Francisco e o Fim da Missa em Latim

Um acontecimento destas proporções não acontece todos os dias: literalmente, trata-se do fim da Missa Tridentina como forma extraordinária do Rito Romano nos domínios de Francisco, e um puxão-de-orelha formidável e bem-merecido em todos aqueles que lideram uma resistência falha e parcial à seita modernista, herética e apóstata, do Concílio Vaticano II.

Todos eles, doravante, se quiserem continuar com a MIssa em latim debaixo do guarda-chuva pós-conciliar, precisarão dar aos seus respectivos bispos diocesanos, e mesmo ao Vaticano, provas cabais de sua sincera e incondiconal adesão ao Vaticano II, às reformas e aos atos da hierarquia pós-conciliar.

Acabou a festa dos entusiastas da já morta e enterrada Missa do Motu de Bento XVI, e foram confundidos o Centro Dom Bosco, a Associação Cultural Montfort, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira e tantos outros grupos semi-tradicionalistas, que são incapazes de justificar sua resistência dentro de uma perspectiva católica integral.

Lemos todo o texto do Motu Proprio de Francisco, juntamente com a carta que o acompanha. Refletimos sobre as notícias que se seguiram na mídia católica, nacional e internacional. Apresentamos neste vídeo o resultado, que será publicado com uma tradução nossa do artigo do site Novus Ordo Watch a este respeito.

Eis os links para o material citado no decorrer do vídeo:

Padre Anthony Cekada, A Armadilha do Motu Proprio https://controversiacatolica.wordpress.com/2019/07/13/a-armadilha-da-missa-do-motu-proprio/

Controvérsia Católica, URGENTE: Francisco quer abolir a Missa Tridentina https://controversiacatolica.wordpress.com/2021/05/27/urgente-francisco-quer-abolir-a-missa-tridentina/

Idem, ATUALIZAÇÕES: Francisco e o Futuro da Missa Tridentina https://controversiacatolica.wordpress.com/2021/06/07/atualizacoes-francisco-e-o-futuro-da-missa-tridentina/

Motu Proprio Traditionis Custodes sobre o uso da Liturgia Romana antes da Reforma de 1970 https://www.vatican.va/content/francesco/es/motu_proprio/documents/20210716-motu-proprio-traditionis-custodes.html

Francisco, Carta aos bispos de todo o mundo para apresentar o Motu Proprio Traditionis Custodes https://www.vatican.va/content/francesco/es/letters/2021/documents/20210716-lettera-vescovi-liturgia.html

John S. Daly, O Concílio Vaticano II tem ensinamentos infalíveis? O Magistério Ordinário e Universal https://controversiacatolica.wordpress.com/2021/06/24/o-concilio-vaticano-ii-tem-ensinamentos-infaliveis-o-magisterio-ordinario-e-universal/

Vatican News, Novas normas sobre a missa antiga, maior responsabilidade ao bispo https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2021-07/papa-francisco-motu-proprio-novas-normas-missa-antiga-missal.html

Dom Total, Papa limita celebrações da ‘Missa Tridentina’ https://domtotal.com/noticia/1527936/2021/07/papa-limita-celebracoes-da-missa-tridentina/

Rorate Caeli, URGENT: ANTI-SUMMORUM MOTU PROPRIO “Traditionis Custodes” https://rorate-caeli.blogspot.com/2021/07/urgent-anti-summorum-motu-proprio.html#more

Cf. também Idem, A RORATE CÆLI Editorial: The Attack of Hatred and Vengeance Against the Latin Mass Should be Ignored https://rorate-caeli.blogspot.com/2021/07/a-rorate-cli-editorial-attack-of-hatred.html [O editorial do Rorate se resume nisto: não dê a mínima para o que o Papa diz, ignore tudo e siga em frente.]

IPCO, URGENTE: PAPA PROIBE MISSA em LATIM nas Paróquias e AUMENTA a CRISE na IGREJA https://youtu.be/7BSjvYQqVVc

Centro Dom Bosco, Não podemos desanimar com o que aconteceu hoje! https://youtu.be/i7xJOgN9LKE

Novus Ordo Watch, The Party Is Over: Francis kills ‘Summorum Pontificum’, severely limits Use of 1962 Missal https://novusordowatch.org/2021/07/francis-kills-summorum-pontificum/

A FESTA ACABOU: FRANCISCO MATA O “SUMMORUM PONTIFICUM”, LIMITA SEVERAMENTE O USO DO MISSAL DE 1962

Via Novus Ordo Watch

A festa acabou: Francisco mata o “Summorum Pontificum”, limita severamente o uso do Missal de 1962

Notícia de última hora da Cidade do Vaticano: a carta apostólica na forma de motu proprio, Summorum Pontificum, de Bento XVI, que introduziu a utilização mais ampla da chamada Missa Tridentina, ou seja, o uso do Missal Roncalliano de 1962, é história.

Com um golpe de pena, o falso “Vigário de Cristo” Jorge Bergoglio, também conhecido como “Papa” Francisco, revogou o documento ao qual os tradicionalistas da Igreja do Vaticano II se apegaram como o alicerce de sua “Cultura da Missa em Latim”. Agora, forçadas pela lógica e pelos fatos indesejáveis, as galinhas retornam ao seu poleiro.

Aqui está o texto completo, em espanhol, divulgado pelo Vaticano:

Francisco, Carta Apostólica em forma de Motu Proprio «Traditionis Custodes» sobre o uso da Liturgia Romana antes da Reforma de 1970 (16 de julho de 2021) https://www.vatican.va/content/francesco/es/motu_proprio/documents/20210716-motu-proprio-traditionis-custodes.html

Francisco também divulgou uma carta explicando os motivos que o levaram a publicar a Traditionis Cusstodes:

Carta de Francisco para apresentar o motu proprio «Traditionis Custodes» https://www.vatican.va/content/francesco/es/letters/2021/documents/20210716-lettera-vescovi-liturgia.html

Em suma, este novo motu proprio decreta o seguinte:

  • Não existe mais forma ordinária ou extraordinária – o Novus Ordo Missae de Paulo VI é a “expressão única da lex orandi do Rito Romano”, frase que certamente será muito comentada no futuro.
  • Só o bispo diocesano pode regular as celebrações litúrgicas em sua diocese.
  • O bispo diocesano deve determinar se algum dos grupos de Missa Tridentina em sua diocese nega a validade ou legitimidade do Novus Ordo Missae.
  • O bispo diocesano deve designar locais específicos onde os frequentadores da Missa Tridentina possam se reunir para sua “celebração eucarística” – não pode ser em “igrejas paroquiais” e nenhuma nova “paróquia pessoal” pode ser estabelecida.
  • Nesses locais, o bispo diocesano deve estabelecer os dias específicos em que a Missa Tridentina possa ser oferecida.
  • Quando oferecidas, as leituras (Epístola, Evangelho) da Missa Tridentina devem ser lidas na língua vernácula (ou seja, em português, italiano, etc.) usando uma tradução que a respectiva conferência episcopal tenha aprovado para uso litúrgico (em nosso caso, a tradução da CNBB).
  • O Bispo diocesano nomeie um sacerdote idôneo, a quem seja confiada não só a celebração da Missa Tridentina, mas também o cuidado pastoral das pessoas que a frequentarem. Ele deve ser “animado por uma viva caridade pastoral e por um sentido de comunhão eclesial”, que também cuida espiritualmente dessas pessoas.
  • Nenhuma nova comunidade ou grupo de Missa Tridentina deve ser estabelecido.
  • Os padres que desejam oferecer a Missa Tridentina, após a publicação deste decreto, devem solicitar a permissão de seu bispo, que por sua vez, deve consultar a Santa Sé antes de concedê-la.
  • Os padres que atualmente usam o Missal de 1962 devem solicitar permissão do bispo local para continuar a fazê-lo.
  • Qualquer coisa que contradiga este novo decreto, Francisco revoga, não importa sua autoridade
  • Este novo decreto entra em vigor imediatamente e será publicado na Acta Apostolicae Sedis

Isso não é nada menos que uma guerra total. É um verdadeiro massacre espiritual para os semitradicionalistas.
Em seu costumeiro amor devotado e obediência ao “Romano Pontífice”, o blog Rorate Caeli sinalizou sua pronta submissão de intelecto e vontade ao novo decreto da seguinte maneira:

O ataque a Summorum é a censura mais forte que qualquer pontífice fez a qualquer predecessor de viva memória.

Chocante e assustador.

Francisco nos odeia.

Francisco ODEIA a tradição.

Francisco ODEIA tudo o que é bom e belo.

Francisco, por esta ação, mostra-se como a mais proeminente figura antricrística (no sentido de CONTRA JESUS CRISTO) desta época.]

***

FRANCISCO MORRERÁ, A MASSA TRIDENTINA VIVERÁ PARA SEMPRE

In: URGENT: ANTI-SUMMORUM MOTU PROPRIO “Traditionis Custodes” https://rorate-caeli.blogspot.com/2021/07/urgent-anti-summorum-motu-proprio.html#more

Sim, o negrito e todas as letras maiúsculas estão no original. Se o novo motu proprio fosse apenas um leve tapa no pulso exigindo mais incenso, Rorate Caeli teria tuitado presunçosamente: “O Espírito Santo mais uma vez age para proteger a Santa Madre Igreja”.

Como o Salmo 117, 9 diz: “É bom confiar no Senhor, em vez de confiar nos príncipes.” Pessoas que colocam sua confiança em modernistas como Francisco ou Bento XVI, obterão… Modernismo. A Igreja do Vaticano II é uma igreja falsa modernista. O Summorum Pontificum simplesmente permitiu que aqueles que pretendiam ser bons católicos tradicionais mascarassem a feia realidade da igreja da qual fazem parte, fazendo-os acreditar que poderiam ser católicos romanos tradicionais em uma seita modernista.

Agora a festa acabou, a máscara caiu!

Protestantismo: a religião da pirraça contra o catolicismo

Em honra dos Quarenta Mártires do Brasil, missionários jesuítas que, em 15 de julho de 1570, foram assassinados pelos protestantes.

O protestantismo é a religião da pirraça contra o catolicismo. Mas se acontecer de o protestante parar de protestar, e começar a estudar a fé católica a fundo, com seriedade, sem deixar-se surpreender pelas palavras, mas procurando entender o sentido das coisas, logo serão vencidas as dificuldades que o separam da Igreja Católica.

A primeira coisa que o protestante deve saber e perceber é que os católicos possuem os fundamentos do cristianismo, e que no catolicismo há todas as coisas boas e cristãs que pode haver no protestantismo, aliás, trata-se aqui de uma verdade histórica empiricamente constatável: o que há de bom e cristão no próprio protestantismo veio do mesmo catolicismo.

Isso é o que confessaram até mesmo os pretensos reformadores protestantes.

“Assim nós reconhecemos que sob o papado”, afirma o próprio Lutero, “há muitas coisas boas e cristãs, de fato tudo o que é bom e cristão, e é do papado que essas coisas chegaram até nós. Nomeadamente, reconhecemos que o papado possui a verdadeira Sagrada Escritura, o verdadeiro Batismo, o verdadeiro sacramento do Altar, as verdadeiras chaves do perdão dos pecados, o verdadeiro ministério de pregação e o verdadeiro catecismo – consistindo no Padre Nosso, nos Dez Mandamentos e nos artigos do Credo… Digo que sob o papa existe o verdadeiro cristianismo, mesmo o verdadeiro modelo de cristianismo, e muitos santos grandes e piedosos.” (Von der Wiedertaufe, an zwei Pfarrherrn [Sobre o rebatismo, a dois pastores], 1528).

Calvino igualmente confessa que Deus preservou os fundamentos da religião sob o Papado, da mesma forma que preservou a aliança e a circuncisão entre os judeus no Velho Testamento:

“Ainda assim, como nos tempos antigos, permaneceram entre os judeus certos privilégios especiais de uma Igreja, então nos dias atuais não negamos aos papistas aqueles vestígios de uma Igreja que o Senhor permitiu que permanecesse entre eles em meio à dissipação. Quando o Senhor uma vez fez sua aliança com os judeus, ela foi preservada, não tanto por eles quanto por sua própria força, pela qual resistia à sua impiedade. Tal é, então, a certeza e constância da bondade divina, que a aliança do Senhor continuou ali e sua fidelidade não pôde ser obliterada por sua perfídia; nem poderia a circuncisão ser profanada por suas mãos impuras a ponto de não ser ainda um verdadeiro sinal e sacramento de sua aliança. Consequentemente, os filhos que nasceram deles o Senhor chamou de seus (Ez 16:20), embora, a menos que por bênção especial, eles em nenhum aspecto pertencessem a ele. Assim, tendo depositado seu pacto na Gália, Itália, Alemanha, Espanha e Inglaterra, quando esses países foram oprimidos pela tirania do Anticristo, Ele, para que seu pacto permanecesse inviolável, primeiro preservou o batismo lá como uma evidência do pacto; — Batismo que, consagrado por seus lábios, conserva seu poder, apesar da depravação humana; similarmente, por sua Providência, Ele fez também que permanecessem outros restos, para impedir que a Igreja perecesse totalmente. E como às vezes os prédios são demolidos de uma tal sorte que os fundamentos e algumas aparências das ruínas permanecem, então nosso Senhor não permitiu que o Anticristo subvertesse sua Igreja desde sua fundação, nem a nivelasse com o solo (embora, para punir a ingratidão dos homens que desprezaram sua palavra, ele permitiu que acontecesse um terrível abalo e desmembramento), mas ficou satisfeito que em meio à devastação o edifício permanecesse, embora meio em ruínas.” (Institutiones Christianae Religionis IV, 2, 11).

Também o ministro protestante Jean Daillé, em sua obra intitulada A Fé fundada sobre as Santas Escrituras (1661), após ter exposto todos os artigos cridos pelas pretensas Igrejas Reformadas, diz: “que eles são sem disputa; que a Igreja Romana faz profissão de crê-los; e que, na verdade, este não contém todas as nossas opiniões, mas nós defendemos todas as suas crenças.” (Parte III. cap. 1).

Ora, se os próprios pais e mestres dos protestantes confessam que entre nós e eles há em comum os fundamentos da fé cristã, qual é o motivo da separação? O motivo não é outro além da pirraça, do desprezo e do preconceito contra os católicos.

Com efeito, luteranos e calvinistas discordam fortemente sobre a questão da Eucaristia, os últimos chegam a dizer que aqueles destroem a doutrina da humanidade de Jesus Cristo com sua fé na presença de nosso Senhor na Eucaristia. Ainda assim, são igrejas irmãs e recebem uns aos outros como crentes. Os protestantes entre si entendem muito bem que o que importa é o que o outro ensina e não o que eu julgo serem consequências ruins de seus ensinamentos. No entanto, isso não vale para os católicos.

Tratam-se de dois pesos e duas medidas, algo infelizmente comum entre os sectários: protegem-se entre si quanto às diferenças de opinião, mas qualquer ligeira suspeita serve de acusação contra a Igreja Católica.

Aqueles que não desejam fazer parte deste injusto complô contra a Igreja, procurem inteirar-se mais sobre nossas doutrinas. Contem comigo para ajudá-los neste processo.

Eis alguns materiais sugeridos:

Bíblia Católica Comentada https://controversiacatolica.wordpress.com/biblia-catolica-comentada/

Citações Bíblicas que constituem o dogma católico contra os erros protestantes https://controversiacatolica.wordpress.com/2017/04/20/indice-biblico-contra-os-erros-protestantes/

Por que o seu bairro está cheio de igrejas protestantes? https://controversiacatolica.wordpress.com/2021/06/15/por-que-o-seu-bairro-esta-cheio-de-igrejas-protestantes/

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Novas descobertas sobre Fátima, o Terceiro Segredo e a Irmã Lúcia dos Santos

Novas descobertas sobre Fátima, o Terceiro Segredo e a Irmã Lúcia dos Santos: Uma conversa com Dr. Peter Chojnowski, o fundador de “Sister Lucy Truth”.

Nós do “Sister Lucy Truth” declaramos publicamente que, baseados na evidência mostrada aqui, que a mulher apresentada ao mundo como a “Irmã Lúcia”, de sua primeira aparição pública em 13 de maio de 1967, até seu falecimento em 13 de fevereiro de 2005, não é a mesma pessoa que a Irmã Lúcia, vidente de Fátima e visionária que previu o milagre do sol em 13 de outubro de 1917.

Esta, uma das maiores fraudes na história da Igreja, foi descoberta através do uso dos melhores programas de reconhecimento facial disponíveis, conjuntamente com o testemunho acumulativo de cirurgiões plásticos, ortodontistas, artistas forenses, investigadores privados, analistas de grafia e peritos em reconhecimento facial. devido a disponibilidade de centenas de fotos da Irmã Lúcia na internet e em biografias autorizadas, este caso de substituição, fraude e roubo de identidade pôde ser descoberto e analisado. Sem os juízos dos melhores e mais relevantes profissionais disponíveis, não estaríamos fazendo essa grave denúncia, e apresentando essa acusação.

