Segundo Domingo depois da Páscoa

O Bom Pastor por Philippe de Champaigne

SEGUNDO DOMINGO DEPOIS DA PÁSCOA
São Justino, Mártir
São Tibúrcio e Companheiros, Mártires

ORAÇÃO (COLETA)
Ó Deus, que pela humilhação de vosso Filho levantastes o mundo do abatimento em que jazia, concedei a vossos fiéis a alegria perpétua, e, assim como os livrastes do perigo da morte eterna, fazei-os gozar as alegrias eternas. Por Cristo nosso Senhor… Amém.

EPÍSTOLA
Leitura da Epístola de São Pedro Apóstolo.Caríssimos: O Cristo padeceu por nós, e deixou-vos o exemplo, para que sigais as suas pegadas. Ele não cometeu pecado, nem engano foi achado em sua boca. Quando O injuriavam, a ninguém injuriava; e quando maltratado, não ameaçava, mas entregava-se a quem injustamente O julgava. Foi Ele mesmo quem levou os nossos pecados em seu Corpo, sobre o madeiro [da cruz] para que, mortos para os pecados, vivamos para a justiça. Por suas chagas fostes curados, pois vós éreis como ovelhas desgarradas; agora, porém, já vos convertestes ao Pastor e Bispo de vossas almas.

EVANGELHO
Sequência do Santo Evangelho segundo João.Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: Eu sou o bom Pastor. O bom Pastor dá a sua vida por suas ovelhas. O mercenário, porém, o que não é pastor, de quem não são próprias as ovelhas, vendo chegar o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo rouba e dispersa as ovelhas. O mercenário foge, porque é mercenário e não lhe importam as ovelhas. Eu sou o bom Pastor, e conheço as minhas ovelhas, e as minhas ovelhas me conhecem. Assim como o Pai me conhece, e eu conheço o Pai, eu dou a minha vida por minhas ovelhas. Outras ovelhas tenho eu ainda que não são deste aprisco. É preciso que eu as chame também, e ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor.

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ENTRE CARISMÁTICOS E MACUMBEIROS: O Magistério Conciliar sobre a Renovação Carismática

Sem dúvida, a Renovação Carismática foi aprovada e louvada por Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco, como orgulhosamente apresenta o site oficial dos carismáticos.

No entanto, sabemos já – ou, pelo menos, aqueles que acompanham o nosso trabalho sabem – que, desde o Concílio Vaticano II, realizado nos anos 60, mesmo tempo em que surgia a Renovação Carismática, já não se fazem mais papas como antigamente e que estes mesmos que aprovam e elogiam a Renovação Carismática, aprovam e elogiam coisas condenadas pelos papas do passado, vendo inclusive a ação do Espírito Santo em religiões pagãs e infiéis, que não reconhecem e aceitam a Nosso Senhor Jesus Cristo como seu Salvador.

Essa afirmação pode soar estranha e contraditória aos carismáticos, principalmente aos que não estão familiarizados com a heresia modernista, que infectou o clero no século passado e produziu o famigerado Concílio Vaticano II, contudo é isso mesmo que eu disse e repito: esses neopapas vêem a ação do Espírito Santo inclusive em religiões pagãs e infiéis, que não reconhecem a Nosso Senhor Jesus Cristo como seu Salvador, como será demonstrado neste vídeo a partir do exemplo de João Paulo II.

REFERÊNCIAS
O que os papas disseram sobre a Renovação Carismática? https://www.rccbrasil.org.br/blog/2020/06/papas-disseram-renovacaocarismatica/#:~:text=Na%20ocasi%C3%A3o%2C%20o%20Papa%20Francisco,import%C3%A2ncia%20da%20ora%C3%A7%C3%A3o%20de%20louvor%E2%80%9D.

Audiência de João Paulo II sobre as “sementes do Verbo” nas religiões do mundo: https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/audiences/1998/documents/hf_jp-ii_aud_09091998.html

Discurso aos representantes das várias Igrejas e Comunhões Cristãs e outras religiões reunidos em Assis para o Dia de Oração pela Paz https://www.vatican.va/content/john-paul-ii/en/speeches/1986/october/documents/hf_jp-ii_spe_19861027_prayer-peace-assisi.html

Você é carismático ou católico? https://controversiacatolica.com/2017/04/23/voce-e-carismatico-ou-catolico/

Qual é a doutrina católica sobre as outras religiões? https://controversiacatolica.com/2018/06/03/qual-e-a-doutrina-catolica-sobre-as-outras-religioes/

Qual é a doutrina católica sobre o ecumenismo? https://controversiacatolica.com/2018/06/11/qual-e-a-doutrina-catolica-sobre-o-ecumenismo/

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NOTAS AO VÍDEO «CINCO HÁBITOS CATÓLICOS EM 2023»

1.ª Nota. – Sobre a mortificação, estes são os dias de jejum e abstinência, segundo o Código de Direito Canônico de 1917:

Salvo em caso de indulto concedido pela Santa Sé de tempos em tempos (cf. cânon 1253), os dias de jejum com abstinência de carne são a quarta-feira de cinzas, as sextas e sábados da Quaresma, as quartas, sextas e sábados das Quatro Têmporas, as Vigílias de Pentecostes, da Assunção da Mãe de Deus, da festa de Todos os Santos e do Natal do Senhor; os dias de jejum sem abstinência de carne são todos os demais dias da Quaresma; os dias de abstinência de carne sem jejum são todas as sextas-feitas do ano (cf. cânon 1252 §§1-3). Cessa a lei do jejum e da abstinência, aos domingos ou festas de preceito, salvo as festas que caem na Quaresma não antecipadas por vigília. Cessa também após o meio-dia do Sábado Santo (cf. cânon 1252 §4). Mais informações em: https://controversiacatolica.com/2020/07/09/os-cinco-preceitos-gerais-da-igreja/

2.ª – Sobre a oração na hora das refeições, dizemos:

Antes da refeição
V. Bénedic, Dómine, nos et hæc tua dona quæ de tua largitáte sumus sumptúri. Per Christum Dóminum nostrum. R. Ámen.
R. Amen.

Depois da refeição
V. Ágimus tibi gratias, omnípotens Deus, pro univérsis benefíciis tuis, qui vivis et regnas in sǽcula sæculórum.
R. Ámen.

Um equivalente em português, tirado do Manual das Missões (1909), é o seguinte:

Antes da refeição
V. Meu Deus, dai-nos a vossa bênção, e ao sustento que agora havemos de tomar, para manter-nos no vosso amor, e santo serviço.
R. Amém.

Depois da refeição
Damo-vos graças, Senhor, pelo sustento que nos destes, e concedei-nos que dele nos sirvamos para o bem.

Naturalmente, pode acrescentar-se outras orações, jaculatórias e invocações de santos.

