Noções sobre a Maçonaria: existência, definição, poder, finalidade e como evitar o perigo maçônico e o socialismo

Noções sobre a Maçonaria: existência, definição, poder, finalidade e como evitar o perigo maçônico e o socialismo [PDF]

Este arquivo PDF contém um texto sintético e altamente informativo sobre as origens, os meios e os objetivos perseguidos pela seita maçônica. É material útil e acessível ao público em geral, pode servir como texto-base de lições sobre o assunto. Para fins introdutórios, juntamente com este texto, recomendo a leitura da Humaum Genus do Papa Leão XIII e a obra El Misterio de la Masonería de Cardeal Caro.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DIANDA, Presbítero Gilberto. O Catecismo Maior de Sua Santidade o Papa Pio X – Explicado ao povo segundo a norma do Concílio de Trento: Tomo II – Dos Mandamentos de Deus e da Igreja, das verdades principais e doutras coisas que o christão deve saber. Vizeu: Editora da Revista Catholica, 1915, pp. 39-56.

A Ascendência Rabínica de Bento XVI

NOVE RABINOS ENTRE OS ANTEPASSADOS DE BENTO XVI?

(Chiesa Viva, setembro de 2012, pp. 28-31.)

A ÁRVORE GENEALÓGICA DE RATZINGER

Apresentamos a pesquisa de Gilad ben Aaron, um católico de origem judaica, sobre as origens judaicas de Bento XVI.

A bisavó de Bento XVI, Maria Elisabete (Betty) Tauber, que nasceu judia na Morávia em 1834, parece ter sido excluída de sua família, quando se tornou católica. A Hungria e a Morávia em 1834 eram regiões do Império Austro-Húngaro, até o fim da Primeira Guerra Mundial.

Betty viajou para o sul da região do Império Austro-Húngaro no Sul do Tirol ( hoje parte da Itália), onde teve uma filha, Maria, com Anton Peter Peintner, na cidade de Rasa em 1855. Anton só se casou com Betty três anos depois do nascimento da filha. Betty era filha de Jacob Tauber (1811- 1845) e Josefina (Peppi/Josefa) Knopfelmacher (1819-1886). Jacob Tauber era filho de Jonas e sua mulher, Rebeca Zerkowitz Tauber. A família Zerkowtiz gaba-se do “status KOHEN“.

Rastreando a família Ratzinger, Rieger e Tauber, a família Knopfelmacher, Shiptz, Bachrach, Cohen, chega-se ao Rabino Yehuda Loew bem Bezalel que era o Maharal de Praga.

A Arvore Genealógica é a seguinte:

  1. Rabino Yehuda Loew (Leib) bem Bezalel (o Maharal de Praga) (1512-1609), casou-se com Pearl Shmelkes-Reich (1516-1610).
  2. Vogele Loew (1556-1629) casou-se com Rabino Isak Ha-Cohen (1550-1624).
  3. Chava (Eve) Ha-Cohen (1580-1651) casou-se com Rabino Samuel Bachrach Abraham (1575-1615), Rabino de Worns.
  4. Rabino (Moses) Samson/”Simsom”/Bachrach (1607-1670), Rabino em Goding, Leipnik, Praga e Worns, casou-se com Dobrusch Phobus (1610-1662).
  5. Rabino Jair Chayim Bachrach, aliás “o Yoire Chavas“ (1638-1702), Rabino de Worns, desposou Sarah (Dinah Sorla) Brillin (1638-1703).
  6. Rabino Samson/”Simson´´ casou-se com uma Bachrah (n. 1657), de quem não se conhece o nome.
  7. Bachrah Malka (n. 1680) casou-se com Rabino Zalman Shpitz, presidente de Beit Din [tribunal ou corte rabínica] em Eisenstadt.
  8. (Sarah) Sarl Shpitz (n. 1703) casa-se com Knopfelmacher Rabi Jacob (antes de 1739), “O Mestre”, “Rabino-chefe em Mehrin”.
  9. Nissel Knopfelmacher (n. 1722) casou-se com o mais jovem irmão de seu pai, o Rabino Mosé Knopfelmacher (1718-1798) de Holesov.
  10. Jacob Knopfelmacher (n.1739) casou-se com Katharina (n. 1740).
  11. Joachim Knopfelmacher (n. 1764) casou-se com Anna (n. 1764)..
  12. Markus Knopfelmacher (n. 1786) casou-se com Betty.
  13. Josephine (Peppi/Josefa) Knopfelmacher (1890) casou-se com Jacob Tauber (1811-1845).
  14. Elisabete Maria (Betty) Tauber (1834 em Mahr. WeiBkirchen, Morávia) casou-se em 1858 em Rio de Pusteria, com Anton Peter Peintner.
  15. Maria Tauber Peintner (n. 1855 em Rasa, m. 1930) casou-se com Isidor Rieger.
  16. Maria Peint Rieger (n. 1884) casou-se com Joseph Ratzinger (pai de Joseph Alois Ratzinger).
  17. Joseph Alois Ratzinger (Papa Bento XVI).
Colônia, 19 agosto 2005. Bento XVI em uma visita a Sinagoga onde foi recebido com todas honras pela comunidade judaica. Um gesto que rompe com o comportamento de todos pontífices antes do Vaticano II. Para a Cabala, a Menorá (à esquerda) representa a centelha divina da auto-divinização do homem.

GENEALOGIA TAUBER

Aaron Tauber, antepassado de Elisabella Maria (Betty) Tauber, com toda probabilidade provém da comunidade hebraica do Vale Tauber da Baviera da qual recebeu seu sobrenome. Em seguida ela se transferiu para Morávia. O brasão da família Tauber é uma Pomba ligada ao nome de Jonas. O Padre de Aaron era Jonas dos Tauber que era um descendente do rabino Jonah Géronde. Parece que os descendentes dos Tauber tomaram identidades e nomes católicos durante a perseguição aos hebreus bávaros e, em seguida, retornaram abertamente ao judaísmo na Morá via.

  1. Aaron Tauber de Leipnik Morávia (n. 1658). Seu pai era Jonas dos Tauber, descendente do rabino Jonah Géronde..
  2. Isaac Tauber de Leipnik Morávia (n. 1609) irmão ancião de Joaquim Lobl (Leopold) Tauber Holesov da Morávia.
  3. Jacob Tauber de Lepnik Morávia (n. 1715).
  4. Jonas Tauber de Mahr. WeiBkirchen Morávia ( 1739-1822) desposou a segunda mulher Rebecca Zerkwitz (n.1788.
  5. Jacob Tauber (n. 1811) desposou a segunda mulher Josephine (Peppi/Josefa) Knopfelmacher.
  6. Elisabetta Maria (Betty) Tauber (n.1834 em Mahar).

OS TAUBER: UM DOS RAMOS CABALISTAS MAIS IMPORTANTES DA SINAGOGA

É importante notar que Joseph Alois Ratzinger (Tauber Peintner), hoje Bento xvi, descende de um dos ramos cabalistas mais importantes da Sinagoga (o Grande Rabinato de Praga). Adicionalmente destaque-se o esforço feito pela tribo hebraica (em particular Náftali), a pelo menos 500 anos, para usurpar a Sé de Pedro, como afirmou John Retcclife no capitulo “O cemitério Hebraico de Praga e o Conselho dos representantes das doze tribos de Israel“, no seu livro “Biarritz” que pode ser consultado nos Protocolos dos Sábios de Sião, Edição Especial (completa).

El Shebet Náftali (Praga) disse: “Não aceitar mais posições subordinadas. Da maior importância para nós é a justiça e a defesa. Isso nos dá a oportunidade de conhecer a posição dos nossos inimigos e o seu poder real. Já temos consignado a muitos ministros de finanças e ministros da justiça. O Nosso objetivo é chegar ao Ministério do Culto (o Clero Católico e o Papado, naturalmente). Devemos conseguir exigindo paridade e igualdade civil…” Esse era o escopo do Rabinato de Praga, 160 anos atrás.

Bento XVI com a mitra que leva na frente e atrás, 4 enormes estrelas de 6 pontas com um ponto central. Ora, este símbolo com seus números 7 (6 + 1) representa o Mestre Maçom, a “Pedra Perfeita” ou o “Homem Deus” da maçonaria. A Estrela e o Ponto Central, simboliza a alma judaica, cuja principal essência é a negação da divindade de Jesus Cristo e a auto-divinização do Homem. As grandes 10 pedras vermelhas e verdes centrais formam a dupla de números: 5 (4 pedras vermelhas verticais + a pedra verde) e o 6 (6 pedras vermelhas horizontais); 7 (6 pedras vermelhas horizontais + a pedra verde) e 4 (4 pedras verticais). O seu significado é a Tríplice Trindade (5, 6, 7) a se estender pelo inteiro globo terrestre (4 = 4 pontos cardeais).

ALGUNS TRAÇOS HISTÓRICOS DO “MAHARAL DE PRAGA”, ANTEPASSADO DE BENTO XVI

Entre seu antepassados, o judeu Joseph Alois Ratzinger Peintner (em realidade Tauber) provém da sucessão de 9 diferentes rabinos da Austro-Hungria e Alemanha. Mas em modo particular do Maharal (Yeudah Loew bem Bezalel) considerado um dos sábios ocultistas mais importantes da história.

O Maharal, conhecido entre os cabalistas satânicos, adquiriu a sua grande fama como o líder espiritual da comunidade hebraica de Praga. Ele fundou a Academia Talmúdica Unida, chamada Klaus:

O Maharal, abreviação de Moreinu HaRav Loeb, como é conhecido, adquiriu grande popularidade também entre os não hebreus pelos seus conhecimentos distintos seculares da matemática, da astrologia e de outras ciências (ocultas).. ele era um profundo conhecedor da Cabala, onde se revelam os segredos da criação divina e as vias escondidas de Deus“.

“Ao Maharal se atribuem, com razão, poderes especiais, a ponto de ser chamado “Artífice dos Milagres”. A história mais famosa é aquela do Golem (demônios invocados por feiticeiros hebraicos), atestada por um monumento edificado em Praga, que demonstra se tratar de alguma coisa mais que um simples folclore”.

“Depois de ter seguido os rituais prescritos, o Rabino desenvolveu o Golem e o fez vir a vida recitando magias especiais em hebraico. Quando o Golem de Rabbi Loew cresceu, tornou-se também mais violento e iniciou a assassinar as pessoas e a difundir o medo. Ao Rabino Lowe foi prometido que a violência contra os hebreus seria cessada se o Golem fosse destruído. O Rabino concordou. Para destruir o Golem, eliminou a primeira letra da palavra “Emet” diante a Golem para formar a palavra que, em hebraico, representa a morte. (Segundo a legenda, os restos do Golem de Praga são conservados em um caixão no sótão do Alteneuschul em Praga, e pode ser trazido a vida ainda mais uma vez, se necessário”.

“Anos depois, uma estátua com o titulo Der Hohe Rabbi Loebo grande Rabino Loeb – (obra de um famoso escultor tcheco) foi construída em honra e homenagem a essa ilustre personalidade”.

Resistência Católica à Declaração Conciliar em prol do Judaísmo Deicida

Trecho do livro Protocolos do Concílio Vaticano II sobre os Judeus pelo padre modernista Humberto Porto. Ilustra a gloriosa resistência católica contra a pérfida Declaração Conciliar em prol do Judaísmo Deicida.

[…] A essa altura, crescia fora da Aula Conciliar, o trabalho da oposição. Os Padres receberam vários libelos, entre os quais: El Problema del Judaismo ante el Concilio Vaticano II, de Dom Luigi Maria Carli, Bispo de Segni, na Itália; Il Problema dei Giudei in Concilio de León Poncins; La Dichiarazione in Favore dei Ebrei Favorisce um Razzismo che Lede il Diritto di Legitima Difesa degli altri Populi, de Dr. Edoardo di Zaga, (os textos foram impressos em várias línguas, em Roma, para a IV Sessão).

No dia 13.10.65, véspera dos primeiros sufrágios conciliares sobre a Declaração, os Padres receberam pelo correio, despachado de Roma, o libelo mais característico, que resume o conteúdo dos demais. O título em espanhol era: Ningún Concilio ni ningún Papa pueden condenar a Jesucristo ni a la Iglesia Católica ni a sus Papas y Concilios más ilustres. La Declaración sobre los judíos lleva implicita tal condenación y debe, por lo mismo, ser desechada. No texto lia-se:

“É evidente que somente um antipapa ou um conciliábulo poderiam aprovar uma declaração deste tipo. E isto o pensamos cada dia mais um maior número de católicos em todo o mundo, que estamos dispostos a agir na forma que for necessária para salvar a Igreja de tal ignomínia. Fazemos um apelo aos Padres Conciliares que não se dobraram à pressão judaica ou que não se venderam simoniacamente ao ouro judeu, para que impeçam a tácita condenação de tantos Papas, Concílios, Padres e Santos ilustres, rejeitando a pérfida Declaração em favor dos judeus… Tomem nota os Padres Conciliares de que nem o Papa nem os Concílios têm faculdades para privar a Igreja nem os demais povos do direito natural de legítima defesa.”

O libelo é assinado por 28 organizações que se dizem ‘tradicionalistas’.

Quando da votação da Declaração, os Padres Conciliares receberam folhetos anônimos semelhantes aos que já haviam sido distribuídos nos últimos dias da segunda sessão. Um deles, bem impresso e em várias línguas, de 20 páginas em grande formato, intitulava-se Ação Judeo-Maçônica no Concílio; com data de Roma, setembro de 1964. Declara que foi composto por um grupo de sacerdotes, “com conhecimento e anuência do bispo”. Fala da perda de fé de alguns Padres Conciliares; da ‘nova fronteira’ que se intenciona impor de modo permanente à Igreja Católica em flagrante contradição co a doutrina e a tradição de dezenove séculos; de um complô de judeus e maçons eclesiásticos; e que os agentes do judaísmo teriam penetrado no Templo do Senhor para pregar no sagrado recinto as heresias que lhes foram ensinadas por lojas maçônicas. São nomeados o Cardeal Bea, os Bispos Walter Kempe e Serigo Mendez Arceo, o Mons. John Oesterreicher e o Pe. Gregory Baum, todos eles acusados de serem judeus e maçons. Fala também contra as “reformas” dos Cardeais Bea, Suenens, Frings, Doepfner, e “de seus cúmplices”.

Outro folheto de 30 páginas, também remetido pelo correio, traz o título Secondo Cristo N. S. il Deicida é il Popolo Ebraico. Assina-se como autor o “Pe. Maurice Mauclair”. Repete as mesmas acusações e cita os mesmos nomes. A Introdução termina assim: “Se a vontade de Deus permitiu que se levantem sob a cúpula de S. Pedro vozes heréticas, é porque quer que de nós se levante um apelo para contrapor-lhe a Verdade que ele ensinou.” […]

O esforço da retificação efetiva

Nos maios eclesiásticos, a Declaração sofria críticas por parte de certos defensores de uma responsabilidade coletiva do povo judeu na crucifixão de Jesus. Esta tese foi arrazoada pelo Mons. L. M. Carli através de dois artigos publicados em Palestra del Clero, sob os títulos A Questão Judaica diante do Concílio Vaticano II e É Possível Discutir com Seriedade a Questão Judaica? (XLIV, 1965, 185-203, 463-476). […]

PORTO, Padre Humberto. Protocolos do Concílio Vaticano II sobre os Judeus. São Paulo: Edições Diálogo, 1984, pp. 72-75.

É legítimo dizer que o judaísmo é deicida

É LEGÍTIMO DIZER QUE O JUDAÍSMO É DEICIDA

SOBRE A QUESTÃO JUDAICA DEBATIDA NO CONCÍLIO VATICANO II

Por Dom Luigi Maria Carli
(Palestra del Clero, 14 de fevereiro de 1965)

Considero legítimo poder dizer que todo o povo judeu da época de Jesus – entendido em sentido religioso, isto é, como o coletivo que professava a religião de Moisés – foi responsável in solidum pelo crime de deicídio, embora apenas os líderes, seguidos por uma parte dos adeptos, tenham consumado o delito materialmente.

Esses líderes não foram, sim, democraticamente eleitos pelo sufrágio popular; no entanto, de acordo com a legislação e a mentalidade então em vigor, eram consideradas pelo próprio Deus (cf. Mt 23, 2) e pela opinião pública como autoridades religiosas legítimas, os responsáveis oficiais pelos atos praticados em nome da religião e servindo-se dos instrumentos legais predispostos pela religião mesma. Pois bem, precisamente por parte desses líderes Jesus Cristo, o Filho de Deus, foi condenado à morte; e Ele foi condenado precisamente por ter-se proclamado Deus (Jo 10, 33; 19, 7), e não obstante ter fornecido evidências suficientes para se acreditar que o fosse. (Jo 15, 24).

A sentença foi proferida pelo Concílio (Jo 11.49 e seguintes), ou seja, pelo mais alto órgão de autoridade da religião judaica, apelando para a Lei de Moisés (Jo 19, 7) e motivando a sentença como uma ação defensiva de todo o povo (Jo 11, 50) e da própria religião (Mt 26, 65).

Foi o sacerdócio aarônico, síntese e expressão máxima da economia teocrática e hierocrática do Antigo Testamento, que condenou o Messias. Portanto, é legítimo atribuir deicídio ao judaísmo, enquanto comunidade religiosa.

Nesse sentido bem definido, e considerando a mentalidade bíblica, também o judaísmo posterior a nosso Senhor participa objetivamente da responsabilidade pelo deicídio, na medida em que esse judaísmo constitui a continuação livre e voluntária daquele de então.
Um exemplo doméstico pode nos ajudar a perceber essa realidade. Um Sumo Pontífice e um Concílio Ecumênico, embora não sejam eleitos pela comunidade católica com sistemas democráticos, se tomarem uma deliberação solene na plenitude de sua autoridade, tornam todo o “catolicismo”, toda a comunidade eclesial, co-responsável por essa deliberação, desde então e por todos os séculos futuros.

Mons. Luigi Maria Carli, La questione giudaica davanti al Concilio Vaticano II, in Palestra del Clero, Anno XLIV N. 4, 14 de fevereiro de 1965.

