determinado rito, não se pôs a criticar, mas valorizou o rito e com isto foi curado. Naamã não viu no rito um apego desordenado, uma armadura ou adereço exterior desnecessário. Se é um homem da Igreja que mandou que fosse observado e se bons frutos se esperam deste rito, por que não prová-lo?

Longe, muito longe de Bergoglio esta humildade litúrgica! Embora no discurso diga que “a humildade aceita ser questionada”, este não tem aplicado os princípios de humildade e sinodalidade em seu diálogo – ou melhor, monólogo – com os conservadores e tradicionalistas Novus Ordo. Antes o que tem havido é restrições arbitrárias e expulsão de grupos que celebram a Missa Tridentina das dioceses.

Esta contradição prática, embora mascarada de zelo pela comunhão eclesial, realmente pode chamar-se de mundanidade espiritual, soberba e vanglória, pois é absolutamente desordenado reprovar uma liturgia multi-secular que nos dá e ainda deu excelentes frutos, para colocar em seu lugar uma liturgia fracassada, feita em laboratório por hereges, que não tem produzido mais do que confusão e divisão, seja pelo vernáculo, seja pela irreverência, seja pelas omissões e distorções da doutrina católica, seja pela arquitetura, seja pelos abusos infinitos a que dá ensejo.

CONCLUSÃO

O presente de Natal de Bergoglio aos curiais modernistas e católicos tradicionais a ele vinculados é mais uma alta dose de modernismo. Falsa humildade, amor a novidades, caminho sinodal e repúdio à liturgia tradicional da Igreja é o que de melhor um herege modernista pode oferecer. Assim como Santo Estêvão rogava pelos inimigos que o apedrejavam, rezemos também – neste tempo de Natal – por este pobre homem que caminha nas trevas do erro e da morte, como cego guiando cegos.

Modernismo em Dois Minutos: Os Três Erros Principais do Concílio Vaticano II

Em dois minutos e meio, Matthew Arthur e True Restoration Radio apresentam, de forma resumida, os três erros principais do Concílio Vaticano II, a saber: (1) Ecumenismo e Liberdade Religiosa, (2) Falsa Eclesiologia e (3) Colegialidade.

Para uma exposição mais aprofundada dos principais erros do Concílio Vaticano II, recomendo os seguintes artigos:

As heresias do Concílio Vaticano II
https://controversiacatolica.wordpress.com/2018/11/06/as-heresias-do-concilio-vaticano-ii/

Os erros doutrinais do Concílio Vaticano II
https://controversiacatolica.wordpress.com/2017/04/02/os-erros-doutrinais-do-concilio-vaticano-ii-por-bispo-mark-a-pivarunas-crmi/

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Proposta aos Jesuítas Modernistas – Controvérsia na Unisinos

Tomando em consideração algumas atualidades bergoglianas, proponho aos jesuítas de São Leopoldo uma reflexão sobre os jesuítas de ontem e de hoje e o futuro da Companhia de Jesus, a qual estimo imensamente, na forma em que existia antes do Concílio Vaticano II.

REFERÊNCIAS
ACI DIGITAL: Os Jesuítas continuarão diminuindo pois Deus os chama à humilhação, diz o papa
https://www.acidigital.com/noticias/os-jesuitas-continuarao-diminuindo-pois-deus-os-chama-a-humilhacao-diz-o-papa-99497

VATICAN NEWS: Papa aos jesuítas na Grécia: “Devemos nos habituar à humilhação”
https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-12/papa-francisco-encontro-jesuitas-grecia.html

ACI DIGITAL: Santa Sé apresenta novo rito e requisitos para instituir catequistas
https://www.acidigital.com/noticias/santa-se-apresenta-novo-rito-e-requisitos-para-instituir-catequistas-20494

VATICANO: RESPONSA AD DUBIA sobre algunas disposiciones de la Carta Apostólica en forma de «Motu Proprio» TRADITIONIS CUSTODES del Sumo Pontífice FRANCISCO
https://www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_20211204_responsa-ad-dubia-tradizionis-custodes_sp.html

VATICAN NEWS: A Santa Sé responde às dúvidas dos bispos sobre a celebração da Missa antiga
https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-12/santa-se-responde-dubia-missa-antiga-traditionis-custodes.html

RORATE CAELI: Urgent – Roche Christmas Massacre – CDW Instruction on Latin Mass in the form of Responses to Dubia
https://rorate-caeli.blogspot.com/2021/12/urgent-roche-christmas-massacre-cdw.html

NOVUS ORDO WATCH: Enough Already! Francis doubles down on Traditional Latin Mass Restrictions
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PADRE ANTHONY CEKADA: A invalidade do Rito de Consagração Episcopal de 1968
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A extrema-direita católica – Controvérsia na Unisinos

A EXTREMA-DIREITA CATÓLICA – CONTROVÉRSIA NA UNISINOS

Chegou ao meu conhecimento que meu nome foi citado pelo Sr. Romero Venâncio, professor da Universidade Federal de Sergipe, em uma entrevista especial concedida ao Instituto Humanitas Unisinos (IHU), um grupo ligado aos jesuítas modernistas de São Leopoldo. A matéria, publicada no site do Instituto sob o título “A extrema-direita católica e a aliança com o governo Bolsonaro” (29 de novembro de 2021, por Patricia Fachin e Pedro de Brito), dá-me a ocasião de prestar alguns esclarecimentos ao Sr. Venâncio, e demais interessados, sobre minha visão político-religiosa dentro do cenário atual.

Ao longo da entrevista, o Sr. Venâncio analisa três grupos e quatro youtubers pertencentes ao que ele chama de “extrema-direita católica”. “Minha pesquisa”, diz ele, “vai de 2013 a 2021, e não pesquiso todos os grupos; pesquiso apenas três, os mais importantes, os mais sérios, os mais agressivos e os que sabem o que querem do ponto de vista da formação teológica: o movimento Sedevacantista, que vem da Associação São Pio X, do movimento do arcebispo dom Marcel Lefebvre, de 1970; os Arautos do Evangelho, de São Paulo; e o Centro Dom Bosco – CDB, que é do Rio de Janeiro. Escolhi esses grupos porque eles têm um projeto teológico, político e arquitetônico – eles gostam de construir espaços públicos grandes para formação. Também pesquiso quatro youtubers, que são os mais acessados e os mais famosos: padre Paulo Ricardo, Bernardo Küster, Diogo Rafael Moreira, teólogo e historiador ligado ao movimento Sedevacantista, e Conde Loppeux, que é o pseudônimo de Leonardo Bruno Oliveira.”

Agradeço ao Sr. Romero Venâncio pela atenção dispensada aos nossos vídeos e por incluir-nos em sua pesquisa. Como ele afirma ter vindo “de um Instituto de Teologia muito vinculado à esquerda católica em Recife, fundado por Dom Hélder Câmara, chamado Instituto de Teologia do Recife”, imagino que seja muito difícil digerir tudo o que dizemos aqui e que requer um grande esforço compreender os nossos motivos e ideias. Ponho-me à disposição para aclarar as dúvidas que ficarem e já me adianto a corrigir alguns erros factuais que aparecem aqui e ali na entrevista:

1.º – O movimento sedevacantista, quer no Brasil, quer no exterior, não nasceu propriamente da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Na verdade, se dependesse dela, jamais haveria sequer um bispo sedevacantista no mundo. Somos muito mais devedores de Monsenhor Pedro Martinho Ngô Đình Thuc, Arcebispo vietnamita, que, tendo ordenado bispos da nossa posição sete anos antes de Dom Lefebvre, publicou, em 25 de fevereiro de 1982, na cidade de Munique, uma declaração em que afirmava julgar que a Cátedra de Roma estava vacante.

Aqui no Brasil a posição sedevacantista começou a ser discutida no interior da TFP. O Sr. Arnaldo Vidigal Xavier da Silveira publicou, em 1970, a obra Considerações sobre o “Ordo Missae” de Paulo VI [PDF], a qual vinha precedida de uma estudo detalhado sobre a hipótese teológica de um papa herege. Já ali aparecia a opinião de São Roberto Belarmino, jesuíta e doutor da Igreja, de longe a mais comum de todas, de que um papa perde sua jurisdição ipso facto em caso de heresia pública. Daí para frente, leigos e sacerdotes ligados a Diocese de Campos passaram a aderir à posição, o mais conhecido deles é o Sr. Homero Johas.