Vamos continuar a acumular e postar neste site novos estudos e pesquisas sobre essa investigação na medida que elas são produzidas e publicadas. Todos os nomes dos peritos relevantes deve ser publicado juntamente com os seus achados. Todos os nomes dos peritos relevantes deve ser publicado com seus achados profissionais. A verdade sobre o desaparecimento da verdadeira Irmã Lúcia e a identidade da impostora que tomou seu lugar, será posta diante de um investigador privado no estrangeiro, que irá investigar e resolver o caso.

A fraude foi identificada e nomeada. Acusamos os oficiais de alto escalão no Vaticano de conspiração para perpetuar e esconder a substituição da Irmã Lúcia dos Santos de Fátima por uma impostora ainda desconhecida.

Veja nossa investigação em
sisterlucytruth.org

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Bento XVI e Protestantismo: Lutero, Reforma e Revolução Papal

BENTO XVI E O PROTESTANTISMO: REFORMA, LUTERO E REVOLUÇÃO PAPAL

Por Diogo Rafael Moreira

“Ele disse algo que sinaliza bem em que pé está esse diálogo [entre católicos e luteranos]. Ao comentar as intenções de Lutero no século 16, [Bento 16] acabou revolucionando o magistério papal em relação à questão ao afirmar que, por trás das inquietações do reformador alemão estava uma profunda experiência com a misericórdia de Deus… Não dá para imaginar um papa no século 18 ou 19 fazendo um elogio desses à pessoa que, durante anos, foi vista como pivô do cisma ocidental.”

Mirticeli Medeiros para a BBC News Brasil,
25/04/2021 em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-56809062

VÍDEO: https://youtu.be/XfoMjZkatnE

Escreve-nos um comentador do vídeo A PESTE DO PROTESTANTISMO LANÇARÁ O BRASIL NO ATEÍSMO:

“Cadê o Bento 16? Ele não se escondeu e deu o lugar ao Francisco, para não morrer? Hoje está escondido só assistindo de camarote as lambanças que Francisco apronta, dividindo vocês…”

Respondo: Não é justo dizer que Bento XVI foi simplesmente um covarde, ele também teve sua parte nos escândalos produzidos na era de Francisco. Por exemplo, ambos assumiram uma posição pouco cristã com respeito aos hereges protestantes.

Em vez de mostrar-lhes a verdadeira fé e chamar-lhes à conversão, como fez o Papa Leão XIII na encíclica Satis Cognitum ou Pio XI na encíclica Mortalium Animos, em união com todos os verdadeiros e legítimos sucessores de São Pedro na Santa Sé de Roma; estes dois resolveram fechar os olhos para os graves erros dos protestantes contra a doutrina e a moral de Jesus Cristo (com todas as sua graves consequências para a glória de Deus e a salvação das almas), e tristemente, amando mais aos homens do que a Deus, honraram a Martinho Lutero como se o pai do protestantismo e a causa principal da divisão entre os cristãos na Europa fosse um exemplo a ser seguido.

Como o senhor já admite que Francisco faz muitas lambanças, torna-se desnecessário lembrar toda a que ele fez na condição de um dos protagonistas da comemoração ecumênica dos 500 anos da Revolta Protestante em 2017. Mas cumpre recordar que essa lambança de Francisco foi apenas a execução de um plano de Bento XVI, expresso já em 2011 em um Discurso à Delegação da Igreja Unida Evangélica Luterana da Alemanha:

“Portanto, dirijamos juntos o nosso olhar para o ano de 2017, que nos recorda a divulgação das teses de Martinho Lutero sobre as indulgências, há quinhentos anos. Nessa ocasião, luteranos e católicos terão a oportunidade de celebrar no mundo inteiro uma comum comemoração ecumênica, de defender a nível mundial as questões fundamentais, e não — como Vossa Excelência acabou de dizer — sob forma de uma celebração triunfalista, mas como uma profissão comum na nossa fé no Deus Uno e Trino, na obediência comum a nosso Senhor e à sua Palavra. Temos que atribuir um lugar importante à oração comum e à prece interior, dirigidas a nosso Senhor Jesus Cristo pelo perdão das injustiças recíprocas e pela culpa relativa às divisões. Desta purificação da consciência faz parte o intercâmbio recíproco sobre a avaliação dos 1500 anos que precederam a Reforma e que, portanto, nos são comuns. Por isso, desejamos implorar conjuntamente e de modo incessante a ajuda de Deus e a assistência do Espírito Santo, para podermos dar outros passos rumo à unidade almejada e não descansarmos nos resultados já alcançados.” (https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2011/january/documents/hf_ben-xvi_spe_20110124_chiesa-evang-luter.html)

Note bem o que Bento XVI pressupõe em seu discurso:

Em primeiro lugar, católicos e luteranos devem comemorar sua “obediência comum a nosso Senhor e à sua Palavra”. Do ponto de vista católico tradicional, tal obediência comum não existe, pois o protestantismo não agrada a Deus. A seguinte proposição foi condenada pelo Papa Pio IX no Syllabus:

O protestantismo não é outra coisa que uma forma diferente da própria verdadeira religião cristã, na qual, como na Igreja Católica, é possível agradar a Deus. (Papa Pio IX, Sílabo, 8 dez. 1864; Denzinger-Hünermann n. 2918)

Dizendo que católicos e protestantes devem comemorar sua “obediência comum a nosso Senhor e à sua Palavra”, Bento XVI pressupõe que o protestantismo, como o catolicismo, agrada a Deus. Evidentemente, esse argumento somente pode favorecer aos ímpios que lisonjeiam o protestantismo, porque sabem que, apoiados no livre-exame das Sagradas Escrituras, podem assim facilmente espalhar os seus erros enquanto clamam seguir a autoridade de Deus (cf. Pio IX, Nostis et Nobiscum, n. 6).

Mas não foi esta a primeira vez que ele o faz. Quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé sob João Paulo II, o mesmo Bento XVI afirmou o seguinte em um livro de teologia dogmática:

“Ambas, a interpretação católica e protestante do cristianismo, tem significado, cada qual a sua maneira; elas são verdadeiras em seu momento histórico…” (Bento XVI, então Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Principles of Catholic Theology, 1982, p. 16)

Portanto, a partir dessas afirmações, podemos seguramente concluir que Bento XVI é um liberal e modernista, que ventila uma doutrina formalmente condenada no Syllabus de Pio IX.

Depois, afirma que a comemoração deve ser feita para que católicos e luteranos rezem juntos. Aparentemente, trata-se de uma nobre iniciativa, um ato de caridade. Contudo, trata-se do contrário. Já que o protestantismo não agrada a Deus, a caridade a Deus exige que o evitemos, e a caridade ao próximo manda que os exortemos a retornar á fé católica. É isso o que ensina Pio XI na Mortalium Animos:

“Ninguém ignora por certo que o próprio João, o Apóstolo da Caridade, que em seu Evangelho parece ter manifestado os segredos do Coração Sacratíssimo de Jesus e que permanentemente costumava inculcar à memória dos seus o mandamento novo: ‘Amai-vos uns aos outros’, vetou inteiramente até mesmo manter relações com os que professavam de forma não íntegra e incorrupta a doutrina de Cristo: ‘Se alguém vem a vós e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem digais a ele uma saudação’ (2 Jo 10). Pelo que, como a caridade se apoia na fé íntegra e sincera como que em um fundamento, então é necessário unir os discípulos de Cristo pela unidade de fé como no vínculo principal.” (Papa Pio XI, Mortalium Animos, n. 13; 6 jan. 1928)

Se buscarmos saber o porquê não rezamos com os luteranos, a razão está em que, segundo o juízo autorizado do Vigário de Jesus Cristo, as doutrinas de Lutero são errôneas e não condizem com a nossa fé católica:

“Ademais, porque os erros precedentes e muitos outros são achados nos livros e escritos de Martinho Lutero, do mesmo modo condenamos, reprovamos e rejeitamos completamente os livros e todos os escritos e sermões do dito Martinho, tanto em latim como em qualquer outra língua, contendo os ditos erros ou qualquer um deles; e desejamos que sejam considerados totalmente condenados, reprovados e rejeitados.” (Papa Leão X, Exsurge Domine, 15 jun. 1520)

Totalmente diferente é a abordagem de Bento XVI:

“Para mim, como Bispo de Roma, é um momento de profunda emoção encontrar-vos aqui, no antigo convento agostiniano de Erfurt. Como acabamos de ouvir, Lutero estudou teologia aqui. Aqui celebrou a sua primeira missa. Contra a vontade do pai, abandonou os estudos de jurisprudência para estudar teologia e encaminhar-se para o sacerdócio na Ordem de Santo Agostinho. E a incentivá-lo neste caminho não era um pormenor ou outro; o que não lhe dava paz era a questão sobre Deus, que constituiu a paixão profunda e a mola da sua vida e de todo o seu itinerário “Como posso ter um Deus misericordioso?”… O fato que esta pergunta tenha sido a força motriz de todo o seu caminho, não cessa de maravilhar o meu coração… O pensamento de Lutero, a sua espiritualidade inteira era totalmente cristocêntrica. Para Lutero, o critério hermenêutico decisivo na interpretação da Sagrada Escritura era “aquilo que promove Cristo.” (Encontro com os representantes do Conselho da “Igreja Evangélica da Alemanha”, 23 de setembro de 2011, https://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2011/september/documents/hf_ben-xvi_spe_20110923_evangelical-church-erfurt.html)

Em suma, o que há de admirável em Martinho Lutero é que ele era um rebelde existencialista, que com o seu critério cristocêntrico (o melhor seria dizer luterocêntrico) removeu vários livros do Antigo e do Novo Testamento do cânon das Sagradas Escrituras, porque não concordavam com as suas medíocres intuições, que nada poderiam sem o apoio das armas de príncipes ambiciosos e a corrupção dos bons costumes na Alemanha de sua época.

Não é, porém, a primeira vez que Bento XVI flerta com Martinho Lutero. Trinta anos atrás, ele já o tinha feito na condição de membro da Comissão Mista Católico-Luterana:

“Juntos, começa-se a reconhecê-lo como uma testemunha do Evangelho, como um mestre na Fé, como um paladino da renovação espiritual… A tomada em consideração do condicionamento histórico de nossos modos de expressão e pensamento contribuiu, igualmente, para fazer reconhecer grandemente nos meios católicos o pensamento de Lutero como uma forma legítima de Teologia Cristã.” (Comissão Mista Católico-Luterana em Wurtemberg, 6 mai. 1983)

De fato, se não há mais divergência teológica em questões fundamentais, não há porque não rezar juntos ou manter qualquer espécie de divisão. Contudo, isso significa que Leão X, o Concílio de Trento e todos os corifeus da Contra-Reforma, muitos deles santos de primeira-linha, “luminares de perfeição e sabedoria cristã” (Papa Pio XI), não foram capazes de compreender a doutrina de Lutero. Na verdade, somente depois do Concílio Vaticano II os católicos começaram a entender Martinho Lutero. Curiosamente, essas pessoas tão compreensivas não mostram o mesmo grau de compaixão para com os seus críticos do presente e do passado… Será que eles mudaram de posição?

Por fim, segundo Bento XVI, tanto católicos como luteranos têm culpa pela divisão dos cristãos, devendo ambos pedir perdão a nosso Senhor Jesus Cristo por esse terrível crime. Por outro lado, a doutrina das Sagradas Escrituras e dos Santos Padres nos asseguram que a Igreja não pode sofrer divisão, porque ela é um só Corpo governado pelo mesmo Cristo:

“Deus estabeleceu-o (Cristo) chefe sobre toda a Igreja que é o seu corpo.” (Ef 1, 22-23).

“Ninguém odiou jamais a sua carne, mas nutre-a e cuida dela, como Cristo cuida da Igreja, porque nós somos os membros de seu corpo formados da sua carne e dos seus ossos.” (Ef 5, 29-30).

“Todos os membros do corpo, embora numerosos, não são, entretanto, senão um só corpo: assim é Cristo.” (1 Cor 12, 12).

“Um só Senhor, uma só fé, um só batismo.” (Ef 4, 5).

“Há um só Deus, um só Cristo, uma só Igreja de Cristo, uma só fé, um só povo, que pelo vínculo da concórdia é estabelecido na unidade sólida de um mesmo corpo. A unidade não pode ser cindida: um corpo que permanece único não pode dividir-se pelo fracionamento do seu organismo” (S. Cyprianus, De cath. Eccl. unitate, n.º 23).

“Ela não pode (a Igreja) ser dispersada em pedaços pela dilaceração de seus membros e de suas entranhas. Tudo o que for separado do centro da vida não mais poderá viver à parte nem respirar” (In loc. cit.).

“Vede em que é que deveis tomar cuidado, vede por que é que deveis velar, vede o que é que deveis temer. Às vezes, corta-se um membro do corpo humano, ou, antes, separa-se esse membro do corpo: uma mão, um dedo, um pé. Acaso a alma segue o membro cortado? Quando ele estava no corpo, vivia; cortado, perde a vida. Assim o homem, enquanto vive no corpo da Igreja, é cristão católico; separado dele, torna-se herege. A alma não segue o membro amputado.” (S. Augustinus, Sermo CCLXVII, n. 4).

“Quem quer que se separe da Igreja para se unir a uma esposa adúltera, abdica também as promessas feitas à Igreja. Quem quer que abandone a Igreja de Cristo não chegará às recompensas de Cristo… Quem quer que não guarde essa unidade, não guarda a lei de Deus, não guarda a fé do Pai e do Filho, não guarda a vida nem a salvação” (S. Cypr., De cath. Eccl. unitate, n.º 6).

(Citações tiradas da encíclica Satis Cognitum do Papa Leão XIII)

No que toca especificamente à divisão produzida por Lutero e seus seguidores, o que a Igreja Católica tem a dizer sobre isso é o seguinte:

“Em meio a esses flagelos, elevavam-se homens orgulhosos e rebeldes, inimigos da Cruz de Cristo, homens de sentimentos terrestres que não tinham por Deus senão o próprio ventre. Esses homens, em lugar de se aplicarem à reforma dos costumes, negavam os dogmas, multiplicavam as desordens, relaxavam, para si e para os outros, o freio da licença; ou pelo menos, desprezando a direção autorizada da Igreja, para lisonjear as paixões dos príncipes e dos povos mais corrompidos, chegavam por uma espécie de servidão a derrubar a doutrina, a constituição e a disciplina da Igreja. E depois, imitando os ímpios a quem se dirige a ameaça: “Ai de vós que chamais mal ao bem e bem ao mal”, chamavam reforma a essas rebeliões sediciosas e essa perversão da fé e dos costumes, e se intitulavam a si mesmos reformadores. Porém, na realidade eles eram corruptores pois, atrofiando, à força de dissenções e de guerras, as energias da Europa, preparavam as revoltas e a apostasia dos tempos modernos.” (São Pio X, Editae Saepe, n. 9, 26 mai. 1910)

“Pretendemos falar de São Francisco de Sales, bispo de Genebra e doutor da Igreja; que, como aqueles luminares de perfeição e sabedoria cristã que acabamos de lembrar, parecia enviado por Deus para se opor à heresia da Reforma, origem dessa apostasia da sociedade da Igreja, cujos efeitos dolorosos e funestos toda alma honesta hoje deplora.” (Papa Pio XI, Rerum Omnium Perturbationem, n. 4, 26 jan. 1923)

Logo, se Bento XVI quer comemorar a obediência comum de católicos e protestantes ao Evangelho, ele erra, porque não existe obediência a Cristo em duas igrejas, mas em uma só Igreja de Cristo; se ele quer rezar junto com eles, ele erra, porque Deus pede que nos afastemos da congregação dos hereges, desejando antes que rezemos pela sua conversão; se ele quer pedir perdão pela divisão entre católicos e protestantes, ele também erra, porque a Igreja de Cristo não se divide, apenas acontece de se separarem dela os hereges, que assim fazendo perdem a graça de Deus e a salvação.

No mesmo discurso, Bento XVI faz preceder essa declaração a uma reflexão sobre o ecumenismo. Particularmente nos interessa a justificação que ele faz deste movimento de diálogo com os protestantes:

“Portanto, o compromisso da Igreja católica a favor do ecumenismo, como afirmou o meu venerado Predecessor Papa João Paulo II na sua Encíclica Ut unum sint, não é uma mera estratégia de comunicação num mundo que se transforma, mas sim um compromisso fundamental da Igreja a partir da missão que lhe é própria (cf. nn. 28-32).

“Para alguns contemporâneos a meta comum da unidade plena e visível entre os cristãos hoje parece estar novamente mais distante… Todavia, embora surjam dificuldades sempre novas, olhemos para o futuro com esperança. Não obstante as divisões entre os cristãos constituam um obstáculo para modelar plenamente a catolicidade na realidade da vida da Igreja, como lhe foi prometido em Cristo e através de Cristo (cf. Unitatis redintegratio, 4), confiemos no fato de que, sob a guia do Espírito Santo, o diálogo ecumênico, como instrumento importante na vida da Igreja, serve para resolver este conflito.”