Os Protocolos Judaicos do Concílio Vaticano II

OS PROTOCOLOS JUDAICOS DO CONCÍLIO VATICANO II

RESUMO CRÍTICO DA OBRA “OS PROTOCOLOS DO CONCÍLIO VATICANO II SOBRE OS JUDEUS”

Por Irmão Diogo Rafael Moreira

ÍNDICE
INTRODUÇÃO
I. OS PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS
II. AS REAÇÕES INICIAIS
III. PAULO VI E OUTROS CONSPIRADORES
IV. A LAVAGEM CEREBRAL
V. LIBELOS ACUSATÓRIOS
VI. A APROVAÇÃO DA NOSTRA AETATE
VII. A SINAGOGA EM FESTA
CONCLUSÃO

INTRODUÇÃO

O livro “Os Protocolos do Concílio Vaticano II sobre os Judeus” escrito pelo Padre Humberto Porto e publicado em São Paulo pelas “Edições Diálogo” nos idos de 1984 é uma obra que impressiona. O título, a capa, o local, a editora, a epígrafe e, quem diria, o Imprimatur… tudo nela se reveste da mais fina ironia. Ironia concisa, porém, são apenas 110 páginas, uma apresentação sucinta que visa “oferecer uma visão de conjunto da elaboração, discussão e aprovação do texto” contido no capítulo 4.º da Declaração do Concílio Vaticano II sobre as religião não cristãs, também conhecida como Nostra Aetate, a “Carta Magna do Diálogo Religioso da Igreja com os Judeus” (p. 11).

Juntamente com este trabalho vêm quatro documentos em apêndice: (1) o texto da própria declaração sobre os judeus; (2) textos paralelos nos outros documentos do Concílio Vaticano II; sugestões e orientações da Santa Sé sobre o diálogo como os judeus; e (4) orientações para os católicos no relacionamento om os judeus no Brasil. O leitor também é brindado com uma breve bibliografia para estudo.

O título é alusão implícita aos Protocolos dos Sábios de Sião, uma obra do início do século XX que falava sobre uma conspiração orquestrada pelos judeus para a dominação mundial. O autor não explica o porquê deste título, nem assinala para essa obra aludida e amplamente conhecida nos círculos de estudo da questão judaica, contudo isso é de todo desnecessário: uma imagem vale mais que mil palavras. Na capa temos uma estrela de cinco pontas, símbolo do judaísmo, que aprisiona dentro de si uma cruz romana. Eis aí já uma síntese gráfica de todo o livro: a obra do Padre Porto apresenta uma “visão de conjunto da elaboração, discussão e aprovação” da Declaração que contém o plano de trabalho para a judaização do cristianismo.

A obra foi publicada em São Paulo, onde o escritor Gustavo Barroso fez publicar sua tradução da obra Os Protocolos dos Sábios de Sião em 1937. Certamente muita coisa mudou de lá para cá em São Paulo, de um protocolo para o outro. Dá testemunho disso o nome da editora, “Edições Diálogo”, por que diálogo? Porque é sob o pretexto de diálogo que “a partir deste documento, algo mudou radicalmente na história da Igreja, que deseja dar espaço a todos, judeus e cristãos, sem distinção, para viverem num clima de verdadeira fraternidade” (p. 7), de tal sorte que é “de toda evidência que algo realmente mudou a partir desta revisão profunda.” (p. 11).

E é tão verdade que mudou que vemos na epígrafe ninguém menos que João XXIII dizendo que “no decorrer de muitos e muitos séculos, nossos olhos se achavam tão cegos que já não éramos capazes ainda de ver a beleza de vosso povo eleito… Compreendemos que o sinal de Caim esteja escrito sobre nossa fonte… Perdoai-nos a maldição que injustamente tínhamos atribuído ao nome de judeus, perdoai-nos por vos havermos uma segunda vez crucificado neles, em sua carne, porque não sabíamos o que fazíamos.” (p. 6). E a mudança no andar das coisas se faz tão mais notória pelo fato da obra do novo diálogo e da mudança radical ter recebido os tradicionais Imprimatur e Nihil Obstat, os quais antes dos anos sessenta eram sinais de que a obra em questão estaria isenta de inovações em assuntos morais e religiosos.

II. OS PRINCIPAIS RESPONSÁVEIS

Ironias à parte, o livro conta de chofre e sem rodeios que a grande obra de judaização da Nostra Aetate se deveu principalmente a três homens: João XXIII, Cardeal Bea e Jules Isaac. Eles aparecem já nas primeiras linhas do primeiro capítulo. “Em outubro de 1960”, relata Padre Porto, “o Papa João XXIII entregou ao Cardeal Bea, seu principal auxiliar na gigantesca tarefa de renovação da Igreja, o dossiê do Professor Jules Isaac. As 18 famosas sugestões para eliminar do ensino cristão as fórmulas suscetíveis de favorecer o anti-semitismo tornavam-se a base dos estudos preparatórios para a elaboração do documento conciliar que, por vontade expressa de João XXIII, devia realicerçar no amor e na paz o relacionamento da Igreja com o Judaísmo.” (p. 15) “Tratava-se”, na mente de João XXIII, “de um vasto e profundo programa de refontalização que devia levar a uma reafirmação dos princípios da justiça, da paz e do amor… Para que se chegasse deveras a essa ‘ardente e sentida renovação das almas’, era mister que se triunfasse ‘sobre os erros de dois mil anos’, como a anti-semitismo e tantos outros.” (pp. 16-17).

Sim, erros de dois mil anos, porque, partindo de uma perspectvia judaica, na Igreja Católica “existem referências aos judeus e ao seu papel na História, em seus textos litúrgicos, por catecismos em suas diversas formas e em certas comemorações, bem como nos manuais de ensino e de devoção muito difundidos… que os ignorantes e caluniadores podem interpretar mal, deformar e explorar estas referências a fim de fomentar o ódio para com o outro, e forçar uma contradição prática do ensinamento da Igreja a respeito da fraternidade entre os homens.” (p. 21). Não admira que os pérfidos judeus pensem desta maneira, o que admira é que algum católico compre este sofisma. Com efeito, a afirmação de que a liturgia, os ensinamentos e as festas da Igreja possam levar as pessoas a um mau caminho é uma tese jansenista condenada nos fins do século XVIII por Pio VI e obviamente constitui uma ofensa à Igreja e ao Espírito Santo que a governa.

Mas muito pior que o próprio sofisma é a solução proposta pela Sinagoga: Mudar a liturgia, o catecismo e, claro, fechar os olhos para as próprias fontes da Revelação (Sagrada Escritura e Patrística), nas quais elas se baseiam. Para que os judeus se sintam mais confortáveis, o cristão deve se despojar daquilo que o distingue dele. Poderia existir alguma petição menos razoável?

Apesar disso, havia um homem que estava pronto para mudar liturgia, catecismos e o ensino da Igreja em geral a mando de João XXIII e da Sinagoga, o seu nome era Agostinho Bea. “Para concretizar todos os esforços ecumênicos, o Papa criou algo de absolutamente novo e e sem precedentes, o Secretariado para a Unidade dos Cristãos, colocando-o à testa, como Presidente… No período preparatório do Concílio, João XXIII confiou-lhe a tarefa global de predispor a opinião pública por meio de cartas, conferências e contatos pessoais a uma articulação plena para todo o desenrolar dos acontecimentos.” (p. 17) Os resultados não podiam ser mais promissores. “Após oito conferências públicas foi tão delirantemente aclamado que a imprensa o saudou com o título de ‘Pater Oecumenicus’ e ‘depositário das esperanças judaicas’.” (p. 18). A mesma imprensa que já então era controlada pelos judeus.

E ele o fazia com ampla liberdade, “costumava-se dizer em Roma que Bea e os beati constituíam o único grupo conciliar, que não sofria a ingerência da Cúria Romana.” (p. 17) Não é preciso maior prova disso que o “Ágape fraterno” organizado na mesma Roma pelo Pro Deo a 13 de janeiro de 1963, entre representantes de 70 nações com 21 religiões diferentes, onde “o Cardeal Bea expôs abertamente seu pensamento sobre a liberdade religiosa… A revista La Civittà Cattolica de 6 de abril de 1963 reproduziu sem comentários o texto do discurso. Dez anos antes, outra era a doutrina da Igreja. Mas, a encíclica Pacem in Terris viria confirmar a posição do Cardeal Bea que, de resto, já expusera essas ideias como relator na reunião preparatória da Comissão Central do Concílio a 19 de junho de 1962.” (p. 18).

“Em novembro de 1960, o Papa João XXIII manifestou ao Cardeal Bea o desejo de que o Secretariado para a União dos Cristãos se incumbisse da tarefa de elaborar um documento conciliar sobre os judeus… O texto deveria ser vazado em termos que não se prestassem a especulações e a interpretações tendenciosas. Velhas acusações anti-semitas necessitavam de ser, por cautela, rechaçadas apenas no terreno religioso, em seus fundamentos doutrinários tradicionais… o Cardeal Bea estava com o projeto revisto e pronto em junho de 1962. O texto não continha mais que 800 palavras, mas parecia fadado a pulverizar toda a literatura de hebreufobia religiosa e patrística.” (pp. 19, 20, 23).

Aí temos, pois, descritos os principais personagens da trágica história que ora vamos narrar com o auxílio do Padre Porto: Em primeiro lugar, aparece Jules Isaac, com as ideias judaicas; depois, João XXIII, com a pretensa autoridade pedindo para que elas sejam a base de um documento conciliar; e, por fim, surge Cardeal Bea com todo o trabalho de lavagem cerebral exigido para fazer passar os Protocolos Judaicos do Concílio Vaticano II.

II. AS REAÇÕES INICIAIS

Mas não há crime perfeito. Ouçamos o que nos conta o Padre Porto sem ocultar em nada o seu viés modernista:

“Em novembro de 1962, cada padre conciliar encontra em sua caixa de correspondência um estranho volume, impresso em segredo, intitulado Le Complot contre L’Église. Eram 900 páginas do mais virulento anti-semitismo. O calhamaço não exumava somente as velhas calúnias… mas sustentava também que havia uma quinta coluna no seio do clero católico, chegando até a arrazoar as atrocidades de Hitler contra os judeus. Ninguém até hoje conseguiu saber como o livro penetrou o Vaticano e foi distribuído a todos os Padres Conciliares… Era um elemento poluidor com que não contava o Cardeal Bea.” (p. 23).

“Reinava grande expectativa em torno de um projeto de um pronunciamento conciliar a respeito das relações da Igreja com o povo judeu. Tendências alarmistas de espíritos vesgos haviam-lhe denunciado erroneamente as conotações políticas. A enchente da maré anti-semita ameaçava destruí-lo sem quaisquer escrúpulos. No período intersessional que se estendeu de 8 de dezembro de 1962 a 30 de setembro de 1963, mostravam-se os Padres do Concílio reticentes face a uma declaração sobre os judeus, sendo estranho até à maioria deles a simples ideia de um documento desse teor.” (pp. 24-25).

Ninguém queria falar sobre os judeus, salvo os próprios judeus e aqueles que trabalhavam para eles. O que há de tão estranho no Complô contra Igreja simplesmente dizer que havia uma minoria trabalhando para mudar a doutrina da Igreja e manipular a opinião dos Padres, quando é justamente esta a história que o Padre Porto nos conta? Parece que a cegueira do autor só é comparável à judaica.

III. PAULO VI E OUTROS CONSPIRADORES

Neste ínterim morre João XXIII e elege-se Paulo VI. “O novo Papa”, informa-nos Padre Porto, “não tardaria em reforçar a atmosfera de confiança e otimismo, ao aderir plenamente à linha de João XXIII… A assembleia conciliar irá vibrar com aplausos no dia 28 de outubro de 1963 quando o Cardeal Suenens declarar que ‘bem se vê que a Providência concedeu à sua Igreja S. S. Paulo VI para dar forma e estrutura às intuições proféticas de seu predecessor.” (p. 26).

Padre Porto resume em linguagem modernista essa mudança de paradigma inciada por João XXIII e consolidada por Paulo VI: “Superava-se a mentalidade pouco bíblica e evangélica de um posicionamento jurídico, apologético e triunfalista da Igreja diante do mundo e de suas realidades.” Claro que eles não fizeram isso sós, Padre Porto mesmo confessa que a Nova Teologia vinda do Reno e os Hélederes Câmaras agindo nos bastidores do Concílio também tiveram um papel fundamental. Escreve ele: “Todas as correntes teológicas mais recentes da Europa Central haviam adquirido direito de cidadania e começavam a renovar e influir no pensamento oficial. Os encontros de grupos e indivíduos à margem das sessões, pelos corredores do Vaticano, foram de extraordinária valia, por propiciarem uma permuta mais direta de ideias e experiências.” (p. 25).

IV. A LAVAGEM CEREBRAL

“No dia 8 de novembro de 1963, o Secretariado para a União dos Cristãos comunicou em forma oficial que fora entregue aos Padre Conciliares um projeto sobre ‘a atitude dos católicos perante os não-cristãos, em particular perante os judeus.” (p. 27). Nessa primeira redação, que Padre Porto faz questão de citar na íntegra, o documento afirmava que a Igreja reconhece suas raízes judaicas e não só deplora, como também condena as perseguições anti-semitas (pp. 28-29). O documento foi simbolicamente entregue no dia 9 de novembro para coincidir com a “noite dos cristais” de 1938, que desencadeou o programa nacional-socialista contra os judeus (p. 30).

Dez dias depois, Cardeal Bea proferiria sua relação oficial sobre o esquema apresentado na aula conciliar. No discurso ele garante que se trata de uma questão meramente religiosa, sem conotação política; insiste na não culpabilidade dos judeus tomados coletivamente pela morte de Cristo e, aduzindo a uma série de textos bíblicos descontextualizados, diz que a obediência à mensagem de João XXIII e sobretudo a imitação do exemplo de Nosso Senhor, São Pedro e São Paulo, que perdoaram e queriam o bem até mesmo dos judeus que os perseguiam (pp. 32-33). Por fim condena como um injustiça (iniuria) a acusação de povo maldito (populus maledictus) ou de nação deicida (gens deicida) tradicionalmente atribuída aos judeus (p. 34).

É curioso que apesar de Cardeal Bea ser “biblista de mão-cheia” (p. 17), em nenhum lugar se vê ele citando ou explicando o conhecidíssimo texto em que São Paulo diz que os judeus “mataram o Senhor Jesus, e os profetas, e nos têm perseguido a nós, e não são do agrado de Deus, e são inimigos de todos os homens. Proibindo-nos de falar aos gentios, para que sejam salvos, a fim de encherem sempre a medida dos seus pecados; porque a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim.” (2Ts 2, 15-16). Também é curioso que não siga as regras da exegese católica sabiamente definidas por Leão XIII na Providentissimus Deus. Com efeito, no lugar de seguir o óbvio consenso dos Santos Padres nesta matéria, Cardeal Bea faz um livre exame sem o mínimo esforço de concordância com Santo Agostinho, São João Crisóstomo, São Justino, Santo Inácio de Antioquia e quantos mais falaram explicitamente sobre a questão judaica. Na verdade, já sabemos o motivo. Cardeal Bea não trabalhava para a Igreja, mas estava dos pés à cabeça a serviço da Sinagoga como parte daquela quinta coluna de infiltrados, de que já nos advertia o Complô contra a Igreja. Bea não estava aí para ensinar catolicismo, o que ele queria era judaizar, eliminando, para usar mais uma vez os termos de Padre Porto, “toda a literatura de hebreufobia religiosa e patrística” (p. 23). Ele com o Padre Porto seriam deveras mais felizes se tivessem decidido simplesmente mudar de religião. O negócio deles, porém, era arruinar com a própria, custe o que custar. Passados mais de cinquenta anos do delírio conciliar, vemos que o trabalho deles contribuiu significativamente para aumentar o prestígio da Sinagoga e diminuir a influência da Igreja Católica no Brasil e no mundo.

Pouco a pouco e com muita insistência, ia-se levando os Padres Conciliares a pelo menos se acostumarem com a ideia do documento. “Ao longo da segunda sessão do Concílio”, relata o Padre Porto, “os debates não levaram a uma abordagem direta do conteúdo do documento sobre os judeus. Os Padres pronunciaram-se mais a respeito da sua oportunidade no momento histórico e de sua inserção no esquema sobre o Ecumenismo. Todo o capítulo foi considerado inoportuno por alguns (Patriarca Tappouni, dos sírios; Patriarca Sidarous, dos coptas; Bispo Veiga Coutinho, da Índia), sendo que um solicitou mesmo sua eliminação (Pont y Gol). Outros opinaram que todo o texto devia entrar noutro esquema (Patriarca Máximos IV, dos melquitas; Cardeal Léger; Patriarca Batanian, dos armênios; Cardeal Bacchi e Arcebispo Florit), tendo havido também quem defendesse seu lugar no esquema ecumênico (Cardeais Ritter e Meyer, Jelimini, Mendez Arceo). Perguntava-se então: se falamos dos judeus que não são cristãos, por que não diremos algumas palavras também das outras religiões não-cristãs? (Ruffini, Bueno y Monreal, Gori), particularmente dos budistas e confucionistas (Tatsuo Doi), dos muçulmanos (Máximos IV, Mendez Arceo, Veiga Coutinho) e do hinduísmo (Veiga Coutinho).” (p. 39).

Que fiquem registados os nomes destes bispos e cardeais, para que se saiba quem foram os homens que, enquanto o depósito da fé estava em perigo, preocupavam-se mais com a conveniência política (possível retaliação dos árabes por conta do documento pró-sionista) ou com o que iam pensar as religiões pagãs.

Tratando dos eventos ocorridos depois do fechamento da segunda sessão, o Padre Porto se refere a um discurso que o Arcebispo de Westminster proferiu a 5 de março de 1964, perante o “conselho de cristãos e judeus”. “Há dois anos,” diz o prelado, “sou membro do Secretariado para a União dos Cristãos, de que é presidente o Cardeal Bea. Embora com a atividade voltada para a unidade cristã, o Secretariado não a tem visualizado de maneira restritiva. Dois dos nossos teólogos são de etnia judaica: o Pe. Baum e o Mons. Oesterreicher. Um foi educado fora de qualquer religião; o outro, embora não praticante, pertence a uma família que guarda as tradições judaicas. Cito-os porque eles foram escolhidos para consultores do Secretariado precisamente com o fito de nos guiar nas discussões sobre esta unidade mais larga que deve incluir os judeus.” (p. 41) Eis mais uma vez a nossa quinta coluna em ação. “O pronunciamento do Arcebispo de Westminster”, arrazoa o Padre Porto, “possui alto valor informativo. Dele se valerá mais tarde o Cardeal Bea na sequência dos seus trabalhos.” (p. 42).