Enquanto isso, no México, o Padre Sáenz y Arriaga, teólogo jesuíta, publicava suas obras A Nova Igreja Montiniana (1971) e Sede Vacante (1973), não só criticando ou especulando, mas afirmando categoricamente que, por conta de seus atos contrários à doutrina e disciplina eclesiástica, João Batista Montini não era um verdadeiro e legítimo papa. Seu trabalho seria continuado pelos Padres Carmona e Zamora, os quais seriam sagrados bispos por Monsenhor Thuc em 1981, na cidade de Toulon (França). Curiosamente, é outro Romero, desta vez Padre Héctor Romero, que nos conta mais alguns interessantes pormenores sobre a história primitiva do sedevacantismo em entrevista concedida ao Controvérsia Católica aos 19 de janeiro de 2019 (cf. Traição na Tradição: A História do Sedevacantismo: https://youtu.be/LhDp5-QyN2w).

Ora, nenhum destes sujeitos citados estava vinculado à Fraternidade Sacerdotal São Pio X, cujas hostilidades com a Santa Sé modernista não começariam antes de 1975. Contudo, realmente, muitas pessoas que hoje são sedevacantistas vieram da Fraternidade Sacerdotal São Pio X. Este é o caso de Monsenhor Dolan e Monsenhor Rodrigo da Silva. Mas nenhum deles teria acesso à sucessão apostólica, se não houvesse bispos sedevacantistas da linhagem Thuc.

2.º – Monsenhor Rodrigo da Silva, conforme referido no site oficial do Seminário São José, nasceu em Recife-PE aos 18 de fevereiro de 1991. Portanto, ele tem 30 anos, e não 37 ou 38, como aparece na entrevista. O mesmo foi sagrado bispo aos 29 de setembro de 2021, na Capela Santa Gertrudes, a Grande, situada em West Chester, região metropolitana de Cincinati (Ohio-Estados Unidos). Logo, não é correto dizer que Dom Rodrigo tenha sido ordenado na Flórida, onde fica o Seminário da Santíssima Trindade (Most Holy Trinity Seminary) de Monsenhor Sanborn, nem o é que ele esteja ligado a um tal de “Ministério da Flórida”. A associação de Monsenhor Sanborn (da Flórida) chama-se Roman Catholic Institute (Instituto Católico Romano). Monsenhor Rodrigo não está ligado a esta associação, mas está unido moralmente a Monsenhor Daniel Dolan (de Cincinati), cuja associação se chama St Francis of Sales Institute (Instituo São Francisco de Sales).

3.º – Eu, Diogo Rafael Moreira, não resido atualmente nem em São Paulo ou Rio de Janeiro, ao contrário do que se diz na entrevista, mas no estado de Santa Catarina, em uma cidade chamada Guaramirim, próxima de Joinville e Jaraguá do Sul. Não sou formado em história, a pessoa formada em história da lista provavelmente é o Sr. Conde Loppeux, ao menos foi o que me disseram. Quanto a mim, sou formado em filosofia. Muito me lisonjeia o título de teólogo e historiador, mas o que sei sobre essas coisas aprendi autodidaticamente, dos padres e dos livros.

4.º – Os sedevacantistas não fizeram um congresso em Assunção no Paraguai, embora o lugar possa soar paraguaio ou tupi-guarani. O congresso foi em Mariporã-São Paulo, entre os dias 9 e 12 de outubro de 2021.

5.º – Monsenhor Marcel Lefebvre não ordenou apenas dois bispos, mas dois vezes dois, isto é, quatro bispos, a saber: os Monsenhores Bernard Fellay, Bernard Tissier de Mallerais, Richard Williamson e Alfonso de Galarreta.

Agora deixe-me fazer algumas observações sobre a análise feita pelo Sr. Romero Venâncio:

1.º – No que toca à origem teológica da chamada extrema-direita, o pesquisador a faz remeter a uma “disputa contra o Concílio Vaticano II e contra o Papa Francisco”. “Quando uso a palavra contra”, nota o Sr. Venâncio, “não estou fazendo eufemismo. Eles são contra mesmo, abertamente contra o papa e o Concílio”.

Da minha parte, penso que seria muito bom se assim fosse realmente, porque não há meio-termo entre fé e heresia. Como dizia o Papa Bento XV na Ad Beatissimi Apostolorum: “Tal é a natureza do catolicismo que não existe meio-termo, ou se deve aceitá-lo integralmente, ou rejeitá-lo por completo: ‘Esta é a Fé Católica, quem não a professar fiel e firmemente não poderá se salvar’ (Credo Atanasiano)” (n. 24 da edição Documentos Pontifícios da Paulus). Eu aceito integralmente as verdades da fé e, como uma consequência necessária, rejeito os acréscimos e decréscimos feitos pelos modernistas pós-conciliares (ecumenismo, liberalismo, modernismo, nova eclesiologia, ritos protestântico-maçônicos, negação do limbo, proibição da pena de morte etc.). Os modernistas falam em atualização e, como tal, devem aderir a novidades em detrimento deste depósito imutável e integral de fé e moral. Então, ao menos desde a arena teológica, não pode haver combate mais bem-definido do que este e um não enfrentamento do problema resultante seria pura hipocrisia da parte de ambos. Nós, católicos, devemos enfrentar o problema do presente, buscando entender o que se passou com a Igreja, como fica a questão da autoridade em face das mudanças substanciais operadas pelo Vaticano II. Vocês, que aderem ao Concílio, precisam explicar em que sentido existe uma continuidade com o passado, posto que a própria explicação comumente dada (desenvolvimento do dogma em sentido modernista) já é uma ruptura com ele.

No entanto, esta origem na “disputa contra o Concílio Vaticano II e contra o Papa Francisco” só se aplica real e propriamente aos sedevacantistas como eu. Com efeito, Padre Paulo Ricardo não se coloca abertamente nem contra um, nem contra outro. Veja, por exemplo, sua homilia de 22/10/20221, na qual fala sobre a interpretação correta do Vaticano II. Em linhas gerais, ele segue a “hermenêutica da continuidade” de João Paulo II e Ratzinger, buscando interpretar o Concílio à luz da Tradição (uma quimera, aliás, que só pode acabar em dissimulação e desconversa). Bernardo Küster e Conde Loppeux, mutatis mutandis, seguem essencialmente a mesma linha do Padre Paulo Ricardo, embora sejam bem menos discretos do que ele. Este último inclusive fez um vídeo reafirmando sua fidelidade a Bergoglio e à falsa Igreja pós-conciliar. Neste sentido, servindo-se de terminologia venanciana, eles são “de direita” como os carismáticos e focolares. Mas nota bene: este conceito de direita só vale dentro da órbita pós-conciliar, não havia carismáticos antes do Concílio: o carismatismo – e também o focolarismo ecumênico – era e sempre foi coisa de protestante em particular e de hereges em geral. A esquerda também, ela não existia antes do Vaticano II. Parece que houve um tempo em que todos os católicos eram de extrema-direita!

O Centro Dom Bosco e os Arautos do Evangelho seguem a versão mais mitigada do que chamo de Reconhecer & Resistir, isto é, uma posição que reconhece tanto o papa putativo quanto o Vaticano II, mas resistem, o quanto podem, aos ensinamentos e reformas pós-conciliares. Em outros lugares, eles seriam chamados de semi-tradicionalistas. A versão mais radical do Reconhecer & Resistir é a adotada pela Fraternidade Sacerdotal São Pio X, que resiste à autoridade que reconhece como legítima ao ponto de criar toda uma igreja paralela.

Resistência absoluta às inovações pós-conciliares e suas pretensas autoridades, você somente a vai encontrar entre os sedevacantistas e somente a eles se aplica esta frase que o Sr. Venâncio atribui a todos indiscriminadamente: “Eles têm uma cosmovisão e não apenas uma leitura pontual de alguns pontos [sic]. A grande novidade dessa extrema-direita católica é que ela tem uma cosmovisão católica”.