3.ª – Sobre a oração da manhã e da noite, segue um exercício quotidiano, com um bom repertório de orações para se fazer nestes momentos: https://controversiacatolica.com/2020/10/14/exercicio-christao-que-convem-fazer-pela-manha-e-a-noite/

Uma fórmula mais breve encontra-se aqui: https://controversiacatolica.com/2020/09/14/exercicios-cristaos-para-santificar-o-dia/

4.ª – Sobre o Rosário, há vários métodos, mas o mais comum e recomendado é o de São Luís: https://www.montfort.org.br/bra/oracoes/oracoes/o_rosario/

Neste link encontram-se as orações do Rosário em latim: https://www.traditioninaction.org/religious/b012rpLatin_Rosary.htm

5.ª – Por fim, quanto à Missa Tridentina, neste link você encontra informações atualizadas sobre os locais onde os padres do Seminário São José celebram a Missa de sempre e atendem confissões: https://www.seminariosaojose.org/

PRINCÍPIOS DE DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, RECOLHIDOS POR SÃO PIO X, A PARTIR DAS ENCÍCLICAS DO PAPA LEÃO XIII

Retirados do Motu Proprio Fin dalla Prima, 18 dez. 1903.

I. A sociedade humana, tal como Deus a estabeleceu, é composta de elementos desiguais, assim como os membros do corpo humano são desiguais: torná-los todos iguais é impossível, e isso levaria à destruição da mesma sociedade (Encycl. Quod Apostolici muneris).

II. A igualdade dos vários membros sociais é apenas porque todos os homens têm sua origem em Deus, o Criador; eles foram redimidos por Jesus Cristo e devem, de acordo com a norma exata de seus méritos e deméritos, ser julgados por Deus e recompensados ​​ou punidos (Encycl. Quod Apostolici muneris).

III. Disso se segue que, na sociedade humana, é segundo a ordem de Deus que haja príncipes e súditos, senhores e proletários, ricos e pobres, letrados e ignorantes, nobres e plebeus, os quais, unidos todos em vínculo de amor, ajudam-se uns aos outros para alcançar seu objetivo final no céu; e aqui, na terra, o seu bem-estar material e moral (Encycl. Quod Apostolici muneris).

IV. O homem não tem apenas o simples uso dos bens da terra, como os brutos; mas ainda o direito de propriedade estável: nem apenas a propriedade daquelas coisas, que são consumidas pelo seu uso; mas até daquelas cujo uso não consome (Encycl. Rerum Novarum).

V. A propriedade privada, fruto de trabalho ou indústria, ou da cessão ou doação de outrem, é um direito inviolável por natureza; e cada um pode razoavelmente dispor dela como quiser (Encycl. Rerum Novarum).

VI. Para resolver o desacordo entre os ricos e os proletários é necessário distinguir a justiça da caridade. Não se tem o direito de reclamar, exceto quando a justiça é ofendida (Encycl. Rerum Novarum).

VII. As obrigações de justiça, quanto ao proletário para com os patrões, são estas: emprestar inteira e fielmente o trabalho que foi livre e equitativamente acordado; não causar dano à propriedade, nem ofensa à pessoa dos senhores; na defesa mesma dos próprios direitos, abster-se de atos violentos e nunca transformá-los em motins (Encycl. Rerum Novarum).

VIII. As obrigações de justiça, quanto aos capitalistas e patrões, são estas: dar aos trabalhadores salários justos; não danificar suas justas economias, seja com violência, seja com fraude, seja com usura manifesta ou paliativa; dar-lhes liberdade para cumprir seus deveres religiosos; não os expor a seduções corruptoras e aos perigos dos escândalos; não os afastar do espírito de família e do amor à poupança; não lhes impôr trabalhos desproporcionados às suas forças, ou inadequados à sua idade ou ao seu sexo (Encycl. Rerum Novarum).

IX. A obrigação de caridade dos ricos e proprietários é socorrer os pobres e indigentes, segundo o preceito evangélico. O qual preceito obriga tão gravemente, que no dia do juízo o seu cumprimento será pedido de modo especial, segundo o próprio Cristo (Mat. XXV) (Encycl. Rerum Novarum).

X. Os pobres, pois, não devem envergonhar-se de sua pobreza, nem desdenhar a caridade dos ricos, sobretudo tendo em vista Jesus Redentor, que, podendo nascer entre as riquezas, se fez pobre para enobrecer a pobreza e enriquecê-la com méritos incomparáveis para o Céu (Encycl. Rerum Novarum).

XI. Para a resolução da questão operária, os capitalistas e os mesmos operários podem contribuir muito, com instituições destinadas a oferecer assistência adequada aos necessitados e a aproximar as duas classes. Tais são as sociedades de mútuo socorro; as muitas companhias de seguros privadas; os patronatos para as crianças e, sobretudo, as associações de artes e ofícios (Encycl. Rerum Novarum).

[Os próximos pontos se referem à ação social católica na Itália, em tempos em que vigorava o non expedit, isto é, a proibição de participação política dos católicos, devido à Questão Romana, que só seria resolvida em 1929, com o Tratado de Latrão. Portanto, o termo “Democracia Cristã”, neste contexto, não se refere a um partido político, mas significa a ação social e organizada dos católicos na Itália. Subtraindo seu caráter extraordinário, serve de modelo para uma ação social católica em nosso tempo.]

XII. A esse fim deve ser dirigida especialmente a Ação Popular Cristã ou Democracia Cristã com suas muitas e variadas obras. Esta Democracia Cristã deve então ser entendida no sentido já declarado com autoridade, que, muito longe da Social-Democracia, tem por base os princípios da fé e da moral católica, sobretudo o de não infringir de forma alguma o direito inviolável da propriedade privada (Encycl. Graves de communi).

XIII. Além disso, a Democracia Cristã nunca devem se envolver na política, nem devem servir a partidos e fins políticos; este não é o seu campo: mas essa deve ser benéfica em favor do povo, fundada na lei da natureza e nos preceitos do Evangelho (Encycl. Graves de communi; Istruz, della S. C. degli AA. EE. SS.).

Os democratas-cristãos na Itália terão que se abster completamente de participar de qualquer ação política que nas atuais circunstâncias, por razões da mais alta ordem, é proibida a todo católico (Istruz, cit.).

XIV. No cumprimento dos seus deveres, a Democracia Cristã tem a estrita obrigação de depender da Autoridade Eclesiástica, dando aos Bispos e a quem os representa plena sujeição e obediência. Não é zelo meritório nem piedade sincera empreender também as coisas que são belas e boas em si mesmas, quando não são aprovadas pelo próprio Pastor (Encicl. Graves de communi).

XV. Para que esta ação democrata-cristã tenha unidade de direção, na Itália, ela deve ser dirigida pela Opera de’ Congressi e pelos Comitês Católicos; a qual Opera, em tantos anos de esforços louváveis, ​​tem tão bem merecido da Santa Igreja, e à qual Pio IX e Leão XIII de s. m. confiaram a tarefa de dirigir o movimento católico geral, sempre sob os auspícios e guia dos Bispos (Encycl. Graves de communi).