Além disso, o autor dá notícia que no dia 15 de março de 1964, durante sua estadia em Colônia, o Cardeal Bea teve o ensejo de prestar mais esclarecimentos sobre o esquema que se tornaria o quarto capítulo da Nostra Aetate. Chamo a atenção particularmente para os créditos que ele confere a João XXIII: “Também neste ponto grande foi o mérito do Papa João XXIII de se ter dado conta deste problema multissecular e de lhe haver atribuído a maior importância. Foi ele, que por uma decisão inteiramente pessoal, suprimiu da liturgia da Sexta-Feira Santa a expressão perfidi judaei que gerava tantos mal-entendidos. E ele foi mais longe. Foi ele pessoalmente quem pediu que se preparasse para o Concílio um esquema sobre este assunto.” (p. 44).

Outro evento acontecido um pouco antes também é digno de nota. “De 27 de fevereiro a 7 de março de 1964, o Secretaria realizou sua sessão plenária, sob a direção do Cardeal Bea. As solicitações dos Padres Conciliares foram analisadas e se decidiu manter o texto do esquema sobre os judeus, subtraindo-lhe porém do esquema sobre o ecumenismo. Agora o texto era um apêndice ao texto sobre o ecumenismo intitulado De patrimonio christianis et judaeis communi (Sobre o patrimônio comum a cristãos e judeus), com o acréscimo de outras questões relativas às relações da Igreja com as religiões não-cristãs.” (p. 45).

Estas coisas, somadas à supervalorizada pressão da imprensa e de outras organizações judaicas, preparavam o caminho para a aprovação do documento. Mas decerto nada contribuiu mais para isso que as viagens de Paulo VI. Assim como a viagem à ONU teve um papel fundamental para a aprovação do texto sobre a liberdade religiosa, do mesmo modo a sua viagem à Terra Santa seria da mais alta importância para o êxito da Nostra Aetate. “Como peregrino da paz”, nota o autor, “ele penetrou em território israelense a 5 de janeiro de 1964. Em Megido, foi recebido pelo presidente do Estado de Israel, Zalman Shazar, acompanhado por membros do governo e do corpo diplomático.” (p. 46).

A Igreja de Montini se tornava aquela que estava interessada na promoção da paz entre os homens, uma paz obtida não pela submissão de todos eles aos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, o que a Igreja sempre promoveu, mas pela execução dos Protocolos dos Sábio de Sião ou, se preferir, dos Protocolos do Vaticano II. A ideia é sem dúvida tudo subverter e perverter. Inculcando por este discurso um complexo de culpa nos católicos, fazendo que eles vejam que a sua religião milenar mudou de posição de um dia para o outro e assim cheguem a conclusão de que uma tal religião não pode ser divina e que o melhor então é depositar todas as nossas esperança neste mundo, reduzindo nossa esperança ao messianismo judaico, a uma paz fora do reino de Cristo, construída artificialmente pelos homens, como se fez em Babel, para sua própria desgraça.

Daí vem o subjetivismo imbecil da Ecclesiam Suam do mesmo Paulo VI, publicada a 6 de agosto de 1964, às vésperas da terceira sessão. Ali, tratando largamento do tema do diálogo, alude nitidamente aos “filhos, dignos de nosso afetuoso respeito, do povo hebreu, fiéis à religião que nós denominamos do Antigo Testamento” (p. 48), como se a rejeição do Messias feita pelo judaísmo talmúdico estivesse em harmonia com os escritos de Moisés e dos Profetas. Assim Paulo VI também, juntamente com João XXIII, pessoalmente nega a doutrina dogmática sobre a descontinuidade entre o atual judaísmo e a antiga Sinagoga, identificando os negadores de Cristo com os santos Patriarcas e Profetas da Antiga Lei. Semelhante ofensa a Cristo, tamanha injúria a fé, somente pode ser permitida num contexto de intragável mundanismo. Já então parece que a fé havia se extinguido dos corações daqueles que deveria ser os primeiros a propô-la aos fiéis.

Somos informados pelo autor que antes de apresentar o texto da Nostra Aetate para os debates da terceira sessão, uma redação nova foi feita a mando de personagens influentes. Padre Porto qualifica-a como ingerência, possivelmente se tratava de uma reação conservadora que forçou o Secretariado a mitigar certas afirmações. “O novo texto”, diz ele, “perdeu um parágrafo inteiro, aquele que faz referência ao deicídio. Preferiu-se simplesmente evitar a questão. Em compensação, acrescenta um tópico relativo à missão da Igreja com relação ao povo judeu, denotando uma preocupação alheia ao plano proposto a partir da determinação de João XXIII. Com relação à primeira redação, esta não significava nenhum progresso. Antes até empobrecera o teor do documento… O título era: ‘Segunda Declaração (a primeira era sobre a liberdade religiosa) sobre os judeus e os não-cristãos’ (Declaratio altera, de judaeis et de non christianis). Figurava como apêndice ao esquema do decreto sobre o ecumenismo e mantinha as três grandes partes: patrimônio comum de judeus e cristãos, a universal paternidade de Deus e a condenação de toda espécie de discriminação.” (p. 50).

Onze dias depois de aberta a terceira sessão, Cardeal Bea expõe o seu relatório sobre as mudanças na letra da declaração. Padre Porto aqui resume o discurso e se detém um pouco para refletir sobre a não culpabilidade dos judeus pela morte de Cristo. Entretanto, a digressão é de todo irrelevante. Pois a questão da culpabilidade ou não dos judeus pela morte de Cristo não altera em nada o estado atual do judaísmo talmúdico. Enquanto tal, o judaísmo não salva, nem representa uma aliança com Deus, antes objetivamente representa – e aqui está o sentido das sentenças que qualifica o judaísmo como populus maledictus e gens deicida – uma cegueira mortífera e fatal, cheia de consequências destrutivas para si mesmos e os demais, resultantes de sua continuada recusa de dobrar-se perante Jesus Cristo, Rex Judaeorum.

A incredulidade judaica é um escândalo injustificável para o cristão que por definição entende que tudo no Velho Testamento converge para Cristo. Esse cristianismo judaizado do Cardeal Bea, João XXIII e Paulo VI, saído aliás da pena de um judeu chamado Jules Isaac, rechaça a perspectiva cristã sobre o judaísmo, exclui o ensinamento dos Santos Padres e da Sagrada Liturgia. Incorre, ademais, na condenação do Magistério precedente, uma vez que a 25 de março de 1928, a Sagrada Congregação do Santo Ofício sob o Papa Pio XI aboliu a associação Amici Israel (Amigos de Israel), que apresentava exatamente as mesmas propostas de judaização do decreto Nostra Aetate, e ordenava que no futuro ninguém se aventurasse a escrever ou publicar livros ou panfletos que de qualquer maneira promovessem iniciativas errôneas desta natureza (AAS XX, 1928, pp. 103-104). Ora, o Secretariado para a Unidade dos Cristãos representa precisamente este tipo de associação e o mesmo se aplica a toda a Igreja Kosher criada sob João XXIII e Paulo VI.

Durante a discussão do documento, a maioria dos Padres (Cardeais Anchille Liénart, Ignace Gabriel Tappouni, Joseph Frings, Giacomo Lercaro, Émile Léger, RIchard Cushing etc.) responderam de forma positiva à proposta geral da declaração, com uma ou outra proposta ou qualificação. No meio do debate, porém, uma voz de lucidez ecoa na aula conciliar. É o Cardeal Ernesto Ruffini que se levanta para reafirmar a doutrina católica sobre o judaísmo. Concedendo que a caridade cristã justifica o perdão aos inimigos, ajunta o prelado que isso não modificava em nada o fato de que a morte de Cristo foi injusta, como o atestam inúmeros textos da Sagrada Escritura. Ademais, não é a Igreja que deve ser exortada a amar aos judeus, pois ela já demonstrou este amor principalmente na Segunda Guerra Mundial, mas são os judeus que devem amar os cristãos e em particular os católicos. Recorda ainda que a maçonaria, que tanto combate a Igreja, é em grande parte financiada pelos judeus (pp. 54-55).

Seria supérfluo para os fins deste resumo crítico descrever o que se passou em cada movimento das congregações gerais que lidaram com a questão judaica. Aos interessados remeto ao que está sucintamente documento da página 53 a 67 do livro de Padre Porto. Contento-me em dizer que diante desta questão, aos Padres Conciliares não coube senão decidir entre o ensinamento do passado e o ensinamento novo, que nada mais era do que a subscrição das sugestões judaicas feitas pelo Professor Jules Isaac. Em suma, ou os cristãos estavam certos sobre a situação dos judeus, ou os judeus talmúdicos estavam certos. Padre Humberto Porto não hesita em preterir o ensinamento tradicional para adotar o ponto de vista judaico. “O mito do deicídio foi amplamente divulgado pelos catecismos da doutrina cristã. Trata-se de um expurgo necessário para fins humanitários, em nome dos valores supremos da verdade, da justiça e do amor.” (p. 65).

Enfim, o documento foi aprovado. Sigamos a narrativa do Padre Porto: “Com 34 discursos que ocuparam praticamente o tempo de quase duas Congregações Gerais, a 84.ª de de 28 de setembro e a 90.ª de 29 de setembro de 1964, encerrava-se o debate conciliar do texto sobre os judeus. Alvo de numerosas críticas, a partir do próprio título, ele devia ser imediatamente submetido a uma severa revisão… Nos fins de novembro de 1964, o Secretariado distribuiu aos Padres Conciliares o texto emendado da Declaração. O Concílio estava prestes a concluir a sua terceira sessão. O documento foi divulgado na 127.ª e última Congregação Geral… Distribuído no dia 18 de novembro de 1964, o texto foi submetido a duas votação quanto às partes novas que nele foram introduzidas. Após três escrutínios, foram estas partes aprovadas por 1838 com 136, 1770 contra 185 e 1996 contra 99. No último escrutínio houve ainda 242 votos a favor, mas juxta modum… Ficava assim aprovado o texto pela Congregação Geral do Concílio, mas os Moderadores determinaram a revisão dos modus. [sic] As entradas deviam ser encaminhadas à Secretária Geral até dia 31 de janeiro de 1965. O texto necessitava de estar definido e plenamente aceito para a próxima sessão do Concílio… A notícia do resultado da votação fizera crescer a onda de hostilidade.” (p. 70, 71).

VI. LIBELOS ACUSATÓRIOS

Esta “onda de hostilidades”, uma das páginas mais gloriosas da história da resistência ao Conciliábulo, merece ser citada na íntegra:

“A onda de protestos contrários

A essa altura, crescia fora da Aula Conciliar, o trabalho da oposição. Os Padres receberam vários libelos, entre os quais: El Problema del Judaismo ante el Concilio Vaticano II, de Dom Luigi Maria Carli, Bispo de Segni, na Itália; Il Problema dei Giudei in Concilio de León Poncins; La Dichiarazione in Favore dei Ebrei Favorisce um Razzismo che Lede il Diritto di Legitima Difesa degli altri Populi, de Dr. Edoardo di Zaga, (os textos foram impressos em várias línguas, em Roma, para a IV Sessão). No dia 13.10.65, véspera dos primeiros sufrágios conciliares sobre a Declaração, os Padres receberam pelo correio, despachado de Roma, o libelo mais característico, que resume o conteúdo dos demais. O título em espanhol era: Ningún Concilio ni ningún Papa pueden condenar a Jesucristo ni a la Iglesia Católica ni a sus Papas y Concilios más ilustres. La Declaración sobre los judíos lleva implicita tal condenación y debe, por lo mismo, ser desechada. No texto lia-se:

‘É evidente que somente um antipapa ou um conciliábulo poderiam aprovar uma declaração deste tipo. E isto o pensamos cada dia mais um maior número de católicos em todo o mundo, que estamos dispostos a agir na forma que for necessária para salvar a Igreja de tal ignomínia. Fazemos um apelo aos Padres Conciliares que não se dobraram à pressão judaica ou que não se venderam simoniacamente ao ouro judeu, para que impeçam a tácita condenação de tantos Papas, Concílios, Padres e Santos ilustres, rejeitando a pérfida Declaração em favor dos judeus… Tomem nota os Padres Conciliares de que nem o Papa nem os Concílios têm faculdades para privar a Igreja nem os demais povos do direito natural de legítima defesa.’

O libelo é assinado por 28 organizações que se dizem ‘tradicionalistas’.

Quando da votação da Declaração, os Padres Conciliares receberam folhetos anônimos semelhantes aos que já haviam sido distribuídos nos últimos dias da segunda sessão. Um deles, bem impresso e em várias línguas, de 20 páginas em grande formato, intitulava-se Ação Judeo-Maçônica no Concílio; com data de Roma, setembro de 1964. Declara que foi composto por um grupo de sacerdotes, ‘com conhecimento e anuência do bispo’. Fala da perda de fé de alguns Padres Conciliares; da ‘nova fronteira’ que se intenciona impor de modo permanente à Igreja Católica em flagrante contradição co a doutrina e a tradição de dezenove séculos; de um complô de judeus e maçons eclesiásticos; e que os agentes do judaísmo teriam penetrado no Templo do Senhor para pregar no sagrado recinto as heresias que lhes foram ensinadas por lojas maçônicas. São nomeados o Cardeal Bea, os Bispos Walter Kempe e Serigo Mendez Arceo, o Mons. John Oesterreicher e o Pe. Gregory Baum, todos eles acusados de serem judeus e maçons. Fala também contra as ‘reformas’ dos Cardeais Bea, Suenens, Frings, Doepfner, e ‘de seus cúmplices’.

Outro folheto de 30 páginas, também remetido pelo correio, traz o título Secondo Cristo N. S. il Deicida é il Popolo Ebraico. Assina-se como autor o ‘Pe. Maurice Mauclair’. Repete as mesmas acusações e cita os mesmos nomes. A Introdução termina assim: ‘Se a vontade de Deus permitiu que se levantem sob a cúpula de S. Pedro’ vozes heréticas, é porque quer que de nós se levante um apelo para contrapor-lhe a Verdade que ele ensinou’…

O esforço da retificação efetiva

Nos maios eclesiásticos, a Declaração sofria críticas por parte de certos defensores de uma responsabilidade coletiva do povo judeu na crucifixão de Jesus. Esta tese foi arrazoada pelo Mons. L. M. Carli através de dois artigos publicados em Palestra del Clero, sob os títulos ‘A Questão Judaica diante do Concílio Vaticano II’ e ‘É Possível Discutir com Seriedade a Questão Judaica?’ (XLIV, 1965, 185-203, 463-476).” (pp. 72-74; 75).

Apesar desses esforços para prevenir a aprovação do desastroso documento, a posição de Cardeal Bea e Paulo VI era totalmente obstinada. “A declaração”, admite o Padre Porto, “conheceu uma história acidentada. Esteve a pique de ser eliminada do cenário do Concílio. Agora, porém, mesmo em meio a duras críticas, parecia encaminhar-se para um final feliz. É que na realidade ela contava com o apoio maciço dos Padres Conciliares. E isto deve ser em larga medida creditado à tenacidade do Cardeal Bea.” (p. 75). E foi assim que mais uma vez a democracia crucificou Nosso Senhor.

VI. A APROVAÇÃO DA NOSTRA AETATE

No entanto, foi somente na quarta e última sessão que o documento foi aprovado. Distribuído em agosto aos Padres Conciliares e apresentado na 149.ª Congregação Geral pelo Cardeal Bea, com a sua relação oficial sobre as emendas (pp. 79-82). Saliente-se que o documento que antes era para ser unicamente sobre o judaísmo dilatou-se e se tornou uma declaração perante as religiões não cristãs, isto é, agora incluía o o hinduísmo, o budismo, o islamismo e principalmente o judaísmo. É assim que se cumpre o que disse São Tomás no seu opúsculo De Ente et Essentia: parvus error in principio magnus est in fine, o pequeno erro inicial fica grande no final. A aprovação da perfídia judaica não veio só, juntamente com ela veio a idolatria do hinduísmo, a loucura do budismo e a infidelidade do islamismo.

Padre Porto observa que na última revisão algumas expressões foram evitadas: a parte onde se dizia que a Igreja era grata aos judeus foi removida; a afirmação de que a Igreja condenava alguma coisa no no nível doutrinal também, porque agora a Igreja não condena mais nada; por último, omitiu-se falar de deicídio, poque, embora Padre Porto não queira admiti-lo, Monsenhor Carli tinha razão (pp. 82-84).

Com 1765 votos favoráveis no sufrágio de conjunto, a declaração Nostra Aetate foi definitivamente aprovada pela Congregação Geral do Concílio no dia 15 de outubro de 1965. Paulo VI decidiu promulgá-lo na Sessão Pública de 28 de outubro de 1965. No discurso de promulgação, Paulo VI dizia que cabia agora aos fiéis católicos dedicar especial atenção “aos hebreus, objeto não mais de reprovação e desconfiança, mas de respeito, amor e esperança.” Evidentemente, um Santo Estevão que reprova a incredulidade judaica não teria mais lugar no seio da nova Igreja de Paulo VI.

A condenação de Cristo, dos Apóstolos, dos Padres, Doutores e Santos mais ilustres da Igreja Católica, deu-se nos seguintes termos: “Todo o conjunto e cada um dos pontos que foram enunciados nesta Declaração agradaram aos Padres. E Nós, pela Autoridade Apostólica por Cristo a Nós confiada, juntamente com os Veneráveis Padres, no Espírito Santo os aprovamos, decretamos e estatuímos. Ainda ordenamos que o que foi determinado em Concílio seja promulgado para a glória de Deus.” (p. 86). Ficam assim solenemente aprovados os Protocolos do Vaticano II sobre os judeus.

VII. A SINAGOGA EM FESTA

O trabalho do Padre Porto termina com uma série de excertos de jornais e conferências que ilustram a reação dos judeus à declaração conciliar. Alguns esperavam que o documento fosse mais longe do que ele pôde ir, outros se congratularam com o fato deste configurar uma mudança no ensino da Igreja sobre o judaísmo e inculcar na mente dos católicos aquela noção mitológica dos judeus como o único povo do universo imune à crítica e isento de qualquer responsabilidade pelos seus delitos.