É uma das prioridades da Igreja, diz ele, porque é um instrumento para resolver o conflito e a divisão entre os cristãos. Um instrumento que não era usado antes do Concílio Vaticano II, porque se entendia que o Corpo de Cristo não se divide e que a unidade que Cristo prometeu aos seus discípulos não foi abalada, mas se cumpriu na Igreja Católica. Sobre esse ponto fundamental, que constitui uma das principais diferenças entre católicos tradicionais e católicos ecumênicos (leia-se falsos católicos), escreveu o Papa Pio XI na encíclica Mortalium Animos:

“Ocorre-nos dever esclarecer e afastar aqui certa opinião falsa, da qual parece depender toda esta questão e proceder essa múltipla ação e conspiração dos acatólicos que, como dissemos, trabalham pela união das igrejas cristãs.

“Os autores desta opinião acostumaram-se a citar, quase que indefinidamente, a Cristo dizendo: ‘Para que todos sejam um’… ‘Haverá um só rebanho e um só Pastor’ ( Jo 27,21; 10,16). Fazem-no todavia de modo que, por essas palavras, queriam significar um desejo e uma prece de Cristo ainda carente de seu efeito.

“Pois opinam: a unidade de fé e de regime, distintivo da verdadeira e única Igreja de Cristo, quase nunca existiu até hoje e nem hoje existe; que ela pode, sem dúvida, ser desejada e talvez realizar-se alguma vez, por uma inclinação comum das vontades; mas que, entrementes, deve existir apenas uma fictícia unidade.

“Acrescentam que a Igreja é, por si mesma, por natureza, dividida em partes, isto é, que ela consta de muitas igreja ou comunidades particulares, as quais, ainda separadas, embora possuam alguns capítulos comuns de doutrina, discordam todavia nos demais. Que cada uma delas possui os mesmos direitos, que, no máximo, a Igreja foi única e una, da época apostólica até os primeiros concílios ecumênicos.

“Assim, dizem, é necessário colocar de lado e afastar as controvérsias e as antiquíssimas variedades de sentenças que até hoje impedem a unidade do nome cristão e, quanto às outras doutrinas, elaborar e propor uma certa lei comum de crer, em cuja profissão de fé todos se conheçam e se sintam como irmãos, pois, se as múltiplas igrejas e comunidades forem unidas por um certo pacto, existiria já a condição para que os progressos da impiedade fossem futuramente impedidos de modo sólido e frutuoso.

“Estas são, Veneráveis Irmãos, as afirmações comuns…

“Assim sendo, é manifestamente claro que a Santa Sé, não pode, de modo algum, participar de suas assembleias e que, aos católicos, de nenhum modo é lícito aprovar ou contribuir para estas iniciativas: se o fizerem concederão autoridade a uma falsa religião cristã, sobremaneira alheia à única Igreja de Cristo.

“Acaso poderemos tolerar – o que seria bastante iníquo -, que a verdade e, em especial a revelada, seja diminuída através de pactuações?

“No caso presente, trata-se da verdade revelada que deve ser defendida.

“Se Jesus Cristo enviou os Apóstolos a todo o mundo, a todos os povos que deviam ser instruídos na fé evangélica e, para que não errassem em nada, quis que, anteriormente, lhes fosse ensinada toda a verdade pelo Espírito Santo, acaso esta doutrina dos Apóstolos faltou inteiramente ou foi alguma vez perturbada na Igreja em que o próprio Deus está presente como regente e guardião?

“Se o nosso Redentor promulgou claramente o seu Evangelho não apenas para os tempos apostólicos, mas também para pertencer às futuras épocas, o objeto da fé pode tornar-se de tal modo obscuro e incerto que hoje seja necessário tolerar opiniões pelo menos contrárias entre si?

“Se isto fosse verdade, dever-se-ia igualmente dizer que o Espírito Santo que desceu sobre os Apóstolos, que a perpétua permanência dele na Igreja e também que a própria pregação de Cristo já perderam, desde muitos séculos, toda a eficácia e utilidade: afirmar isto é, sem dúvida, blasfemo…

“Assim, de que vale excogitar no espírito uma certa Federação cristã, na qual ao ingressar ou então quando se tratar do objeto da fé, cada qual retenha a sua maneira de pensar e de sentir, embora ela seja repugnante às opiniões dos outros?

“E de que modo pedirmos que participem de um só e mesmo Conselho homens que se distanciam por sentenças contrárias como, por exemplo, os que afirmam e os que negam ser a sagrada Tradição uma fonte genuína da Revelação Divina?

“Como os que adoram a Cristo realmente presente na Santíssima Eucaristia, por aquela admirável conversão do pão e do vinho que se chama transubstanciação e os que afirmam que, somente pela fé ou por sinal e em virtude do Sacramento, aí está presente o Corpo de Cristo?

“Como os que reconhecem nela a natureza do Sacrifício e a do Sacramento e os que dizem que ela não é senão a memória ou comemoração da Ceia do Senhor?

“Como os que crêem ser bom e útil invocar súplice os Santos que reinam junto de Cristo – Maria, Mãe de Deus, em primeiro lugar – e tributar veneração às suas imagens e os que contestam que não pode ser admitido semelhante culto, por ser contrário à honra de Jesus Cristo, ‘único mediador de Deus e dos homens’? (1 Tim. 2, 5).

“Não sabemos, pois, como por essa grande divergência de opiniões seja defendido o caminho para a realização da unidade da Igreja: ela não pode resultar senão de um só magistério, de uma só lei de crer, de uma só fé entre os cristãos. Sabemos, entretanto, gerar-se facilmente daí um degrau para a negligência com a religião ou o Indiferentismo e para o denominado Modernismo, os que foram miseravelmente infeccionados por ele defendem que não é absoluta, mas relativa a verdade revelada, isto é, de acordo com as múltiplas necessidades dos tempos e dos lugares e com as várias inclinações dos espíritos, uma vez que ela não estaria limitada por uma revelação imutável, mas seria tal que se adaptaria à vida dos homens.”

Indiferentismo religioso e modernismo são os frutos do ecumenismo. Sem dúvida, trata-se de um remédio pior que a doença, uma solução da divisão entre os cristãos que produz a apostasia do cristianismo. Se hoje há no mundo menos cristãos, a culpa é do ecumenismo, o qual não existiria em meios ditos católicos, não fosse pelos esforços de Bento XVI e seus seguidores.

É muito triste que haja católicos que se digam tradicionais e que vejam neste liberal, neste modernista, neste ecumenista fanático, um defensor da fé católica. Espero que esse artigo tenha contribuído para reparar o equívoco, que a meu ver só pode ser fruto da ignorância do acima exposto.

Ele anunciou a São Timóteo que, nos últimos dias, ἀποστήσονταί τινες τῆς πίστεως, “alguns apostatarão da fé”,

Por que o seu bairro está cheio de igrejas protestantes?

Por Diogo Rafael Moreira

O crescimento e progresso do protestantismo no Brasil é um fato evidente e que se faz sentir em nossas famílias e círculo de convivência. Que bairro neste país não está repleto de seitas protestantes? Que família católica não perdeu um parente, próximo ou distante, para o protestantismo?

Não obstante, a reação católica não tem sido proporcional à dimensão do problema. De fato, os dados mostram que, se as coisas continuarem como estão, mais cedo ou mais tarde, o Brasil será um país protestante e, como costuma suceder, pouco depois passará de protestante a infiel.

Claro, não poderia ser diferente: enquanto os protestantes trabalham dia e noite para verem prosperar as suas respectivas seitas, o clero alegadamente católico de nossos dias trabalha em prol de causas humanitárias, como a causa ecológica e a causa social, e não enxerga seus rivais de púlpito como inimigos, mas os tem quase como correligionários.

No entanto, o que devemos trazer à mente dos nossos leitores, que vivem neste século XXI, é que nem sempre as coisas foram assim. Durante séculos, o protestantismo internacional tentou se introduzir em nosso país, investindo rios de dinheiro em proselitismo religioso: enviou missionários, exportou lotes e mais lotes de bíblias em vernáculo e criou instituições em solo pátrio para a propaganda de sua religião. Uma pequena relação de sua incansável operosidade pode ser encontrada no artigo A Ação Bíblica Protestante no Brasil (pp. 450-466.). Contudo, pouco conseguiram os protestantes, porque o clero via a difusão do protestantismo como um grande mal.

A atuação livre e eficaz de homens como Padre Leonel Franca e Padre Júlio Maria, ambos muito honrados pela hierarquia e respeitados pelo seu intenso trabalho apologético, são prova da vitalidade e combatividade do catolicismo ainda na primeira metade do século XX. Também o é a influência social da Igreja sob o comando de Cardeal Leme na era Vargas, chegando ao ponto de reverter políticas liberais com relação ao divórcio e a educação pública e influir decisivamente nas eleições. Por fim, um perene testemunho da causa comum que todo o episcopado nacional fazia contra as investidas não só do protestantismo, mas também da maçonaria, do espiritismo e do comunismo, são os documentos emanados do Concílio Plenário Brasileiro (1939).

Chegou então o Concílio Vaticano II nos anos sessenta e pôs freio a toda essa atividade católica. A consequência? O protestantismo nunca prosperou tanto, e o mesmo se pode dizer de todas as outras modalidades de erro assinaladas acima. Para melhor ilustrar o resultado, compartilho com o leitor algumas estatísticas colhidas em diferentes fontes. Cuidarei também de dissipar alguns mitos sociológicos, para que fique claro a todos que o problema é de cunho religioso e institucional, não se devendo a fatores externos. Uma vez que a realidade dessa crise religiosa e institucional esteja bem viva na mente de cada um, procederei com a explicação de sua fonte doutrinal: a heresia do liberalismo; e o remédio eficaz contra esse mal: o retorno à doutrina e prática católica tradicional.

I. A SITUAÇÃO DO CATOLICISMO NO BRASIL: DE MAIORIA ESMAGADORA E INFLUENTE PARA MAIORIA NOMINAL E DECADENTE

Sem poder valer-me de dados mais atualizados, sirvo-me aqui do censo 2010 feito pelo IBGE, reportado pela Veja em 2012, para confirmar uma realidade empiricamente constatável, que será o ponto de partida de nossas considerações, a saber, o crescimento do protestantismo no Brasil às custas do catolicismo pós-conciliar.

Notem que a fonte citada e aquelas que se seguem insistem em apontar para os anos sessenta e setenta como o tempos em que as coisas mudaram para pior no catolicismo enquanto fenômeno social e estatístico.

“O Brasil ainda é a maior nação católica do mundo,” diz Cecília Brito em artigo para a Veja Online, “mas, na última década, a Igreja teve uma redução da ordem de 1,7 milhão de fieis, um encolhimento de 12,2%. Os dados são da nova etapa de divulgação do Censo de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A tendência de redução dos católicos e de expansão das correntes evangélicas era algo esperado. Mas pela primeira vez o Censo detecta uma queda em números absolutos. Antes do levantamento de 2010, o quadro era apenas de crescimento de católicos em ritmo cada vez menor. Mantida essa tendência, em no máximo 30 anos católicos e evangélicos estarão empatados em tamanho na população. Os números mostram uma redução acentuada de poder da Igreja Católica no país nas últimas décadas: a mudança foi lenta entre 1872 e 1970, com perda de 7,9% de participação no total da população ao longo de quase um século; e tornou-se acelerada nos últimos 20 anos, quando a retração foi de 22%.

“O impacto dessa mudança é grande para a Igreja Católica. A Rússia teve revolução e permaneceu ortodoxa. Os Estados Unidos, mesmo com a Guerra Civil, se mantiveram protestantes. Entre os países grandes, mudanças assim só ocorreram em consequência de de guerras e revoluções. No Brasil, a revolução é silenciosa”, diz José Eustáquio Diniz, demógrafo da Escola Nacional de Estatísticas.

“Se em 1970 havia 91,8% de brasileiros católicos, em 2010 essa fatia passou para 64,6%. Quem mais cresce são os evangélicos, que, nesses quarenta anos saltaram de 5,2% da população para 22,2%. […]”

https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/o-ibge-e-a-religiao-cristaos-sao-86-8-do-brasil-catolicos-caem-para-64-6-evangelicos-ja-sao-22-2/

II. FALSO MOTIVO N. 1: A RELIGIÃO COMO COMMODITY

A razão principal alegada pelos sociólogos para justificar o progresso do protestantismo no país às custas do catolicismo é a mais ingênua e superficial possível: as migrações internas, causadas pelo êxodo rural dos anos 1960 e 1980, puseram os evangélicos em vantagem, pois eles têm mais agilidade em atender à demanda religiosa dessas novas populações.

Chamo essa justificativa sociológica de ingênua e superficial, porque considera a religião como uma espécie de commodity, isto é, como um produto de qualidade e característica uniforme, que não se diferencia de acordo com sua natureza e origem, mas que é negociado a um preço comum e uniforme, fixado pela oferta e procura. Em outras palavras, a religião seria como o petróleo negociado na bolsa de valores, não há diferença se o tal barril foi produzido aqui ou no Oriente Médio, o que interessa é a relação entre necessidade e disponibilidade do produto. Como a necessidade da religião é grande, então não importa de onde nos venha, se é dos católicos ou evangélicos, o que importa é que esteja no mercado para a nossa satisfação.

Entretanto, quem quer que examine o fenômeno religioso como tal, verá que as religiões diferem de tal modo em origem e qualidade que tomá-las commodities é quase o suprassumo da ignorância.

A diferença de doutrina, culto e governo entre cada qual torna cada religião um partido totalmente distinto dos rivais. Na verdade, é quase uma diferença entre um país e outro, mesmo se considerarmos somente os diversos seguimentos do cristianismo. Não é por acaso que, em um passado não muito distante, as diferentes confissões cristãs foram a causa da organização de diferentes confederações de países e alianças na Europa que, a grosso modo, estava dividida entre o sul católico e o norte protestante, grupos perfeitamente distintos e antagônicos. Tal, pois, é a diferença de visão de mundo entre o catolicismo e o protestantismo.

Essa constatação mais objetiva da religião se confirma ainda mais pelo fato dos imigrantes europeus do século XIX e XX terem trazido consigo sua religião, sejam eles católicos ou protestantes, e a terem conservado na região onde se instalaram. Ou seja, via de regra, é mais fácil os homens deixarem em massa o seu país do que desertarem de sua religião.

Logo, embora discorde da justificativa sociológica mais comum, penso ter sido muito apropriada a colocação do senhor José Eustáquio Diniz: somente um acontecimento assaz extraordinário, como uma revolução ou uma grande guerra, pode ter feito com que milhares de católicos abandonassem a fé e aderissem ao protestantismo. Fenômenos mais comuns e ordinários como a movimentação dos homens de uma parte a outra do país não pode ser responsável por uma mudança tão drástica nas ideias e nos costumes de nossos conterrâneos.

III. FALSO MOTIVO N. 2: O PODER DO PROTESTANTISMO – MAIS SORTE QUE JUÍZO [PRIVADO]

Se cavarmos mais fundo nas estatísticas, descobriremos que além de não se trata de um fenômeno local, causado pelas migrações internas, tampouco depende a tal mudança de uma virtude inerente ao protestantismo hodierno, que por si mesmo não poderia produzir um efeito dessa envergadura.

Na realidade, os dados mostram que, nas últimas décadas, as pessoas estão trocando o catolicismo por qualquer coisa, porque algo não está bem com ele. Eis o que lemos em um artigo do Pew Research Center chamado 7 Facts about American Catholics:

“Desde 1960, a porcentagem de americanos católicos caiu lentamente de cerca de 25% para 22%. [10] Em números absolutos, os católicos passaram de 45 milhões para 72 milhões. Em 9 de abril de 2018, 39% dos católicos americanos frequentavam a igreja semanalmente, em comparação com 45% dos protestantes americanos.

“O catolicismo experimentou uma perda líquida maior devido à troca de religião do que qualquer outra tradição religiosa nos Estados Unidos. No geral, 13% de todos os adultos dos Estados Unidos são ex-católicos – pessoas que dizem que foram criadas na fé, mas agora se identificam como “não-religiosos”, como protestantes ou de outra religião. Em contraste, 2% dos adultos americanos são convertidos ao catolicismo – pessoas que agora se identificam como católicas depois de terem sido criadas em outra religião (ou nenhuma religião). Isso significa que há 6,5 ex-católicos nos EUA para cada convertido à fé. Nenhum outro grupo religioso analisado no Estudo do Cenário Religioso de 2014 experimentou algo próximo a essa proporção de perdas e ganhos por meio da troca de religião.