XVI. Os escritores católicos, em tudo o que concerne aos interesses religiosos e à ação da Igreja na sociedade, devem submeter-se plenamente, no intelecto e na vontade, como todos os demais fiéis, aos seus bispos e ao Romano Pontífice. Acima de tudo, eles devem ter o cuidado de acatar aos juízos da Sé Apostólica sobre qualquer assunto grave (Instruz. della SC degli AA.EE.SS.).

XVII. Os escritores democratas-cristãos, como todos os escritores, devem submeter à censura prévia do Ordinário todos os escritos relativos à religião, à moral cristã e à ética natural, em virtude da Constituição Officiorum et munerum (art. 41). Os eclesiásticos, então, na forma da mesma Constituição (art. 42), mesmo publicando escritos de natureza puramente técnica, devem primeiro obter o consentimento do Ordinário (Istruz. della SC degli AA. EE. SS.).

XVIII. Devem também fazer todos os esforços e todos os sacrifícios para que a caridade e a concórdia reine entre eles, evitando qualquer injúria ou reprovação. Quando surgirem motivos de desacordo, em vez de publicarem qualquer coisa nos jornais, terão de recorrer à Autoridade Eclesiástica, que providenciará segundo a justiça. Então reconduzidos pela mesma, devem obedecer prontamente, sem prevaricações e sem fazer reclamações públicas; salvo, na devida forma e quando o caso o exija, o recurso à Autoridade Superior (Istruz. della S.C. degli AA.EE.SS.).

XIX. Finalmente, os escritores católicos, ao defenderem a causa dos proletários e dos pobres, tenham o cuidado de não usarem uma linguagem que possa inspirar no povo aversão às classes altas da sociedade. Não se fale em reivindicações e justiça, quando se trata de mera caridade, como foi explicado acima. Lembrem-se que Jesus Cristo quis unir todos os homens com o vínculo do amor recíproco, que é a perfeição da justiça, e que implica a obrigação de trabalhar para o bem comum (Istruz. della S.C. degli AA. EE. SS.).

Bento XVI refuta o Protestante Daniel Silveira

Neste artigo apresento duas teses heréticas de Bento XVI – 1.ª tese herética: o teólogo não pode considerar como única e obrigatória a todos os cristãos a forma do primado exposta no Concílio Vaticano I; 2.ª tese herética: O primado de honra que os cismáticos orientais conferem ao Papa exprime a essência do primado petrino e corresponde à crença dos primeiros séculos – e mostro, em seguida, como elas deixam o Sr. Daniel Silveira em um dilema, que mostrará se ele está do lado de Deus, que é a verdade, ou do diabo, que é o pai da mentira.

Antes de exalar o último suspiro, Bento XVI deixou o Sr. Daniel Silveira, o pretenso refutador de nosso vídeo sobre a herança maldita de Jonas Abib, em uma situação constrangedora. Não sei se isso afetará de alguma forma a relação entre os dois. Espero que sim.

Mas permitam-me ressaltar uma coisa. O Sr. Daniel Silveira não esconde sua admiração por Bento XVI. Ele diz que há bons teólogos e há Bento XVI, isto é, Bento XVI, também conhecido como Joseph Ratzinger, seria – como dizem por aí – o maior teólogo da atualidade, uma grande referência em matéria de catolicismo, quase um São Tomás de Aquino dos tempos modernos.

Apesar de este conceito de Bento XVI, tão comum nos meios modernistas, servir como um ótimo analgésico, frente às heresias de Bergoglio, essa ideia jamais será verdadeira, porque Bento XVI desviou-se da fé católica, tanto em suas obras, quanto em seu pretenso pontificado.

Mas, pelo menos, as heresias de Ratzinger nos vêm agora prestar um bom serviço: mostrar como o Sr. Daniel Silveira pode largar de vez o protestantismo de viés modernista e ser um católico de verdade – o que hoje em dia significa: rejeitar o Concílio Vaticano II e seus falsos papas –, se ele realmente levar a sério os seus argumentos contra o sedevacantismo.

O Sr. Daniel Silveira, com ares de alguém que estivesse usando um argumento matador, tira da manga o seu Denzinger e lê – simplesmente lê – um dos documentos mais conhecidos e citados pelos sedevacantistas: a Constituição Pastor Aeternus do Concílio Vaticano Primeiro. Muito singelamente, ele nos dirá que o documento fala que sempre teremos sucessores na Sé de São Pedro, logo a Sé de Roma não pode ficar vacante por muito tempo.

Apesar de ser uma interpretação infantil do texto, já refutada por mim várias vezes aqui – segundo teólogos da categoria de um Cardeal Billot e de um Cardeal Franzelin – estes sim, aliás, grandes teólogos -, apesar, digo, de eles dizerem que a perpetuidade do Primado Petrino não exige a perpetuidade física do Primaz, nem exclui intervalos, curtos ou longos, entre um e outro sucessor de São Pedro -, o mais importante de tudo é o critério que o Sr. Daniel Silveira utiliza: Um católico de verdade tem que aceitar a doutrina do Concílio Vaticano I, caso contrário, ele é um herege, isto é, não professa a doutrina de Jesus Cristo, infalivelmente ensinada pelo Magistério da Igreja.

É precisamente este critério que Bento XVI nega em sua obra de teologia fundamental, intitulada Principles of Catholic Theology, em sua versão inglesa de 1987 – quando este já era cardeal e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé -, editada pela Ignatius Press.

Cumpre-me provar o que digo. Pois bem, no começo da segunda parte de sua obra, dedicado ao ecumenismo com outras denominações cristãs, depois de ter tratado – em linhas gerais – da história da separação entre católicos, ortodoxos e protestantes, Joseph Ratzinger apresenta o que ele chama de exigência máxima que os católicos podem fazer aos ortodoxos e protestantes e vice-versa. Deixarei em anexo o texto na íntegra, com a sua tradução, contentando-me aqui em resumir suas ideias principais, naquilo que diz respeito à presente controvérsia.

Segundo ele, a exigência máxima que os católicos podem fazer aos ortodoxos seria que os orientais aceitassem o Primado de São Pedro, tal como definido pelo Concílio Vaticano I em 1870, e assim se submetessem ao Papa tal como já fizeram as igrejas uniatas, isto é, aquelas igrejas orientais que se uniram a Roma sob a condição de reconhecer o primado de jurisdição do Papa.

Contudo, na mente de Bento XVI, este caminho – que sempre foi o caminho buscado pela Igreja, como atesta a existência das igrejas uniatas – é, hoje em dia, rejeitado, de forma unânime, pela consciência cristã. Na verdade, nenhuma das exigências máximas oferece uma verdadeira esperança de unidade para os cristãos.

Ainda assim, a unidade de crença não pode ser objeto de barganha ou negociação política. O que se deve fazer é distinguir a verdade do mero desenvolvimento histórico a partir de uma verdade. “A alegação da verdade”, diz Bento XVI, “não deve ser levantada onde não há uma razão convincente e indiscutível para fazê-lo. Não podemos interpretar como verdade aquilo que é, na realidade, um desenvolvimento histórico com uma relação mais ou menos estreita com a verdade. Portanto, sempre que o peso da verdade e a sua incontestabilidade estão envolvidos, devem ser enfrentados por uma sinceridade correspondente, que evita reivindicar prematuramente a verdade e está pronta para buscar a plenitude interior da verdade com os olhos do amor.”