Dentre eles seleciono três que parecem os mais perspicazes. No primeiro o Rabino Arthur Gilbert compara o Concílio Vaticano II com o Concílio anterior, também realizado no Vaticano em 1870. No Vaticano I os judeus foram chamados à conversão pelo Papa Pio IX, obviamente eles se ressentiram dessa atitude, católica demais para o seu gosto; no Vaticano II aconteceu coisa completamente outra, “já não se fala aos judeus com ar de superioridade; acabou a estereotipada do judeu… Os peritos designados hoje para o Secretariado da Igreja que se ocupam desse projeto não agem de um maneira condescendente. Manifestam simpatia pelas nossas preocupações e falam por nós.” (p. 87). Ou seja, não agem mais como representantes de Cristo, mas como representantes dos próprios judeus.

O Dr. Ernst Ludwig Ehrlich em 1966 na Basiléia também comemora a Declaração. Segundo ele, a Nostra Aetate “registrou um progresso teológico”, manifesto pelo seu parentesco com a “Relação sobre o Anti-Semitismo” do protestante Conselho Mundial das Igrejas. No entanto, o melhor de tudo é que a Declaração fala de origem e fim comuns a judeus e cristãos e “evita toda alusão à conversão de Israel” (p. 90).

Para terminar, o Congresso Mundial Judaico em sua reunião de 1966 em Bruxelas louvou o novo clima inaugurado pela Nostra Aetate expressando que “aguarda a realização prática, em todos os níveis e em todas as comunidades cristãs, destes novos ensinamentos e saúda calorosamente as primeiras medidas e iniciativas práticas que já foram tomadas, seja no plano internacional como no plano local.” (p. 92).

Esses judeus entenderam melhor do que muitos católicos ditos tradicionais o verdadeiro teor da Declaração: ela constituiu uma ruptura com o passado, porque transmite novos ensinamentos sobre o judaísmo e não procura mais a conversão dos judeus.

CONCLUSÃO

Diante da tamanha impostura retratada neste livro, não pode senão soar como proféticas e incrivelmente acertadas as palavras daqueles católicos dos anos sessenta que reagiram de imediato contra a judaização do cristianismo: “É evidente que somente um antipapa ou um conciliábulo poderiam aprovar uma declaração deste tipo. E isto o pensamos cada dia mais um maior número de católicos em todo o mundo, que estamos dispostos a agir na forma que for necessária para salvar a Igreja de tal ignomínia… Tomem nota os Padres Conciliares de que nem o Papa nem os Concílios têm faculdades para privar a Igreja nem os demais povos do direito natural de legítima defesa.” (p. 73).

As pessoas que escreveram estas palavras que eu hoje subscrevo inteiramente não chegaram a ver os resultados dos Protocolos com a intensidade que nós enxergamos hoje. O leitor e eu sabemos bem, vivendo em pleno século XXI, a que ponto de decadência intelectual, moral e espiritual fomos levados por esses malditos Protocolos do Concílio Vaticano II. Impressiona, porém, a cegueira de tantos que diante de todo o desastre subsequente ainda julgam que essa conspiração satânica saída do fundo mais obscuro da Sinagoga foi obra do Espírito Santo. Será que esta não é uma prova incontestável de que eles já foram, como aquela cruz romana da capa do livro, absorvidos pelo judaísmo apóstata?

Sionismo e Devoção Mariana: A serpente sionista debelada pelos escravos de Maria Imaculada

Por uma questão de fé, justiça e caridade, a pregação católica deve condenar abertamente os erros do judaísmo talmúdico, especialmente o seu proverbial messianismo, que no decorrer da história tem sido fermento de desordem social e intelectual em todas as partes, assim como aparece em nossa época como a alma do naturalismo.

De fato, a falsa esperança de felicidade terrena, promessa satânica que vem seduzindo o mundo desde Eva, é o que dá vida ao naturalismo: este é o pão que alimenta o humanista e o maçom, o liberal e o comunista, o libertino e o ateu; esta quimera constitui o principal obstáculo ao reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo, o qual veio à terra para estabelecer um império de almas esclarecidas sobre a verdadeira condição do homem depois do pecado, almas que buscam a bem-aventurança em outro mundo por meio da prática de virtudes sobrenaturais, as quais se resumem na submissão da inteligência e da vontade do homem, em seus pensamentos, palavras e obras, aos mandamentos deste Legislador Supremo, cujo poder excede no tempo e no espaço ao do legislador do Antigo Testamento, Moisés, que em tudo dependia de Cristo e cuja grandeza consiste justamente em ter sido por um tempo o representante deste Divino Legislador perante os judeus.

Nenhum povo, porém, levou essa tentação demoníaca do messianismo mais a sério do que os judeus e nenhum povo rejeitou o reino dos céus com maior veemência do que eles, os quais, não entendendo as próprias Escrituras, crucificaram o Rei Eterno e chegaram ao excesso de fazer disso um movimento organizado, uma religião do imanente, um ideal político, que pelos usos do tempo é por todos conhecido como sionismo.

O sionismo é o inimigo número 1 do reinado social de Nosso Senhor Jesus Cristo: Cristo não reinará nas nações e corações sem a destruição desta fábula. E por quê? Porque para quem a prosperidade material é sinal de salvação e o reino de gozos aqui na terra é artigo de fé, a doutrina sobrenatural de Nosso Senhor é mais do que inútil, ela é um obstáculo, um permanente obstáculo, que deve ser removido a todo custo. Dessa razão se depreende o ódio que eles têm manifestado ao cristianismo inúmeras vezes, daí igualmente procedem as diferentes maneiras de perseguição à fé por eles adotadas ao longo da história. Tudo vem deste maldito messianismo judaico, eis aí a fonte das bombas dos muçulmanos, das conspirações dos maçons, das revoluções dos comunistas, dos ataques dos incrédulos de todas as seitas contra à nova e eterna aliança dos homens com Cristo Deus, Rei e Senhor nosso.

Cobertos os seus olhos por este véu de incredulidade, eles mataram Cristo, perseguiram os primeiros cristãos, fomentaram dissensões no seio da Cristandade, entusiasticamente abraçaram a revolução, primeiro francesa, depois russa e agora, no que podem, os filhos mais poderosos da sinagoga patrocinam a revolução final, que tem por fim erradicar a fé cristã das mentes das gerações presentes e futuras pelo incentivo à impureza, pelo culto ao dinheiro, pela destruição total das famílias e nações cristãs, pela difusão de uma estranha mescla de superstições bárbaras com uma incredulidade absurda, um pacote que resume bem o seu credo.

O católico que isso não entende, colabora com a obra do anticristo e calca aos pés a doutrina dos Santos Padres, das Sagradas Escrituras e do Magistério da Igreja. Quem não busca ver as coisas de forma sobrenatural, nem cuida da alma que Deus lhe deu, também é, como Pilatos, cúmplice dos judeus, que mataram Cristo; de fato, este dito católico pensa como judeu e contribui para a judaização do cristianismo.

Seguem alguns testemunhos patrísticos, bíblicos e magisteriais que descrevem sem respeito humano o que se tornou a sinagoga depois do assassínio do Messias, o desejado das nações, e que mostram claramente qual deve ser a nossa postura perante a perfídia judaica.

I. PATRÍSTICA

SÃO JOÃO CRISÓSTOMO (344-407 A. D.)
“Muitos, eu sei, respeitam os judeus e julgam que seus ritos hodiernos são honestos; por isso me apresso em cortar pela raiz esta opinião perniciosa. Digo que a sinagoga não é melhor do que um teatro e valho-me do testemunho de um profeta. Não há judeus mais dignos de fé do que os profetas. O que, pois, ele nos diz? ‘O descaramento de uma meretriz se apoderou de ti, não quiseste ter vergonha.’ (Jr 3, 3) O lugar onde uma meretriz se prostitui, eis aí um prostíbulo. Mas a sinagoga não é somente um prostíbulo e um teatro, ela também é um antro de ladrões e um covil de bestas. Pois ‘está feita um covil de hienas’, diz ele, ‘esta minha casa’ (Jr 7, 11); não de bestas simplesmente, mas de bestas impuras. E mais uma vez: ‘Deixei a minha casa, e abandonei a minha herança’ (Jr 12, 7). Mas se Deus a abandonou, que esperança de salvação lhe resta? Quando Deus abandona um lugar, esse lugar se torna uma habitação de demônios.”

“Mas dizem então que também eles adoram a Deus. Longe de nós dizê-lo: nenhum judeu adora a Deus! Quem diz isso? O Filho de Deus. ‘Se vós conhecêsseis meu Pai, conheceríeis também a mim. Mas vós não conheceis nem a mim, nem ao Pai’ (Jo 8, 19). Pode haver testemunha mais fidedigna do que essa? Se, pois, os judeus não conhecem o Pai, crucificaram o Filho e repeliram o auxílio do Espírito, quem não ousaria afirmar que a sinagoga é uma habitação de demônios? Lá Deus não é adorado, longe disso: antes é desde então um lugar de idolatria. Apesar disso, alguns ainda a tem como um lugar sagrado.” (São João Crisóstomo, Adversus Judaeos Orationes, Oratio Prima)

SÃO JUSTINO DE ROMA (ca. 100-163 A. D.)
“O próprio Deus, por meio de Moisés, clama deste modo: ‘Circuncidai a dureza do vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz. Porque o Senhor, nosso Deus e Senhor dos senhores, é Deus forte e terrível, que não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno.’ (Dt 10, 16-17) E o Levítico: ‘Já que transgrediram, desprezaram-me e caminharam tortuosamente diante de mim, eu também caminharei tortuosamente com eles e os aniquilarei na terra de seus inimigos. Então se confundirá seu coração incircunciso.’ (Lv 26, 40-41) Porque a circuncisão, que se iniciou com Abraão, foi dada como sinal, a fim de que sejais distinguidos dos outros homens e também de nós. E, desse modo, sofrais sozinhos o que agora estais sofrendo com justiça, e vossas terras fiquem desertas, vossas cidades sejam abrasadas e os estrangeiros comam vossos frutos diante de vós (cf. Is 1, 7), e ninguém de vós possa entrar em Jerusalém. Porque não há nenhum sinal que vos distinga do resto dos homens, além da circuncisão da vossa carne. E ninguém de vós, penso, ousará dizer que Deus não previu ou não prevê agora o que está para vir e que não dá a cada um o que merece. Essas coisas aconteceram a vós com razão e justiça, porque matastes o Justo (cf. Tg 5, 6; Is 57, 1) e, antes dele, os seus profetas. E agora rejeitais os que esperam nele e em Deus onipotente e criador de todas as coisas, que o enviou e, no que depende de vós, o desonrais, maldizendo em vossas sinagogas aqueles que creem em Cristo. Não tendes poder para pôr vossas mãos sobre nós, porque sois impedidos pelos que agora mandam; mas fizestes isso sempre que vos foi possível. É por isso que Deus clama contra vós por meio de Isaías: ‘Vede como pereceu o justo e ninguém reflete sobre isso. Porque o justo é arrebatado de diante da iniquidade. Ele estará em paz; a sua sepultura foi arrebatada do meio deles. Vós, porém, aproximai-vos daqui, filhos iníquos, descendência de adúlteros, filhos de prostituta. De quem caçoastes e contra quem abristes a boca e soltastes a língua?’ (Is 57, 1-4) As outras nações não têm tanta culpa da iniquidade que se comete contra nós e contra Cristo como vós, que sois a causa do preconceito injusto que elas têm contra ele e contra nós.” (São Justino de Roma, Diálogo com Trifão (155 A. D.), 16, 2-17, 1)

SANTO AGOSTINHO DE HIPONA (354-430 A. D.)
“Sabemos que conselho secreto foi o dos judeus iníquos e que insurreição foi a dos que praticam a iniquidade. De que iniquidade eram os operários? Do assassinato de nosso Senhor Jesus Cristo. Muitas boas obras, diz Ele, eu vos fiz, por quais dessas obras estais prestes a me matar? Ele suportou todas as suas fraquezas: curou todas as suas doenças; pregou-hes o reino dos céus; descobriu as iniquidades deles, para que eles pudessem odiá-las, em vez de odiar ao médico que veio para curá-los. E agora, finalmente, sem gratidão por toda a ternura de Seu amor que cura, como homens enfurecidos em um alto delírio, lançando-se loucamente contra o Médico, que havia vindo para curá-los, eles se reuniram em conselho para ver como poderiam matá-Lo… Eles afiaram a língua como uma espada. Os judeus não podem dizer: Nós não matamos Cristo, embora eles O tenham entregue a Pilatos, seu juiz, para que eles mesmos pudessem parecer livres de Sua morte. Pois quando Pilatos lhes disse: Tomai-o; e matai-o vós mesmos, responderam: Não é lícito matarmos alguém. Eles poderiam jogar a culpa do seu pecado em um juiz humano: mas enganariam eles a Deus, o Juiz Supremo? Naquilo que Pilatos fez, ele foi cúmplice deles, mas em comparação com eles, ele teve um pecado muito menor. (João xix. 11). Pilatos esforçou-se o máximo que pôde para libertá-lo de suas mãos; por essa razão também o açoitou, (João xix. 1), e trouxe-o diante deles; ele não açoitou o Senhor por crueldade, mas na esperança de que ele pudesse, assim, saciar sua sede selvagem de sangue: para que, porventura, até eles pudessem ser tocados de compaixão, e deixassem de desejar Sua morte, quando vissem como ele estava depois da flagelação. Mesmo esse esforço ele fez! Mas quando Pilatos viu que não podia prevalecer, mas que um tumulto se armou, (Matth. xxvii. 24), ele tomou água e lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Eu sou inocente do sangue deste Justo. E, no entanto, ele O entregou para ser crucificado! Mas se ele era culpado do que fazia contra sua vontade, seriam eles inocentes, aqueles que o levaram a isso? Não. Pilatos deu sentença contra ele. e ordenou que Ele fosse crucificado. Mas vós, ó judeus, também sois seus assassinos! Com o que? Com a vossa língua, afiada como uma espada. E quando? Quando clamastes: Crucifica-o! Crucifica-o! (Marcos xv.13-14)” (Santo Agostinho de Hipona, Comentários aos Salmos, Salmo LXIII, 2)

SANTO INÁCIO DE ANTIOQUIA (+107 A. D.)
“Como podemos viver sem aquele que até os profetas, seus discípulos em espírito, esperavam como Mestre?… É absurdo falar de Jesus Cristo e, ao mesmo tempo, judaizar. Não foi o cristianismo que acreditou no judaísmo e sim o judaísmo no cristianismo. pois nele se reuniu toda língua que acredita em Deus.” (Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Magnésios (107 A. D.) 9 e 10)

CARTA DE BARNABÉ (ca. 134-135 A. D.)
“Tomai cuidado para não ficardes como certas pessoas, que acumulam pecados, dizendo que a Aliança é tanto deles como nossa. Claro que ela é nossa. Eles (os judeus) a perderam definitivamente, embora Moisés já a tivesse recebido… A Aliança deles foi rompida, para que a de Jesus, o Amado, fosse selada em nossos corações pela esperança da fé que nele temos.” (Carta de Barnabé (ca. 134-135 A. D.) 4, 6-8)

II. SAGRADA ESCRITURA

JESUS CRISTO
“Examinai as Escrituras, pois julgais ter nelas a vida eterna, e elas mesmas são as que dão testemunho de mim; mas vós não quereis vir a mim para terdes a vida. Eu não recebo dos homens a minha glória. Mas bem vos conheço, que não tendes em vós a dileção de Deus. Eu vim em nome de meu Pai, e vós não me recebeis; se vier outro em seu próprio nome, haveis de recebê-lo.* Como podeis crer vós outros, que recebeis a glória uns dos outros, e que não buscais a glória que vem só de Deus? Não julgueis que eu vos hei-de acusar diante de meu Pai, o mesmo Moisés, em quem vós tendes as esperanças, é o que vos acusa; porque se vós crêsseis a Moisés, certamente me creríeis também a mim; porque ele escreveu de mim. Porém se vós não dais crédito aos seus escritos, como dareis crédito às minhas palavras?… Vós não conheceis a mim, nem ao meu Pai; se me conhecêsseis a mim, certamente conheceríeis também a meu Pai… Vós sois cá de baixo, e eu sou lá de cima. Vós sois deste mundo, e eu não sou deste mundo. Por isso eu vos disse, que morrereis nos vossos pecados; porque se não crerdes quem eu sou, morrereis no vosso pecado… Eu falo o que vi em meu Pai, e vós fazeis o que vistes em vosso pai… Vós sois filhos do diabo, e quereis cumprir os desejos de vosso pai… Mas ainda que eu vos digo a verdade, vós não me credes… O que é de Deus, ouve as palavras de Deus. Por isso vós não as ouvis, porque vós não sois de Deus.” (Nosso Senhor Jesus Cristo, Evangelho segundo São João 5, 39-47; 8, 19, 23-24, 38, 44, 45, 47)

– * Os judeus hão de receber este homem, vindo em seu próprio nome, como se fosse o Cristo, trata-se aqui do falso messias esperado pelos judeus, o anticristo; este será “o tal iníquo” de que fala São Paulo no segundo capítulo da Segunda Epístola aos Tessalonicenses.

SÃO PAULO APÓSTOLO
“Porque vós, irmãos, vos haveis feito imitadores das igrejas de Deus, que há pela Judeia em Jesus Cristo; porquanto as mesmas coisas sofrestes também vós da parte dos da vossa nação, que eles igualmente da parte dos judeus; os quais também mataram o Senhor Jesus, e os profetas, e nos têm perseguido a nós, e não são do agrado de Deus, e são inimigos de todos os homens. Proibindo-nos de falar aos gentios, para que sejam salvos, a fim de encherem sempre a medida dos seus pecados; porque a ira de Deus caiu sobre eles até ao fim.” (São Paulo Apóstolo, Epístola aos Tessalonicenses 2, 14-16)

SÃO JOÃO APÓSTOLO
“Quem é mentiroso, senão aquele que nega que Jesus seja o Cristo? Este tal é um anticristo, que nega o Pai e o Filho.” (São João Apóstolo, Primeira Epístola de São João 2, 22)

III. MAGISTÉRIO DA IGREJA

PAPA PIO XII
“Portanto na cruz morreu a Lei antiga; dentro em pouco será sepultada e se tornará mortífera, para ceder o lugar ao Novo Testamento.” (Papa Pio XII, Mystici Corporis, n. 29, 29 jun. 1943)

PAPA EUGÊNIO IV
“A Igreja crê firmemente, professa e ensina que as prescrições legais do Antigo Testamento, isto é, a Lei mosaica, que se dividem em cerimônias, sacrifícios sagrados e sacramentos… cessaram, e que tomaram início os sacramentos do Novo Testamento. Ela ensina que peca mortalmente todo aquele que voltar a pôr, depois da paixão de Cristo, sua esperança naquelas prescrições legais e as observa como se fossem necessárias à salvação e a fé no Cristo não pudesse salvar sem elas.” (Papa Eugênio IV, Concílio de Florença, Cantate Domino, 4 fev. 1442; Denz 712)

PAPA BENTO XIV
“A primeira consideração a ser feita é que as cerimônias da Lei Mosaica foram revogadas com a vinda de Cristo e que elas já não podem ser observadas sem pecado depois da promulgação do Evangelho.” (Papa Bento XIV, Ex Quo Primum, nn. 59 e 61, 1 mar. 1756)

René Guénon: um grande iniciado

RENÉ GUÉNON: UM GRANDE INICIADO

René Guénon

Pelo Reverendo Padre Curzio Nitoglia

Revista Sodalitium, n. 47, pp. 52-62, maio de 1998
http://www.sodalitium.biz/sodalitium_pdf/47.pdf

Introdução

A pessoa e a obra de René Guénon não podem ser indiferentes àqueles que tratam sobre verdadeira e falsa Tradição.