“Muitos católicos dos EUA dizem que querem ver a igreja fazer mudanças significativas. Por exemplo, seis em cada dez dizem que pensam que a igreja deve permitir que os padres se casem e que as mulheres se tornem padres. E quase metade dos católicos norte-americanos dizem que a Igreja deveria reconhecer os casamentos de casais de gays e lésbicas. O apoio para esse tipo de mudança é menor – embora ainda substancial – entre os católicos que assistem à missa regularmente do que entre aqueles que assistem à missa com menos frequência.

“Politicamente, os eleitores católicos registrados estão igualmente divididos entre aqueles que se identificam ou se inclinam para o Partido Democrata (47%) e aqueles que são a favor do Partido Republicano (46%). Em seu partidarismo, os católicos dos EUA estão profundamente divididos em linhas raciais e étnicas. A maioria dos católicos hispânicos se identifica ou se inclina para o Partido Democrata, enquanto 54% dos católicos brancos hoje se identificam ou se inclinam para o Partido Republicano.”

Em suma, essa pesquisa demonstra que em um país predominantemente protestante como os Estados Unidos, o catolicismo, em uma escala menor porém significativa, também tem sofrido mais perdas do que ganhos e encontra-se em uma situação crítica, isto é, incerto sobre suas próprias crenças e dividido em suas escolhas práticas.

Note bem: não é a virtude do protestantismo que gera essas perdas e desordens entre os católicos americanos. Embora seja um país de maioria protestante, o protestantismo nos Estados Unidos tem sofrido mais perdas que o próprio catolicismo. A lógica é esta: países outrora católicos se tornam protestantes e países protestantes se tornam sem religião.

Não é preciso dizer que os Romanos Pontífices e os Santos de antigamente, bem como insignes homens de ciência, alertaram de novo e de novo para este perigo e a história contemporânea nos vem mostrar que eles tinham toda razão: o protestantismo gerou o racionalismo, e o racionalismo gerou o liberalismo político que se resolverá na forma do mais tirânico totalitarismo.

IV. UM PROBLEMA DE ORDEM INSTITUCIONAL E UNIVERSAL

Se queremos entender o quanto se trata de uma crise interna do catolicismo, basta examinarmos os dados mais específicos e compartilhados pelo autorizado Center for Applied Research in the Apostolate (CARA), o qual reúne estatísticas sobre a situação do catolicismo nos Estados Unidos e no mundo.

Em 1970, havia 59.192 sacerdotes, diocesanos e religiosos, nos Estados Unidos. Em 2020, há apenas 35.513. Em outras palavras, embora de lá para cá o contingente de católicos americanos tenha aumentado 20 milhões, hoje há menos padres que em 1970, 23.679 sacerdotes a menos. Não admira então que o número de vocações nos seminários e de ordenações tenha caído pela metade, e que o número de padres diocesanos em atividade tenha baixado de 90% para 65%, o que indica o progressivo envelhecimento do clero.

Por consequência disso, o número de paróquias sem sacerdote foi de 571 para 3.544 e são 298 as paróquias que hoje em dia se acham sob os cuidados de um leigo ou diácono permanente, o que dá praticamente na mesma coisa. Para bom entendedor, essas cifras indicam que, nos âmbitos pós-conciliares, em um futuro não muito distante, ou teremos padres casados, ou quase não teremos mais padres. É claro que eles hão de optar pela primeira alternativa, para a qual tem se preparado nos últimos cinquenta anos. Laicização é o nome que todos usam para designar esse processo e o seu resultado é o desaparecimento dos estados de vida eclesiástico e religioso. Mesmo os teólogos modernos mais cabeças-dura o reconhecem o processo, cuja claridade solar não pode ser negada nem pelos mais empedernidos. No entanto, fazem de conta que não enxergam as suas últimas consequências e se recusam de aplicar o único remédio que poderá revertê-lo.

https://domtotal.com/noticia/1518230/2021/05/a-crise-atual-na-teologia-catolica/

Mas para que nos limitarmos à decadente situação do clero americano, se muito mais alarmante é o que podemos constatar em escala mundial? Somos informados pelo mesmo centro de pesquisa que de 1970 a 2020, o número de católicos no mundo dobrou de 653.6 milhões para 1.329 bilhão, mas o número de sacerdotes é praticamente o mesmo, foi de 419.728 para 414.065, com a diferença de que hoje temos 5.663 sacerdotes a menos. O número diminui na medida em que cresce o comprometimento com os conselhos evangélicos: o clero religioso caiu de 148.804 para 132.191, uma baixa de 16.613 sacerdotes.

Por falar em votos, as irmãs, pobres irmãs, hoje são menos 650 mil (641.661), enquanto há cinquenta anos atrás eram mais de um milhão (1.004.304).

E o que pensar dessa massa de pessoas que se identificam hoje como católicas? O máximo que podemos saber com base nas estatísticas universais é que apesar de serem o dobro em número que seus pares dos anos 1970, casam-se menos e batizam menos e mais tarde a seus filhos.

https://cara.georgetown.edu/frequently-requested-church-statistics/

Esses dados citados somente servem para confirmar aquilo que não é difícil de perceber com a observação. O problema não são os protestantes, nem as circunstâncias externas como fluxos migratórios. Não, trata-se do seguinte: os católicos não acreditam mais em si mesmos e estão dispostos a trocar suas convicções já muito enfraquecidas por qualquer sopro de doutrina. É muito comum se ouvir dizer a esse respeito, entre o clero moderno, que outrora era preciso batizar os evangelizados, mas hoje é preciso evangelizar os batizados. A verdade é que para o catolicismo crescer ambas as coisas são necessárias, mas de uns tempos para cá o batismo e a instrução religiosa não tem sido tratados como prioridade. Questões menos sobrenaturais tem sido postas em primeiro lugar, nas quais a Igreja sempre estará em desvantagem para o mundo, que não tem mais do que estas coisas para cuidar.

Isso explica o crescimento do protestantismo, da superstição e da infidelidade em geral, onde quer que antes dos anos 1960 e 1970 se tinha uma atividade católica próspera e vigorosa.

V. O VATICANO II É O DIVISOR DE ÁGUAS

Como tenho procurado demonstrar desde o princípio, em qualquer pesquisa séria sobre as mudanças estatísticas no catolicismo, os anos entre 1960 e 1970 aparecem como decisivos no diagnóstico de uma reviravolta no modo de agir e pensar dos católicos, bem como no poder institucional da própria Igreja em qualquer país, quer ele seja majoritariamente católico, quer não. Ora, essas datas coincidem com o princípio e a execução das mais importantes reformas do Concílio Vaticano II, um evento que pretendia atualizar a religião católica para os tempos modernos.

Como bem observou Pett Buchanan em um comentário ao livro Index of Leading Catholic Indicators: The Church Since Vatican II da pesquisadora Kenneth C. Jones:

“O Vaticano II parece ter sido um desastre implacável para o catolicismo romano.

“Quando o Papa João XXIII abriu as janelas da igreja, todos os vapores venenosos da modernidade entraram, junto com o próprio diabo.”

O relatório do Sr. Buchanan inclui também, de sua própria conta, algumas porcentagens trágicas sobre o catolicismo nos Estados Unidos, que convém citar para frizar o quanto ele tem razão:

70% dos católicos de 18 a 44 anos acreditam que a Eucaristia é apenas um “memorial simbólico” de Jesus;

Quanto aos leigos que ensinam em colégios católicos:

53% acreditam que um católico pode fazer um aborto e permanecer um bom católico;
65% acreditam que um católico pode se divorciar e se casar novamente;
77% acreditam que alguém pode ser um bom católico sem ir à missa dominical.

O Sr. Buchanan conclui: “Por meio do papado de Pio XII, a Igreja resistiu ao clamor de se acomodar ao mundo e permaneceu um farol moral para a humanidade. Desde o Vaticano II, a Igreja tem procurado ir ao encontro do mundo. As estatísticas da Sra. Jones nos mostram qual foi o preço do pedágio.”

Um preço muito alto, digo eu, que arrisca a sobrevivência de nossa própria religião. Mas a pergunta que não quer calar é: o que há de tão errado nessa atitude, aparentemente tão bem-intencionada? Como é que uma simples atualização, feita para melhor enfrentar os desafios da hora presente pode ter produzido resultados tão desastrosos?

VI. UM FRUTO DO LIBERALISMO

Penso que a resposta está na natureza mesma desta nova atitude, no princípio suicida em que ela repousa. Assim como é da natureza do fogo queimar e da água molhar, assim também é da natureza desta nova atitude se desarmar e sujeitar a tudo o que se opõe à religião católica.

As duas imagens vistas acima: o catolicismo que se abre para o mundo e que sai para fora à sua procura é a imagem das duas doutrinas principais do Concílio Vaticano II: a liberdade religiosa e o ecumenismo. Tratam-se ambas de nomes distintos para designar como o mesmo erro, que no século XIX recebeu o nome de liberalismo, afeta duas esferas diferentes. A liberdade religiosa dá total liberdade para que outros corpos religiosos cresçam e apareçam na sociedade civil, o ecumenismo dá total liberdade para que os mesmos influenciem as próprias doutrinas, culto e leis da Igreja Católica. A primeira doutrina propõe uma mudança na ordem social ou externa, a outra propõe uma mudança na ordem institucional ou interna. De um lado, deixa-se que a Igreja seja cercada por um número cada vez maior e incontrolável de inimigos, do outro, escancaram-se as portas da Igreja para que invadam o templo de Deus.

Então, se queremos entender porque o protestantismo progrediu a passos largos no Brasil às custas do catolicismo, a razão simples é que os protestantes receberam dos bispos e padres salvo conduto para fazer quanto proselitismo quiserem, ao mesmo tempo que estes procuraram se acomodar ao modo de ser e pensar, não só dos protestantes, mas também do mundo como um todo.

Assim tornaram fácil a transição do catolicismo para o protestantismo: o ministro protestante já não terá um Padre Leonel Franca ou um Padre Julio Maria para desmenti-lo e combatê-lo, nem o leigo terá aquela doutrina, culto e disciplina moral que o distinguia dos demais e como que o vinculava fortemente a um bloco monolítico formidável, rocha maciça de colossal proeminência, a Igreja Católica Apostólica Romana, antes o que ele tem agora é uma Missa Nova em vernáculo e um clero desbatinado que, como faz pouco tempo que mudou de culto e vestuário, ainda são amadores nesta nova modalidade de culto. Resultado: os protestantes que não assumiram esse compromisso suicida de dialogar em vez de pregar (os pentecostais) e que já são profissionais em “assembleia celebrante” e outras características da liturgia reformada cresceram e já são o maior grupo protestante no país.

VII. O REMÉDIO EFICAZ

Como o problema do Concílio é universal e institucional, como ele afeta a própria sobrevivência da fé católica no mundo, como ele está pondo a perder o trabalho bimilenar de uma instituição que foi tão salutar para a nossa civilização e sem a qual temos muito que temer em face de um mundo cada vez mais hostil ao cristianismo, parece que, não digo a um cristão, mas a qualquer pessoa de bem, seja um dever alertar para a necessidade de rever este conceito liberal adotado nas últimas décadas, que não se tem mostrado eficiente ainda quando se procura examinar a questão do ponto de vista unicamente pastoral. Afinal, o liberalismo não tem feito bem as almas, não tem ajudado na missão da Igreja de batizar e ensinar a doutrina de Jesus Cristo, de persuadir as pessoas a ajustarem suas vidas de acordo com as prescrições de Nosso Senhor.

É natural que um indivíduo perceba que fez um mal juízo quando começa a sentir em sua vida os seus efeitos prejudiciais. Ora, os efeitos estão aí a nos indicar que foi um erro ou um equívoco ter adotado a doutrina do liberalismo, um erro tanto maior pelo fato desta já ter sido condenada de antemão pelos nossos maiores na religião.

O liberalismo surgiu no século XIX, à época sobretudo na forma de liberdade religiosa (“Uma Igreja livre em um Estado livre”, dizia Lamennais, um de seus principais proponentes). Esse erro foi qualificado como contrário à Escritura, aos Santos Padres e à Igreja, em uma carta chamado Quanta Cura, acompanhado do famoso Sílabo de Erros Modernos, possuindo todas as notas de um pronunciamento infalível, irreformável ou ex cathedra. Para fins de clareza, cito a parte em que se condena a doutrina que hoje se defende como dogma:

E contra a doutrina da Sagrada Escritura, da Igreja e dos Santos Padres, não duvidam em afirmar que “a melhor forma de governo é aquela em que não se reconheça ao poder civil a obrigação de castigar, mediante determinadas penas, os violadores da religião católica, senão quando a paz pública o exija”. E, com esta ideia absolutamente falsa de governo social, não hesitam em consagrar aquela opinião errônea, em extremo perniciosa à Igreja Católica e à saúde das almas, chamada de loucura por Gregório XVI, Nosso Predecessor, de feliz memória, isto é, que “a liberdade de consciência e de cultos é um direito próprio de cada homem, que todo Estado bem constituído deve proclamar e garantir como lei fundamental, e que os cidadãos têm direito à plena liberdade de manifestar suas ideias com a máxima publicidade – seja de palavra, seja por escrito, seja de outro modo qualquer -, sem que autoridade civil nem eclesiástica alguma possam reprimir em nenhuma forma“. Ao sustentar afirmação tão temerária, não pensam nem consideram que com isso pregam a liberdade de perdição, e que, se se dá plena liberdade para a disputa dos homens, nunca faltará quem se atreva a resistir à Verdade, confiado na loquacidade da sabedoria humana; mas Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo ensina como a fé e a prudência cristã hão de evitar esta vaidade tão danosa… Em meio desta tão grande perversidade de opiniões depravadas… temos julgado necessário levantar de novo Nossa voz apostólica. Portanto, todas e cada uma das perversas opiniões e doutrinas determinadamente especificadas nesta Carta, com Nossa autoridade apostólica as reprovamos, proscrevemos e condenamos; e queremos e mandamos que todas elas sejam tidas pelos filhos da Igreja como reprovadas, proscritas e condenadas. (Papa Pio IX, Quanta Cura, nn. 3 e 7, 8 dez. 1864)

Com o benefício do retrospecto, hoje podemos ver o quanto o Papa tinha razão. Alguns podem falar em “rigidez” e “intolerância” da parte dele, mas isso só acontece quando se reputa a religião católica como uma mera opinião entre outras. Quando se tem a certeza que ela é doutrina vinda do céu para a salvação do mundo, então não há dúvida que afastar-se dela é a maior calamidade e que as tais liberdades modernas são pedras de tropeço que se colocam no caminho dos homens, para que não cheguem a essa verdade salutar. Aos que hesitam em assim entender as coisas, olhem para as consequências dessa apostasia social: contra fatos não há argumentos.

Infelizmente, essa doutrina condenada foi adotada quase palavra por palavra pelos Padres do Concílio Vaticano II. É ela que encontramos por toda a declaração Dignitatis Humanae, precisamente sobre a tal liberdade religiosa:

Este Concílio Vaticano declara que a pessoa humana tem direito à liberdade religiosa. Esta liberdade consiste no seguinte: todos os homens devem estar livres de coação, quer por parte dos indivíduos, quer dos grupos sociais ou qualquer autoridade humana; e de tal modo que, em matéria religiosa, ninguém seja forçado a agir contra a própria consciência, nem impedido de proceder segundo a mesma, em privado e em público, só ou associado com outros, dentro dos devidos limites [no parágrafo 7 se diz que estes justos limites são a paz e moralidade pública]. Declara, além disso, que o direito à liberdade religiosa se funda realmente na própria dignidade da pessoa humana, como a palavra revelada de Deus e a própria razão a dão a conhecer. Este direito da pessoa humana à liberdade religiosa na ordem jurídica da sociedade deve ser de tal modo reconhecido que se torne um direito civil…

Por esta razão, o direito a esta imunidade permanece ainda naqueles que não satisfazem à obrigação de buscar e aderir à verdade; e, desde que se guarde a justa ordem pública, o seu exercício não pode ser impedido…

Os grupos religiosos têm ainda o direito de não serem impedidos de ensinar e testemunhar publicamente, por palavra e por escrito a sua fé…

Também pertence à liberdade religiosa que os diferentes grupos religiosos não sejam impedidos de dar a conhecer livremente a eficácia especial da própria doutrina para ordenar a sociedade e vivificar toda a atividade humana…

O que este Concilio Vaticano declara acerca do direito do homem à liberdade religiosa funda-se na dignidade da pessoa, cujas exigências foram aparecendo mais plenamente à razão humana com a experiência dos séculos. Mais ainda: esta doutrina sobre a liberdade tem raízes na Revelação divina, e por isso tanto mais fielmente deve ser respeitada pelos cristãos. (Paulo VI, Vaticano II, Dignitatis Humanae, nn. 2, 4 e 9; 7 dez. 1965)

Ora, essa declaração contradiz o ensinamento antigo em três pontos. O Papa Pio IX condena as seguintes idéias: 1.ª Todos os homens têm direito à liberdade de consciência e de culto; 2.ª Este direito à liberdade religiosa deve se tornar um direito civil em toda sociedade bem ordenada; 3.º O melhor estado da sociedade é aquele em que o direito civil dos homens à liberdade religiosa é limitado apenas pelas exigências da paz pública.