2.º – Ao falar da relação da extrema-direita com Francisco, ele diz: “Esses grupos têm horror ao Concílio Vaticano II e se opõem ao Papa Francisco porque – e nesse ponto eles têm razão – ele é a síntese de João XXIII, Paulo VI e João Paulo II. O pessoal do movimento Sedevacantista diz que o Papa é a preparação para o anticristo na Igreja. Eles estão lendo o livro O papa e o anticristo: A crise atual da Santa Sé à luz da profecia, do Cardeal Henry Edward Manning, de 1861”.

Na verdade, este livro, traduzido por mim mesmo e publicado em julho deste ano, ensina, à luz das Sagradas Escrituras, dos Santos Padres e do sentir comum dos teólogos católicos, que o Anticristo não virá antes de uma grande apostasia de caráter religioso e que esta apostasia não pode ocorrer enquanto houver entre nós um verdadeiro e legítimo papa, porque, segundo Cardeal Manning, o Papa é, aqui na terra, o maior antagonista do Anticristo, pois, enquanto este representa a rebelião e a desordem, aquele é o maior defensor da ordem e da autoridade divina.

Evidentemente, esta perspectiva escatológica constitui um bom argumento teológico em favor do sedevacantismo, sobretudo porque uma das notas do aggiornamento pós-conciliar é a rejeição do princípio de autoridade divina, o que Paulo VI chamava de o “culto do homem”, isto é, um humanismo espiritualizado que, servindo-se de palavras cristãs, exalta a autonomia do homem (sua dignidade) com menoscabo da autoridade de Deus. Essa mudança de mentalidade, operada pelo Concílio, é tão substancial, que o próprio Sr. Venâncio traça claramente a distinção entre a Igreja Piana, que esposava este princípio de autoridade muito nitidamente (uma cosmovisão católica), e a Igreja pós-conciliar, que esposa as noções da autonomia e dialogo, inclusive com a ideia de sinodalidade (os homens, livres em sua experiência de fé, moldam no sínodo a religião que querem para o futuro).

Ora, uma mudança assim substancial em matéria de religião é o que se chama de apostasia, e uma apostasia assim caracterizada (ao mesmo tempo universal e antropocêntrica) muito se parece com aquela descrita na Segunda Epístola de São Paulo aos Tessalonicenses, no livro de Daniel, no Apocalipse de São João etc. Mas, como nos garante Cardeal Manning ser impossível que tal apostasia proceda da Igreja e do Papa, então aqueles homens que a levaram a efeito esta mudança, por alguma razão, carecem de toda autoridade. A única explicação teológica adequada para esta falta de autoridade da parte dos papas e bispos seria a perda de ofício por heresia. E assim chegamos ao sedevacantismo que não diz nada além disso: os papas e bispos pós-concilaires carecem de autoridade por incorrerem em heresia pública e notória (modernismo, liberalismo, ecumenismo, dentre outras).

3.º – O Sr. Venâncio enfatiza bastante a questão da Missa Tridentina, como se a oposição aos Papas anteriores a Bergoglio fosse quase inteiramente em função dela. Isso é verdade somente em parte e superficialmente. A resistência à Missa Nova e o apoio à Missa Tridentina têm raízes teológicas e morais. O próprio Bergoglio o reconheceu na carta que acompanha o Motu Proprio Traditionis Custodes, de 16 de julho de 2021, onde diz que nestes grupos de Missa Tridentina se veicula a ideia de que há uma Igreja verdadeira e uma falsa.

Esta tese das duas Igrejas foi muito bem demonstrada por Padre Anthony Cekada no livro Obra de Mãos Humanas: Uma Crítica Teológica à Missa de Paulo VI. Em resumo, as mudanças de rito repercutem uma mudança de fé. Não tratou-se de uma atualização para o vernáculo, mas da implementação, no âmbito litúrgico, do modernismo antropocêntrico e subjetivista e do ecumenismo com os protestantes.

4.º – O termo “extrema” adotado pelo Sr. Venâncio significa a não aceitação de diálogo e convivência pacífica com o rival religioso ou político. Termos como ódio, violência, agressividade servem para denotar esta posição extrema. Não se trata de violência física ou somente física, mas sobretudo de violência moral, isto é, afirmar que a outra posição está errada (contra Deus) e deve ser rejeitada pelos católicos e homens razoáveis. Seria esta a principal acusação do Sr. Venâncio contra a dita “extrema-direita católica”.

Contudo, a Igreja Católica, inspirada em Cristo e nos Apóstolos, sempre usou, durante séculos, deste método de agressão moral com os anátemas dos Concílios, a Inquisição e outros meios de repúdio aos que erram com conhecimento e obstinação. Por outro lado, a Igreja, até os tempos do Vaticano II, nunca foi de direita e esquerda neste sentido de aceitar a convivência entre o certo e o errado a partir de uma abordagem subjetivista ou existencialista.

Na realidade, esta abordagem só é possível por conta do modernismo teológico comum a ambas (aquele descrito na Pascendi por São Pio X: o homem só conhece a Deus na imanência, os dogmas se formam a partir da experiência do indivíduo na comunidade cristã histórica, eis aí o que une as CEBs e a RCC, a Teologia da Libertação e a Cura e Libertação). O próprio Sr. Venâncio esposa esta perspectiva quando fala de querigma e vida comunitária em sua analise. Mas o modernismo é reconhecido como uma heresia e heresias não têm o direito de cidadania na Igreja Católica (vide Leão XIII, Encíclica Satis Cognitum). Se este não for o caso, então se poderá negar igualmente a Santíssima Trindade, a Encarnação e outros dogmas de fé, e aí o que temos não é mais uma Igreja, mas um clube filantrópico ou partido polítoco.

Então a expressão direita e extrema-direita são inadequadas, porque não são espécies de um mesmo gênero. O mais correto seria dizer modernista e católico ou pós-conciliar e pré-conciliar. Pelo que me consta, todo católico antigamente era obrigado a ser de extrema-direita, e o que hoje se entende por direita e esquerda é o que antigamente se entendia por herege.

O mesmo vale do ponto de vista político. Não é possível enquadrar um católico de verdade no esquema esquerda-direita, porque, como vivemos sob uma constituição liberal e o liberalismo é a versão civil do princípio protestante de autonomia do indivíduo em matéria religiosa, o católico, por religião, não pode entender o presente estado da sociedade como agradável a Deus.

É uma questão de bom senso: assim como maçons querem um mundo à imagem e semelhança da loja maçônica, os católicos querem um mundo que siga os ditames da sua religião. O próprio Cristo quis que assim fosse, por isso mandou que os Apóstolos pregassem às nações com o intuito de convertê-las ao Evangelho. Tratava-se evidentemente daquilo que se costuma chamar na esquerda de colonização ideológica, porém a ideologia em questão era a Revelação Divina e o ideólogo era o Senhor, Rei e Deus Eterno. Logo, Deus tem e tinha o direito e a Igreja tem e tinha autoridade para exigir dos homens esse grau de submissão aos seus ensinamentos e preceitos. Foi assim que nasceram os países católicos e este deve ser o nosso objetivo.

Se os católicos hoje se contentam em ser deste ou daquele partido, sem o prospecto de promover o reinado de Cristo na política, eles até podem ser de Lula ou de Bolsonaro, mas não são de Cristo. Se, porém, o católico apoia este ou aquele, porque de algum modo contribui para a realização do programa de Deus para os homens, então isto pode ser feito. Eu, pessoalmente, não ponho minha esperança nos políticos de esquerda ou direita (ambos eivados de liberalismo), mas somente naquele que dobrar os joelhos diante de Cristo Rei e fazer a máquina do Estado trabalhar para Deus. Por conta disso não voto, nem hei de votar enquanto este nosso regime não reconhecer o império e autoridade espiritual de Nosso Senhor Jesus Cristo.