Um velho seguidor da escola de Guénon, Jacques-Albert Cuttat, definiu a doutrina guénoniana como “um neotradicionalismo, como se Guénon tivesse recuperado e incorporado, em um conhecimento mais amplo do Oriente, as três teses fundamentais do tradicionalismo do início do século XIX (especialmente de Joseph de Maistre e Lamennais), a saber: o antirracionalismo, a unanimidade tradicional como critério de verdade e, especialmente, a primazia espiritual do Oriente” (1).

Sabe-se que Guénon relativiza e reduz a mística cristã (que, aliás, não é apenas ocidental) ao sentimentalismo ou devocionismo (que nada tem a ver com a verdadeira mística, tendo pontos de contato com o falso misticismo), e isso demonstra o pobre conhecimento de teologia católica ascética e mística do próprio Guénon ou seu espírito anticristão. De fato, na obra guénoniana, os principais dogmas da religião católica são mal-entendidos e esvaziados de seu verdadeiro significado. Guénon, embebido de esoterismo cabalístico e maçônico, tentou infiltrar nos círculos católicos tradicionais a falsa ideia de uma tradição primordial universal e fundamental que abrange todas as diferentes religiões, mantendo em segredo sua filiação ao sufismo monista e à maçonaria escocesa.

Com o Concílio Vaticano II, “a intelligentsia católica se orienta para uma perspectiva que leva em conta o desejo de unidade das novas gerações. (…) que dá prioridade a pontos de encontro com as religiões não-cristãs. O tom não é mais aquele de refutar e excluir, mas, ao contrário, tomar para si a diversidade do potencial humano e do patrimônio religioso universal ” (2). E assim o tradicionalismo maçônico-esotérico abraçou o modernismo esotérico-maçônico (3).

A personalidade de Guénon

A maior estudiosa de Guénon, Marie-France James, afirma que seu caráter foi marcado por “nervosismo e exacerbada sensibilidade, às quais juntam-se a instabilidade, a impulsividade e a irritabilidade temperadas pela capacidade intelectual predisposta a estudos filosóficos e religiosos. A tudo isso deve ser acrescentada uma susceptibilidade exagerada e uma forte sensualidade” (4).

A infância

Renè Guénon nasceu em Blois, em 15 de novembro de 1886. De saúde debilitada. Completou seus primeiros estudos em uma escola católica onde, apesar de inúmeras ausências, tornou-se um aluno brilhante. No outono de 1901, ocorre um incidente banal em si, mas muito significativo no que diz respeito à sua personalidade: René é o primeiro da classe, mas o professor Simon Davancourt classificou-o segundo em francês. René faz disso uma tragédia a ponto de ficar de cama com febre alta. Seu pai o retira da escola e o matricula no colégio Augustin-Thierry (5).

James comenta: “Vemos que já no secundário, Guénon tem uma NECESSIDADE OBSESSIVA DE SER O PRIMEIRO, e, ao voltar de férias, nosso jovem perfeccionista está sempre lutando com a mesma obsessão, ou melhor dizendo, com o sentimento de culpa, a aflição por não ser mais que o quarto. Irritado, o jovem René reage com grande susceptibilidade, seguindo-se uma cena que, aos olhos de alguns, terá o seu definitivo cumprimento trinta anos mais tarde, quando Guénon partirá para sempre para as terras do Islã. ” (6).

Parece claro que o desejo, na verdade, a NECESSIDADE de chegar ao zênite, é uma tendência profunda da personalidade de Guénon (7). Ser mediano para ele significaria falhar; ser condenado à imperfeição o deprimiria.

René Guénon, então jovem bacharel, conheceu o canônico Ferdinand Gombault, doutor em filosofia escolástica. Por mais de trinta anos, até a partida de Guénon para o Cairo, estes dois intelectuais mantiveram contatos regulares, (ambos eram partidários da Ação Francesa), embora trabalhando em dois campos diferentes, até opostos: o canônico, um estreito tomista, ocupou-se com a apologia do cristianismo; Guénon, influenciado pelas correntes maçônico-ocultistas, voltou-se para a Gnose. Segundo James, o canônico, bem como todos os amigos católicos de Guénon, ignorava sua escolha pelo menos até a década de 1930.

Os mestres de René Guénon

Por volta dos vinte anos, Guénon é apresentado à Escola Hermética dirigida por Papus (pseudônimo do Dr. Encausse) e segue os cursos que são dispensados. É recebido na ordem martinista e nas várias organizações maçônico-ocultistas anexas. Em 1908, colabora na preparação do Congresso Espiritualista e Maçônico. No entanto, tende a afastar-se da linha geral (qualificada por ele como materialista) dos ambientes ocultistas de seu tempo e toma, então, uma posição contra algumas das idéias de Papus.

A hipótese mais provável, sem provas decisivas, é que Guénon, no mais tardar em 1909 (época de sua elevação ao episcopado gnóstico sob o nome de Palingenius), beneficiou-se de contatos decisivos com hindus da corrente vedantista; ainda nesse ano é filiado à Loja Maçônica Thèbah (Grande Loja de França). Em 1912, é iniciado no sufismo e se casa… num rito católico! No mesmo ano, confirma sua afiliação maçônica à Loja Thèbah, filial da Grande Loja de França de Rito Escocês Antigo, e é aceito. De 1913 a 1914, colabora com a revista La France Chrétienne Anti-Maçonnique (A França Cristã Antimaçônica) sob o pseudônimo de A Esfinge. Estenderá, bem nessa época (como uma verdadeira “esfinge”), uma controvérsia com Charles Nicoullaud e Gustave Bord, colaboradores da Revista Internacional das Sociedades Secretas, em torno da questão dos Superiores Desconhecidos.

Em 1915, Guénon conhece uma jovem estudiosa tomista: Noele Maurice-Denis, que, em 1916, o apresenta a Jacques Maritain. Ainda nesse ano, suspende sua participação ativa no trabalho de sua Loja, que ele continuou a conduzir durante a colaboração com “La France Chrétienne Antimaçonnique”! Tal suspensão não era uma pausa, mas apenas uma “hibernação tática” em vista de “conduzir o catolicismo a referendar uma elite tradicional, chamada a reencontrar, a partir de uma perspectiva sincretista, a fonte única perdida… a verdadeira metafísica, de essência gnóstica. E é assim que, até o início dos anos trinta, Guènon irá se abster de tratar direta e abertamente da maçonaria, limitando-se a deplorar a degeneração e denunciar as tendências antitradicionais de que ela mesmo era uma vítima” (8). Segundo Guénon, o catolicismo nada mais é do que uma das formas parciais e veladas pelas quais a Tradição primordial e fundamental se manifesta em sua plenitude. Cristianismo, para ele, de fato, teve em sua origem um caráter esotérico-iniciático “do qual pouco se sabe porque as origens do cristianismo seriam cercadas de escuridão quase impenetrável. Escuridão desejada por aqueles que levaram a transformação da Igreja de organização obscura e reservada a organização aberta a todos, puramente exotérica. No entanto, essa transformação do cristianismo em religião exotérica foi providencial porque o mundo ocidental teria permanecido sem qualquer Tradição se não houvesse a Religião Cristã, já que a tradição greco-romana, então predominante, havia alcançado uma grande degeneração. O cristianismo endireitou o mundo ocidental, mas com a condição de perder seu caráter esotérico” (9).

Em 1921, Guénon assina um artigo na Revue de Philosophie de inspiração neotomista. Em 1922, volta a lecionar filosofia em um instituto dos Irmãos das Escolas Cristãs. Em 1925, começa a colaborar com a Revue Universelle du Sacré-Cœr, Regnabit, mas em 1927 a colaboração cessa e no lugar retoma a controvérsia com a R. I. S. S. (10).

Os círculos católicos, depois de uma breve hesitação devida ao caráter de “quinta coluna” da obra de Guénon nesses anos, rejeitam as suas teorias e Guénon, vendo falhar seu projeto de infiltração, emigra para o Cairo. No entanto, continua a sua tarefa de formar uma elite ocidental tradicional em uma tentativa de convergir a metafísica oriental, dita “universal” (ou gnose esotérica) com o catolicismo, idênticas em sua substância (para Guénon). A gnose deve-se apoiar na Tradição fundamental, que é essencialmente a mesma em todos os lugares, apesar das diferentes formas que adota quando se rebaixa a uma religião para atender cada raça e época. O objetivo esotérico de Guénon é, portanto, de reinterpretar, reduzir, minimizar e trazer o cristianismo para um fundo comum “tradicional” de inspiração gnóstica, uma vez que, se em suas origens tem um caráter essencialmente esotérico e iniciático, a partir de Constantino e do Concílio de Niceia perdeu-a e tornou-se uma religião no sentido próprio do termo, com seus dogmas, sua moralidade universal e seus ritos públicos. Portanto, Guénon nega a divindade e infalibilidade da Igreja, sua transcendência em relação às outras culturas, o valor universal do Evangelho, a compreensão da doutrina evangélica inalterada, do modo como foi revelada por Cristo. Mas como Maurice-Denis escreveu: “Certamente sua ignorância e incompreensão do cristianismo eram totais” (11). Mas foi realmente ignorância? Isso é o que veremos.

Guénon e a Revue Internationale des Sociètès Secrètes por monsenhor Ernest Jouin

Padre Jouin, último de cinco irmãos, nasce em 21 de dezembro de 1844 em Angers. De saúde delicada e órfão de pai desde os quatro anos, em 1862 junta-se a seu irmão Amedeo no noviciado dos dominicanos de Saint-Maximin, transferido em seguida a Flavigny. Em agosto de 1866, problemas de saúde forçam-no a abandonar a austera vida dominicana; vai, assim, para o seminário de Angers, onde é ordenado sacerdote em fevereiro de 1868. (12) Em julho de 1882, é nomeado pároco em Joinville-le-Pont (Seine) onde sofre ataques dos círculos anticlericais, e com isso, começa a travar as primeiras lutas antimaçônicas. Em 1910, adquire uma importante biblioteca maçônico-ocultista de cerca de 30.000 volumes e, em janeiro de 1912, funda a Revue Internationale des Sociètès Secrètes, composta de uma parte judeo-maçônica (a parte cinza) e uma parte ocultista (a parte rosa).

“L’Abbe Jouin acreditava em um plano judaico de dominação universal assim resumido: “Israel é o Rei, o Maçom é o seu camareiro o bolchevique seu carnífice”. Sua tese era que judeus e protestantes estiveram por trás da Maçonaria; que todos os três tinham o mesmo fim: a destruição da Igreja Católica ” (13). Feito Monsenhor pelo Papa Bento XV e protonotário apostólico por Pio XI, morre em 1932 com a bênção e a aprovação papal de sua obra que duraria até 1939. Sua causa de beatificação foi introduzida em Roma pelos “amigos americanos de Mons. Jouin ” (14).

Padre Jouin não é o primeiro a apoiar a tese da inspiração judaica da maçonaria. No século XIX, foi precedido por Abbé Barruel, Mons. Deschamps, Cretineau-Joly, Gougenot des Mousseaux, Mons. Delassus, Mons. Meurin. Partidário de um catolicismo integral, ele estava convencido de que “grupos nacionalistas e fascistas não têm, por si mesmos, poder para curar o mal. A guerra é religiosa. Nossa conversão é o único remédio ” (15).

Ele próprio tinha escrito: “Quando os católicos não vacilarem mais, quando se abastecerem de coragem através da prática das virtudes, quando retomarem a via do sacrifício para seguir o seu pobre e sofrido Messias ao Gólgota, quando não mais mendigarem sua salvação à direita e à esquerda, mas formarem o partido de Deus, como pediu Sua Santidade Pio X, a questão judaica será resolvida. (…) Mas os católicos devem estar bem conscientes de que, dão uma mão aos judeus se vivem, no fundo, como eles… preparam… o reinado despótico de um Qahal universal! ” (16).

R. I. S. S. (Revista Internacional das Sociedades Secretas) (1912-1939)

A R.I.S.S. tratava dos aspectos externos da seita infernal em sua parte cinzenta (judeo-maçônica); e dos interiores na parte rosa (parte ocultista). Ela era conhecida em todo o mundo e alimentada pelas informações de Mons. Umberto Benigni, fundador do Sodalitium Pianum. Se na ordem cronológica o monsenhor Jouin primeiro colocava a crítica do trabalho político ou externo das seitas secretas, na ordem da dignidade preferiu estudar seu trabalho secreto, esotérico e interno. Ele acreditava, com razão, que só um motivo religioso e muitas vezes sobrenatural poderia explicar plenamente o frenesi de destruição de todo bem que caracteriza o processo revolucionário, conduzido pelas sociedades secretas, cuja origem é o judaísmo posterior ao templo, cujo pai, como Jesus revelou, é o diabo (17).

René Guénon polemizará com a parte rosa do R.I.S.S. A tática de Guénon na longa controvérsia que travou com a R.I.S.S. era descreditar seus colaboradores e tentar impor-se como o único competente no assunto.

Divergências no seio do movimento antimaçônico

Entre os antimaçons há, no entanto, uma divisão: de um lado os nacionalistas antimaçônicos (Copin-Albancelli e Clarin de la Rive) que querem lutar contra a seita apenas numa base de defesa dos valores nacionais e patrióticos; a luta antimaçônica deve, para eles, ser essencialmente política ou nacional. Do outro, os antimaçons religiosos (Nicollaud, Jouin, Benigni), segundo os quais a maçonaria é uma “contra-igreja” que visa ridicularizar as pesquisas sobre o elemento preternatural nas lojas secretas (haja vista a manobra Taxil). Segundo Padre Jouin, para ser antimaçônico é necessário ser cristão, já que a Maçonaria é um macaco de Deus e da Igreja; Mons. Jouin vai colidir com Copin-Albancelli e Clarin de la Rive, que segundo ele não eram oponentes integrais do inimigo; a substância da divergência era o fato de que os antimaçons nacionais se recusavam a estudar a influência satânica na direção oculta da Maçonaria. Assim, o projeto de uma federação antimaçônica falhou e a controvérsia entre anti-maçons continuou, com efeitos graves para o bom combate, alimentada por um recém-chegado … o maçom René Guénon, aliás, Esfinge.

A colaboração do maçom Guénon em La France Antimaçonique

Em 1896, Clarín de la Rive torna-se diretor da La France Chrétienne Antimaçonnique, sucedendo Leo Taxil. De 1913 a 1914, o maçom Guénon colabora com essa revista! “Mesmo supondo que Clarin de la Rive não teve ocasião de consultar os registros da Grande Loja da França em 1912, todavia não foi capaz de ignorar a conferência do maçom Guénon sobre “O Ensinamento Iniciático”, publicada na Symbolisme de janeiro de 1913. A RISS mencionou essa conferência em seu índice documental (fevereiro de 1913, página 561)” (18). Então, como explicar a colaboração de Guénon com Clarín de la Rive, diretamente no campo antimaçônico? Como foi que Guénon pôde consultar, com a permissão do Clarin de la Rive, o dossiê sobre o caso Taxil (ex-diretor de La France Antimaçonnique) a partir do qual argumentará que afirmar a influência do satanismo na Maçonaria é da contra-iniciação, e que, se existem alguns grupos luciferianos e satanistas, estão longe da franco-maçonaria, que é uma organização tradicional que quer denegrir-se a qualquer custo. Parece que Clarín de la Rive e os amigos católicos de Guénon subestimaram sua iniciação na seita, como se Guénon tivesse rompido completamente com a Maçonaria.

Como muitos, Guénon aproveitou-se da campanha antitaxiliana, apresentando-se como o homem da tradição que quer dar à Maçonaria seu verdadeiro rosto, desfigurado por Taxil, combatendo maçons contemporâneos por seu “modernismo”, infiel à sua verdadeira vocação iniciática, de modo que a Maçonaria pudesse se tornar mais uma vez o que nunca deixou de ser virtualmente. Este trabalho sutil foi realizado em La France Antimaçonnique, com a cumplicidade (ou ingenuidade) de seus amigos católicos.

Guénon astutamente queria mudar desde dentro o pensamento antimaçônico e inspirar uma corrente católica em favor da Maçonaria tradicional, revista e corrigida à luz da metafísica oriental. Para isso, “por um lado, temos de trazer os maçons para a compreensão dos seus princípios e à consciência das suas funções, e por outro fazer os católicos admitirem que erraram ao combater a Maçonaria em si mesma e que devem, enquanto lutam contra os maçons degenerados, torcer pela restauração de uma Maçonaria autêntica” (19). E “depois de ter recordado a opinião já expressa por Joseph de Maistre, afirmou que: ‘tudo anuncia que a Maçonaria vulgar é um ramo separado e possivelmente corrompido de um tronco antigo e respeitável’, e que a Maçonaria moderna não é mais que o produto de um desvio ” (20). O golpe passou por Clarín de la Rive, mas foi barrado por Mons. Jouin.