Esses três pontos condenados por Pio IX são todos os três ensinados pelo texto do Vaticano II. Além disso, como já foi observado, o Papa Pio IX está exercendo o Magistério Extraordinário e ensina que essas proposições se opõem à Sagrada Escritura (revelação divina escrita), enquanto o Vaticano II declara que sua doutrina oposta se baseia na palavra de Deus revelada e exige que todos os católicos observem religiosamente seu ensino.

Embora alguns autores, como o Padre Julio Meinvielle, tenham tentado conciliar a doutrina do Magistério tradicional com a declaração do Concílio Vaticano II, fazendo a mudança ser condicionada às tristes circunstâncias dos tempos modernos, não há como fazê-lo senão pela ignorância voluntária dos termos absolutos empregados em ambos os documentos: Um diz que a doutrina da liberdade religiosa é contra a Revelação, outro diz que se funda na Revelação. Um diz que a liberdade religiosa é loucura, o outro diz que a liberdade religiosa é um direito. Um diz que o Estado deve castigar os violadores da fé católica no âmbito público, o outro diz que o Estado deve deixá-los livres, que “não sejam impedidos de dar a conhecer livremente a eficácia especial da própria doutrina para ordenar a sociedade e vivificar toda a atividade humana.”

Quem quer que procure rastrear a origem da doutrina antiga encontrará respaldo na História Sagrada e Eclesiástica, na constituição dos estados católicos e em uma infinidade de documentos do Magistério, instituições eclesiásticas e mesmo textos litúrgicos. Por outro lado, a doutrina da liberdade religiosa do Vaticano II não é de inspiração cristã, mas surge no seio das lojas maçônicas como uma tentativa de ressurreição do paganismo.

Para confirmá-lo, compartilho alguns pontos a esse respeito, já oportunamente levantados pelo Sr. John Daly em um seu artigo sobre o mesmo assunto:

  1. A sociedade cristã já existia muito antes do Vaticano II. O reinado social de Jesus Cristo foi estabelecido. César foi batizado. Portanto, não há necessidade de elaborar novas teorias sobre as relações que Cristo deseja ver entre a Sua Igreja e o Estado: mil anos de história cristã revelarão tudo a quem os estudar crendo que Cristo permanece para sempre com a Sua Igreja. Ora, a sociedade ideal apresentada pela Dignitatis Humanae e promovida pela Igreja pós-conciliar é totalmente diferente daquela cujo caráter foi formado pela própria Igreja sob a orientação do divino Rei da História.
  2. Todo católico está obrigado a crer que não é contrário à vontade do Espírito Santo que o poder civil ponha os hereges à morte (Denzinger 773). Este ensino católico não é um apelo ao extermínio de todos os não-católicos baptizados: refere-se essencialmente àqueles que abandonaram a fé que outrora defenderam e que encorajam outros a segui-los na sua apostasia. Mas seria uma deformação radical da sã doutrina entendê-lo como se a pena de morte se deva a outra coisa que não o exemplo, a expressão e propagação da heresia na sociedade civil. A Santa Inquisição, que teve muito de seus oficiais canonizados, existiu e agiu expressamente para salvaguardar a catolicidade da sociedade civil e não para defender um direito à liberdade igualmente aplicável a todas as religiões, como propõe a Dignitatis Humanae.
  3. Sob o Antigo Testamento, quando as leis civis e religiosas vinham do próprio Deus, não havia liberdade religiosa, exceto para a única religião verdadeira. Não havia direito moral ou direito civil de apostatar da religião verdadeira ou de fazer com que outros o fizessem. Não havia imunidade de interferência na prática de qualquer religião falsa – pelo contrário, a pena para isso era a morte e esta era frequentemente infligida: Moisés infligiu a pena de morte a 23.000 israelitas em um único dia por adorarem o bezerro de ouro. Isso é dificilmente compatível com qualquer noção de um direito natural ou mesmo meramente civil de escolher qualquer religião e expressá-la como bem entender. Moisés não estava punindo os idólatras por perturbarem a ordem pública: ele os estava punindo por idolatria.
  4. O século XVIII viu nascer um movimento que queria que a sociedade fosse religiosamente “neutra” – uma ideia contrária não apenas à natureza de toda sociedade formada ou transformada pela Igreja, mas mesmo rejeitada pelos reformadores protestantes. Este movimento, estimulado pela Maçonaria, e apesar das condenações da Santa Sé, conseguiu provocar uma série de revoluções pelas quais muitas nações outrora católicas abandonaram sua profissão de fé nacional e sua submissão nacional à Igreja em questões religiosas. A reação da Igreja a esses eventos foi a condenação veemente do que ela considerava atos de apostasia nacional, calamitosos para as almas e um insulto a Cristo e Sua Igreja. Esta não é mais a linguagem da Dignitatis Humanae e do Vaticano II. Na verdade, leitores sem preconceitos não conseguem distinguir a voz do Vaticano II sobre esses tópicos daquela dos revolucionários “iluminados” do passado que enfrentaram os anátemas do Vigário de Cristo.
  5. Desde o Concílio Vaticano II, as nações que anteriormente continuaram a professar total ou parcialmente a Fé e a estarem sujeitas à jurisdição espiritual da Igreja, remodelaram suas constituições na direção da neutralidade religiosa, muitas vezes por instigação do Vaticano. O que os papas lamentaram no passado é em nossos dias encorajado e imposto por aqueles que afirmam ser seus sucessores. Para uma nação outrora católica, introduzir a liberdade de culto (público) em sua constituição era, como Dom Guéranger escreveu a Montalembert (outubro de 1852) “apostasia política… o maior crime que uma nação pode cometer”. No entanto, este crime foi cometido na sequência do Vaticano II e em cumprimento do Vaticano II, de acordo com os homens oficialmente encarregados de pôr em prática o Vaticano II, em países como a Irlanda, Espanha, Malta, Itália e Colômbia.
  6. Se não houve mudança doutrinária, é difícil entender por que se julgou necessário suprimir ou modificar os textos litúrgicos que dizem respeito aos deveres religiosos do Estado, mas foi justamente isso o que aconteceu. A reforma litúrgica lançada pelo Vaticano II suprimiu três versos altamente significativos do hino Te sæculorum principem nas Vésperas da festa de Cristo Rei. Tudo o que se relaciona com o reinado de Cristo sobre os indivíduos foi conservado, mas tudo o que fala de seu reinado sobre as nações desapareceu. Aqueles que recusam o governo social de Cristo não são mais chamados de “scelesta turba” (multidão perversa); a oração não é mais feita para que chefes de Estado prestem homenagem pública a Cristo, ou para que a educação, as leis, os tribunais, as artes e as insígnias sejam cristãs. Da mesma forma expurgados foram todos os outros textos em que a liturgia mencionou os direitos e a liberdade da Igreja, por exemplo nas festas de São Gregório VII e de São Tomás de Cantuária. Os redatores desses novos textos, pelo menos, não viam esperança de reconciliar a nova doutrina com a antiga.
  7. Não bastava ensinar uma nova doutrina, suprimir as constituições católicas e expurgar os textos litúrgicos. A própria tiara papal também tinha que desaparecer, para que o exemplo viesse de cima e para que nenhuma relíquia pudesse permanecer de uma sociedade verdadeiramente cristã em qualquer lugar da terra, nem mesmo nos 108 acres do Estado da Cidade do Vaticano. O sucessor de César deve renunciar à cruz e o (aparente) sucessor de Pedro deve renunciar à coroa.
  8. Nem todas essas rupturas violentas com o passado cristão eram suficientes: o que uma vez existiu deve ser não apenas mudado, mas esquecido. Quase simultaneamente com a promulgação da Dignitatis Humanæ do Vaticano II, ocorreu a publicação de uma nova edição do famoso Enchiridion Symbolorum de Denzinger, uma coleção amplamente usada de textos magisteriais. Mas enquanto muitos documentos menores continuaram a ser incluídos, o texto de um celebrado ato solene do Magistério Extraordinário foi totalmente eliminado: a Quanta Cura do Papa Pio IX. Isso foi feito porque se pensava que continha uma doutrina agora revogada? Ou para impedir a comparação da nova doutrina com a antiga? Qualquer que fosse o motivo, os editores do Denzinger claramente não estavam convidando ninguém a tentar a aceitação simultânea da velha condenação da liberdade religiosa com a sua nova apoteose.

https://romeward.com/articles/239750983/religious-liberty-the-failed-attempts-to-defend-vatican-ii

Felizmente, os inovadores não conseguiram ser tão bem sucedidos em seu trabalho de esconder a verdade. A verdadeira doutrina está aí e professá-la não é só um direito de todo católico, mas também um dever de todo o homem que não queira ter parte neste crime de apostasia social, que tem como fruto privar milhões de brasileiros da fé e da lei de Jesus Cristo e faz com que tantos partam para a outra vida sem a consolação dos Sacramentos.

ATUALIZAÇÕES: Francisco e o Futuro da Missa Tridentina

Uma série de notícias mais credíveis e oficiais se seguiram aos rumores de que Francisco teria a intenção de restringir a celebração da Missa Tridentina nos ambientes pós-conciliares, de modo que se faz necessário reportar aqui algumas importantes atualizações e comentários sobre Francisco e o futuro da Missa Tridentina. De uma forma geral, elas confirmam o que todo mundo já sabia: ele realmente quer, na medida do possível, acabar com a Missa Tridentina. À essa altura, o seu time já foi recrutado e o documento restritivo está em vias de preparação.

De fato, os desdobramentos de lá para cá não só confirmaram muito do que eu tinha dito no vídeo anterior sobre a matéria (https://youtu.be/wfdyJTNM6_A), mas ainda nos dão muito a entender sobre a estratégia que Francisco pretende adotar nessa questão e nos fala também dos enganos e ilusões em que se entretém certos partidários da Missa de sempre, que acham mesmo que o futuro desse cadáver modernista pode ser outra coisa além da decomposição doutrinária e disciplinar; eles chegam até a julgar que a Tradição é o futuro da Igreja de Francisco. Será mesmo? Se prestarmos atenção para o curso dos acontecimentos, logo perceberemos que o caminho do pós-Concílio não é para a Tradição, mas para a lacização e secularização.

FONTES:
Dom Arthur Roche novo prefeito do Culto Divino – Vatican News https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-05/novo-prefeito-culto-divino-dom-arthur-roche.html

La Fraternité Saint-Pierre expulsée du diocèse de Dijon par Mgr Minnerath – Riposte Catholique https://www.riposte-catholique.fr/archives/159811

Santa Sé prepara restrições à missa tradicional em latim – ACI Digital https://www.acidigital.com/noticias/santa-se-prepara-restricoes-a-missa-tradicional-em-latim-55134

La trepidazione e la speranza dei gruppi (coetus) “Summorum Pontificum” che sono già” il futuro della Chiesa” – Messa in Latino http://blog.messainlatino.it/2021/06/la-trepidazione-e-la-speranza-dei.html

Important Op-Ed by Fr Pio Pace: “Restricting Summorum Pontificum: What the Pope Said, the Credible Information, and the Risk of a War within the Church.” – Rorate Coeli https://rorate-caeli.blogspot.com/

Novidades para o Sínodo: tem início a partir das Igrejas locais – Vatican News https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2021-05/sinodo-bispos-caminho-sinodal-inicio-a-partir-das-igrejas-locais.html

Bispo suíço põe leigos no lugar de vigários episcopais – ACI Digital https://www.acidigital.com/noticias/bispo-suico-poe-leigos-no-lugar-de-vigarios-episcopais-97935

NOTÍCIAS

NOTA IMPORTANTE DO PADRE PIO PACE: “RESTRINGINDO O SUMMORUM PONTIFICUM: O QUE O PAPA DISSE, A INFORMAÇÃO CONFIÁVEL E O RISCO DE UMA GUERRA NA IGREJA”.

Via Rorate Coeli

Nota de Rorate: Já faz algum tempo que aquele grande conhecedor dos segredos mais profundos da vida eclesiástica de Roma, o padre Pio Pace, nos enviou pela última vez um relatório.

Os repetidos relatórios discretos sobre o esboço de um documento papal restringindo a aplicação do motu proprio Summorum Pontificum (o documento de Bento XVI que reconhecia a impossibilidade de revogação da Liturgia Romana Tradicional) o levaram a nos escrever novamente sobre este assunto urgente:

Restringindo o Summorum Pontificum: o que o Papa disse, as informações confiáveis e o risco de uma guerra dentro da Igreja

Pelo Padre Pio Pace
Roma

Um texto enfraquecendo o alcance do motu proprio Summorum Pontificum, de Bento XVI, poderia estar em vias de ser publicado: essa informação, que se seguiu ao anúncio feito “confidencialmente” pelo Papa aos bispos italianos da CEI [Conferência Episcopal Italiana], montado na Via Aurelia, em Roma, no dia 24 de maio, foi amplamente comentada, notadamente pela grande imprensa italiana.

As normas essenciais do texto, como os informou o Papa, são as seguintes: a partir de agora, os sacerdotes das comunidades especializadas na Missa Tridentina (as comunidades “Ecclesia Dei”) podem continuar a celebrar, assim como os sacerdotes diocesanos que já o celebram; pelo contrário, se padres diocesanos adicionais desejam celebrá-lo, eles devem primeiro obter uma permissão do bispo.

Algumas informações complementares foram adicionadas, mas desta vez na forma de comentários extra-oficiais credíveis: a Congregação para o Culto Divino seria agora responsável pela operação da Missa Tridentina e das comunidades Ecclesia Dei. Dentro desta Congregação, que acaba de receber seu novo Prefeito, o Arcebispo Roche e um novo secretário, Arcebispo Viola, e uma nova subsecretária de nível episcopal, Bispo Aurelio García Marcías – ex-reitor do seminário de Valladolid, na Espanha – seria o responsável direto pelo mundo tradicional, como o Arcebispo Pozzo estava no passado. Este conjunto de pessoal curial é, em princípio, hostil à missa antiga.

Nesta fase, e sem ainda sabermos o conteúdo exato do novo texto (se for finalmente publicado), podemos fazer vários comentários:

(1) Esta decisão foi considerada por muito tempo, com um certo número de episcopados nacionais, especialmente o episcopado italiano, pressionando para colocar o Summorum Pontificum em uma espécie de “parênteses” – bispos com ligações importantes com a Cúria, especialmente o Secretário de Estado, Cardeal Parolin. Acrescentemos que o velho cardeal canadense Ouellet se mostrou muito hostil, neste contexto, ao Summorum Pontificum. Os anúncios sobre o assunto foram feitos nesta sucessão:

(a) Várias declarações do papa sobre o caráter “irreversível” da reforma litúrgica e sobre sua “preocupação” com o espírito tradicionalista (“rígido”) que cresce nos jovens clérigos;

(b) O motu proprio de 19 de janeiro de 2019, suprimindo a comissão Ecclesia Dei e transferindo todos os seus poderes para a Congregação para a Doutrina da Fé;

(c) O questionário, datado de 7 de março de 2020, enviado pela CDF aos bispos de todo o mundo com a intenção de chegar a uma avaliação da aplicação do Summorum Pontificum.

(2) O objetivo previsto, como Andrea Grillo (um professor muito influente da Pontifícia Universidade de Santo Anselmo) freqüentemente afirmou, é que a liturgia anterior ao Vaticano II não possa gozar de um direito que só deveria ser reivindicado pelo Liturgia do Vaticano II: a liturgia antiga deve ser considerada dentro de um âmbito muito limitado de mera tolerância, regido essencialmente por cada bispo diocesano.

(3) Apesar de todo o esforço, se o texto sair, o resultado concreto pode não ser tão exagerado quanto seus proponentes desejam: na maior parte do mundo, na prática, as normas de 2007 (segundo as quais cada sacerdote pode decidir aceitar um pedido para celebrar a Missa Tridentina, sem referir-se ao bispo) nunca foram totalmente recebidas e, com algumas exceções, geralmente foi o bispo que tomou a decisão.

(4) No entanto, o importante efeito libertador psicológico do Summorum Pontificum foi bastante considerável: pode-se observar que, nos dez anos entre 2007 e 2017, o número de celebrações litúrgicas tradicionais no mundo mais que dobrou. Pelo contrário, o efeito psicológico de um documento em sentido oposto pode ser muito desfavorável à Tradição.


Se o texto for publicado, será muito interessante analisar as justificativas que serão apresentadas. Pode-se pensar que mencionará que, agora, as pessoas que se apegavam à forma antiga encontraram a paz e que os candidatos às ordens sacerdotais que desejavam celebrá-la encontraram estabilidade nos Institutos especializados. Provavelmente mencionará que as questões doutrinárias consideradas a respeito das relações com a Fraternidade São Pio X (FSSPX), que havia submetido esta celebração à Congregação para a Doutrina da Fé, não são tão relevantes agora, uma vez que chegaram ao termo, de modo que a celebração do Rito Antigo pode agora ser colocada sob a jurisdição ordinária da Congregação para o Culto Divino. Uma reafirmação do caráter “permanente” ou “definitivo” da revolução litúrgica pós-Vaticano II deve ser feita no texto, logicamente seguida por convites diretos ou indiretos a padres tradicionalistas e fiéis leigos para aderirem a uma espécie de “bi-formalismo” (ou bi-ritualismo).