5.º – Indo aos particulares, o Sr. Venâncio escolheu quatro homens da dita extrema-direita católica, porque, segundo ele, o seu âmbito é extremamente machista. Curiosamente, Nosso Senhor escolheu doze Apóstolos e 72 discípulos, todos homens. Seria Nosso Senhor um machista? Certamente, “extrema-direita” e “catolicismo” é uma e a mesma coisa machista. Um catolicismo não machista, isto é, que dê a mulher posição de ensino público na Igreja, é herético e imoral, porque Cristo é a cabeça do homem e o homem é a cabeça da mulher (1 Cor. 11, 3) e “é coisa indecente para uma mulher o falar na igreja” (id. 14, 35 cf. 1Tim 2, 12).

Como de costume, já vão se apressar em dizer que isto se deve ao contexto da época. Isto não tem nada a ver. Antes é o contrário: era a teologia que formava a moral e, neste caso em particular, a razão teológica, que moldava os costumes de então, é assim explicada por Teodoreto: “O demônio, conhecendo que o homem era mais prudente, não lhe dirigiu os seus primeiros tiros, mas enganou primeiro a mulher. O homem pecou depois, não por sedução, mas por comprazer à mulher. E assim Eva disse: ‘a serpente me enganou’; porém Adão: ‘a mulher me deu a maçã’. A mulher que tinha menores luzes e era mais fraca, pôde ser mais facilmente surpreendida; donde conclui .S. Paulo, que não lhe toca a ela ensinar ao homem, nem ter domínio sobre ele” (Bíblia Sagrada do Padre Figueiredo, reedição de LEB, vol. 12 [PDF], p. 160).

6.º – Já disse o bastante acima sobre os meus três companheiros da tal extrema-direita católica e deixarei a eles o encargo de defenderem-se na parte que lhes compete. Quanto a mim, fui chamado pelo Sr. Venâncio de um “obcecado”, que “vive um gozo errado”, que “fica destilando ódio contra João XXIII ou defendendo documentos do papa Bonifácio IV”.

Creio que o Sr. Venâncio quis dizer Bonifácio VIII, o mesmo que escreveu a Bula Unam Sanctam sobre a autoridade do papa. Salvo que falasse destas coisas a protestantes ou ateus, não penso ter necessidade de defender nada. Magistério é Magistério. Para usar o jargão teológico, Magistério é regra próxima da fé, a partir dele nós aprendemos, sem erro, a doutrina de Cristo contida na Sagrada Escritura e na Tradição (regra remotas da fé). Se eu me oponho a João XXIII e aos demais conciliares é porque penso que seus ensinamentos não são parte do Magistério, mas sim uma opinião herética da qual não concordo por graves razões, provavelmente até mais graves do que aquelas que levaram o Sr. Venâncio a chamar-me de obcecado e vivente de um gozo errado, seja lá o que isso queira dizer.

7.º – O problema com a formação do clero e do povo é real e nisto acerta em cheio o Sr. Venâncio. Como dizia o Padre Angelo, os modernistas nunca tem resposta para nada, enquanto que na Tradição tem resposta para tudo. É uma questão de pura lógica: se eu mesmo não creio no que a Igreja ensinava antes e não me sinto obrigado a crer naquelas coisas (no Syllabus, por exemplo), com que moral e convicção eu vou obrigar e impor minhas ideias aos demais? Do ponto de vista prático, a queima e descarte dos manuais antigos trouxe como consequência a falta de referências e de solidez no ensino de teologia. Foi necessário começar tudo do zero.

A solução mais humilde e digna de um católico seria voltar ao método e conteúdo escolástico tão incentivado por Leão XIII e São Pio X. Mas, como dizia este último, o principal pecado dos modernistas é a soberba e não há nada que eles odeiem mais do que a escolástica.

8.º “O grande drama do Papa João XXIII”, diz o nosso analista, “foi exatamente fazer com que a Igreja dialogasse com o mundo moderno. Ele não era um homem comunista, liberal; era um pastor, um bispo, um cardeal. Ele não tinha nada a ver com a esquerda, mas percebia que a Igreja estava em uma situação em que estava perdendo a fé”. Este é um ponto importante, porque aqui se procura justificar o Vaticano II como uma mera atualização do catolicismo em tempos em que a linguagem da Igreja não estava mais sendo compreendida pelo mundo moderno.

Essa narrativa é muito comum nos seminários modernistas e não me admira que o Sr. Venâncio, não obstante ser um homem estudado, ainda compre essa história. Se você não sabe o que se ensinava e vivia antes, você não vai perceber a diferença e lhe parecerá muito plausível a ideia de mera adaptação. Mas os fatos negam o argumento: compare, por exemplo, a Encíclica Mortalium Animos de Pio XI com a Unitatis Redintegratio promulgada por Paulo VI, ou compare a Dignitatis Humanae do mesmo Paulo VI com a Quanta Cura de Pio IX, ou a Satis Cognitum de Leão XIII com a Lumen Gentium ou, mais especificamente, com o texto da CDF sobre a ideia de Igreja-Comunhão. É nítido que tratam-se de duas religiões diferentes e que, se é mesmo verdade que havia o risco de se perder a fé nos tempos de Pio XII, os fatos mostram que esta se perdeu de vez nos tempos do Vaticano II.

Sobre João XXIII ser de esquerda e, por assim dizer, um precursor da Teologia da Libertação, isso é admitido tanto pelos seus críticos, quanto pelos seus admiradores. A Pacem in Terris marca um primeiro passo em direção do diálogo com os comunistas e na sua biografia se vê que ele favoreceu a esquerda o quanto pôde. Para mais informação bibliográfica, basta pesquisar por “João XXIII” no site do Controvérsia Católica.

9.º – Diante do crescimento destes movimentos da chamada extrema-direita, o Sr. Venâncio mostra-se preocupado com a questão da unidade da Igreja, isto é, com a possibilidade de um cisma. No meu modesto entender, o cisma já houve em 1965: os modernistas romperam com a doutrina antiga, e os tradicionalistas romperam com os modernistas por conta disso. Cada um seguiu para o seu lado. Não há uma verdadeira comunhão de fé e governo entre estes dois grupos. Além disso, mesmo no âmbito pós-conciliar, a comunhão é muito precária, porque a ideia mesma do Concílio é enfatizar a liberdade humana. Assim, todos seguem o papa do seu jeito, o partido da esquerda ou da direita tem mais força que a autoridade verbalmente reconhecida. Não há aí o verdadeiro conceito de obediência.

Aliás, vamos imaginar que viesse um papa que voltasse a seguir as doutrinas pré-Vaticano II. Qual seria a reação do Sr. Venâncio e outros intelectuais, quer de direita, quer de esquerda? Eles iriam causar um cisma. Por quê? Porque não se trata de uma questão de governo, mas sim de uma questão de fé. Existe uma incompatibilidade entre a religião antiga e a religião nova, de modo que o triunfo de uma é a ruína da outra.

10.º – Para terminar, o Sr. Venâncio fala da fraqueza da tal extrema-direita católica: “A extrema-direita católica não tem esse aspecto do fundamento da fé porque ela defende mais a tradição do que a convicção pessoal. Isso é uma coisa muito visível nos seus membros. Por exemplo, os documentos da Igreja são mais importantes para eles do que o que diz o bispo ou o padre. É muito importante aquilo que eles chamam de magistério da Igreja”.

A pregação querigmática, para não ser mero teatro, precisa nascer do testemunho direto da Revelação Divina. Ora, somente os Apóstolos o podiam fazer propriamente, pois eles viram a Nosso Senhor e receberam a missão de comunicá-la aos homens. Como você vai anunciar com convicção pessoal algo que você nem viu, nem ouviu, mas aprendeu de terceiros?

Contudo, há uma outra possibilidade, existem, como diz Nosso Senhor, aqueles que não viram e creram. Estes somos nós, que podemos crer com certeza, mais do que se tivéssemos visto, porque cremos e professamos as coisas que nos foram ensinadas pela Igreja, coluna e fundamento da verdade. Então, salvo no caso das testemunhas oculares, o único modo de pregar com convicção é crendo e professando, com certeza infalível, o depósito da fé, guardado e transmitido pela igreja. Ora, é justamente isso o que fazemos!