Os “superiores desconhecidos”

Houve um longo debate entre Guénon, aliás, Esfinge, em La France Antimaçonnique, e Charles Nicollaud juntamente com Gustave Bord pela R.I.S.S. sobre a questão misteriosa dos Superiores Desconhecidos, dos quais Bord negava a existência destes como sendo simples homens de carne e ossos. Os Quaderni Romani, órgão da Agência Internacional de Roma, de Mons. Umberto Benigni, respondeu (14 e 28 de setembro de 1913) que o juízo de Bord foi um pouco apressado e que nenhum argumento convincente foi apresentado contra o poder central oculto e humano da seita, que talvez consistia em um entendimento contínuo entre os líderes para dirigir a massa das diferentes seitas, a mais conhecida e mais difundida das quais é a Maçonaria. Charles Nicollaud respondeu na R. I. S. S. de 20 de outubro de 1913, que, se o editor do Quaderni Romani entendia por chefes homens comuns de carne e osso, estava errado. Os Superiores Desconhecidos, para os verdadeiros iniciados, existem, mas vivem no Astral (são anjos decaídos ou agentes de Satanás, isto é, homens que se dedicaram de corpo e alma ao diabo e são, por isso, seu instrumento privilegiado). E é lá que, através da magia, eles dirigem os líderes das seitas, constituindo um tipo de compreensão contínua entre os líderes humanos de diferentes seitas. Para Gustave Bord, no entanto, como existe uma rivalidade entre os diferentes ritos maçônicos, não há poder humano central (o que não exclui uma direção preternatural). Neste ponto, entra na arena Guénon, aliás Esfinge, e sustenta que Nicollaud e Bord são dois antimaçons muito estranhos, e ataca a teoria da “mística” diabólica como a raiz da Maçonaria. Guénon reabilita os Superiores Desconhecidos como inspiradores e guardiões da iniciação e tradição esotérica. Em 1914, Bord responde, nas páginas de R. I. S. S., que os antimaçons estão divididos em dois campos: aqueles que acreditam que o poder central da Maçonaria é representado por alguns líderes de carne e osso chamado Superiores Desconhecidos ou membros das lojas secretas; e aqueles que acreditam que a Maçonaria é movida por uma ideia nefasta e que os Superiores Incógnitos são o diabo ou seus agentes. E ele alinha-se com os últimos. Bord acrescenta que nunca encontrou vestígios dos supremos e conhecidos chefes humanos de toda a Maçonaria; ao contrário, ele descobriu a existência do oposto: obediências maçônicas lutando entre si, fundadas por pessoas conhecidas. Guénon argumenta que tal questão não pode ser respondida por historiadores que pretendam basear-se exclusivamente em fatos positivos, comprovados por documentos escritos, e que os Superiores Desconhecidos deixaram traços precisos de sua ação em diversas circunstâncias, mas não diz quais e onde. Eles seriam entes não mais presos a esta vida, livres de todos os limites, estabelecidos num estado incondicional e absoluto, em contato direto com o Princípio primordial do Universo, entes de carne e osso que alcançaram os mais altos picos da realização espiritual, dotados, de acordo com a tradição do Extremo Oriente, de longevidade, posteridade, grande ciência e perfeita solidão! Os superiores incógnitos são os verdadeiros mestres do mundo e não homens quaisquer ou comuns.

Em suma, Nicollaud vê uma influência sobrenatural e diabólica na Maçonaria; Guénon, ao contrário, vê a ação de um Princípio transcendente que contribui para a plena realização espiritual. Para Nicollaud, Satanás resume o poder oculto sectário. Guénon, mediante a teoria dos “vários estados do ser” (uma espécie de intermediários astrais de derivação cabalística, como as Sefirot) complica tudo, relativiza a noção de indivíduo e, sobretudo, as categorias do bem e do mal, e fornece uma máscara para o diabo (21).

Diante dessa massa de argumentos, o pobre leitor de La France Antimaçonnique não sabia para onde se virar. A Esfinge tinha alcançado seu resultado, havia turvado as águas, semeado a discórdia entre os antimaçons (servindo-se até mesmo dos Quaderni Romani e tentando colocá-los contra o RISS); Em suma, ele havia feito um trabalho de despistagem.

Guènon e o Instituto Católico de Paris

Em 1915, Guénon obtém uma licença de literatura na Sorbonne, matricula-se em outono com seu amigo Pierre Germain (que também é filiado à Igreja Gnóstica) para o curso de filosofia da ciência do professor Milhaud. Lá, como já dito, ele conhece uma jovem tomista de dezenove anos formada pelo padre Sertillanges O.P. e por Maritain. Noele Maurice-Denis (mais tarde Boulet), que apresenta Guénon a Maritain em 1916. Durante o verão, Germain, que tinha reencontrado a fé em Lourdes, informa Noele Maurice-Denis sobre o passado de Guénòn. Dá-lhe a coleção completa de La Gnose. Maurice-Denis, mesmo sem compartilhar das ideias de Guénon, admira sua clareza de exposição e a seriedade de seu pensamento. O fato de ele ter sido consagrado como bispo gnóstico aos vinte e três anos não a surpreende! Vê ali apenas um erro da juventude! A jovem tomista ignora, como Germain, a “confirmação” ou “crisma” de Guénon na Grande Loja Maçônica da França e sua iniciação no sufismo 1912. Sabe que Guénon não usa mais ópio e haxixe como ajuda para… “contemplações” e isso é suficiente!

Em dezembro de 1916, Noele Maurice-Denis tenta publicar na Revue de Philosophie a tese de Guénon: Padre Peillaube, editor da revista, era favorável, mas Maritain não. Conhecia Guénon há seis meses e entendeu qual era a sua orientação filosófica, mas isso não desanimou a jovem e ingênua Maurice-Denis.

Introdução ao estudo das doutrinas hindus

Em junho de 1920, Guénon completou a edição da Introdução Geral ao Estudo das Doutrinas Hindus e partiu em busca de uma editora. Para tal propósito, contata o judeu Levy-Bruhl. Leva, então, o manuscrito para Marcel Rivière, que concorda em publicá-lo.

Em fevereiro de 1921, Noele Maurice-Denis publica um artigo sobre a natureza do misticismo, mas, em uma carta datada de 27 de março, Guénon irá reafirmar sua posição de que a “metafísica” é mais sobrenatural que a mística. Maurice-Denis atribui a posição guénoniana a uma ignorância substancial da doutrina católica, apesar da educação religiosa que Guénon recebera, minimizando mais uma vez a extensão do seu erro, que não se devia à simples ignorância do cristianismo, mas à hostilidade em relação ao Evangelho e ao espírito cristão, como afirmou mais tarde Henri de Lubac (22). Noele Maurice-Denis respondeu com dois artigos publicados na Revue Universelle (15 de julho de 1921) intitulados Les Doctrines Hindoues; Maritain toma parte, já que desejava que a autora asserisse que a “metafísica” guénoniana é radicalmente incompatível com a fé católica. E ele mesmo escreveu a última frase da conclusão do primeiro artigo de Denis, “René Guénon gostaria que o degenerado Ocidente fosse pedir ao Oriente lições de metafísica e intelectualidade. Mas, ao contrário, é apenas na sua Tradição e na Religião de Cristo que o Ocidente encontrará a força para se reformar” (23). Além disso, “se Guénon, apesar de todas as suas críticas, conserva certo apreço pela Grécia, ao contrário, Roma não lhe inspira mais que desprezo” (24).

A reação de Guénon, dado seu caráter, foi muito ressentida.

Mas vamos tentar ver o conteúdo do artigo de Guénon. A “metafísica” hindu é para ele um gnosticismo perfeito e absoluto (embora Guénon jamais mencionasse a palavra gnose, no entanto, usa a palavra sânscrita jnana, que é seu equivalente, e prefere usar o termo “metafísica” que, guénonianamente, significa “conhecimento” ou… gnose), pois, de fato, a “metafísica” hindu flui para o panteísmo. Para Guénon, a moral deve ser excluída da filosofia, “a moral faz mal”, enquanto que, para a metafísica aristotélica, a moralidade natural ou filosófica existe e a ética deriva dela. Além disso, a contemplação pode ser feita com técnicas humanas sem a ajuda da graça (que para um cristão é inadmissível); por fim, a religião é uma tendência “sentimental” ou devo devocionalística à qual está ligada a moral, enquanto que, para a teologia católica, a religião não é uma emoção da sensibilidade, mas uma disposição da vontade e do intelecto, por meio dos quais o homem, sabendo que há um princípio primeiro, inclina-se a querer prestar-lhe o culto que lhe é devido por sua excelência. No outono de 1922, Guénon havia perdido toda a esperança de iniciar sua jovem amiga, porque a julgava incapaz de receber uma filosofia perene fora da forma especificamente cristã.

Colaboração de Guénon à revista Regnabit

Em 1925 (agosto-setembro), Guénon prepara um artigo intitulado Le Sacré-Cœr et La Legende du Saint Graal, publicado na revista Regnabit, a fim de mostrar a harmonia perfeita da Tradição católica com outras formas de tradição universal, ou seja, a unidade transcendente e fundamental de todas as religiões, na base homogênea da Tradição Primordial. Em 1925-1926, em três artigos subsequentes teoriza que os documentos maçônicos anteriores a 1717 (destruídos por Anderson e Dèsaguiliers) continham a fórmula de fidelidade a Deus, à Igreja e ao Rei, e, portanto, convida os leitores da Regnabit a entrever a origem católica da Maçonaria original (!) e a combater as tendências da atual Maçonaria, religiosa, mas pró-protestante nos países de língua inglesa e até antirreligiosa naqueles latinos. A hostilidade de alguns círculos neo-escolásticos em 1927 impede que Guénon continue escrevendo na revista Regnabit.

O rei do mundo

Ao mesmo tempo em que Regnabit publica seu último artigo, Guénon escreve Le Christ, pretre et roi, na revista Christ-Roi (maio-junho de 1927) e Le Roi du monde (25), onde Guénon apresenta sua versão do misterioso centro iniciático “Agartha”, centro do mundo real e simbólico ao mesmo tempo, invisível, subterrâneo, onde o “Rei do Mundo” domina. A teologia católica vê no “Rei do Mundo” guénoniano o “Príncipe deste Mundo” do qual o Evangelho nos fala e que não é outro senão o diabo.

A crise do mundo moderno

Em 1927, Guénon publica La Crise du Monde Moderne, em que remonta o processo que conduziu à civilização ocidental e refaz o apelo à constituição de uma ”elite tradicional” sensível à verdadeira intelectualidade sempre preservada no Oriente, o único que pode dar de volta para o Ocidente sua tradição específica, uma espécie de “cristianismo” revisado e corrigido. O erro e a degeneração começaram no Ocidente, então é responsabilidade sua regenerar-se por meio das doutrinas “metafísicas” orientais.

Autoridade espiritual e poder temporal

Neste livro, Guénon afirma, com razão, em parte (erro absoluto não existe) que a autoridade espiritual (dos sacerdotes) é superior à autoridade temporal (dos reis). Mas, em toda a Tradição Católica, Jesus Cristo é considerado o Senhor do Universo, ao passo que Ele “nunca considerou a concepção medieval que faz do Papa Vigário de Cristo e detentor do mesmo poder temporal de maneira direta ou indireta” (26). Pio XI, na Encíclica Quas Primas, afirma que só há esperança de paz duradoura se indivíduos e nações reconhecerem a realeza social de Jesus Cristo. Somente Ele, como verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é o nosso Senhor Supremo e Rei, tanto nas coisas espirituais quanto nas temporais, embora tenha-se recusado a exercer o poder nas coisas temporais, deixando a autoridade temporal para os leigos, enquanto exerceu poder espiritual. Com sua Ascensão ao Céu, Ele deixou nesta terra uma Pessoa que deveria ocupar seu lugar: o papa, que tem poder nas coisas espirituais e o exercita; e, nas temporais (direto para São Tomás e indireto para São Roberto Belarmino), mas que, enquanto Cristo, não quer exercê-lo (exceto em alguns casos e lugares específicos) e o deixa com a autoridade temporal, que deve exercê-lo para o bem comum temporal e subordinado à obtenção do fim sobrenatural do homem. Se a autoridade temporal abusar de seu poder, o papa pode intervir para trazê-la ao ordenamento e, se não a corrigir, poderá destitui-la. Mas esse não é de forma alguma o conceito de Guénon. “Para a Igreja Católica, o Rei do mundo é sempre e somente Cristo. (…) Por isso, estamos muito longe da concepção de Guénon que reconhece no rei do mundo o legislador primordial e o depositário da tradição primordial. Guénon reconduz a ele a ortodoxia tradicional do catolicismo com uma filiação simbólica e vê nisso, naturalmente, uma tradição legítima, mas sempre uma das muitas derivadas da tradição primordial sempre viva. (…) As visões de Guénon e da Igreja Católica sobre o rei do mundo são claramente distintas “(27).

O livro de Guénon, Autoridade Espiritual e Poder Temporal, deve, portanto, ser relacionado ao que foi dito sobre o Rei do Mundo e os Superiores Desconhecidos.

O teste triplo de 1928, a partida para o Cairo e a morte

Em janeiro de 1928, a esposa de Guénon morre de meningite e, depois de nove meses, também sua tia Madame Duru, que morava com eles. Guénon fica sozinho com a sobrinha de catorze anos, Francoise Belile, cuja mãe, uma viúva com muitos filhos, pediu para voltar para casa (28). Em 1928, passa por uma série de provações que o abalam; ele envia um pedido de casamento a seus amigos, que não é aceito. Após essa recusa, estreita relações com Madame Dina, nascida Marie W. Shillito, filha do rei de ferrovias canadenses e viúva do riquíssimo Hassan Dina Farid, um engenheiro egípcio que tinha certo interesse por assuntos ocultos. Entusiástica admiradora de Guènon, oferece sua riqueza a serviço da causa do esoterismo “tradicional”.

Entre as pirâmides e Meca

Em 5 de março de 1930, Guénon partiu para o Cairo com Madame Dina, que retornou à França sozinha após três meses. Pouco tempo depois, sua mecenas se casa com o ocultista Ernest Britt, membro de um grupo hostil a ele. No Egito, Guénon, que desde 1912 se faz chamar pelos iniciados Sheikh Abdel Wahed Yahia, leva uma vida modesta e decente e passa exotericamente ao Islã: a sua “conversão” está relacionada com a intenção secreta da qual ele nunca deixou traço escrito; por outro lado, dando grande importância aos rituais da “tradição” exotérica, ele sempre respeitará escrupulosamente seu exoterismo islâmico. Sua apostasia é explicada antes por uma razão de conveniência espiritual que por uma verdadeira conversão, porque, para ele, todas as formas tradicionais são equivalentes. O Islã parece-lhe uma ligação entre o Oriente e o Ocidente; tem o mérito de parecer (superficialmente) compatível com o cristianismo, porque respeita Jesus Cristo como profeta (mas nega-lhe a divindade). Portanto, para o guénoniano, pode-se tornar um muçulmano e continuar cristão. O Islã, no século XX, teria que jogar o papel que a Maçonaria tinha jogado no XVIII: ser o refúgio dos cristãos que queriam escapar da disciplina hierárquica da Igreja, mantendo, simplesmente, uma certa ligação com uma vaga (e falsa) mística e com uma “tradição” espúria e “primordial”.

Enquanto isso, Guénon aprende a língua árabe e, já em 1931, publica uma série de artigos em árabe e frequenta as reuniões do Sheikh Salama Radi. Em julho de 1934, casa-se com a jovem Hanem Fatma Ibrahim, que lhe dará quatro filhos, o último dos quais nascerá em 1951, após sua morte. Em 1939, “um riquíssimo judeu inglês que passou para o islamismo, seu admirador, ofereceu-lhe um casarão mobiliado” (29). Em 7 de janeiro de 1951, apesar do cuidado que recebeu de seu amigo judeu Dr. Katz, morre pronunciando o nome de Allah duas vezes.

Podemos ser guenoneanos e católicos? (30)

Guénon exerce uma influência inegável e, infelizmente, às vezes muito profunda, em ambientes ligados à Tradição católica (31). No decorrer do artigo, vimos que a questão já surgiu durante a vida de nosso personagem, que colaborou em revistas católicas e monárquicas com tendências antimaçônicas e tradicionais. No entanto, a reação dos católicos integrais (R.I.S.S.) logo forçou Guénon a recuar (não depois de causar vários danos) ao Egito. Hoje muitos guénonianos, como também admite a revista Le sel de la Terre dos dominicanos de Avrillé, infiltraram-se nos ambientes da Fraternidade São Pio X de Monsenhor Lefebvre (32).

No entanto, há uma inconciliabilidade radical entre o guénonismo (e toda forma de esoterismo em geral) e o catolicismo. Na verdade, Guénon se apresenta como um autor “espiritual”, portador de uma sabedoria oriental superior até àquela da Igreja Católica! Ele despreza a ideia de salvação ou danação eterna, própria do catolicismo, e se torna um defensor da gnose ou “metafísica” que leva à identificação com o Absoluto Supremo indiferenciado (o leitor desculpe-me essas palavras, mas os iniciados devem esconder atrás de uma cortina de fumaça o nada de sua espiritualidade).

A natureza da espiritualidade de Guénon

Para desenvolver este tema conto com o interessante artigo de Antoine de Montreff, um ex-guénoniano que se converteu ao catolicismo (33), segundo o qual o caminho espiritual proposto por Guénon inclui três condições que se formam como três etapas. Para Guénon, “a iniciação envolve três condições sucessivas: 1 °) a qualificação, consistindo em certas possibilidades inerentes à própria natureza do indivíduo, e que são a matéria-prima em que o trabalho de iniciação deve ser realizado; 2 °) a transmissão (mediante o pertencimento a uma organização tradicional) de um influxo espiritual que dá ao iniciado a iluminação que o permitirá ordenar e desenvolver as possibilidades que este carrega; 3 °) o trabalho interior através do qual, com a ajuda de auxiliares ou apoio externo, este desenvolvimento será realizado gradualmente, conduzindo o indivíduo ao termo final de Libertação ou Identidade Suprema” (34). Em suma, no primeiro estágio há uma profunda diferença entre a mística cristã, que é passiva, e a iniciação, que é ativa; no segundo, que é o mais importante, recebe-se influência espiritual durante a iniciação.

Poderia acontecer que as organizações iniciáticas, devido à degeneração, possam conferir apenas a iniciação virtual, no entanto, continuarão a ser o apoio desse influxo espiritual, e o trabalho de iniciação pode-se dizer concluído. O importante é que a cadeia não seja interrompida. Na iniciação, há também a transmissão de um ensinamento, mas a transmissão da influência espiritual continua sendo o elemento principal. Em terceiro lugar, vem a iniciação efetiva e, para alcançá-la, é necessária a meditação dos símbolos.

Outro meio para progredir em direção à iniciação eficaz é o encantamento, claramente distinto da oração: na verdade, “não é um pedido, e não supõe nem mesmo a existência de uma realidade externa; trata-se de uma aspiração do indivíduo em direção ao Universal para obter uma iluminação interior. O objetivo final a ser conseguido é sempre a realização do próprio Homem Universal ” (35).