Na prática, isto significa que os católicos não devem obrigar os ortodoxos a seguirem o nosso modelo de primado, pois este é um desenvolvimento histórico do segundo milênio – cujos últimos retoques foram dados no século XIX e XX -, e não deve ser confundido com a verdade, que é o primado de honra do Papa, segundo ele, crido nos primeiros séculos, apesar de tal crença ter sido condenada como heresia no Vaticano I, exatamente no documento lido pelo Sr. Daniel Silveira, em sua pretensa refutação do sedevacantismo.

Portanto, ele sustenta com bastante clareza que, embora não seja possível ao teólogo católico renunciar totalmente ao conceito de primado do Vaticano I, “também não lhe é possível, por outro lado, considerar, como única forma possível e, consequentemente, obrigatória para todos os cristãos, a forma que este primado assumiu nos séculos XIX e XX.”

Naturalmente, essa afirmação contradiz o próprio Concílio Vaticano I que afirma categoricamente o Primado de jurisdição, ordinário e imediato do Romano Pontífice sobre todos os bispos e a obrigação de todos os cristão acolherem essa doutrina, sob pena de perderem a fé e a salvação eterna:

“Ensinamos, pois, e declaramos que a Igreja romana, por disposição divina, tem o primado do poder ordinário sobre todas as outras, e que este poder de jurisdição do Romano Pontífice, que é verdadeiramente episcopal, é imediato; e a ela estão obrigados, por dever de subordinação hierárquica e de verdadeira obediência, os pastores e os fiéis de qualquer rito e dignidade, tanto cada um em particular, como todos em conjunto, não só nas coisas referentes à fé e aos costumes, mas também nas que se referem à disciplina e ao regime da Igreja espalhada por todo o orbe; de tal forma que, guardada a unidade de comunhão e de fé com o Romano Pontífice, a Igreja de Cristo seja um só rebanho sob um só pastor supremo [cf. Jo 10,16]. Esta é a doutrina da verdade católica, da qual ninguém pode se desviar, sem perda da fé e da salvação.”

Como ensina o próprio Bento XVI em sua obra, essa doutrina do Magistério infalível da Igreja foi abandonada desde Paulo VI:

“Os gestos simbólicos do Papa Paulo VI e, em particular, o seu ajoelhar-se perante o representante do Patriarca Ecumênico foram uma tentativa de exprimir precisamente isto [ou seja, de exprimir que ao teólogo também não lhe é possível, por outro lado, considerar, como única forma possível e, consequentemente, obrigatória para todos os cristãos, a forma que este primado assumiu nos séculos XIX e XX] e, com tais sinais, apontar a saída para o impasse histórico. Embora não nos seja dado deter a fuga da história, mudar o curso dos séculos, podemos dizer, no entanto, que o que foi possível por mil anos não é impossível para os cristãos de hoje. Afinal, o Cardeal Humberto de Silva Cândida, na mesma bula em que excomungou o Patriarca Miguel Cerulário e assim inaugurou o cisma entre Oriente e Ocidente, designou o Imperador e o povo de Constantinopla como ‘muito cristãos e ortodoxos’, embora o conceito deles do primado romano fosse certamente muito menos diferente daquele de Cerulário do que daquele, digamos, do Concílio Vaticano I. Em outras palavras, Roma não deve exigir do Oriente mais a respeito da doutrina do primado do que foi formulado e vivido no primeiro milênio. Quando o Patriarca Atenágoras, em 25 de julho de 1967, por ocasião da visita do Papa a Fanar, o designou como sucessor de São Pedro, como o mais estimado entre nós, como aquele que preside na caridade, este grande líder da Igreja estava expressando o conteúdo essencial da doutrina do primado, como era conhecida no primeiro milênio. Roma não precisa pedir mais.”

Diante desta afirmação, a pergunta que fica é: se os ortodoxos conservam essencialmente o conceito de primado crido pelos cristãos no primeiro milênio e se os católicos acreditam em um primado, que é resultado de um processo histórico particular, não existente no princípio do cristianismo, por que raios Bento XVI não é ortodoxo? Pois parece que, em sua visão, estes últimos conservaram melhor a doutrina cristã do que os católicos.

A resposta é simples: Bento XVI não aborda a teologia de forma dogmática, como eu, o Sr. Danie Silveira e qualquer teólogo normal, mas de uma maneira histórica, como fazem os modernistas. Então para ele é perfeitamente normal que o Magistério da Igreja expresse, não a verdade revelada, mas a consciência cristã de seu tempo, como seria o caso do Vaticano I e do Vaticano II, e que o que era tido por verdade em certas circunstâncias, deixe de sê-lo em outras.

O nome desta escola de pensamento, de viés historicista, subjetivista, relativista e ecumênico é Nova Teologia, que é uma herdeira do modernismo, heresia condenada pelo Papa São Pio X, e precursora do Concílio Vaticano II.

Então, ao senhor Daniel Silveira cabe escolher: ou seguir o neoteólogo Bento XVI e considerar o Vaticano I um ponto facultativo, pois se trata daquilo que os ortodoxos e protestantes chamariam de uma inovação romana, mas que os modernistas preferem chamar eufemisticamente de desenvolvimento doutrinal e curvar-se – como fez o pretenso São Paulo VI – diante dos cismáticos, reconhecendo o caráter bimilenar de sua doutrina sobre o primado de honra, formalmente condenada em 1870, pelo Concílio Vaticano I; ou então sustentar – com o Papa Pio IX – que a doutrina do Concílio Vaticano I é obrigatória e que aqueles que rejeitam aceitá-la estão excluídos do número dos cristãos.

No primeiro caso, o Sr. Daniel Silveira mostra a todos que é um simples modernista, que nem sequer reconhece o caráter obrigatório do Concílio Vaticano I, que citou, e assim perde o debate. Ou então, ele pode perder o debate da maneira melhor e mais honrada, isto é, reconhecendo que temos razão ao dizer que os papas do Concílio Vaticano II são hereges que romperam com a doutrina católica tradicional, inclusive e sobretudo com as doutrinas promulgadas no Concílio de Trento e no Vaticano I. Espero que o Sr. Daniel Silveira seja honesto e abrace o catolicismo de verdade.

APÊNDICE: UM EXCERTO DA OBRA PRINCÍPIOS DE TEOLOGIA CATÓLICA DE JOSEPH RATZINGER

Tradução, seguida do texto original em inglês.

Neste contexto, podemos agora ponderar as possibilidades que se abrem ao ecumenismo cristão. As exigências máximas sobre as quais a busca da unidade certamente deve naufragar ficam imediatamente claras.