A noção de que o depósito da fé muda com o tempo ou de que a fé brota da experiência de cada pessoa com o divino, não somente é condenada como modernismo (ou seja, evolução do dogma e falso misticismo), mas também é patentemente falsa. Com efeito, estas ideias só servem para pôr em descrédito a religião: um Evangelho que muda com o passar do tempo e com o sentir do homem não é mais do que uma criação humana, não é de Deus.

A triste e perigosa situação em que se encontram todos os modernistas é esta: trocar a verdade divina pelas opiniões humanas, dialogar tanto com o mundo e assim fechar os ouvidos para o Evangelho de Cristo, tal como transmitido pela Igreja, sem alterações, ao longo dos séculos.

A estas pobres gentes, aos falsos jesuítas inclusive, dever-se-á fazer sempre, até que se convertam, a mesma pergunta que trouxe à verdadeira fé tantas e tantas almas (Mat. 8, 36): De que aproveitará ao homem, se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou seja, do que adianta modernizar, se, ao fim e ao cabo, perdendo a fé católica, ninguém poderá se salvar?

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Título: QUAL FÉ E RELIGIÃO ESCOLHER: Consulta sobre a Verdadeira Religião (Latim / Português)
Autor: Padre Leonardo Léssio S.J.
Dimensões: A5 (14,8 x 21cm)
Número de Páginas: 309
Data de Publicação: Setembro de 2022
Preço: 64,90

SOBRE A OBRA

É grande, em nosso tempo, a variedade de religiões, e grande o debate que há, sobre a verdadeira religião.

Muitos – perpetuamente – oscilam nesta matéria, e não podem determinar qualquer coisa, de certo, mudando de uma religião para a outra, como os que, a título de experimento, mudam de casa, com o fim de obterem paz de espírito.

Outros, com ousada falta de reflexão, abraçam qualquer religião, que, porventura, se apresente, sem examiná-la, sem entendê-la. Estes, quando perguntados do porquê preferem esta religião às demais, não têm outra resposta, senão que esta lhes parece melhor – ou então, como cada um diz da sua – porque seguem a mais pura palavra de Deus.

Esse assunto, no entanto, é muito digno de suma deliberação e discussão, visto que se trata do ponto fundamental de nossa salvação. […] Por isso, decidi propor algumas considerações ou razões, tão claras a quem faça uso da razão, que, por meio delas, será possível formar um juízo certo sobre essa matéria.

SOBRE O AUTOR

Padre Leonardo Léssio foi um jesuíta flamengo e teólogo de grande reputação, nascido em Brecht, a 1 de outubro de 1554; falecido em Leuven, aos 15 de janeiro de 1623. Em 1572, entrou na Companhia de Jesus e, passados dois anos de noviciado, foi enviado a Douai para ensinar filosofia no Colégio dos Jesuítas até 1581. Ele estudou teologia em Roma, onde teve Francisco Suárez como professor por dois anos. Em 1585, voltou a Leuven, para ensinar teologia no Colégio dos Jesuítas, ocupando esta cátedra por quinze anos. Quando deixou de lecionar, foi instado por seus superiores e companheiros a publicar as conferências de teologia que havia proferido com tanto sucesso; isso ele fez, cedendo finalmente aos seus desejos. Ele era consultado de todos os cantos e se correspondia sobre assuntos teológicos com os doutores mais cultos da época, como Belarmino, Francisco Suárez, Vásquez, Molina, etc. Mas ele desejava logo terminar com o estudo e escrita de livros, para poder se voltar à oração e à contemplação no final de sua carreira. Seus restos mortais estão no coro da igreja jesuíta em Leuven. O Papa Urbano VIII prestou uma homenagem especial à sua santidade; São Francisco de Sales também o estimava muito por sua virtude e sua ciência. Após a sua morte, foram tomadas informações autênticas sobre sua vida e virtudes; ele agora está entre os veneráveis, e já foi introduzido o processo de sua beatificação.

Título: A SALVAÇÃO DOS PAGÃOS
Autor: Padre Alfonso Muzzarelli S.J.
Dimensões: 10,70 x 17,40 cm
Número de Páginas: 103 páginas
Data de Publicação: Setembro de 2022
Preço: 29,90

SOBRE A OBRA

A fé ensina que, fora da Igreja Católica, não há salvação. Contra essa verdade, os incrédulos, em todos os tempos, têm movido duríssima guerra. […]

Por conseguinte, espalha-se que a Igreja propõe uma severidade e crueldade imperdoáveis em Deus; a qual, de acordo com sua doutrina, dá-se a conhecer um Deus cheio de parcialidade e injustiça, que, sem causa, escolhe um povo e reprova outro; e que lança, no inferno, a maior parte da raça humana, unicamente porque não teve notícia da lei de Moisés ou de Jesus Cristo, e que, então, a salvação é pura questão de geografia.

Não pode haver calúnia ou blasfêmia mais atroz, para tornar a Igreja odiosa e condenar, como irracional e absurda, a sua doutrina. Donde o assunto, que me proponho a tratar, é muito mais importante do que parece à primeira vista. Mas, também, é um pouco mais difícil do que se pensa.

SOBRE O AUTOR

Padre Alfonso Muzzarelli foi um erudito jesuíta italiano, nascido aos 22 de agosto de 1749, em Ferrara e falecido aos 25 de maio de 1813, em Paris. Entrou para o noviciado jesuíta, em 20 de outubro de 1768, e ensinou gramática em Bolonha e Ímola. Após a supressão da Ordem, em 1773, ele recebeu um benefício em Ferrara e, um pouco mais tarde, foi nomeado diretor do Collegio dei Nobili, em Parma. Pio VII convocou-o a Roma e nomeou-o teólogo da Penitenciária Apostólica. Quando Pio VII foi exilado, em 1809, Muzzarelli também foi obrigado a deixar Roma, e transportado para Paris, onde passou o resto da vida, no convento das Dames de Saint-Michel.

Título: DOUTRINA CRISTÃ
Autor: São Roberto Belarmino S.J.
Dimensões: A5 (14,8 x 21cm)
Número de Páginas: 264
Data de Publicação: Março de 2022
Preço: 64,90

SOBRE A OBRA

Todos sabem que o grande Belarmino, todo coberto com os louros que a defesa da fé católica, em suas famosas controvérsias, rendeu-lhe, não desdenhou compor, a pedido de Clemente VIII, um catecismo simples para crianças, sob o título de Doutrina Cristã. Este precioso opúsculo… foi aprovado por um Breve do Clemente VIII, de 15 de julho de 1598… recomendado, novamente, por um Breve de Urbano VIII, de 22 de fevereiro de 1633, e elogiado por uma Constituição especial de Bento XIV, dirigida a todos os Patriarcas, Primazes, Arcebispos e Bispos, na data de 7 de fevereiro de 1742. Nesta, o Pontífice, recordando as palavras de Clemente VIII, exorta seus irmãos no episcopado a aceitá-la para a instrução de seus filhos. Não se pode, então, recusar a este Catecismo, que foi oficialmente publicado em toda a Igreja e – moralmente falando – espalhado por todo o mundo católico, como é demonstrado por suas edições em italiano, francês, espanhol, alemão, suíço, flamengo, inglês, eslavo, grego moderno, armênio e árabe, não se pode, digamos, negar-lhe o valor de um documento incontestável da crença da Igreja

Dom Prosper Guéranger, Mémoire sur la question de l’Immaculée Conception (1850), p. 52.

Seguindo os passos do Papa Clemente VIII, e de outros nossos predecessores, exortamos no Senhor, e assiduamente recomendamos que – no transmitir da Doutrina Cristã – seja empregado o livreto, que por ordem do mesmo Clemente, foi composto pelo Cardeal Belarmino. Em seguida, foi examinado atentamente e aprovado pela Congregação, a isto designada; por fim, foi mandado publicar, pelo mesmo Papa Clemente, com o salubérrimo desígnio de que, doravante, todos aderissem a esse mesmo e único método de ensinar e aprender a Doutrina Cristã.
Não há nada mais desejável do que esta uniformidade; nada mais oportuno e mais útil, para evitar que os erros sejam introduzidos – furtivamente – na variedade múltipla dos catecismos.