“Um dos propósitos que o próprio Guénon admitia ter era permitir que os maçons (que transmitiam ainda a iniciação virtual) chegassem à iniciação eficaz” (36).

Necessidade de estar conectado a uma organização iniciática

“A iniciação propriamente dita consiste na transmissão de um influxo espiritual, transmissão que não pode ser feita mediante uma organização tradicional regular, de modo que ninguém poderia falar de iniciação fora de um vínculo com a organização iniciática” (37). Mas quais são as organizações iniciáticas ainda válidas na Europa de hoje? De acordo com Guénon restam duas: a Maçonaria e a Companheiragem: “De todas as organizações que se pretendem iniciáticas e que encontram-se espalhadas pelo Ocidente, há apenas duas que podem reivindicar uma origem tradicional antiga e uma transmissão iniciática real; ambas eram apenas uma coisa no começo, e são a Companheiragem e a Maçonaria” (38). Através da cadeia iniciática, o iniciado recebe um influxo espiritual cuja origem não é humana (39). A influência espiritual não tem nada de mágico porque, para Guénon, a iniciação ocorre em um nível espiritual mais elevado do que o de magia, que, ao contrário, se dá a nível animal ou psíquico. É por isso que Guénon despreza aqueles que buscam poderes mágicos, defeito dos ocidentais muito ligados aos fenômenos. A magia nos deixa no estado individual, enquanto a iniciação nos faz passar da individualidade para o Universal. No entanto, o iniciado deve tornar-se consciente gradualmente desse influxo espiritual, e nisso o caminho iniciático é diferente daquele da religião: “No campo exotérico, não há qualquer inconveniente se o influxo recebido nunca for percebido conscientemente porque não é uma questão de obter um desenvolvimento espiritual eficaz; por outro lado, quando se trata de iniciação, as coisas são muito diferentes, de fato, como resultado do trabalho interno realizado pelo iniciado. Os efeitos desse influxo devem ser conhecidos, e é isso que constitui a passagem de iniciação real ” (40).

A religião, para Guénon, busca assegurar a salvação eterna e, assim, nos mantém no estado humano individual, enquanto a iniciação é certamente superior, pois tende a fazer-nos tomar a Suprema Identidade com o Absoluto incondicionado ou a Realização, o que supõe a passagem do estado individual e a tomada de posse de estados superiores à condição humana. E não é apenas uma questão de entrar em contato com esses estados superiores, mas realmente de tomar posse deles (41). Assim, também a união transformadora da terceira via dos perfeitos (a mística) é inferior à Libertação, que é o fim da iniciação (42). Portanto, a finalidade da via esotérica é muito mais excelso que a religiosa, ou exotérica, e o paraíso cristão é, para o iniciado, muito apertado, quase uma prisão (43).

Não é possível seguir o caminho iniciático sem estar ligado a um Esoterismo
“Este ponto é muito importante e é pouco conhecido. Para Guénon, não se trata de permanecer sozinho no caminho iniciático. Ao mesmo tempo, é necessário praticar um exoterismo, através de uma prática religiosa. O próprio Guénon praticou a religião muçulmana em seus últimos anos “44. Ele diz: “É admissível que um exotérico ignore o esoterismo, mas, ao contrário, é inaceitável que qualquer um que se pretenda iniciado no esoterismo deseje ignorar o exoterismo; de fato, o mais compreende o menos” (45). E é por isso que os guénonianos se infiltram até nos círculos católicos tradicionalistas.

Influxo espiritual não é uma graça gratuita que vem de Deus

Se o influxo espiritual não é uma graça que vem de Deus, ou é autossugestão, ou é uma influência que vem de um anjo. Com efeito, acima do homem só há Deus ou os anjos. “A primeira solução é possível em teoria, e pode-se desejar que muitos dos que se submetem à cerimônia de iniciação não recebam nada. Mas é muito mais provável que o iniciado realmente receba um “influxo espiritual de origem não humana”. Esta é a opinião dos maiores conhecedores da maçonaria, como Charles Nicollaud, autor de L’Initiation Maçonnique, (Perrin, Paris, 1931), com prefácio de Monsenhor Jouin: “Estes eventos extraordinários [a presença percebida de Satanás] são o triste privilégio de alguns. Esses são os Superiores Desconhecidos, como a seita os chamava no século XVIII. Agentes diretos de Satanás, são suas ferramentas habituais, e é através deles que ele penetra e se propaga no seio de sociedades secretas. São os sacerdotes da Contra-Igreja. A Igreja de Cristo tem seus santos; Satanás, o macaco de Deus, tem seus iniciados.” (p. 145) … Pode-se objetar que essa influência espiritual poderia vir de um anjo, mas os anjos são ministros de Deus. Se agem sobre os homens, é para levá-los a Nosso Senhor Jesus Cristo e sua Igreja. Ora, a luta contra a Igreja é uma constante da maçonaria e o caso de Guénon nos mostrou que a iniciação, longe de conduzi-lo a aprender mais sobre a Ss. Trindade, N. S. Jesus Cristo e sua Igreja, levou-o a uma espécie de obtusidade intelectual a esse respeito e à apostasia.” (46).

A causa da apostasia de Guénon

São Tomás ensina que “a infidelidade nasce do orgulho” (47). É o mais grave dos pecados depois do ódio de Deus. A verdadeira razão para uma escolha errônea concernente ao fim último é, portanto, encontrada nas obras más, na vida, no ato da vontade que também pode ser apenas interno, como o orgulho intelectual. As más obras não são apenas a imoralidade grosseira, mas também a imoralidade sutil: a exaltação do “eu”, a busca da glória humana e a honra do mundo. Do mesmo modo que o ladrão foge da luz e ama as trevas para poder agir sem ser incomodado, o orgulhoso odeia a luz, a doutrina pública e ama a escuridão, a doutrina e a prática esotérica. A escuridão serve para cobrir sua doutrina infernal e sua conduta perversa, e odeia a luz porque desmascara sua perversidade interna e oculta! Pode-se concluir, portanto, que a vida ruim é a causa de toda descrença, especialmente dos heresiarcas e dos “grandes iniciados”, como certamente foi René Guénon. Como o diabo se tornou um anjo caído por sua má vontade (com a qual preferiu afirmar-se, mesmo condenado, que se submeter à vontade de Deus que lhe pediu um ato de obediência e humildade), da mesma forma o “grande iniciado” preferiu rejeitar a doutrina pública de Jesus para poder deleitar-se em sua obscura e confusa “tradição primordial e comum que se perde na névoa do tempo …” e que tanto gratifica seu orgulho ao poder ser chamado Mestre!, enquanto Jesus nos advertiu: “Não queirais ser chamados de Mestres. Somente um é o Mestre: o vosso pai que está no céu “.

O diabo pode afetar o homem?

Segundo São Tomás e os teólogos católicos, o diabo não pode atuar diretamente sobre o intelecto e a vontade do homem, mas apenas nos sentidos externos e internos (memória e imaginação) e através dos sentidos pode tentar influenciar indiretamente a inteligência e a vontade (48). A cerimônia de iniciação poderia muito bem ser o ponto de partida para essa ação diabólica. “Deus permite ao diabo uma certa liberdade de ação em tais cerimônias por causa de seu caráter supersticioso: há, de fato, uma invocação pelo menos implícita ao demônio sempre que se espera um efeito espiritual de uma causa que por si só não pode produzi-lo. Tais cerimônias produzem seus efeitos apenas na extensão que Deus permite, como uma punição pelo pecado da superstição. (…) O fato de se ligar-se a uma organização iniciática regular torna o pecado da superstição ainda mais sério, mas nada impede que o diabo atue mesmo fora dessa corrente iniciática. Todavia, a iniciação busca uma atmosfera favorável à atividade do diabo” (49).

NOTAS

1) J.-A.Cuttat, in Annuaire de l’E. P. H. E. , (Vème Section: Sciences religieuses), 1958-1959, pag. 68.
2) M.-F. James, Esotèrisme et Christianisme autour de Renè Guènon, Nouvelles Editiones Latines, Paris, 1981, pag. 17. Neste artigo baseio-me substancialmente no livro de James (que recomendo ao leitor desejoso de aprofundar-se no tema) e o integro com outros vários ensaios e com a leitura das principais obras de Guénon.
3) É sintomático a relação que liga Guénon a uma pensadora judia, que procura apresentar-se como próxima da conversão ao catolicismo: Simone Weil. Em realidade, no seu pensamento encontram-se diversos elementos da Cabala espúria e do sistema talmúdico.”Ela provavelmente não conheceu Guénon, ao qual nunca faz referência, mas algumas de suas notas, reflexões e meditações se casam singularmente ao pensamento de Guénon, e um livro como Lettre à un religieux prova que a jovem filosofa considerava pelo menos como prováveis muitas coisas que Guénon considerava como certas.” (P. Sèrant, Renè Guènon. La vita e l’opera di un grande iniziato, Convivio, Firenze, 1990, pag. 29). O religioso que respondeu à carta de Weil foi Padre Guèrard des Lauriers O.P., e escreveu que, por certas afirmações de Weil, não poderia conceder-lhe nem o Batismo, nem a Absolvição.
4) M.-F. James, op. cit., pag. 30.
5) P. Chacornac, La vie simple de Renè Guénon, èd. traditionelles, Paris, 1958, pag.24.
6) M.-F. James, op. cit., pagg. 44-45.
7) Ibid. , pag. 46.
8) Ibid. , pag. 42.
9) Ibid. , pag. 100.
10) Cfr. A. Baggio, Renè Guènon e il Cristianesimo, in «Nuova_Realtà», 1987, pag. 39.
11) N. M.aurice-Denis Boulet, L’èsotèriste Renè Guènon. in «La Pensèe Catholique», n° 77, 1962, pag. 23.
12) M.-F. James, Esoterisme, Occultisme, Franc-maçonerie et Christianisme aux XIX et XX siècles, Nouvelles Editiones Latines, Paris, 1981, pagg. 156-157.
13) Ibid., pag. 158.
14) Cfr. Sauvetre, Un bon serviteur de l’Eglise. Moseigneur Jouin, Casterman, Paris, 1936.
15) Ivi
16) E. Jouin, Les fidèles de la Contre-Eglise: Juifs et Maçons, pag. 139.
17) Giov. VIII, 32. Cfr. C. Nitoglia, Per padre il diavolo. Un’introduzione al problema ebraico secondo la tradizione cattolica, SEB, Milano, 2002, cap. XXXIII, pagg. 437-451.
18) M.-F. James, Esoterisme et Christianisme, pag. 127.
19) P. Sèrant, Renè Guènon. La vita e le opere di un grande iniziato., Convivio, Firenze, 1990, pag. 14.
20) Ivi, pag. 198.
21) Para referência dos artigos citados cfr. M.-F. James, op. cit. pagg.132-162.
22) Lettera di H. de Lubac a N. Maurice-Denis Boulet, 31 dic. 1962. Inedita.
23) N. Maurice-Denis, “Les Doctrines Hindoues”, La Revue universelle, 15 luglio 1921, pag. 246.
24) P. Sèrant, Renè Guènon. La vita e le opere di un grande iniziato, Convivio, Firenze, 1990, pag. 100.
25) M.-F. James, op. cit. , pag. 277.
26) P. Di Vona, Evola Guénon De Giorgio, SeaR, Borzano (RE), 1993, pag. 191.
27) Ibid., pagg. 195-196.
28) Ibid., pag; 295.
29) Ibid. , pag. 303.
30) L. Mèroz, Renè Guènon ou la sagesse initiatique, Plon, 1962.
31) E. Valtrè, La droite du Père. Enquete sur la Tradition catholique aujourd’hui, Guy Trèdaniel, 1994.
32) Le sel de la terre , n° 13, etè 1995, pagg. 34-35.
33) Antoine de Montreff, Qui a inspirè Renè Guènon? in «Le sel de la terre», n°13, etè 1995, pagg.33-64.
34) R. Guènon, Aperçus sur l’initiation, Villain et Belhomme-èd. traditionelles, Paris, 1973, pag. 34.
35) Ibid. , pag. 169.
36) A. de Montreff, cit. pag. 42.
37) R. Guènon, op. cit. , pag. 53.
38) Ibid., pag. 41.
39) Ibid. , pag. 58.
40) R. Guènon, Initiation et rèalilisation spirituelle, Villain et Belhomme-èd. traditionelles, Paris, 1974, pagg. 48-49.
41) Cfr. Aperçus sur l’Initiation, pagg. 27-28.
42) Cfr. Initiation et rèalilisation spirituelle, pagg. 81-82.
43) Ibid. , pagg. 78-79.
44) A. de Montreff, cit. , pag. 48.
45) Cfr. Initiation et rèalisation spirituelle, pag. 71.
46) A. de Montreff, cit. , pagg. 57-58.
47) S. T. II-II, q. 10, a. 1, ad 3um.
48) S. T. II-II, q. 10, a. 3 in corpore. II-II q. 96, a. 1. II-II q. 97, a. 1. I q. 114. II-II q. 165 a. 1.
49) A. de Montreff, cit. , pag 61.

Jesus Cristo era judeu?

A resposta depende do que você entende por judeu.

Se por judeu você entender o povo da Lei de Moisés, do Templo e das Promessas, então é evidente que Jesus Cristo era judeu e, aliás, um judeu exemplar. E mais: é evidente pela mesma Lei, Templo e Promessas que Jesus Cristo é o cumprimento de tudo o que elas prefiguravam: ele é o Segundo Moisés, que veio libertar o seu povo da escravidão do pecado; ele é o Cordeiro oferecido em expiação de nossos pecados de forma cruenta no Calvário e de forma incruenta no Santo Sacrifício da Missa; ele é o Messias de que os profetas, maiores e menores, deram testemunho.

Mas se por judeu você entender o povo do Talmude, da Sinagoga e do Anticristo, então é evidente que Jesus não era judeu, pois na época de Jesus o Talmude não existia, nem era tido como uma regra para o entendimento das Escrituras; além disso, em seu tempo a Sinagoga ainda não havia roubado o lugar e a centralidade do Templo, onde os sacerdotes da Antiga Aliança ofereciam sacrifícios conforme prescrevia a Lei Mosaica; por fim, Jesus não esperava por um outro Messias, pois ele próprio era o Messias atestado pela Lei de Moisés e pelo culto judaico, aquele que pelos seus méritos libertaria o povo da tirania do demônio, a antiga serpente que tinha seduzido os nossos primeiros pais. É patente, pois, que Jesus não pode ser confundido de modo algum com este judeu de nosso tempo, um judeu que só existe pela ignorância da Lei de Moisés, pela falta do Templo e pela rejeição do verdadeiro Messias.

Examinemos estes três elementos que constituem a religião judaica de nossa época – isto é, o Talmude, a Sinagoga e o Anticristo -, e entendamos o que cada uma dessas coisas significa à luz da profecia católica.

TALMUDE. O judaísmo que nasceu depois da destruição do Templo é uma religião impossível de ser praticada. Primeiro, porque o Talmude, codificação das tradições humanas condenadas por Jesus no Evangelho, é o grande véu que impede os judeus de compreenderem o significado verdadeiro das Escrituras. Além de conter fábulas e preceitos contra a lei natural e divina, o Talmude entende as Escrituras de uma forma carnal, nele até mesmo as mais patentes alegorias são entendidas de uma forma literal e grosseira: ele não vê no Terceiro Templo de Ezequiel a Igreja Católica e tampouco compreende que o Messias profetizado não é um político poderoso – incapaz de resolver o verdadeiro problema do homem -, mas sim o Santo dos Santos, o Homem-Deus liberto e libertador de todo pecado. Eis a grande verdade que os judeus talmudistas não podem ver, a verdade sem a qual nenhum judeu neste mundo poderá ser realmente feliz. Esperando sempre por uma libertação meramente temporal, o judeu jamais se dá por satisfeito, pois as coisas temporais são incapazes de satisfazer o espírito humano, sedento como ele é pela verdade e pelo bem; donde ser um povo sem repouso, sem a paz que somente o Cristo pode conceder-lhes. Essa cegueira e essa ânsia insaciável dela resultante coloca os judeus a frente de toda a empreitada do século, eles estão na dianteira das finanças, da academia e da indústria do entretenimento, eles já possuem um Estado para chamar de seu e estão ativamente lutando para consolidar-se como uma potência inconteste no Oriente Médio… quem negará o poder e a influência dos judeus nos assuntos humanos? Tudo isso é reflexo do grande vazio deixado pelo Talmude, da insatisfação e agitação típica da perfídia judaica: “Os ímpios porém são como um mar agitado que não pode acalmar” (Is 57,20).

Este triste véu que cobre os olhos de Israel leva uns ao fanatismo do judaísmo ortodoxo e outros à apostasia pura e simples do judaísmo reformado; mas, antes de tudo, arrasta ambos para o pecado: avareza, luxúria e soberba refletem-se no ativo envolvimento dos judeus na indústria pornográfica e semi-pornográfica (a assim-chamada “indústria do entretenimento” em geral), no empréstimo de dinheiro a juro (usura) e no inegável protagonismo destes em movimentos revolucionários. Esses feitos notórios do judaísmo de nossa época são manifestações da revolta da carne contra o espírito. Não é preciso de muito para constatar que essa vida no pecado, na vaidade do mundo, faz deste um povo de todo vulnerável às seduções lisonjeiras do Anticristo, o qual será há um só tempo libertino, rico e orgulhoso.

SINAGOGA. A Sinagoga é o veículo pelo qual os rabinos espalham os erros e falsas esperanças do Talmude pela comunidade judaica. Ali se aprende, daquela forma bem estreita e carnal, que o Terceiro Templo de Ezequiel 40-48 significa nada mais do que a reconstrução do Templo que foi destruído por Tito em 70 AD. Entretanto, supondo que tal alegação fosse verdadeira, é certo que o judeu de hoje seria incapaz de determinar se algum dos seus é ou não é da linhagem sacerdotal de Araão ou da tribo de Levi, pois os registros das mesmas foram destruídos juntamente com o Templo. Logo, ainda que eles construam o dito Terceiro Templo, isso será uma fraude desde o princípio, pois nenhum judeu pode provar a sua alegação de ser um sacerdote. Em outras palavras, será mais uma fraude na conta de uma religião que já não pode ser observada sem pecado. E assim esse projeto segue vivo na mente dos ditos judeus ortodoxos ou conservadores, os quais certamente ficarão muito gratos e satisfeitos quando o Anticristo em pessoa fizer este pequeno favor para eles.