Só que… perante a opinião católica universal, esse ataque à liberdade de um pequeno número de fiéis quando, em outro lugar, tudo parece aceito e permitido, pareceria incompreensível. E, acima de tudo, este acontecimento desencadearia uma severa e considerável guerra litúrgica e causaria as maiores preocupações possíveis tanto aos bispos diocesanos como às autoridades romanas. Uma guerra de consequências imprevistas numa Igreja em avançado estado de decomposição doutrinal e disciplinar. O papa tem hoje interesse em correr esse risco perigoso?

A FRATERNIDADE SÃO PEDRO EXPULSA DA DIOCESE DE DIJON POR MONS. MINNERATH

Via Riposte Catholique

Em setembro próximo, o FSSP, após 23 anos de presença em Dijon e na Côte d´or, é forçada a abandonar 300 fiéis e deixar Dijon. Até o momento, o FSSP ainda não foi recebida pelo Bispo!

Aqui está o boletim enviado aos paroquianos de Dijon para explicar a inexplicável decisão de Monsenhor Roland MINNERATH.

“Caros fiéis,

As palavras que me vêm à mente nestes dias são as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo citando o profeta Zacarias: “Ferirei o pastor, e se dispersará o rebanho.” (Mt 26,31). Eis o que ameaça nossa comunidade após a recente decisão do nosso arcebispo de expulsar a Fraternidade São Pedro da diocese de Dijon, após vinte e três anos de presença a serviço dos fiéis vinculados à missa tradicional. Durante todos esses anos, os padres da Fraternidade São Pedro se revezaram em Dijon para permitir-vos assistir à missa diariamente, receber os sacramentos com facilidade, ter aulas de catecismo, segundo a pedagogia da FSSP e ministradas pelos padres, pudemos desenvolver atividades para todas as idades, a fim de constituir uma comunidade viva e pacífica na Arquidiocese de Dijon. E tudo isso poderia desaparecer com o golpe de uma caneta? Sem qualquer consulta?

Por nossa parte, o superior do distrito da França da FSSP, Pe. Benoît Paul-Joseph, solicitou uma entrevista com Dom Roland Minnerath e explicaremos as razões de nossa incompreensão e de nossa decepção em face de uma decisão que nos parece profundamente injusta. A verdade é que sois, queridos fiéis, os mais magoados neste caso em que sereis as principais vítimas desta mudança de regime: deixareis de ter todos os serviços que o FSSP vos prestou e a solução diocesana sempre permanece precária, pois depende da boa vontade de um ou dois sacerdotes diocesanos que já estão a cargo de outra paróquia, e que ainda não podem fazê-lo. Além disso, o FSSP permite que sua comunidade mantenha a unidade entre seus membros, apesar da diversidade de pastores que trabalharam na cidade natal de São Bernardo. Portanto, a vós cabe tornar conhecida sua angústia pelos meios adequados para encontrar uma solução pacífica para o bem de todos.

Portanto, o que nos ameaça é a divisão – entre nós ou, o que seria pior, com a diocese – já que os pastores estão abalados. Por isso, não nos deixemos perturbar pelo espírito do Maligno que semeia discórdia nos corações. Saibamos, pois, permanecer unidos para apresentar uma frente firme e poder superar esta prova que nos aflige, lembrando a advertência do apóstolo São Paulo: «Não estejais em dívida com ninguém, exceto para amar uns aos outros; pois quem ama o próximo, cumpre toda a lei.” (Rm 13).

Neste mês de junho tradicionalmente consagrado ao Sagrado Coração, convido-vos a rezar todos os dias as Litanias do Sagrado Coração pelas intenções da nossa comunidade.

Abbé Roch Perrel, superior

[…]

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O Corpus Christi que perdemos

Os modernistas em sua “Reforma Litúrgica” de 1969 destruíram com o belíssimo Ofício de Corpus Christi, composto por ninguém menos que o insigne teólogo e poeta, Santo Tomás de Aquino, no século XIII, para a Festa do Santíssimo Corpo de Deus. A consequência imediata dessa mudança foram os intermináveis espetáculos de irreverência e profanação à Santa Eucaristia que se seguiram desde então, bem como o esquecimento das lições que a Santa Igreja nos transmite nesta solenidade.

Uma das mais importantes destas verdades, deliberadamente esquecida e culposamente desprezada pelos modernistas, é aquela da necessidade de evitar a comunhão sacrílega, isto é, o grave pecado de receber a Santa Comunhão em pecado mortal, sem fazê-la preceder do necessário arrependimento e da confissão sacramental. Neste vídeo, hei de demonstrar, com a verdade e os fatos, a malícia dos reformadores neste ponto, de tal modo que todos conheçam a sua falta de honestidade e piedade.

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Francisco e a bênção a casais LGBT

Philippe Bordeyne, o novo reitor do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, tem algo a dizer sobre o tema mais explosivo do momento: a bênção a casais LGBT. Num ensaio publicado em “Transversalités”, revista do Institut Catholique de Paris de que foi reitor, Bordeyne afirma que sim, é bom abençoar os casais homossexuais “quando pedem que a oração da Igreja acompanhe seu amor, sua união”.

Como se verá, sua recente nomeação completa todo um itinerário de mudanças que Francisco vem fazendo nos últimos anos, para melhor acomodar o tal Instituo à sua mentalidade progressita. Para bom entendedor, isso indica claramnte qual lado Francisco tomou nesta controvérsia sobre a bênção a casais LGBT. Mais do que isso: mostra o caráter revolucionário, não só de sua doutrina, mas também de seus métodos.

Para terminar, um breve exame do dito ensaio de Bordeyne nos bastará para revelar o grau de demência teológica de seus conselheiros, que, em nome de uma agenda alheia, desprezam as doutrinas mais elementares do catolicismo sobre a moral cristã, a condição objetiva dos membros mortos na Igreja e o caráter público e doutrinário da Sagrada Liturgia.

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EXCERTOS DA NOTÍCIA “GUERRA EM FAMÍLIA. SOBRE OS CASOS DAS BÊNÇÃOS DE CASAIS HOMOSSEXUAIS, O VATICANO TEM UM INIMIGO EM CASA

Via Settimo Cielo

Philippe Bordeyne, o novo reitor do Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família, já pôs as cartas na mesa com antecedência. E o fez precisamente no tema mais explosivo deste momento na Igreja, o da bênção dos casais homossexuais.

Num ensaio publicado em “Transversalités”, revista do Institut Catholique de Paris de que foi reitor, Bordeyne afirma que sim, é bom abençoar os casais homossexuais “quando pedem que a oração da Igreja acompanhe seu amor, sua união”, embora com a dupla precaução de abençoá-los “de preferência” em uma forma litúrgica “de carácter privado” e com uma bênção pessoal para cada um dos membros do casal, “para caracterizar a diferença com relação às orações de bênção nupcial”.

O ensaio merece ser lido na íntegra. Mas isso por si só é suficiente para entender que Bordeyne não está entre os obedientes, mas entre os rebeldes contra o “Responsum” com o qual a Congregação para a Doutrina da Fé proibiu a bênção de casais homossexuais em 15 de março. “Responsum” imediatamente rejeitado por bispos, padres e fiéis, especialmente na Alemanha e arredores, incluindo o cardeal Christoph Schönborn, e, por outra parte, defendido com unhas e dentes por outro cardeal, Camillo Ruini, com o Papa Francisco no meio, que pende para cá e para lá, sem nunca deixar claro de que lado vai terminar.
[…]
Voltando a Bordeyne, eis um pequeno trecho das conclusões de seu ensaio em “Transversalités”, no qual ele aprova a bênção litúrgica de casais do mesmo sexo.

Escrito antes e intitulado “L’Église catholique en travail de discernement face aux unions homosexuelles”, o ensaio saiu à luz nos mesmos dias que o “Respponsum” da Congregação para a Doutrina da Fé que que proibia tal bênção, desobedecendo-lhe de fato.

Será interessante ver como a liderança da Igreja lida com este conflito feroz dentro dos muros do Vaticano sobre uma questão moral tão decisiva para a fé.

*

INSTRUÇÃO SOBRE COMO ABENÇOAR CASAIS HOMOSSEXUAIS

Por Philippe Bordeyne

Todo batizado se beneficia da oração da Igreja e tem o direito fundamental de se beneficiar dela. Portanto, não há dúvida de que as pessoas engajadas em uma união homossexual têm o direito de buscar a ajuda pastoral da Igreja e, particularmente, a ajuda da oração, em seu caminho para a santidade.

Ao mesmo tempo, a Igreja não pode ignorar que certas práticas eclesiais correm o risco de criar confusão sobre a natureza do matrimônio cristão, ou de aumentar a confusão que circula na sociedade sobre a natureza do matrimônio em geral. É necessário, portanto, fazer uma distinção em dois níveis: entre a oração pública e privada, por um lado, e entre a bênção das pessoas e a bênção do casal ou de sua união, por outro.

Em primeiro lugar, quando dois homossexuais pedem a oração da Igreja para acompanhar o seu amor, a sua união ou o filho que acolheram, é preferível uma oração privada para não dar lugar a reivindicações explícitas ou implícitas de legitimação das uniões homossexuais. por analogia com o casamento.

Do mesmo modo, no caso de estar prevista uma oração de bênção, esta deve limitar-se a uma bênção das pessoas, descartando as formulações que evoquem a sua união muito diretamente, para evitar confusão com a bênção ritual de um homem e uma mulher unidos em matrimônio. […] O sinal eclesial de bênção, realizado por um ministro da Igreja, deve portanto ser concedida a duas pessoas que, tendo cada uma feito um juízo de consciência tendo em conta os seus próprios limites, pedem a ajuda da Igreja para crescer em sua disponibilidade para a graça. Especificamente, seria desejável que o ministro procedesse sucessivamente com duas orações pessoais de bênção. […]

Na medida em que a Igreja Católica está em processo de discernimento moral e pastoral em relação às uniões entre pessoas do mesmo sexo, pode-se fazer voto de que aceitará enraizar esta obra na oração litúrgica, lugar por excelência onde Cristo manifesta a sua presença e o seu poder salvífico à sua Igreja.

http://magister.blogautore.espresso.repubblica.it/2021/05/21/guerras-en-familia-sobre-la-bendicion-de-las-parejas-homosexuales-el-vaticano-tiene-un-enemigo-en-casa/

Comentários do Controvérsia Católica:

1 – A afirmação de que Francisco estaria oscilando entre um lado e outro é inadequada e contradiz uma conclusão que não escapou ao próprio articulista do Settimo Cielo, que neste mesmo artigo nos dirá que Francisco é o verdadeiro responsável por uma mudança de rumo no Instituto João Paulo II, que se resume em um processo de exclusão dos estatutos e teólogos mais conservadores, substituídos por outros que pensam à imagem e semelhança de Bergoglio: “Começou há muito tempo,” diz o autor, “principiando com a exclusão, em 2014, por vontade do Papa Francisco, de qualquer representante do Instituto João Paulo II no sínodo sobre a família, isto é, precisamente sobre o tema de sua competência mais específica. Depois veio em 2016 a nomeação do ultrabergogliano Vincenzo Paglia como Grão-Chanceler, seguida no ano seguinte pelo motu proprio com o qual o Papa Francisco mudou o nome do instituto, embora mantendo-o em homenagem a João Paulo II, o fundador. No verão de 2019, os estatutos foram reescritos, o programa de estudos foi refeito e o corpo docente depurado, a começar pelo Reitor Livio Melina. O Papa Emérito Bento XVI também se juntou publicamente ao protesto de professores e alunos. Mas sem nenhum efeito. Até o novo reitor PierAngelo Sequeri – renomado teólogo milanês que inexplicavelmente se adaptou a essa tarefa – logo se viu à margem do novo rumo, pela autonomia de seu pensamento teológico, entre outras coisas porque defende fortemente uma interpretação da muito discutida encíclica “Humanae vitae” de Paulo VI fiel ao seu significado original. Mas agora que Sequeri também foi forçado a se aposentar e foi substituído por Bordeyne, o alinhamento do instituto com o novo curso estabelecido pelo Papa Francisco está praticamente completo.” Nada de novo sob o sol, o que hoje faz Francisco, já havia feito o mesmo Paulo VI na sequência do Vaticano II, limpando as universidades romanos de professores conservadores, dentre os quais se encontrava o grande teólogo e depois bispo sedevacantista, Monsenhor Michel-Louis Guérard des Lauriers.

2 – Quando o sr. Philippe Bordeyne diz que “Todo batizado se beneficia da oração da Igreja e tem o direito fundamental de se beneficiar dela”, ele se esquece que, como a Igreja se compõe de membros vivos e mortos, de bons e maus, de pessoas em estado de graça e de pessoas em pecado mortal, somente não são todos os fiéis que se aproveitam das orações e das graças que a Igreja confere aos seus membros. Conforme ensina o Catecismo Romano, “O gozo desses bens e favores, tão abundantes quão variados, destina-se todavia àqueles que levam uma vida cristã na caridade, e que [por isso] são justos e agradáveis a Deus. Os membros mortos, isto é, os homens cobertos de crimes e apartados da graça divina, não perdem propriamente a regalia de serem membros deste corpo; mas, como membros mortos, ficam privados do fruto espiritual que é a partilha dos justos e piedosos. Ainda assim, uma vez que permanecem no grêmio da Igreja, são ajudados por aqueles que vivem espiritualmente, a recuperarem a graça e vida perdida. Deste modo, recebem ainda alguns frutos, que escapam, sem dúvida alguma, aos que se separaram [totalmente] da Igreja.” (Nono Artigo do Credo, A Comunhão dos Santos).

Logo, essas pessoas que ainda podem ser contadas como membros da Igreja, mas que vivem publicamente em um pecado que brada aos céus por vingança, deveriam ser aconselhadas a dissolverem a tal união pecaminosa para recuperarem a graça e a vida perdida. É isso o que sempre fez a verdadeira Igreja. Enquanto isso não sucede, elas estão privadas da graça e sua condição é extremamente precária, o mesmo Catecismo nos vai descrevê-las como a “palha que na eira se mistura com o trigo, ou como os membros quase mortos, às vezes continuam ligadas ao corpo.”

3 – Outra observação: Philippe Bordeyne fala em uma cerimônia litúrgica privada para distinguir do matrimônio. Mas isso parece ser o mesmo que falar em um ato litúrgico não litúrgico, já que a oração litúrgica dita por um ministro sagrado sempre é pública, pois é uma oração feita em nome da Igreja.

Destas coisas se percebe o nível destes teólogos modernistas: eles mal sabem o Catecismo! Como é que esses ignorantes querem ensinar alguma coisa sobre família cristã e relacionamento entre católicos?

URGENTE: Francisco quer abolir a Missa Tridentina

Últimas atualizações, com pertinentes comentários, sobre a declaração de Francisco aos bispos italianos a respeito de uma revogação na prática da Carta Summorum Pontificum, documento lavrado por Bento XVI em 2007 que autorizava a celebração da Missa Tridentina por parte de sacerdotes pós-conciliares e que até o presente é o responsável pelas chamadas Missas de Motu Proprio.

SUMMORUM PONTIFICUM, FRANCISCO QUER ABOLI-LO! ELE O DISSE NA REUNIÃO PLENÁRIA DA CEI

Via Messa in Latino

Por enquanto, esta é uma notícia ainda fragmentária, de nossas múltiplas fontes dentro da CEI (Conferência Episcopal Italiana) e entre os bispos, mas parece que ontem (24.5.2021) o Papa, se dirigindo aos bispos italianos na abertura da assembleia anual da CEI (e em um reunião posterior com um grupo deles), anunciou a reforma iminente para pior do Motu proprio Summorum Pontificum.

Depois de mais de uma advertência contra o recebimento de jovens “rígidos” (isto é, fiéis à doutrina) no seminário, Francisco anunciou aos bispos que chegou ao terceiro rascunho de um texto que contém medidas restritivas no tocante à celebração por parte de sacerdotes católicos da Missa na forma extraordinária liberada por Bento XVI, o qual, segundo ele, com o Summorum Pontificum queria apenas atender às necessidades dos lefebvrianos, mas que hoje são sobretudo os jovens sacerdotes que desejam celebrar a Missa Tridentina, ainda que sem saber o latim.

A este respeito, ele falou de um bispo a quem um jovem sacerdote se dirigiu, expressando sua intenção de celebrar na forma extraordinária. Perguntado se sabia latim, o jovem padre disse que estava aprendendo. Ao que o bispo respondeu que seria melhor que ele aprendesse espanhol ou vietnamita, pois havia muitos hispânicos e vietnamitas na diocese.