Papa Bento XIV, Etsi Minime,
7 de fevereiro de 1742.

Nem se deveria passar em silêncio, seus sermões sacros e obras catequéticas, principalmente aquele Catecismo, «que foi aprovado pelo uso dos séculos e pelo juízo de muitos bispos e doutores da Igreja». De fato, neste Catecismo, composto por ordem de Clemente VIII, o insigne santo teólogo expôs, para uso do povo cristão e especialmente das crianças, a verdade católica, em estilo simples, com tal brilho, ordem e exatidão, que por quase três séculos, em muitas regiões da Europa e do mundo, forneceu frutuosamente aos fiéis o pábulo da doutrina cristã.

Papa Pio XI, Providentissimus Deus,
17 de setembro de 1921.

Título: A PROFECIA DOS PAPAS E A GRANDE GUERRA
Autor: Monsenhor Albert Farges
Dimensões: 10,70 x 17,40 cm
Número de Páginas: 102 páginas
Data de Publicação: Março de 2022
Preço: 29,90

SOBRE A OBRA

A grande guerra mundial ao comprovar uma vez mais a antiquíssima profecia atribuída a São Malaquias, acaba de renovar sua relevância.

Sabemos que a célebre predição enumera muito brevemente, em duas ou três palavras características de cada um, toda a série de papas desde Celestino II, em 1143, até o fim dos tempos. Ora, o que poderia ser mais impressionante do que a breve nota que ela nos dá do reinado de Bento XV: a Cristandade despovoada: Religio depopulata! Ao longo dos tempos, já se viu uma hecatombe humana tão terrível, onde os mortos e mutilados são contados às dezenas de milhões, incluindo milhares de padres e religiosos? Já se sofreu as devastações de tal flagelo? E esse fato poderia ser expresso com mais energia?

Sobretudo depois de um século, as mais marcantes coincidências entre o texto da profecia e os eventos da história se acumularam a ponto de causar espanto aos mais céticos. Isso deve nos fazer desejar saber mais sobre ela.

Assim, tentaremos fazer brevemente o seu histórico, assinalar lealmente as objeções que se lhe têm oposto e mostrar, em um rápido retrospecto, sua realização ao longo dos séculos. Nossa conclusão sobre seu valor e a credibilidade que ela merece fluirá de forma espontânea.

Ao longo deste estudo, resumiremos da maneira mais imparcial possível o que foi dito antes de nós, sem qualquer pretensão de dizer algo de muito novo, pois tudo foi dito durante três séculos a favor ou contra o valor da célebre profecia.

Colocaremos apenas na balança da crítica histórica um fato novo, o da inesperada realização das divisas proféticas de todos os papas do século XIX até Bento XV, fato capital que os críticos dos séculos XVII e XVIII certamente não podiam prever, e de natureza tal a reformar vários de seus juízos.

Diante de um fato novo de tal importância, todo condenado tem o direito de fazer apelo a um novo tribunal.

SOBRE O AUTOR

Rev. Padre Albert Farges, P.S.S. foi um filósofo e teólogo da Companhia dos Padres de São Sulpício e Prelado de Sua Santidade (1848-1926), Farges ingressou no seminário sulpiciano em Paris e foi ordenado em 1872. Depois de lecionar nos seminários de Bruges e Nantes, ocupou o cargo de diretor de um seminário de Paris por 14 anos. Em 1896, tornou-se professor de filosofia no Instituto Católico de Paris e no Seminário Sulpiciano de Issy. Em seguida, tornou-se superior do Seminário de Angers.

A maior contribuição de Farges foi promover o renascimento dos estudos tomistas no final do século XIX. Sob o título geral de Études philosophiques pour vulgariser les théories d’Aristote et de S. Thomas et leur agreement avec les sciences [Estudos filosóficos para vulgarizar as teorias de Aristóteles e São Tomás e seu acordo com as ciências] em 9 volumes (Paris 1885-1907), ele produziu uma série de obras individuais dedicadas à restauração do tomismo, para as quais ele foi muito elogiado pela Academia Francesa e pelo Papa Leão XIII. Com um colega sulpiciano, o Rev. Padre Désiré Barbedette, Farges publicou um compêndio de filosofia escolástica em francês e latim que teve muitas edições.

Título: CALENDÁRIO CONTROVÉRSIA CATÓLICA 2022
Autor: Controvérsia Católica
Formato: A3
Número de Páginas: 15
Data de Publicação: dezembro de 2021
Preço: 89,00 Frete Grátis
Estoque: Esgotado

SOBRE A OBRA

Chegou o Calendário Controvérsia Católica 2022, cuja edição traz como tema mensal 12 Ordens Religiosas da Santa Igreja. Cada mês contará com uma belíssima imagem e texto descritivo, referente a uma ordem religiosa específica, indo dos Salesianos de Dom Bosco em janeiro às Monjas Concepcionistas em dezembro. Outra característica especial desta edição é um suplemento com a relação das Epístolas e Evangelhos de todos os Domingos e Principais Dias Santos, para que você possa acompanhar, com toda a comodidade, as leituras da Missa Dominical e outras festas importantes.

O Calendário, que se distribui em 15 páginas grandes no formato A3, apresenta as Festas e os Santos do Ano Litúrgico, incluindo o Próprio do Brasil, cada qual com a indicação de sua categoria e cor litúrgica, assim como as observâncias (jejum e abstinência) para os tempos penitenciais, segundo o Direito Canônico Pio-Beneditino e as rubricas de São Pio X. Além disso, em sua introdução, este contempla os Dias Santos de Guarda, a lei do jejum e abstinência, universal e do Brasil; e as devoções de cada mês, com a proposta de 36 exercícios de piedade, todos enriquecidos com indulgências, 3 para cada mês do ano. Em suma, o Calendário Controvérsia Católica 2022 é completo, interessante e tradicional, um poderoso auxílio para sua formação católica.

EDITORIAL

O gênero humano, depois que «pela inveja de Lúcifer» se rebelou contra Deus, dividiu-se como que em dois campos, diversos e inimigos entre si; um deles combate sem cansaço em favor do triunfo da verdade e do bem, o outro pelo triunfo do mal e do erro.

O primeiro é o reino de Deus sobre a terra, isto é, a verdadeira Igreja de Jesus Cristo; e quem lhe quiser pertencer com afeto sincero e como convém à salvação, deve servir com toda a mente e todo o coração a Deus e a seu Filho Unigênito. O segundo é o reino de Satanás e são seus súditos os que, seguindo os exemplos funestos de seu chefe e dos progenitores, se recusam a obedecer à lei eterna e divina, e sem preocupar-se com Deus, empreendem muitas coisas contra Deus.

Santo Agostinho descreveu esses dois reinos, semelhantes a duas cidades que com leis opostas vão para fi ns opostos, e remontou ao princípio gerador de ambos com estas palavras: «Duas cidades nasceram de dois amores, a terrena do amor de si até o desprezo de Deus, a celeste do amor de Deus até o desprezo de si.» (De Civitate Dei, l. XIV, c. 17).

Em toda a longa série dos séculos, essas duas cidades combateram uma contra a outra, com as armas e combates variados, ainda que nem sempre com o mesmo ardor e ímpeto. (Papa Leão XIII, Humanum Genus).

Cada uma das diversas corporações religiosas, que formam o exército brilhante, inexpugnável da Igreja, geralmente costuma pelejar nas batalhas do Senhor, manejando uma arma especial. Esta, no silêncio do claustro, na solidão dos bosques, saboreando as delícias da vida contemplativa, tem particular destreza em arremessar o dardo valente da oração: Ingens telus est oratio [Grande dardo é a oração]; aquela, dedicada aos afãs da vida ativa, às lidas penosas do Apostolado, brande com maestria e pujança o gládio acerado da palavra divina: Lingua eorum gladius acutus [Sua língua é uma espada afi ada]; essa outra, consagrada inteiramente à tarefa ingrata de educar e instruir a mocidade, é perita no manejo da arma poderosa do ensino. De sorte que a Esposa de Jesus Cristo anda cercada, guardada, defendida por uma admirável variedade de armas: Adstitit regina circumdata varietate [Apresentou-se à rainha… cercada de variedade]. (Dom Vital, A Maçonaria e os Jesuítas).