Por parte do Ocidente, a exigência máxima seria que o Oriente reconhecesse o primado do bispo de Roma em todo o escopo da definição de 1870 e, ao fazê-lo, se submetesse, na prática, a um primado tal como aceito pelas igrejas uniatas. Por parte do Oriente, a exigência máxima seria que o Ocidente declarasse errônea a doutrina do primado de 1870 e, ao fazê-lo, se submetesse, na prática, a um primado tal como tem sido aceito com a remoção do Filioque do Credo e inclusive dos dogmas marianos dos séculos XIX e XX. Quanto ao protestantismo, a exigência máxima da Igreja Católica seria que os ministros eclesiásticos protestantes fossem considerados totalmente inválidos e que os protestantes se convertessem ao catolicismo; a exigência máxima dos protestantes, por outro lado, seria que a Igreja Católica aceitasse, junto com o reconhecimento incondicional de todos os ministros protestantes, o conceito protestante de ministério e sua compreensão da Igreja e assim, na prática, renunciasse ao apostolado e estrutura sacramental da Igreja, o que significaria, na prática, a conversão dos católicos ao protestantismo e a aceitação de uma multiplicidade de estruturas comunitárias distintas como forma histórica da Igreja. Enquanto as três primeiras exigências máximas são hoje rejeitadas de forma bastante unânime pela consciência cristã, a quarta exerce sobre ela uma espécie de fascínio – por assim dizer, uma certa contundência que a faz parecer a verdadeira solução do problema. Isto é tanto mais verdade quanto se junta a ela a expectativa de que um Parlamento das Igrejas, um ‘concílio verdadeiramente ecumênico’, possa então harmonizar este pluralismo e promover uma unidade cristã de ação. Que nenhuma união real resultaria disso, mas que sua própria impossibilidade se tornaria um único dogma comum, deve convencer a qualquer um que examine a sugestão de perto de que tal caminho não traria a unidade da Igreja, mas apenas uma renúncia final a ela.

Como resultado, nenhuma das soluções máximas oferece qualquer esperança real de unidade. Em todo caso, a unidade da igreja não é um problema político que possa ser resolvido por meio de concessões ou ponderação do que é considerado possível ou aceitável. O que está em jogo aqui é a unidade de crença, ou seja, a questão da verdade, que não pode ser objeto de manobras políticas. Enquanto e na medida em que a solução máxima deva ser encarada como uma exigência da própria verdade, não haverá outro recurso a não ser simplesmente tentar converter o seu parceiro no debate. Em outras palavras, a alegação de verdade não deve ser levantada onde não há uma razão convincente e indiscutível para fazê-lo. Não podemos interpretar como verdade aquilo que é, na realidade, um desenvolvimento histórico com uma relação mais ou menos estreita com a verdade. Portanto, sempre que o peso da verdade e a sua incontestabilidade estão envolvidos, devem ser enfrentados por uma sinceridade correspondente que evita reivindicar prematuramente a verdade e está pronta para buscar a plenitude interior da verdade com os olhos do amor.

Sobre a questão da reunião entre Oriente e Ocidente

Como, então, as demandas máximas devem ser decididas antecipadamente? Certamente, ninguém que afirma fidelidade à teologia católica pode simplesmente declarar a doutrina do primado nula e sem efeito, especialmente se ele busca entender as objeções e avalia com uma mente aberta o peso relativo do que pode ser determinado historicamente. Também não lhe é possível, por outro lado, considerar como única forma possível e, consequentemente, obrigatória para todos os cristãos, a forma que este primado assumiu nos séculos XIX e XX. Os gestos simbólicos do Papa Paulo VI e, em particular, o seu ajoelhar-se perante o representante do Patriarca Ecumênico foram uma tentativa de exprimir precisamente isto e, com tais sinais, apontar a saída para o impasse histórico. Embora não nos seja dado deter a fuga da história, mudar o curso dos séculos, podemos dizer, no entanto, que o que foi possível por mil anos não é impossível para os cristãos de hoje. Afinal, o Cardeal Humberto de Silva Cândida, na mesma bula em que excomungou o Patriarca Miguel Cerulário e assim inaugurou o cisma entre Oriente e Ocidente, designou o Imperador e o povo de Constantinopla como ‘muito cristãos e ortodoxos’, embora o conceito deles do primado romano fosse certamente muito menos diferente daquele de Cerulário do que daquele, digamos, do Concílio Vaticano I. Em outras palavras, Roma não deve exigir do Oriente mais a respeito da doutrina do primado do que foi formulado e vivido no primeiro milênio. Quando o Patriarca Atenágoras, em 25 de julho de 1967, por ocasião da visita do Papa a Fanar, o designou como sucessor de São Pedro, como o mais estimado entre nós, como aquele que preside na caridade, este grande líder da Igreja estava expressando o conteúdo essencial da doutrina do primado, como era conhecida no primeiro milênio. Roma não precisa pedir mais.

Texto original em inglês com a sua referência ao final:

Against this background we can now weigh the possibilities that are open to Christian ecumenism. The maximum demands on which the search for unity must certainly founder are immediately clear. On the part of the West, the maximum demand would be that the East recognize the primacy of the bishop of Rome in the full scope of the definition of 1870 and in so doing submit in practice, to a primacy such as been accepted by the Uniate churches. On the part of the East, the maximum demand would be that the West declare the 1870 doctrine of primacy erroneous and in so doing submit, in practice, to a primacy such as been accepted with the removal of the Filioque from the Creed and including the Marian dogmas of the nineteenth and twentieth centuries. As regards Protestantism, the maximum demand of the Catholic Church would be that the Protestant ecclesiological ministries be regarded as totally invalid and that Protestants be converted to Catholicism; the maximum demand of Protestants, on the other hand, would be that the Catholic Church accept, along with the unconditional acknowledgement of all Protestant ministries, the Protestant concept of ministry and their understanding of the Church and thus, in practice, renounce the apostolic and sacramental structure of the Church, which would mean, in practice, the conversion of Catholics to Protestantism and their acceptance of a multiplicity of distinct community structures as the historical form of the Church. While the first three maximum demands are today rather unanimously rejected by Christian consciousness, the fourth exercises a kind of fascination for it—as it were, a certain conclusiveness that makes it appear to be the real solution to the problem. This is all the more true since there is joined to it the expectation that a Parliament of Churches, a “truly ecumenical council”, could then harmonize this pluralism and promote a Christian unity of action. That no real union would result from this, but that its very impossibility would become a single common dogma, should convince anyone who examines the suggestion closely that such a way would not bring Church unity but only a final renunciation of it.

As a result, none of the maximum solutions offers any real hope of unity. In any event, church unity is not a political problem that can be solved by means of compromise or the weighing of what is regarded as possible or acceptable. What is at stake here is unity of belief, that is, the question of truth, which cannot be the object of political maneuvering. As long as and to the extent that the maximum solution must be regarded as a requirement of truth itself, just so long and to just that extent will there be no other recourse than simply to strive to convert one’s partner in the debate. In other words, the claim of truth ought not to be raised where there is not a compelling and indisputable reason for doing so. We may not interpret as truth that which is, in reality, a historical development with a more or less close relationship to truth. Whenever, then, the weight of truth and its incontrovertibility are involved, they must be met by a corresponding sincerity that avoids laying claim to truth prematurely and is ready to search for the inner fullness of truth with the eyes of love.