Pelo que parece, voltaríamos ao Indulto – com a necessidade da autorização prévia do bispo, ou mesmo do Vaticano – com tudo o que se segue, ou seja, uma reintrodução da proibição de celebrar segundo o Missal de São [sic] João XXIII, muitas negações de autorização e a marginalização prática de padres e fiéis ligados ao rito antigo. Depois de Moisés, o Libertador, o Faraó teria retornado.

A crença de que o Summorum Pontifucum foi elaborada apenas para atender aos lefrebvrianos é infundada e falsa: não somente pelo que se pode deduzir claramente do texto do Motu Proprio (e da Universae Ecclesiae), mas também pelo que disse expressamente o próprio Bento XVI, que nas páginas 189-190 do livro “Ultime Conversazioni” (aos cuidados de P. Seewald, editado pelo Corriere della Sera), segundo o qual a reabilitação da antiga Missa com a Summorum Pontificum não deve ser entendida de forma alguma como uma concessão à Fraternidade, mas como via pela qual toda a Igreja “preservasse a continuidade interna com o seu passado. O que antes era sagrado não se tornou uma coisa errada de um momento para o outro. Agora não há outra missa. São diferentes formas do mesmo rito ”.

Um sacerdote disse-nos a este respeito: “Não me parece estranho que os bispos ataquem o Summorum Pontificum: afinal, a liturgia antiga é o problema mais grave, sério e atual da Igreja.”

Se já chegaram ao terceiro rascunho, isso significa que estão trabalhando seriamente (e há algum tempo) para limitar e – de fato – cancelar o Summorum Pontificum. Portanto, há realmente algo para se preocupar e orar: Bento XVI terá algo a dizer?

Nós os manteremos atualizados.

A Redação.

E hoje (26 de maio) Messa in Latino publicou esta atualização:

PERIGO PARA O SUMMORUM PONTIFICUM: PREOCUPANTES DETALHES ULTERIORES

Via Messa in Latino

Estamos seguindo com nossa postagem de ontem para comunicar mais informações, ainda mais alarmantes. Refere-se ao contexto “curial” que dá apoio às palavras do Papa Francisco na última segunda-feira, 24 de maio, por ocasião da reunião plenária do CEI no Hotel Ergife de Roma.

O seguinte é relatado pelo site francês Paix Liturgique (cujo nome lembra a “paz litúrgica” alcançada em 2007 com o Motu Proprio Summorum Pontificum e que agora está aparentemente em grave e sério perigo).

Aqui está a nossa tradução:

“Então, depois que os jornalistas saíram da sala de discussão, o Papa abordou um tema que une muitos bispos da Península [Itália]: a execução [ou seja, a morte] de Summorum Pontificum.

Francisco confirmou a iminente publicação de um documento que foi instado a escrever, no qual pretende “reinterpretar” o Motu Proprio de Bento XVI. A publicação foi efetivamente postergada, pois o documento parecia ter provocado objeções e retrocessos, especialmente do cardeal Ladaria e da Congregação para a Doutrina da Fé, que argumentaram que o tal provocaria inquietação e oposição incontroláveis em todo o mundo.

Não obstante, o Secretário de Estado pressiona pela divulgação do texto, cujas disposições essenciais são as seguintes:

  • as comunidades que celebram de acordo com a forma antiga podem continuar a fazê-lo;
  • por outro lado, os padres diocesanos devem obter permissão específica.

É óbvio que este documento, que não é aplicável em muitos países incluindo a França, terá acima de tudo um significado simbólico: fazer com que a celebração da Missa Tridentina não seja mais um direito, mas uma exceção tolerada.”

FRANCISCO AFIRMA QUE VAI REVOGAR A AUTORIZAÇÃO UNIVERSAL À CELEBRAÇÃO DA MISSA TRIDENTINA DADA POR BENTO XVI

Via Novus Ordo Watch

Removendo a máscara tradicional …

Francisco teria dito aos “bispos” italianos que revogaria a autorização universal de celebrar a Missa Tridentina dada por Bento XVI.

O jesuíta argentino que se autodenomina “Papa Francisco” ( Jorge Bergoglio) sempre foi um defensor dos direitos da tradição. A única exceção que ele faz é para a tradição católica romana.

Por exemplo, em sua carta encíclica sobre a fraternidade humana, o falso papa cita o cardeal chileno Novus Ordo Raúl Silva Henríquez (1907-99), dizendo:

Não nos esqueçamos de que «os povos que alienam a sua tradição e – por mania imitativa, violência imposta, imperdoável negligência ou apatia – toleram que se lhes roube a alma, perdem, juntamente com a própria fisionomia espiritual, a sua consistência moral e, por fim, a independência ideológica, econômica e política».

(Antipapa Francisco, Encíclica Fratelli Tutti, n. 14)

Durante sua visita aos Estados Unidos em 2015, ele alertou contra a tentativa de “eliminar todas as diferenças e tradições em uma busca superficial pela unidade” e destacou que “[nossas] ricas tradições religiosas procuram oferecer significado e orientação, elas têm uma poder duradouro para abrir novos horizontes, para estimular o pensamento, para expandir a mente e o coração.” (Discurso na Reunião pela Liberdade Religiosa na Filadélfia, 26 de setembro de 2015).

[…]

Francisco vai acabar com a permissão universal de celebrar a Missa Tridentina

Ontem, 25 de maio de 2021, notícias de última hora circularam pela internet: Francisco estaria planejando a revogação, ou pelo menos uma reforma substancial, da carta motu proprio Summorum Pontificum emitida pelo “Papa” Bento XVI em 7 de julho, 2007. Bergoglio supostamente disse isso aos “bispos” italianos na segunda-feira, na abertura da assembleia geral da Conferência Episcopal Italiana (CEI).

Embora o relato permaneça não confirmado, oficialmente ele é bem fundamentado.

As declarações de Francisco à Conferência Episcopal Italiana Novus Ordo não foram publicadas pelo Vaticano, mas algumas informações foram divulgadas por outras agências. De fato, uma parte da abertura da conferência com Francisco foi até mesmo transmitida pela EWTN, na qual ele pode ser ouvido compartilhando sua “preocupação” de que hoje existem muitos seminaristas inadequados para a vocação sacerdotal. .

Você consegue adivinhar qual é o problema sério entre os seminaristas diagnosticado pelo apóstata jesuíta? Ele mesmo nos diz: “Frequentemente temos visto seminaristas que parecem bons, mas são rígidos. E a rigidez não é auspiciosa. E aí descobrimos que por trás dessa rigidez existem grandes problemas.”. Em outras palavras, ele quer mais de James Martin e menos de James Altman . Sim, isso soa como Bergoglio.

No vídeo da EWTN, fica evidente que Francisco ainda não terminou de falar quando a transmissão é interrompida. Segundo relatos, Francisco tinha mais a dizer que não queria que fosse incluído na transmissão ou noticiado pelos jornalistas. Na verdade, ele teria pedido antes para “poder falar livremente” sem a presença de jornalistas.

Os relatos sobre o desejo de Francisco de rescindir a extensa permissão da Missa Tridentina de Bento XVI devem se referir às partes de suas observações que não foram registradas, ou pelo menos não transmitidas.

O relato inicial desse boato parece ter vindo do confiável blog italiano Messa in Latino, que o Rorate Caeli escolheu para o mundo anglófono:

[…]

Mais e mais sites e blogs começaram a cobrir este desenvolvimento. Eis algumas manchetes:

  • Temores de que a Missa Tridentina seja suprimida, renovados na esteira dos alegados comentários do Papa aos bispos italianos (Life Site)
  • Os modernistas no Vaticano preparam um ataque à missa de todos os tempos, junto com o Papa (Marco Tosatti em Stilum Curiae)
  • Notícia de que Summorum Pontificum será ‘Reformada’ (Catholic Arena)

Hoje, o blog francês Paix Liturgique divulgou algumas informações adicionais:

[…]

(“Is Summorum Pontificum in Jeopardy?”, Paix Liturgique. 26 de maio de 2021.)

Embora ainda no nível de boato, os relatos são altamente confiáveis. Considerando o histórico da questão e o contexto que o cerca, ele realmente se encaixa.

Por exemplo, nos primeiros meses após sua eleição em 2013, Francisco proibiu o uso do Missa Tridentina pelos Frades Franciscanos da Imaculada, a quem acusou de um certo “cripto-lefebvrismo”.

Em 2014, Francisco deu pouca importância a relatos sibre a Missa Tridentina, alegando que era apenas uma “moda passageira” favorecida sobretudo pelos jovens e que “por isso, é um assunto que não precisa de tanta atenção.”

Em 2017, já se falava sobre a ação de Francisco para abolir ou restringir o Summorum Pontificum. Mas isso não foi apenas conversa fiada, veio de alguém que sabia – o Prof. Andrea Grillo, do Pontifício Ateneu de Santo Anselmo em Roma, uma fonte próxima a Francisco.

No ano passado, adeptos conservadores e tradicionalistas da Igreja do Vaticano II ficaram alarmados ao descobrirem que Francisco estava buscando informação entre os “bispos católicos” do mundo sobre a “cultura da Missa Tridentina” em suas respectivas dioceses. Pouco ajudou que, algumas semanas antes, o principal ecumenista de Roma, o “Cardeal” Kurt Koch, tivesse feito lobby por uma “reconciliação” entre as chamadas formas ordinária e extraordinária da Missa Romana em um único rito, algo incipientemente encontrado no próprio Summorum.

Além disso, após a recente aposentadoria do relativamente conservador “Cardeal” Robert Sarah, a Congregação para o Culto Divino está atualmente sem chefe. Há rumores de que Francisco escolherá como substituto “Arcebispo” Arthur Roche, que foi secretário da congregação e é conhecido por ser um opositor público da Missa Tridentina.

Tudo isso dá uma imagem muito clara de onde as coisas estão indo sob o governo de Francisco e dá grande credibilidade aos relatos sobre o que Francisco disse aos “bispos” italianos na segunda-feira.

Jorge Bergoglio, Inimigo da Missa Tridentina

Francisco é conhecido por ser inimigo da Missa Tridentina. Modernista, gosta de sua “Missa” em língua vernácula, protestantizada e com um ocasional Tango. Ele também gosta de liturgias infantis assim:

Ele nem se importa se as pessoas a assistem, uma pseudo-missa anglicana celebrada em algum canto pode substitui-la, e, se for o caso, o próprio Francisco estará pronto para dirigir um culto luterano.

Mas assistir à Missa Tridentina de todos os tempos? Aguarde um minuto! Opa, isso é coisa séria!

Seu histórico como “Arcebispo” de Buenos Aires (1998-2013) no que diz respeito à implementação do Summorum Pontificum ou do Indulto Ecclesia Dei (1988-2007), fala por si:

O fato de dioceses e ordens religiosas de tendência tradicional terem experimentado um verdadeiro boom de vocações para os padrões Novus Ordo não é apenas irrelevante para Francisco, ele realmente considera isso um grande problema.

Tudo isso é estranho ou surpreendente apenas se pensarmos que Bergoglio é realmente o Papa da Igreja Católica, que em virtude de seu cargo tem a responsabilidade de defender e salvaguardar a Tradição Católica Apostólica Romana. Não admira quando se percebe que o homem é um comunista anticatólico, cujo trabalho é extinguir definitivamente os últimos resquícios de catolicismo em tantas almas quanto puder. Então, suas palavras e ações fazem todo o sentido.

Francisco não está “confuso” ou “desorientado”, como muitos gostam de dizer. Ele sabe muito bem o que está fazendo; o constante desenvolvimento de suas obras perversas o confirma.

O depois da Summorum é o antes da Summorum

Se Francisco realmente divulgar um documento para alterar ou revogar o Summorum Pontificum – e isso parece muito provável, considerando a credibilidade dos relatos sobre suas observações aos pseudo-bispos italianos em 24 de maio – pode-se supor que ela terá o seguinte características:

  • Ele alegará estar em continuidade com o Summorum Pontificum e procurará recuperar seu verdadeiro espírito e intenção;
  • justificará a necessidade de uma mudança disciplinar com o fundamento de que uma falsa interpretação do Summorum Pontificum por certos tradicionalistas extremistas distorceu a verdadeira intenção de Bento XVI, levando a frutos indesejáveis como a rigidez e a rejeição do Concílio Vaticano II;
  • conforme for necessário, ele irá invocar ao “Povo de Deus”, ao “Espírito” e/ou aos “sinais dos tempos” para apoiar ainda mais a justificativa em prol dos novos regulamentos;
  • embora de forma sorrateira, conterá premissas importantes para futuras mudanças litúrgicas;,
  • seus novos regulamentos não serão suficientemente claros para permitir uma interpretação liberal ou conservadora;
  • dependendo de como o novo documento for realmente implementado e recebido, o Vaticano poderá eventualmente exigir que uma ou outra interpretação seja aceita.

Nos últimos oito anos, Francisco nos mostrou que está mais interessado em promover mudanças na prática do que na teoria ou no papel. Por esse motivo, será muito importante antecipar o efeito prático que o novo documento provavelmente terá, em vez de focar estritamente no que ele determina ou permite em teoria, embora isso também não deva ser negligenciado.

Mas não é irônico que os próprios membros da hierarquia Novus Ordo, que sempre insistem que “não podemos voltar para trás”, agora estejam levando seu povo de volta a um tempo anterior ao Summorum Pontificum? Ah bem, a consistência nunca foi o forte dos modernistas!

Em 24 de agosto de 2017, Francisco declarou em um discurso aos participantes de um congresso litúrgico: “Depois deste magistério, após esta longa caminhada, podemos afirmar com certeza e com autoridade magisterial que a reforma litúrgica é irreversível.” Ele atribui o adjetivo “irreversível” a uma construção litúrgica dos anos 1960 que havia acabado de reverter pelo menos 1300 anos de tradição e desenvolvimento litúrgico!

A propósito, devemos mencionar que, ao contrário da crença popular, o Motu Proprio Summorum Pontificum na verdade não é algum tipo de documento católico tradicional hardcore. Quando lido com atenção, torna-se patente que ele é simplesmente mais um exercício da abordagem teológica hegeliana, típica de Ratzinger. Ele contém muitos elementos ultrajantes, como explicamos antes:

Além disso, devemos esclarecer que o que é comercializado como a “forma extraordinária” da Missa Romana no Summorum Pontificum não é exatamente a Missa Tridentina, mas a sua forma modificada encontrada no Missal Romano de 1962, promulgado pelo “Papa” João XXIII (Angelo Roncalli) . Esta distinção, embora importante em si mesma, é irrelevante para os fins deste post, razão pela qual nos referimos a ela simplesmente como a Missa Tridentina.

Teologia tem consequências

Dados os relatos confiáveis de Francisco contando a seus subordinados sobre seus planos de revogar ou restringir o Summorum Pontificum, os tradicionalistas da Igreja do Vaticano II estão descobrindo que o que um “Papa” modernista pode conceder, o outro “Papa” modernista pode tirar. Eles estão começando a entender que sua casa de Missa Tridentina foi construída sobre a areia: “E a chuva caiu, e as enchentes vieram, e os ventos sopraram, e eles bateram naquela casa, e ela caiu, e grande foi a sua ruína.” (Mt 7, 27).

Sem cinismo, mas com grande caridade, devemos mais uma vez apontar para uma verdade muito importante: a teologia tem consequências!

Só podemos esperar que Francisco realmente tire o Summorum Pontificum, porque tal será uma grande graça para as almas bem-intencionadas: elas não serão mais capazes de se enganar (ou enganar aos outros) com aquela máscara tradicional conveniente, mas perigosa – sim, máscara – uma máscara que a seita Vaticano II tem usado em seu “mundo católico”.

Pois embora todas as aparências externas possam passar no “teste católico tradicional” para quaisquer partes da vida paroquial que eles escolheram limitar a sua exposição, o fato é que esta ainda é a religião do Vaticano II, da qual eles fazem parte e participam, uma vez que eles estão operando sob seus auspícios e “em plena comunhão” com ela. Eles simplesmente optaram por fechar os olhos a certos elementos dentro de sua paróquia ou diocese, e certamente dentro da Igreja universal. Como diz o ditado: você pode passar batom em um porco, mas no fim do dia ele ainda será um porco.

A seita do Vaticano II com uma Missa Tridentina ainda é a seita do Vaticano II, mesmo que por um determinado período de tempo tenha sido camuflada em belas vestes tradicionais, em um missal pré-Vaticano II, em canto gregoriano, em muito incenso, e em latim eclesiástico perfeitamente pronunciado. Com raras exceções, o sacerdote que o oferece foi ordenado no rito inválido ou duvidoso do Novus Ordo de Paulo VI, ou por um “bispo” ordenado no mesmo, e foi formado na Nova Teologia de um seminário modernista. Em qualquer caso, ele professa comunhão com um apóstata manifesto.