Neste ano de 2022, busquemos conhecer melhor este formidável aparato de armas e de homens santos que, em tempos difíceis, foram suscitadas pela Divina Providência, a fi m de fornecer à Igreja de Deus os instrumentos necessários para o combate espiritual, «porque não é contra a carne e o sangue que temos de lutar, e sim contra os principados e as potestades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra os espíritos malignos espalhados nos ares.» (Eph. 6, 10-17).

Título: EXPOSIÇÃO DA DOUTRINA DA IGREJA CATÓLICA EM MATÉRIAS DE CONTROVÉRSIA
Autor: Monsenhor Jacques-Bénigne Bossuet
Formato: 10,70 x 17,40
Número de Páginas: 148
Data de Publicação: setembro de 2021
Preço: 34,90 Frete Grátis

SOBRE A OBRA

Após mais de um século de controvérsias, com os senhores da pretensa religião reformada, as matérias, de onde estes forjaram a razão de sua ruptura, devem ser aclaradas, e os seus ânimos, dispostos, a compreender os ensinamentos da Igreja Católica sobre elas. Assim, parece que não se pode fazer coisa melhor do que, simplesmente, propor suas doutrinas, e bem distingui-las daquelas que lhe foram falsamente imputadas.

Com efeito, tenho notado, em diferentes ocasiões, que a aversão – que esses senhores têm pela maior parte de nossas doutrinas – está ligada às falsas ideias que conceberam e, frequentemente, a certas palavras que os impressionam de uma tal maneira, que – detendo-se aí prematuramente – nunca passam a considerar a substância das coisas. Por isso, logo me persuadi de que nada lhes poderia ser mais útil do que isto: explicar-lhes o que a Igreja definiu no Concílio de Trento, no tocante às questões que mais os afastam de nós, sem me deter naquilo que estes costumam objetar aos doutores particulares, ou a coisas que não são, nem necessárias, nem universalmente recebidas.

SOBRE O AUTOR

Jacques-Bénigne Bossuet (1627-1704) foi um célebre bispo, teólogo e orador francês, tido por muitos como um dos mais eloquentes pregadores de todos os tempos. Nasceu em Dijon, em uma família de magistrados. Ordenado ao sacerdócio em 1652, permaneceu como cônego em Metz até 1669. Com uma extraordinária vocação para a oratória, ganhou fama com os seus sermões. Em 1669, foi-lhe atribuída pela corte a função de proferir os elogios fúnebres de personagens importantes. Em 1670, resignou ao cargo de bispo de Condom, sendo nomeado tutor do príncipe herdeiro e eleito membro da Academia das Ciências. No ano seguinte, publicou uma de suas obras mais significativas, Exposition de la doctrine de l’Église Catholique sur les matières de controverse, acabando por ser nomeado, em 1681, bispo de Meaux.

Título: O PAPA E O ANTICRISTO: A CRISE ATUAL DA SANTA SÉ À LUZ DA PROFECIA
Formato: 10,70 x 17,40
Número de Páginas: 132
Data de Publicação: julho de 2021
Preço: 34,90 Frete Grátis ou 16,90 ebook via Kindle Store

SOBRE A OBRA

Estou plenamente ciente de que as verdades e os princípios da Revelação foram, pelo consentimento unânime dos homens públicos, formalmente excluídos da esfera política, e bem sei que empregá-los, como critério, para entender os acontecimentos do mundo é tido, nos dias de hoje, como uma debilidade de espírito.

Aqueles, que rejeitam completamente a Revelação, formam tal juízo com alguma coerência. De minha parte, porém, ignoro com que coerência o fazem aqueles que, professando acreditar na verdade do governo divino sobre o mundo, ainda assim o excluem do campo da história contemporânea. Vou, pois, prudens et videns, contra o espírito popular destes tempos e, talvez, sob pena de me expor ao desprezo ou compaixão, daqueles que acreditam que o mundo é governado unicamente pela ação da vontade humana. A esse risco, inscrevo-me de boa vontade e sem perturbação.

Minha intenção é examinar a atual relação da Igreja com os poderes civis do mundo, à luz de uma profecia registrada por São Paulo, e extrair certos princípios de caráter prático, para a direção daqueles que acreditam estar a vontade divina, também, presente nos eventos, que agora acontecem diante de nossos olhos.

Não vou entrar em exposições do Apocalipse ou calcular o ano do fim do mundo. Deixo isso para os que se sentem chamados a tais coisas. Os pontos que me proponho a abordar são poucos e práticos. O resultado que desejo atingir é um discernimento mais claro de quais princípios são cristãos e quais são anticristãos, com uma apreciação mais segura do caráter dos eventos pelos quais, atualmente, são provadas a Igreja e a Santa Sé. […]

Ao tratar desse assunto, não me aventurarei a quaisquer conjecturas pessoais, mas relatarei, simplesmente, o que encontrei nos Padres da Igreja ou em tais teólogos reconhecidos pela Igreja, a saber, Belarmino, Léssio, Malvenda, Viegas, Suárez, Ribera e outros.

SOBRE O AUTOR

Cardeal Henry Edward Manning nasceu em 15 de julho de 1808, no condado de Hertfordshire, sul da Inglaterra. Foi ordenado sacerdote da igreja anglicana e casou-se com a jovem Caroline, casamento este que durou apenas 4 anos, pois sua jovem esposa morreu em 24 de julho de 1837. Assumiu um papel importante dentro do movimento educacional anglicano e, em 1838, fez sua primeira visita a Roma. Depois de apoiar e pertencer ao Movimento de Oxford, Manning se converteu ao catolicismo em 1850, sendo recebido na Igreja Católica no dia 6 de abril de 1851 e, pouco depois, em 14 de junho de 1851, foi ordenado sacerdote. Devido às suas habilidades e sua fama, alcançou rapidamente uma posição de grande influência e, em 1865, foi nomeado Arcebispo de Westminster. Um de seus maiores feitos na Inglaterra foi a construção da Catedral de Westminster, além de contribuir para a fundação de escolas católicas em todo o país. O seu nome sempre esteve associado com a defesa das prerrogativas da Santa Sé, mas tal se manifestou particularmente por ocasião do Concílio do Vaticano (1869-1870), no qual foi um dos mais brilhantes defensores do dogma da infalibilidade papal. Em 1875, foi nomeado Cardeal e participou do conclave que elegeu o Papa Leão XIII, em 1878. Cardeal Manning faleceu aos 83 anos, em 14 de janeiro de 1892.

Título: A PROFECIA DOS PAPAS, DITA DE SÃO MALAQUIAS, E A GRANDE GUERRA
Formato: Kindle
Número de Páginas: 100
Data de Publicação: abril de 2021
Preço: 14,90 ebook via Kindle Store

SOBRE A OBRA

A grande guerra mundial ao comprovar uma vez mais a antiquíssima profecia atribuída a São Malaquias, acaba de renovar sua relevância.

Sabemos que a célebre predição enumera muito brevemente, em duas ou três palavras características de cada um, toda a série de papas desde Celestino II, em 1143, até o fim dos tempos. Ora, o que poderia ser mais impressionante do que a breve nota que ela nos dá do reinado de Bento XV: a Cristandade despovoada: Religio depopulata! Ao longo dos tempos, já se viu uma hecatombe humana tão terrível, onde os mortos e mutilados são contados às dezenas de milhões, incluindo milhares de padres e religiosos? Já se sofreu as devastações de tal flagelo? E esse fato poderia ser expresso com mais energia?

Sobretudo depois de um século, as mais marcantes coincidências entre o texto da profecia e os eventos da história se acumularam a ponto de causar espanto aos mais céticos. Isso deve nos fazer desejar saber mais sobre ela.

Assim, tentaremos fazer brevemente o seu histórico, assinalar lealmente as objeções que se lhe têm oposto e mostrar, em um rápido retrospecto, sua realização ao longo dos séculos. Nossa conclusão sobre seu valor e a credibilidade que ela merece fluirá de forma espontânea.