ANTICRISTO. Na mesma linha de leitura carnal do Velho Testamento, os judeus talmudistas esperam o Messias, um líder militar que estabelecerá um reino mundial dos judeus. Novamente, lembre-se que o judeu de hoje não observa a Lei de Moisés, quer porque ele rejeita preceitos da Lei e acrescenta outros em seu lugar, quer porque as prescrições rituais já são impossíveis de cumprir, então como se pode esperar que tal meio gere um ungido de Deus? Não é mais provável que em tal condição se dê origem a um homem iníquo? Certamente que sim, por isso certos estão os cristãos que compreendem que a única razão de ser do judaísmo depois da vinda do verdadeiro Messias, Jesus Cristo, é acolher o falso Messias saído de sua falsa religião, ou seja, o Anticristo em pessoa.

Assim, os judeus desempenham um papel crucial no fim dos tempos, como o povo que dará origem e patrocínio ao Anticristo e que tragicamente será vítima dele mesmo. Felizmente, Deus tirará deste grande mal um bem maior, de modo que, nessa época de perseguição sem precedentes, por intermédio de Enoque e Elias, acontecerá a conversão dos judeus e assim Israel finalmente se reconciliará com a Igreja e junto com ela entoará o canto de Moisés e do Cordeiro.

Contudo, não convém que o judeu de boa vontade participe desta obra de engano e perversidade operada pelo seu “futuro Messias”, o Anticristo. Por esse motivo, a Santa Igreja nunca mediu esforços para trazê-los de volta à Aliança da qual eles foram cortados pela sua incredulidade. A Igreja, dando testemunho de Cristo, exorta os judeus à conversão, não promovendo nenhuma “abertura” que confirme os judeus em seus pecados, os quais tanto prejuízo têm atraído sobre este povo.

Por esse motivo, a Igreja Católica jamais pode ser identificada com a seita modernista do Vaticano II, a qual, descaradamente e contra tudo o que é mais sagrado, promove um diálogo pecaminoso com os judeus, afirmando que estes são o povo da Aliança e que com eles esperam o Messias. Com respeito ao tratamento “diferenciado” dado aos judeus no Catecismo de 1992, comenta um famoso apóstata da Igreja Conciliar:

“Diante de um judaísmo ainda não superado na teologia cristã, é apresentada de forma bastante diferenciada a relação de Jesus com a Lei, o Templo e a fé em um único Deus (574-591). A questão a respeito da culpa dos judeus pela morte de Jesus é apresentada de forma extremamente diferenciada (595-598)… Também em outras passagens, como no capítulo sobre escatologia (673-674) e liturgia (1096)o Catecismo faz afirmações importantes sobre o relacionamento entre cristãos e judeus.” (RATZINGER, Joseph; SHÖNBORN, Christoph. Breve Introdução ao Catecismo da Igreja Católica. 4 ed. Tradução de Flávio Cavalca de Castro. Aparecida: Editora Santuário, 1997, p. 82)

Breve introdução ao Catecismo da Igreja Católica

Ora, deste modo esses homens pervertidos, que de católicos só têm o nome, agem como verdadeiros profetas do Anticristo, ajudando a enganar um povo que já é enganado o bastante pelas vãs esperanças que possuem. Não se poderia fazer maior desserviço aos israelitas do que este: iludi-los dizendo que fazem parte de uma Aliança já extinta e que eles estão a esperar o verdadeiro Messias, quando em realidade aquele que esperam é o Anticristo.

Esse prodígio de mentira, esse contra-testemunho, essa deserção, esse falso profetismo da falsa Igreja do Vaticano II é a mais clara manifestação de sua impiedade: uma atitude tão vergonhosa e em tal contradição com a doutrina católica e com a caridade que move os cristãos não pode provir senão de uma organização herética, sem qualquer autoridade moral e religiosa. Esse ato de apostasia coletiva também constitui um grave motivo para que o bom católico rompa de uma vez com esta seita diabólica: não pode um verdadeiro cristão unir-se em oração e dar incentivo de qualquer espécie a uma organização que aplaina o caminho para o advento do Anticristo.

Quem deseja ser um com a Igreja de Deus e não ter parte com a Sinagoga de Satanás, deve unir-se em oração e apostolado aos católicos tradicionais, dando apoio sobretudo aos sacerdotes tradicionais que não possuem qualquer filiação com a seita modernista do Vaticano II. É assim que seremos capazes de preservar a chama da fé elevada e acesa nestes últimos tempos.

REFERÊNCIAS

ARMINJON, Fr. Charles. The End of the Present World and the Mysteries of Future Life, especialmente a segunda conferência.

BELLARMINE S.J., St. Robert. Antichrist (De Controversiis). Kindle Edition: Mediatrix Press, 2016.

CULLETON, Rev. Fr. R. Gerald. The Reign Of Antichrist. Kindle Edition: TAN Books, 2009.

JONES, E Michael. Libido Dominandi: Sexual Liberation & Political Control. South Bend: St Augustine’s Press, 2005.

____(org.). Civittá Cattolica on the Jewish Question. Kindle Edition: Fidelity Press, 2012.

____. The Jewish Revolutionary Spirit: And Its Impact on World History. Addison (TX): Fidelity Press, 2008.

MANNING, Card. Henry. The Present Crisis of the Holy See tested by Prophecy. London: Burns & Lambert, 1861.

PINAY, Maurice. Complot contra la Iglesia. Tomo I, Parte I.

Kurt Hruby: Exemplo de judeu infiltrado e desprezo pelas Imagens Sagradas

Padre Kurt Hruby, o destruidor
Padre Kurt Hruby, o Destruidor.

Nota sobre o trio de judeus húngaros. Paul Démann (1912-2005), Geza Vermés (1924-2013) e Kurt Hruby (1921-1992) foram três judeus que se “converteram ao Catolicismo” antes do Concílio Vaticano II, tornaram-se padres e desempenharam um papel fundamental na elaboração das ideias arquiheréticas sobre o judaísmo contidas na Nostra Aetate. Feito esse trabalhinho, os dois primeiros voltaram a professar o seu judaísmo publicamente enquanto o Padre Hruby continuou a usar batina, todavia – como se pode ver abaixo – isso provavelmente em nada afetou suas convicções religiosas. O fato é que esses são apenas três exemplos de “cristãos novos” mal-intencionados, há muitos mais. Eis um terreno tão lamacento quando comprido. Se Deus quiser e o leitor ajudar, continuaremos o nosso trabalho de saneamento, desmascarando as obras daqueles que querem destruir a Santa Igreja mediante os artifícios mais horrorosos.

Jamais esquecerei de um episódio em particular ocorrido na casa dos Padres de Sião em Paris lá pelo fim dos 1950s, naquela época eu já não era um membro interno, mas um simples visitante. Embora não fosse um membro da ordem, Kurt Hruby ficou encarregado de substituir o Paul Démann durante as férias de verão. Como um hábil homem de reparos, ele levou a cabo a renovação e redecoração do interior da capela da Sião, que na minha época costumava estar repleta de horrorosas estátuas tradicionais de gesso. Kurt decidiu livrar-se delas. Ainda sou capaz de vê-lo naquela tarde de sol, trabalhando no jardim em mangas de camisa. Dúzias de anjos, apóstolos, um Jesus com um Sagrado Coração pintado no peito e várias Virgens Marias vestidas de branco e manto azul foram alinhadas no chão contra a parede da capela. Sem dúvida, incitado pela vista daquelas coisas horrorosas, ergueu uma marreta e com seus olhos cheios de fúria passou a quebrar as estátuas uma por uma, fazendo-as em mil pedaços. Enquanto fazia isso, ele recitava em hebraico com velho sotaque asqueenazi uma mistura de Sl 96,5 com Sl 135,15:

Eloyhey ha-goyim elilim, maase yedey odom.
Os deuses das nações são ídolos, obras de mãos humanas.

Original em inglês:

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(VERMÉS, Geza. Providential Accidents: An Autobiography. Lamham: Rowman & Littlefield, 1999, p. 61. )

Nota sobre a religião por trás do homem. Segundo o Talmude, se você for um judeu, você pode mentir para um gentio, logo não há problema algum em converter-se a uma religião em que você não acredita, contanto que isso seja feito com o intuito de obter alguma vantagem sobre ele.

Confira: A verdade sobre o Talmud – Uma Exposição Documentada da Literatura Rabínica supremacista de Ódio – Michael A. Hoffiman II e Alan R Critchley [Versão Portuguesa]

Nota sobre os calvinistas. O protestantismo iconoclasta é uma imagem perfeita do que se pode chamar de cristianismo judaizado. Eles precisam entender que o ódio que a sua religião historicamente demonstrou contra as imagens sagradas e as relíquias dos santos não tem nada de cristão e não vem de Deus, mas é antes uma coisa típica de quem odeia a religião cristã.


Maurice Pinay [Blog]. Nostra Aetate: A Microcosm. Disponível em: <http://mauricepinay.blogspot.com.br/2017/05/nostra-aetate-microcosm.html>. Acesso em: 11 jun. 2017.

Judaísmo, Racismo e Antissemitismo

O que hoje se entende por judaísmo é sinônimo de farisaísmo ou talmudismo. “O farisaísmo se tornou o talmudismo, o talmudismo se tornou o rabisnimo medieval e o rabinismo medieval se tornou o rabinismo moderno. Mas perpassando essas mudanças de nome… o espírito dos antigos fariseus sobrevive inalterado.” (Rabino Louis Finkelstein, The Pharisees…, p. XXI). Jesus, então, não era um judeu nesse sentido, isto é, no sentido de alguém que praticava a forma de culto religioso conhecida hoje como judaísmo, dizê-lo é uma falsidade e uma ficção de caráter blasfematório.

Jesus abominou e denunciou a forma de culto religioso praticada na Judeia de seu tempo. E isso porque o judaísmo é uma religião baseada em tradições humanas, muitas delas ensinam coisas notoriamente contrárias à razão e ao bem comum. Dentre as doutrinas e práticas que provam a maldade do judaísmo estão o racismo, o messianismo (comunismo), o dinheirismo (capitalismo), o direito de mentir e maltratar o próximo e a permissão de quebrar juramentos obtida mediante a recitação anual do Kol Nidre.

Leia também: O Motor Secreto do Comunismo: A religião por trás da máquina de matar revolucionária

E também: Traindo Cristo Crucificado: A Nova Oração de Sexta-Feira Santa pelos judeus

A religião judaica sobreviveu graças a concessão de certas vantagens e facilidades aos homens, todas autorizadas pelo próprio Talmude. Ela não produziu mártires, ela não formou santos. É evidente, portanto, que o judaísmo não é uma religião revelada por Deus, uma religião que torna as pessoas realmente mais divinas, mas sim uma opinião bem perigosa, algo que pode arruiná-las moralmente, caso elas sigam suas práticas e preceitos. Donde ser a observância do judaísmo um pecado mortal.

A Igreja reza pela conversão dos judeus, pois a sua incredulidade não poderá fazer-lhes qualquer benefício, antes será um argumento usado contra eles no dia do Juízo. Que São Paulo Apóstolo, o grande fariseu convertido à fé verdadeira, possa interceder pela conversão dos judeus e perseverança dos cristãos.

Os próximos parágrafos contém mais informações sobre o racismo ensinado no Talmude e suas implicações no modo como os judeus se relacionam com os cristãos e vice-versa.

Francisco com os judeus e sua menorá
Segundo Francisco, o diálogo entre judeus e cristãos “precisa ser aprofundado nisto: nas raízes judaicas do cristianismo e no cristianismo como florescimento do judaísmo” (La Vanguardia, 13 jun. 2014 in CNA). Ou seja, ele precisa ser baseado numa premissa absolutamente falsa e injuriosa à fé cristã. Eis mais uma prova de que ele não pode ser o Vigário de Cristo.

I. A AUTORIDADE DO TALMUDE

“Meu filho, sê mais zeloso na observância das palavras dos escribas que nas palavras da Torá (Velho Testamento).”

– Talmude, Erubin 21b

“O Talmude consiste de 63 livros sobre lei, ética e história escritos pelos antigos rabinos. Ele foi editado cinco séculos depois do nascimento de Cristo. Ele é um compêndio de lei e sabedoria. Ele é o código legal que forma a base da lei religiosa dos judeus e é o manual usado no treinamento dos rabinos.”

– Rabino Morris N. Kertzer, What is a Jew, Look Magazine, 17 jun 952.

“O judeu moderno é produto do Talmude…”

– Babylonian Talmud, publicado pela Boston Talmud Society, p. XII.


II. ENSINAMENTOS DO TALMUDE SOBRE OS NÃO JUDEUS

Vejamos o que o Talmude ensina sobre os não judeus (goyim).

“Os judeus são chamados seres humanos, mas os não judeus não são seres humanos. Eles são animais.”

– Talmude: Baba mezia, 114b

“O akum (não judeu) é como um cão. Sim, a Escritura ensina a honrar mais ao cão que ao não judeu.”

– Ereget Raschi Erod. 22 30

“Apesar de Deus ter criado o não judeu, eles ainda são animais em forma humana. Não convém ao judeu ser servido por um animal. Portanto, ele será servido por animais em forma humana.”

– Midrasch Talpioth, p. 255, Warsaw 1855

“Uma mulher não judia que está grávida não é melhor que um animal emprenhado.”

– Coschen hamischpat 405

“As almas dos não judeus vêm de espíritos impuros e são chamadas de porcos.”

– Jalkut Rubeni gadol 12b

“Embora o não judeu tenham a mesma estrutura física que um judeu, eles se comparam ao judeu como o macaco ao homem.”

– Schene luchoth haberith, p. 250 b

“Se você come com um gentio, isso é o mesmo que comer com um cão.”

– Tosapoth, Jebamoth 94b

“Se um judeu tem um servo ou serva que morre, tu não deves dar condolências ao judeu. Tu deves dizer-lhe: ‘Deus substituirá a ‘tua perda’, como se um de seus bois ou asnos tivesse morrido’.”

– Jore dea 377, 1

“As relações sexuais entre os gentios são como relações sexuais ente animais.”

– Talmud Sanhedrin 74b

“É permitido tomar o corpo e a vida do gentio.”

– Sepher ikkarim III c 25

“É legítimo matar qualquer um que negue a Torá. Os cristãos pertencem aos que negam a Torá.”

– Coschen hamischpat 425 Hagah 425. 5

“É permitido matar um gentio herético com suas próprias mãos.”

– Talmude, Abodah Zara, 4b

“Todo judeu, que derrama o sangue do ímpio (não judeu) faz o mesmo que um sacrifício para Deus.”

– Talmud: Bammidber raba c 21 & Jalkut 772


Mais informações em A verdade sobre o Talmud – Uma Exposição Documentada da Literatura Rabínica Supremacista de Ódio – Michael A. Hoffiman II e Alan R Critchley [Versão Portuguesa em PDF]


III. CONSIDERAÇÕES SOBRE O RACISMO JUDEU E O ANTISSEMITISMO

Hoje em dia, em nosso mundo civilizado se considera o racismo como o maior pecado em que podem incorrer os seres humanos, falta que deixa perene e escandaloso estigma de selvagismo e brutalidade, sempre que não seja o povo judeu que o pratique. Graças a propaganda (quase totalmente aceita no mundo pelos israelitas: cinema, rádio, imprensa, televisão, editoras etc.), o antissemitismo é a manifestação racista mais abominável de todas. Os judeus têm feito do antissemitismo uma arma verdadeiramente demolidora, que serve para nulificar o esforço das inumeráveis pessoas ou organizações que tendo compreendido claramente qual é a verdadeira cabeça do comunismo – pois os disfarces e os estratagemas são usados por essa raça para ocultar suas verdadeiras atividades – queiram dar a voz de alerta horrorizadas ante o ominoso fim que cada vez está mais próximo.

Seu trabalho mendaz foi tão efetivo, que a maioria dos anticomunistas querendo acabar com o monstro marxista chamam seus valorosos e decididos ataques aos tentáculos do polvo, ignorando a existência da terrível cabeça, que regenera os membros destruídos, dirige os movimentos e harmoniza as atividades de todas as partes de seu sistema. A única possibilidade de destruir o socialismo comunista de Marx é atacar à cabeça do mesmo, que atualmente é o judaísmo, segundo nos indicam os fatos mais incontroversos e os testemunhos mais irrecusáveis dos mesmos judeus.

Enquanto os países cristãos são antirracistas porque fundamentam sua ideia no conceito do próximo, os judeus foram sempre e são na atualidade os racistas mais furibundos. Baseiam seu racismo nas ideias do Talmude, partindo do princípio de que o judeu nem mesmo é um simples ser humano.

Mas este antirracismo cristão é mui habilmente explorado pelos judeus e, à sombra do mesmo, tecem suas infernais maquinações contra a Igreja Católica e toda ordem cristã, estruturando o sistema comunista onde não há Deus, não há Igreja, nem há princípios transcendentes de nenhuma classe. Enquanto são atacados, queixam-se com clamorosas lamentações apresentando-se como vítimas de racismo inumano, com o fim de paralisar qualquer trabalho de defesa que se oponha a seus ataques destruidores.

No entanto, a verdadeira defesa contra o comunismo, que forçosamente tem de se dirigir contra os judeus (contra a cabeça), não pode considerar-se de nenhum modo como uma pecaminosa manifestação de um sentimento de aversão a uma raça determinada, já que o critério de discriminação racial é totalmente estranho a nossa cultura e a nossos princípios cristãos; mas não se pode ignorar um problema de tamanha gravidade e transcendência pelo único fato de temer o qualificativo de “antissemita”. Não se trata, pois, de lutar contra uma raça por considerações de ordem racial. Se o problema nos coloca atualmente nesses termos, a culpa é exclusivamente dos judeus que não nos deixam escolha com seu racismo extremo, seu absoluto desprezo por todos os que não são de sua raça e suas ânsias de dominação mundial.

Para os católicos em particular e para o mundo civilizado em geral, que todavia crê nos princípios axiológicos e nos valores transcendentes, o plano não pode ser mais simplesmente posto senão como um problema de legítima defesa, perfeitamente aceito na ordem moral e jurídica, já que o nítido dilema que nos apresenta o judaísmo é: dominação judaico-comunista ou extermínio.


Do Capítulo Quarto da Segunda Parte de El Complot contra la Iglesia. Disponível para download em PDF: Tomo I e Tomo II.

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