On the question of reunion between East and West

How, then, are the maximum demands to be decided in advance? Certainly, no one who claims allegiance to Catholic theology can simply declare the doctrine of primacy null and void, especially not if he seeks to understand the objections and evaluates with an open mind the relative weight of what can be determined historically. Nor is it possible, on the other hand, for him to regard as the only possible form and, consequently, as binding on all Christians the form this primacy has taken in the nineteenth and twentieth centuries. The symbolic gestures of Pope Paul VI and, in particular, his kneeling before the representative of the Ecumenical Patriarch were an attempt to express precisely this and, by such signs, to point the way out of the historical impasse. Although it is not given us to halt the flight of history, to change the course of centuries, we may say, nevertheless, that what was possible for a thousand years is not impossible for Christians today. After all, Cardinal Humbert of Silva Candida, in the same bull in which he excommunicated the Patriarch Michael Cerularius and thus inaugurated the schism between East and West, designated the Emperor and people of Constantinople as “very Christian and orthodox”, although their concept of the Roman primacy was certainly far less different from that of Cerularius than from that, let us say, of the First Vatican Council. In other words, Rome must not require more from the East with respect to the doctrine of primacy than had been formulated and was lived in the first millenium. When the Patriarch Athenagoras, on July 25, 1967, on the occasion of the Pope’s visit to Phanar, designated him as the successor of St. Peter, as the most esteemed among us, as one who presides in charity, this great Church leader was expressing the essential content of the doctrine of primacy as it was known in the first millenium. Rome need not ask for more. Reunion could take place in this context if, on the one hand, the East would cease to oppose as heretical the developments that took place in the West in the second millenium and would accept the Catholic Church as legitimate and orthodox in the form she had acquired in the course of that development, while, on the other hand, the West would recognize the Church of the East as orthodox and legitimate in the form she has always had.
Such a mutual act of acceptance and recognition, in the Catholicity that is common to and still possessed by each side, is assuredly no light matter

Joseph Ratzinger, Principles of Catholic Theology: Building Stones for a Fundamental Theology, trans. Mary Frances McCarthy (San Francisco: Ignatius Press, 1987), 197–199.

A MORTE DE BENTO XVI E O FIM DA GERAÇÃO CONCILIAR

Bento XVI morreu neste sábado (31), aos 95 anos, após uma piora repentina de saúde nos últimos dias.

“É com pesar que informo que o Papa Emérito Bento XVI faleceu hoje às 9h34 [5h34 no horário de Brasília] no Mosteiro Mater Ecclesiae no Vaticano”, escreveu o perfil de notícias do Vaticano no Twitter.

A saúde de Joseph Ratzinger vinha se debilitando nos últimos anos. O Vaticano havia dito nesta sexta-feira (30) em um comunicado que sua condição era grave, mas estável, com atenção médica constante. Desde a renúncia, em 10 de fevereiro de 2013, o teólogo alemão vivia em um pequeno mosteiro no Vaticano.

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/12/31/bento-xvi-morre.ghtmlg

A morte de Bento XVI marca o fim de uma geração de teólogos e lideres reformistas, para não dizer revolucionários, que propuseram uma nova teologia, baseada na história e evolução do pensamento do homem, em vez da teologia antiga e tradicional, baseada no dogma e na revelação imutável de Deus ao homem.

Não se limitando à teoria, tornou-se perito nas sessões do Concílio Vaticano II, convocado por João XXIII, onde – com seus amigos Karl Ranner, Hans Küng, Henri de Lubac, Dominique Chenu, Yves Congar, entre outros, operou uma grande revolução no catolicismo.

Destes senhores, que protagonizaram o Concílio Vaticano II e suas reformas, Bento XVI foi o último a deixar este mundo para ir ao encontro de Cristo Nosso Senhor, Juiz Supremo de todo mortal, o que marca o fim de uma geração, da geração conciliar.

Quais os frutos que esta geração conciliar produziu? Olhando para a Europa Central – Alemanha, França, Bélgica, Holanda -, de onde veio a totalidade destes senhores, vemos que, graças ao seu reformismo de caráter revolucionário, eles conseguiram agravar muito o que já não estava bom: com as suas ideias liberais de abertura ao mundo moderno e diálogo com todas as religiões, cresceu ainda mais, no continente europeu, a indiferença religiosa, o interesse no esoterismo oriental e no ocultismo, e, mesmo o Islã, que havia sido represado por séculos, retomou sua tentativa histórica de colonizar a Europa.

Hoje, igrejas católicas belíssimas, construídas com a fé de nossos antepassados, são vendidas para serem bares, hotéis ou mesquitas muçulmanas, por conta da falta de fé de seus indignos sucessores, filhos dessa nova e amaldiçoada teologia.

Bento XVI muito contribuiu a esse respeito, porque em vez de buscar – com sólidos argumentos – a conversão dos protestantes de sua terra ao catolicismo, ele trazia para dentro de seus livros às suas ideias e na qualidade da Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé foi o grande responsável por vários acordos com os hereges, condenados pela Igreja no passado, confirmando-os em seus erros. Em sua obra, Princípios de Teologia Católica, publicada nos anos 80, quando já ocupava este cargo, dizia claramente que os ortodoxos cismáticos não precisam reconhecer o Papa, como a Igreja havia definido no Concílio Vaticano I, e que os católicos deveriam reconhecer a confissão de fé protestante de Augsburgo ou Augustana. Essa abertura gigantesca aos não católicos não gera conversões e apenas serve para destruir a mesma fé católica, com ideias que não lhe pertencem.

Quando vamos ao seu pontificado, vemos que Bento XVI é o primeiro da série de papas pós-cociliares a renunciar à tiara papal em seu brasão, se olhamos para ele, vemos que ostenta a simples mitra de um bispo qualquer (https://pt.wikipedia.org/wiki/Bras%C3%B5es_dos_papas#/media/Ficheiro:Coat_of_Arms_of_Benedictus_XVI.svg). Além disso, renunciou ao título do Papa como Patriarca do Ocidente, dizendo que se tratava de coisa ultrapassada. Tendo visitado a Alemanha, não deixou de visitar a sinagoga e a igreja luterana, na verdade, foi até a casa de Lutero, onde declarou que este foi uma pessoa apaixonada por Cristo. Foi precisamente em seu pontificado que se começaram os preparativos para a comemoração – sim, comemoração – dos 500 anos da Revolta Protestante, iniciada pelo mesmo Martinho Lutero.

A inusitada renúncia de Bento XVI, provavelmente fruto de chantagens e pressões políticas, igualmente reduziu o papado a uma espécie de profissão com aposentadoria, como Paulo VI já havia feito com os bispos, e não mais um ofício realmente vitalício e permanente, quase como o próprio sacerdócio, que é indelével e jamais se separa da pessoa que o possui.