Isso não é uma novidade que veio com Bergoglio. É assim desde que a Missa Nova se tornou obrigatória. O Vaticano modernista pode às vezes permitir que você tenha a experiência externa de uma missa tradicional, talvez até válida, mas eles nunca permitirão que você tenha a fé católica tradicional.

Em última análise, a questão não é sobre a missa, mas sobre a fé. A supressão da verdadeira missa foi apenas o sintoma mais visível de que uma nova religião foi introduzida com o Concílio Vaticano II. Não admira, então, que Francisco tenha sido muito claro no início deste ano: o Vaticano II não é opcional. Em outra ocasião, mais recente, ele expressou sua preocupação com “uma certa tendência a se afastar um pouco do Concílio Vaticano II, assumindo posições tradicionalistas” nos seminários.

Eles não podem ceder em matéria de Vaticano II, porque todo o seu credo permanece ou cai com o concílio. Leve-o embora, e o que resta? O que seriam essas pessoas sem o Vaticano II? É a essência e o fim de sua religião; constitui a própria essência de sua Igreja Falsificada, que começou não com Jesus Cristo ou São Pedro, mas com João XXIII.

Portanto, da próxima vez que você ouvir Francisco falar sobre as “ricas tradições religiosas [que] procuram oferecer significado e orientação [e] têm um poder duradouro para abrir novos horizontes, estimular o pensamento, expandir a mente e o coração”, apenas lembre-se de que ele não está se referindo à tradição da única religião verdadeira, a tradição católica romana.

Porque esta ele pisoteia com ódio e desprezo, com fogo e fúria – porque é a única tradição religiosa que realmente importa.

Uma heresia de Francisco apontada ao sr. Italo Marsili

Chegou ao meu conhecimento uma live do sr. Italo Marsili na qual este se apresenta como um entusiasmado defensor do Concílio Vaticano II e do Papa Francisco. No ápice de sua apologia, chega ao ponto de dizer que Francisco jamais proferiu uma heresia sequer: são uns desinformados, são uns desinformantes, uns ignorantes e desocupados, esses blogueiros rad-trad que dizem o contrário. “Aponte”, diz o nosso apologista, “uma única heresia do Papa Francisco. Não há, não há.”

Eu diria, para usar uma frase do próprio Francisco, que este dizer do Sr. Italo Marsili é um negacionismo suicida. Mas o remédio contra esse mal já está pronta há dois mil anos e não é outro senão a simples, eficaz e bela doutrina católica pré-Vaticano II, que nos faz ver de sobejo o quanto realmente há, e novamente há, heresia para se apontar em Francisco e no seu pai no erro, o bastardo Concílio Vaticano II. É isso que demonstrarei neste vídeo.

Acima menciono alguns textos que estão esparsos em diferentes artigos do nosso site. Abaixo acham-se todos eles reunidos com as respectivas referências.

DECLARAÇÕES MODERNISTAS SOBRE OS JUDEUS

“Um olhar muito especial é dirigido ao povo judeu, cuja Aliança com Deus nunca foi revogada, porque “os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis” (Rm 11, 29). A Igreja, que partilha com o Judaísmo uma parte importante das Escrituras Sagradas, considera o povo da Aliança e a sua fé como uma raiz sagrada da própria identidade cristã (cf. Rm 11, 16-18). Como cristãos, não podemos considerar o Judaísmo como uma religião alheia, nem incluímos os judeus entre quantos são chamados a deixar os ídolos para se converter ao verdadeiro Deus (cf. 1 Ts 1, 9). Juntamente com eles, acreditamos no único Deus que atua na história, e acolhemos, com eles, a Palavra revelada comum.”

(Francisco, Evangelii Gaudium n. 247, 24 nov. 2013)

“Sinto-me feliz por estar aqui, entre vós, nesta Sinagoga… As nossas relações me interessam muito. Em Buenos Aires, costumava ir às sinagogas e me encontrar com as comunidades lá reunidas; seguia de perto as festividades e comemorações judaicas.”

(Francisco, Alocução durante visita a Sinagoga de Roma, 18 jan. 2016)

“Quando meu Venerável Predecessor, João Paulo II, veio até vós pela primeira vez… ele quis fazer uma contribuição decisiva visando o fortalecimento das boas relações entre as nossas comunidades, a fim de superar todo preconceito e incompreensão. Minha visita faz parte de uma jornada já começada, venho confirmá-la e aprofundá-la…”

“O ensinamento do Concílio Vaticano II representou para os católicos uma clara divisa para a qual fazemos constante referência na nossa atitude e nas nossas relações com o povo judeu, marcando um estágio novo e significativo. O Concílio deu um novo ímpeto ao nosso irrevogável compromisso de buscar o caminho do diálogo, fraternidade e amizade, uma jornada que tem sido aprofundada e desenvolvida nos últimos quarenta anos por meio de passos importantes e gestos significativos… Também eu, no curso de meu Pontificado, quis demonstrar minha proximidade e meu afeto para com o povo da Aliança.”

(Bento XVI, Alocução durante visita a Sinagoga de Roma, 17 jan. 2010)

“Este povo foi reunido e conduzido por Deus, o Criador do Céu e da Terra. Logo, sua existência não é um mero fato de natureza ou de cultura, no sentido de que pela cultura o homem manifesta as virtudes de sua própria natureza. Ele é um fato sobrenatural. Este povo persevera apesar de tudo, porque ele é o povo da Aliança, e apesar das infidelidades humanas, o Senhor é fiel a sua Aliança. Ignorar esse fato primário é tomar o caminho do marcionismo contra o qual a Igreja reagiu imediatamente e vigorosamente, consciente de sua ligação vital com o Velho Testamento, sem o qual o Novo Testamento seria desprovido de seu significado.”

(João Paulo II, Alocução ao Simpósio sobre as Raízes do Antijudaísmo, 31 out 1997)

“Em outubro de 1960”, relata Padre Porto, “o Papa João XXIII entregou ao Cardeal Bea, seu principal auxiliar na gigantesca tarefa de renovação da Igreja, o dossiê do Professor Jules Isaac. As 18 famosas sugestões para eliminar do ensino cristão as fórmulas suscetíveis de favorecer o anti-semitismo tornavam-se a base dos estudos preparatórios para a elaboração do documento conciliar que, por vontade expressa de João XXIII, devia realicerçar no amor e na paz o relacionamento da Igreja com o Judaísmo.” (PORTO, Humberto. Os Protocolos do Concílio Vaticano II. São Paulo: Edições Diálogo, 1984, p. 15) “Tratava-se”, na mente de João XXIII, “de um vasto e profundo programa de refontalização que devia levar a uma reafirmação dos princípios da justiça, da paz e do amor… Para que se chegasse deveras a essa ‘ardente e sentida renovação das almas’, era mister que se triunfasse ‘sobre os erros de dois mil anos’, como a anti-semitismo e tantos outros.” (Ibidem, pp. 16-17).

“Em novembro de 1960, o Papa João XXIII manifestou ao Cardeal Bea o desejo de que o Secretariado para a União dos Cristãos se incumbisse da tarefa de elaborar um documento conciliar sobre os judeus… O texto deveria ser vazado em termos que não se prestassem a especulações e a interpretações tendenciosas. Velhas acusações anti-semitas necessitavam de ser, por cautela, rechaçadas apenas no terreno religioso, em seus fundamentos doutrinários tradicionais… o Cardeal Bea estava com o projeto revisto e pronto em junho de 1962. O texto não continha mais que 800 palavras, mas parecia fadado a pulverizar toda a literatura de hebreufobia religiosa e patrística.” (Ibidem, pp. 19, 20, 23.)

Em suma, para os modernistas, o cristianismo pré-Vaticano II, sua tradição religiosa e patrística, é anti-semitismo, marcionismo, uma falta de caridade, justiça e amor. O que é impressionante é que eles ainda tenham a audácia de se dizer católicos, uma vez que tenham um tal conceito de nossa religião. Esse é um claro sinal da falta de caráter dessa gente. Quem reputa a verdade por falta de caridade, ainda que dita pelos santos mais eminentes e pelo próprio Nosso Senhor, a caridade mesma, pode ser um humanista, um deísta, um maçom, mas não um cristão.

DECLARAÇÕES CATÓLICAS SOBRE OS JUDEUS

“E primeiramente com a morte do Redentor, foi ab-rogada a antiga Lei e sucedeu-lhe o Novo Testamento; então com o sangue de Cristo foi sancionada para todo o mundo a Lei de Cristo com seus mistérios, leis, instituições e ritos sagrados. Enquanto o divino Salvador pregava num pequeno território – pois que não fora enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel (cf. Mt 15, 24) – corriam juntos a Lei e o Evangelho, mas no patíbulo, onde morreu, anulou a Lei com as suas prescrições (cf. Ef 2, 15), afixou a cruz o quirógrafo do Antigo Testamento (cf. Cl 2, 14), estabelecendo, com o sangue, derramado por todo o gênero humano, a Nova Aliança (cf. Mt 26, 28; 1 Cor 11, 25). “Então, diz S. Leão Magno falando da cruz do Senhor, fez-se a transferência da Lei para o Evangelho, da Sinagoga para a Igreja, de muitos sacrifícios para uma única hóstia, tão evidentemente, que ao exalar o Senhor o último suspiro, o místico véu, que fechava os penetrais do templo e o misterioso santuário, se rasgou improvisamente de alto a baixo.”

“Portanto na cruz morreu a Lei antiga; dentro em pouco será sepultada e se tornará mortífera, para ceder o lugar ao Novo Testamento, para o qual tinha Cristo escolhido ministros idôneos na pessoa dos apóstolos (cf. 2 Cor 3,6): e é pela virtude da cruz que o Salvador, constituído cabeça de toda a família humana já desde o seio da Virgem, exerce plenamente o seu múnus de cabeça da Igreja.”

(Papa Pio XII, Mystici Corporis, n. 28s, 29 jun. 1943)

“A Igreja crê firmemente, professa e ensina que as prescrições legais do Antigo Testamento, isto é, a Lei mosaica, que se dividem em cerimônias, sacrifícios sagrados e sacramentos, mesmo porque instituídos para significar algo futuro, ainda que adequadas ao culto divino daquela época, com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, por elas significado, cessaram, e que tomaram início os sacramentos do Novo Testamento. Ela ensina que peca mortalmente todo aquele que voltar a pôr, depois da paixão de Cristo, sua esperança naquelas prescrições legais e as observa como se fossem necessárias à salvação e a fé no Cristo não pudesse salvar sem elas. A Igreja não nega, todavia que, no tempo entre a paixão de Cristo e a promulgação do Evangelho, elas pudessem ser observadas, mesmo que não fossem julgadas necessárias à salvação; depois do anúncio do Evangelho, porém, não podem mais ser observadas sem a perda da salvação eterna. Todos, portanto, que depois disso observam os tempos de circuncisão, do sábado e de outras disposições da lei, ela os denuncia como estranhos à fé em Cristo, não podendo de todo participar da salvação eterna.”

(Papa Eugênio IV, Concílio de Florença, Cantate Domino, 4 fev. 1442; Denz 712)

“Contudo, eles não estão tentando observar os preceitos da antiga lei que, como todos sabem, foi revogada pela vinda de Cristo… A primeira consideração a ser feita é que as cerimônias da Lei Mosaica foram revogadas com a vinda de Cristo e que elas já não podem ser observadas sem pecado depois da promulgação do Evangelho.”

(Papa Bento XIV, Ex Quo Primum, nn. 59 e 61, 1 mar. 1756)

“Seja notório a todos vós, e a todo o povo de Israel: Que em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo Nazareno, a quem Deus ressuscitou cios mortos, no tal nome, digo, é que este se acha em pé diante de vós já são. Esta é a pedra, que foi reprovada por vós que a edificastes, e que se tornou como o vértice do ângulo. E não há salvação em nenhum outro: Porque do Céu abaixo nenhum outro nome foi dado aos homens, pelo qual nós devamos Ser salvos.”

(São Pedro Apóstolo e Primeiro Papa, Atos 4, 10-12)

“Examinai as Escrituras, pois julgais ter nelas a vida eterna, e elas mesmas são as que dão testemunho de mim; mas vós não quereis vir a mim para terdes a vida. Eu não recebo dos homens a minha glória. Mas bem vos conheço, que não tendes em vós a dileção de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e vós não me recebeis; se vier outro em seu próprio nome, haveis de recebê-lo.* Como podeis crer vós outros, que recebeis a glória uns dos outros, e que não buscais a glória que vem só de Deus? Não julgueis que eu vos hei-de acusar diante de meu Pai, o mesmo Moisés, em quem vós tendes as esperanças, é o que vos acusa; porque se vós crêsseis a Moisés, certamente me creríeis também a mim; porque ele escreveu de mim. Porém se vós não dais crédito aos seus escritos, como dareis crédito às minhas palavras?… Vós não conheceis a mim, nem ao meu Pai; se me conhecêsseis a mim, certamente conheceríeis também a meu Pai… Vós sois cá de baixo, e eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, e eu não sou deste mundo. Por isso eu vos disse, que morrereis nos vossos pecados; porque se não crerdes quem eu sou, morrereis no vosso pecado… Eu falo o que vi em meu Pai, e vós fazeis o que vistes em vosso pai… Vós sois filhos do diabo, e quereis cumprir os desejos de vosso pai… Mas ainda que eu vos digo a verdade, vós não me credes… O que é de Deus, ouve as palavras de Deus. Por isso vós não as ouvis, porque vós não sois de Deus.”

(Nosso Senhor Jesus Cristo, Evangelho segundo São João 5, 39-47; 8, 19, 23-24, 38, 44, 45, 47)

– * Os judeus hão de receber este homem, vindo em seu próprio nome, como se fosse o Cristo, trata-se aqui do falso messias esperado pelos judeus, o anticristo; este será “o tal iníquo” de que fala São Paulo no segundo capítulo da Segunda Epístola aos Tessalonicenses.

“Por isso eu vos declaro que tirado vos será o reino de Deus, e será dado a um povo que faça os frutos dele.”

(Nosso Senhor Jesus Cristo, o Messias, Mat. 21,43)

“Quem a mim despreza, despreza Àquele que me enviou… Todas as coisas me tem sido entregues por meu Pai. E ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai, e nem quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quer revelar.”

(Nosso Senhor Jesus Cristo, o Messias, Lc 10,16.22)

“Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus seja o Cristo? Este tal é um anticristo, que nega o Pai e o Filho.”

(São João Evangelista e Apóstolo, 1Jo. 2,22)

“Porque vós, irmãos, vos haveis feito imitadores das igrejas de Deus, que há pela Judeia em Jesus Cristo; porquanto as mesmas coisas sofrestes também vós da parte dos da vossa nação, que eles igualmente da parte dos judeus; os quais também mataram o Senhor Jesus, e os profetas, e nos têm perseguido a nós, e não são do agrado de Deus, e são inimigos de todos os homens. Proibindo-nos de falar aos gentios, para que sejam salvos, a fim de encherem sempre a medida dos seus pecados; porque a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim.” (São Paulo Apóstolo, Epístola aos Tessalonicenses 2, 14-16)
E se vós sois de Cristo, logo vós sois a semente de Abraão, os herdeiros da promessa.”

(São Paulo Apóstolo, Gal. 2,29)

“Muitos, eu sei, respeitam os judeus e julgam que seus ritos hodiernos são honestos; por isso me apresso em cortar pela raiz esta opinião perniciosa. Digo que a sinagoga não é melhor do que um teatro e valho-me do testemunho de um profeta. Não há judeus mais dignos de fé do que os profetas. O que, pois, ele nos diz? ‘O descaramento de uma meretriz se apoderou de ti, não quiseste ter vergonha.’ (Jr 3, 3) O lugar onde uma meretriz se prostitui, eis aí um prostíbulo. Mas a sinagoga não é somente um prostíbulo e um teatro, ela também é um antro de ladrões e um covil de bestas. Pois ‘está feita um covil de hienas’, diz ele, ‘esta minha casa’ (Jr 7, 11); não de bestas simplesmente, mas de bestas impuras. E mais uma vez: ‘Deixei a minha casa, e abandonei a minha herança’ (Jr 12, 7). Mas se Deus a abandonou, que esperança de salvação lhe resta? Quando Deus abandona um lugar, esse lugar se torna uma habitação de demônios.” 

“Mas dizem então que também eles adoram a Deus. Longe de nós dizê-lo: nenhum judeu adora a Deus! Quem diz isso? O Filho de Deus. ‘Se vós conhecêsseis meu Pai, conheceríeis também a mim. Mas vós não conheceis nem a mim, nem ao Pai’ (Jo 8, 19). Pode haver testemunha mais fidedigna do que essa? Se, pois, os judeus não conhecem o Pai, crucificaram o Filho e repeliram o auxílio do Espírito, quem não ousaria afirmar que a sinagoga é uma habitação de demônios? Lá Deus não é adorado, longe disso: antes é desde então um lugar de idolatria. Apesar disso, alguns ainda a tem como um lugar sagrado.”

(São João Crisóstomo, Adversus Judæos Orationes, Oratio Prima)