Ao longo deste estudo, resumiremos da maneira mais imparcial possível o que foi dito antes de nós, sem qualquer pretensão de dizer algo de muito novo, pois tudo foi dito durante três séculos a favor ou contra o valor da célebre profecia.

Colocaremos apenas na balança da crítica histórica um fato novo, o da inesperada realização das divisas proféticas de todos os papas do século XIX até Bento XV, fato capital que os críticos dos séculos XVII e XVIII certamente não podiam prever, e de natureza tal a reformar vários de seus juízos.

Diante de um fato novo de tal importância, todo condenado tem o direito de fazer apelo a um novo tribunal.

SOBRE O AUTOR

Rev. Padre Albert Farges, P.S.S. foi um filósofo e teólogo da Companhia dos Padres de São Sulpício e Prelado de Sua Santidade (1848-1926), Farges ingressou no seminário sulpiciano em Paris e foi ordenado em 1872. Depois de lecionar nos seminários de Bruges e Nantes, ocupou o cargo de diretor de um seminário de Paris por 14 anos. Em 1896, tornou-se professor de filosofia no Instituto Católico de Paris e no Seminário Sulpiciano de Issy. Em seguida, tornou-se superior do Seminário de Angers.

A maior contribuição de Farges foi promover o renascimento dos estudos tomistas no final do século XIX. Sob o título geral de Études philosophiques pour vulgariser les théories d’Aristote et de S. Thomas et leur agreement avec les sciences [Estudos filosóficos para vulgarizar as teorias de Aristóteles e São Tomás e seu acordo com as ciências] em 9 volumes (Paris 1885-1907), ele produziu uma série de obras individuais dedicadas à restauração do tomismo, para as quais ele foi muito elogiado pela Academia Francesa e pelo Papa Leão XIII. Com um colega sulpiciano, o Rev. Padre Désiré Barbedette, Farges publicou um compêndio de filosofia escolástica em francês e latim que teve muitas edições.

Título: OBRA DE MÃOS HUMANAS: UMA CRÍTICA TEOLÓGICA À MISSA DE PAULO VI
Formato: 17,00 x 23,00
Número de Páginas: 526
Data de Publicação: outubro de 2020
Preço: 99,00 Frete Grátis

SOBRE A OBRA

O interesse pela Missa Tridentina começou a crescer entre sacerdotes e leigos da nova geração, especialmente depois do Motu Proprio Summorum Pontificum de Bento XVI. Muitos agora falam entusiasticamente sobre achar no rito antigo uma beleza, uma reverência e um senso de continuidade com a tradição que eles não experimentaram na Missa de Paulo VI, a norma litúrgica desde sua primeira aparição em 1969.

Contudo, inevitavelmente, surgem questões mais profundas do que estética, nostalgia e sede pelo misterioso em religião. A fim de tratá-las, Padre Cekada produziu este estudo metódico e compreensivo sobre a Missa de Paulo VI.

“Repleto de análises interessantes e credíveis… Uma contribuição importante ao corrente debate… Encorajo que outros o leiam.”
Mons. Andrew Wadsworth, Secretário Geral da ICEL – Comissão Internacional sobre o Inglês na Liturgia

“Cuidadosamente discutido… Bem pesquisado… Aponta para a grande questão que não temos sido preparados para enfrentar.”
Alcuin Reid, autor de Organic Development of the Liturgy

“Bem documentado… Original e digno de atenção.”
Dr. Geoffery Hull, Christian Order
“A crítica tradicionalista definitiva.”
Dr. Stephan McInerney, Oriens

“Sagaz, legível… Exige uma resposta.”
Brian Mershon, Renew America

SOBRE O AUTOR

O Reverendo Padre Anthony Cekada foi ordenado ao sacerdócio, em 1977, pelo Arcebispo Marcel Lefebvre. Celebra Missa Tridentina na grande região de Cincinati e ensina Liturgia e Código de Direito Canônico no Seminário da Santíssima Trindade em Brooksville, Flórida. Ele é o autor da definitiva tradução inglesa da Intervenção Ottaviani.

P. S. O autor veio a falecer no dia 11 de setembro de 2020, aos 69 anos de idade e 43 de sacerdócio. Mais informações sobre sua vida e obra podem ser encontradas em seu Obituário.

Novas Pérolas de Francisco: Leituras na Missa Tridentina, Aborto, Obediência, China e sua Renúncia

A primeira entrevista de Francisco desde sua cirurgia, realizada ontem, dia primeiro de setembro, foi novo ensejo para novas pérolas de Jorge Mario Bergoglio. Foram 76 minutos, em que estiveram na pauta, temas polêmicos, tais como: leituras em latim na Missa Tridentina, aborto, obediência a um programa pré-definido, paciência e diálogo (com comunistas) e o caso de sua renúncia, os quais merecem ser lembrados, para que se registre e compreenda a distância em que está a Igreja de Francisco daquela Igreja Católica dos tempos pré-conciliares, e o quanto uma e outra lutam entre si, com princípios e valores completamente diferentes.

Para que não digam que estou pondo palavras em sua boca, deixarei o homem falar em seu espanhol, pondo apenas algumas legendas literais, para maior comodidade do espectador, enquanto limito-me a dar o contexto e tecer breves comentários a cada um dos temas assinalados.

Santa Carona e a Opinião do Papa

O Guilherme do canal Santa Carona, em seu vídeo sobre o motu Traditionis Custodes, diz sempre, sempre, sempre seguir a opinião do Papa. Chega a dizer: a nossa opinião é a do Papa.

Depois de um diligente exame, verificamos que ele está longe de cumprir o que promete. São palavras ao vento, sem consequências práticas, que afetem o seu trabalho.

A opinião de Francisco sobre questões como casais que vivem emancebados não aparece nas suas instruções sobre “namoro santo”, tampouco vemos ali qualquer rastro a respeito da doutrina bergogliana sobre contraceptivos, menos ainda aquela que afirma que os pecados contra a carne são os menos sérios.

Em realidade, vemos que ele precisa fazer uma reciclagem no seu canal, se a ideia é, em tudo, conformar-se à opinião do Papa. É isso o que demonstro neste vídeo.

Eis alguns documentos que o Guilherme deveria conhecer melhor no sentido de (1) ou reformar os vídeos do seu canal de acordo com a opinião do Papa, (2) ou constatar que a opinião do seu papa é herética e imoral, e que adotá-las equivale à transgressão da lei natural e divina:

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO NA ABERTURA DO CONGRESSO ECLESIAL DA DIOCESE DE ROMA https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2016/june/documents/papa-francesco_20160616_convegno-diocesi-roma.html

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO MÉXICO (12-18 DE FEVEREIRO DE 2016) CONFERÊNCIA DE IMPRENSA NO VOO DE REGRESSO A ROMA https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2016/february/documents/papa-francesco_20160217_messico-conferenza-stampa.html

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES NO ENCONTRO POR OCASIÃO DO XXV ANIVERSÁRIO DO CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA
https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/october/documents/papa-francesco_20171011_convegno-nuova-evangelizzazione.html

Mais citações de opiniões de Francisco em http://francisquotes.com/ e https://novusordowatch.org/

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Padre Cekada expõe Roncalli e Ratzinger

Sermão proferido pelo Reverendo Padre Anthony Cekada no dia 1.º de fevereiro de 2009, no qual fala sobre o então aniversário de 50 anos de convocação do Concílio Vaticano II, por João XXIII, e o levantamento das excomunhões dos quatro bispos ordenados por Monsenhor Lefebvre, feito durante essa comemoração, por Bento XVI.

A principal heresia do Vaticano II, o ecumenismo, não poderia vir senão das mãos de Roncalli, um homem com um longo histórico de conexão com os modernistas clássicos do século XX, nem poderia ser mais bem ilustrada do que pela teoria de Ratzinger sobre a Igreja-Comunhão, a qual Padre Cekada chamava de a Igreja-Frankenstein. Essas e outras coisas são expostas neste excelente sermão do Reverendo Padre Anthony Cekada.

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