O mérito pelo qual ele é mais conhecido nos meios tradicionais e conservadores foi o Motu Proprio de 2007, permitindo a celebração da Missa Tridentina, isto é, do rito anterior às reformas do Concílio Vaticano II, por qualquer padre, sem a necessidade da permissão dos bispos. De fato, Bento XVI sempre havia sido um crítico da reforma litúrgica realizada por Paulo VI. Ele queria “apenas” que a doutrina fosse mudada, não os ritos. Ainda assim, a motivação para tudo isso era tipicamente modernista: a experiência religiosa e cósmica experimentada durante a celebração, segundo o pensamento de Romano Guardini e Theilhard de Chardin, como lemos em sua obra Introdução ao Espírito da Liturgia.

De uma forma geral, sua morte agora marca o fim do modernismo culto e reformador e dá mais espaço ao modernismo bronco e destruidor de Bergoglio. Podemos esperar, a partir de agora, uma Traditionis Custodes II e um Francisco II ou até um João XXIV seguido de um Concílio Vaticano III.

Penso que é isso que deve ser dito por ora, que Deus tenha misericórdia de sua alma e que o tempo destrua o seu legado. Assim seja.

Outros artigos no Controvérsia Católica sobre Bento XVI:

IRMÃO HERODES: O aborto na era de Francisco-Bergoglio

A mais negra e pérfida dissimulação foi a de Herodes, que pretendendo interessar-se pelo rei dos judeus que nascera, apenas desejava ter ocasião de matá-lo. Na impossibilidade de tirar a vida de Jesus Cristo diretamente, seus desígnios homicidas se voltaram contra as crianças indefesas de Belém, comemoradas anualmente no dia 28 de dezembro, como mártires. Pois Cristo é perseguido e odiado na pessoa daquelas crianças, o Salvador é buscado no meio delas, de modo que seu sangue derramado pelo ódio de Cristo dá testemunho do Redentor, que derramará na Cruz seu Preciosíssimo Sangue por nosso amor.

De certa forma, os Santos Inocentes mostraram ao público a verdadeira face de Herodes, que até então se ocultava sob uma conveniente máscara de piedade. De fato, quando aquele que deveria buscar o bem de todos, principalmente dos mais fracos, faz exatamente o contrário, não há dúvida de que o tal carece de sinceridade e possui um coração corrompido por interesses mundanos.

Quando nos voltamos ao caso de Francisco, que profere tão cândidas palavras e – vez por outra – até manifesta seu zelo pelos pequeninos, é impossível não ver nele um paralelo com o falso e dissimulado Herodes. Pois as suas palavras doces dizem uma coisa, mas as suas obras e ações concretas dizem exatamente o contrário. Fala que quer o bem dos pequenos inocentes, mas não mede esforços para promover os que querem dar a todos o direito de matá-los.

Falamos aqui certamente da questão muito atual do aborto e me parece ter chegado o momento de comunicar três atos de Francisco, inclusive dois deles bem recentes, que mostram o quanto ele não é apenas um Judas e amante de Judas, mas também um Herodes e amante de Herodes.

1 – Em 29 de fevereiro de 2016, Francisco louva Emma Bonino, de longe a mais declarada ativista pelo aborto na Itália. Essa matéria saiu no Califórnia Catholic Daily (https://www.cal-catholic.com/pope-francis-praises-italys-leading-abortion-rights-proponent/). Segue parte da reportagem:

O Papa Francisco chocou os tradicionalistas da Igreja e defensores pró-vida depois que recentemente elogiou uma importante defensora dos direitos ao aborto e até a apelidou de uma das “grandes esquecidas” da Itália.

O pontífice fez a declaração durante uma entrevista em 8 de fevereiro ao Corriere Della Serra, onde comparou a ex-chanceler italiana Emma Bonino a grandes figuras históricas como Konrad Adenauer e Robert Schuman.

Bonino é conhecida há décadas como a mais declarada ativista pelos direitos ao aborto na Itália.

Aos 27 anos, ela fez um aborto ilegal e depois trabalhou no Centro de Informações sobre Esterilização e Aborto, que ostentava ter realizado mais de 10.000 abortos. Existem fotos famosas de Bonino realizando abortos ilegais usando um dispositivo caseiro operado por uma bomba de bicicleta. Presa pela então atividade ilegal, ela passou alguns dias na prisão, foi absolvida e depois entrou para a política, segundo relatos.

Em 2013, quando ela foi nomeada ministra das Relações Exteriores da Itália, houve um protesto geral de líderes pró-vida e pró-família diante da “terrível situação”.

O Papa Francisco reconheceu que suas declarações eram “controversas”, mas as rejeitou, dizendo: “É verdade, mas não importa. Temos que olhar para as pessoas, para o que elas fazem.”

2 – No dia 15 de outubro de 2022, Francisco apontou uma economista pró-aborto para a Pontifícia Academia para a Vida. A notícia saiu no sita Catholic News Agency (https://www.catholicnewsagency.com/news/252577/pope-francis-appoints-pro-abortion-economist-to-pontifical-academy-for-life). Segue um trecho da reportagem:

Um dos mais novos membros da Pontifícia Academia para a Vida, nomeado pelo Papa Francisco, é uma defensora declarada dos direitos ao aborto, tendo recentemente compartilhado sua oposição à derrubada de Roe v. Wade no Twitter [uma lei americana que permitia o aborto, nos Estados Unidos, em nível nacional].

Mariana Mazzucato, conhecida por seu trabalho de promoção do papel do setor público no incentivo à inovação, estava entre os sete acadêmicos nomeados pelo papa em 15 de outubro para cumprir mandatos de cinco anos na academia. […]

O site Catholic Culture publicou na terça-feira links para postagens recentes nas redes sociais, compartilhadas por Mazzucato, nas quais ela tuitou e retuitou declarações pró-aborto sobre a decisão da Suprema Corte [americana] de devolver a lei do aborto aos estados.

A postagem incluía um vídeo da comentarista Ana Kasparian condenando os cristãos por imporem seus próprios pontos de vista aos não-cristãos: “Esses comentários podem ser fortes, mas é como eu realmente me sinto. Eu não me importo que você seja um cristão. Eu não me importo com o que a Bíblia diz. Tipo, eu sinto que é um show de palhaços, como sentar aqui tentando decifrar o que seu livrinho mítico tem a dizer sobre essas questões políticas muito reais, certo”, disse Kasparian.

Robert P. George, professor de jurisprudência na Universidade de Princeton, católico e defensor do direito à vida, disse à CNA que está perturbado com a notícia da nomeação.

“A Pontifícia Academia para a Vida existe para promover a missão da Igreja de promover o respeito pela dignidade profunda, inerente e igual de cada membro da família humana, começando com o precioso filho no ventre materno. Ou se acredita nesta missão ou não. Se não se acredita, então por que alguém desejaria fazer parte da Pontifícia Academia?” George perguntou.

“E por que alguém com autoridade de nomeação nomearia alguém assim para a academia? Não consigo pensar em nenhuma explicação que não seja chocante e escandalosa”, disse George à CNA.

3 – Até aqui Francisco promoveu a maior abortista da Itália e nomeou para a Academia para a Vida uma militante pró-aborto, como alguém que cinicamente põe uma raposa para cuidar do galinheiro. Mas o que poderia melhor revelar a militância pró-aborto de Bergoglio que sua decisão inusitada de reduzir ao estado leigo um padre nacionalmente conhecido nos Estados Unidos por militar contra o aborto?

Esse castigo desproporcional e claramente motivado por razões políticas veio à lume no dia 17 de dezembro de 2022, quando o site Catholi News Agency anunciou que o padre pró-vida Frank Pavone foi laicizado pelo Vaticano (https://www.catholicnewsagency.com/news/253106/vatican-dismisses-father-frank-pavone-from-priesthood). Segue parte da reportagem:

A CNA descobriu que o padre Frank Pavone, conhecido ativista pró-vida e diretor nacional da organização Priests for Life [Sacerdotes pela Vida], foi demitido do estado clerical por “comunicações blasfemas nas mídias sociais” e “desobediência persistente às instruções legais de seu bispo diocesano”.

Em uma carta de 13 de dezembro aos bispos dos EUA obtida pela CNA e confirmada por várias fontes como autêntica, o arcebispo Christophe Pierre, núncio apostólico nos Estados Unidos, escreveu que o prefeito do Dicastério para o Clero emitiu a decisão em 9 de novembro, acrescentando que “não havia possibilidade de apelo”. […]

A comunicação de Pierre não especifica as ações que levaram à demissão de Pavone nem nomeia o bispo que ele desobedeceu.

A declaração refere-se a Pavone como “Sr. Pavone” e o chama de “um leigo”, ressaltando a natureza dramática e imediata da ação do Vaticano. […]

Em um e-mail à CNA no sábado, Pavone disse que não estava ciente da ação do Vaticano.

“Como o CNA soube disso antes de mim?” ele perguntou. Em um e-mail subsequente, ele acrescentou que a consulta da CNA foi “a primeira comunicação que recebi sobre isso”.

É interessante confrontar o caso de Frank Pavone com o caso do Padre Manel Pousa, que deu a duas jovens dinheiro para abortarem seus filhos. O bispo de Barcelona, respaldado pelo Vaticano, não impôs nenhuma punição a esse padre, e o mesmo Vaticano se pronunciom favoravelmente, dizendo que ele não incorreu em nenhuma pena canônica (https://www.lifesitenews.com/news/priest-who-paid-for-young-girls-abortions-acquitted-by-bishop/).

Diante disso, o raciocínio não é difícil: para Francisco não há problema com quem aborta, promove o aborto ou paga para outros abortarem, mas existe com aquele padre que tem uma associação para salvar criancinhas indefesas do aborto. Donde se vê que Francisco não é simplesmente um herege, mas também um monstro, um péssimo ser humano.

Mas, se é evidente que ele não defende de fato aos inocentes, mas que isso é apenas um meio para conservar os meios de prejudicá-los, a quem ele defende afinal? Se restava alguma dúvida, hoje nem os mais ingênuos podem duvidar de quem seja. Ele defende políticos corruptos e abortistas como Lula e Biden.

É o que lemos em matéria do Vatican News (https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-12/papa-assinei-renuncia-caso-impedimento-medico-entrevista.html), publicada no dia 18 de dezembro de 2022, resumo de uma entrevista conedida por Francisco ao diário espanhol ABC. Ee diz o seguinte:

Outro caso “paradigmático” que chamou a atenção do Papa é o do recém-eleito presidente do Brasil, Inácio Lula. Paradigmático porque o julgamento do líder político – condenado por corrupção passiva, durante 580 dias na prisão, impedido de concorrer nas eleições presidenciais de 2018, até 2021, quando a Suprema Corte anulou todas as sentenças – começou com “fake news”. Estas, diz o Papa, “criaram uma atmosfera que favoreceram seu julgamento…. O problema das notícias falsas sobre líderes políticos e sociais é muito sério. Elas podem destruir uma pessoa”. No caso específico de Lula, segundo o Papa Francisco, não foi “um julgamento à altura”. “Cuidado”, adverte, “com aqueles que criam a atmosfera para um julgamento, seja ele qual for. Eles fazem isso através da mídia de forma a influenciar aqueles que devem julgar e decidir. Um julgamento deve ser o mais limpo possível, com tribunais de primeira classe que não tenham outro interesse que manter limpa a justiça”.

Eis aí o tipo de “inocente” que Francisco defende, um que é – seguramente – do mesmo clube abortista de um Joe Biden, de uma Emma Bonino e de uma Mariana Muzzucato. É notório que nesta luta pela moral cristã, Francisco escolheu o lado inimigo, atuando em comunhão mal-disfarçada com todos os agentes do inferno. Não está ele com Jesus Menino e os Santos Inocentes, mas com o tirano Herodes e todos que o imitam.

A Blasfêmia de Natal de Francisco-Bergoglio

Quando se odeia uma pessoa, não raro se ataca também a sua mãe, como forma talvez de atacar a maior responsável por aquela pessoa odiada estar neste mundo. Assim também os hereges de todos os tempos, como são inimigos do Cristo verdadeiro, que nesta terra viveu e pregou o catolicismo romano, não se limitam a audaciosamente negar sua doutrina, mas também gastam muito de seu tempo atacando sua Mãe, Maria Santíssima, negando suas maiores excelências, que são todas comemoradas pelos católicos do mundo inteiro.

Há dois dogmas em particular que os hereges costumam atacar da maneira mais blasfema e vil possível, a saber, a Imaculada Conceição de Maria e sua Perpétua Virgindade. Nós católicos, porém, comemoramos uma e outra doutrina, a Imaculada Conceição especificamente no dia 8 de dezembro – e aqui no Brasil, também no dia 12 de outubro, dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida – e a virgindade de Maria Santíssima é exaltada particularmente nas festas da Anunciação, no dia 25 de março, e do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, no dia 25 de dezembro, pois é pela contemplação do caráter virginal da conceição e nascimento de Jesus Cristo que melhor admiramos o mistério da virgindade perpétua de Nossa Senhora.

Os modernistas, sem negar sua raiz protestante, enquanto continuam a disfarçar-se de católicos para melhor enganarem os próprios católicos, costumam vez por outra destilar – nestas mesmas ocasiões – o seu veneno contra a Mãe de Deus e assim procuram diminuir suas excelências e negar – direta ou indiretamente – sua Imaculada Conceição e Perpétua Virgindade.

Quando descemos ao caso particular de Jorge Mario Bergoglio, o herege que se diz Papa Francisco, isso não poderia ser coisa mais notória. Anualmente, sempre que surge uma oportunidade, procura dizer que Nossa Senhora tinha defeitos, como todas as mães, que ela pensou que Deus a tinha traído, que ela não nasceu santa, que ela não é corredentora, e outras coisas que vão de declarações ambíguas a erros teológicos graves.

Este ano não poderia ter sido diferente. No dia 22 de dezembro deste ano, em mensagem de Natal dirigida à funcionários do Vaticano, Bergoglio lhes pede que, neste Natal, tenham a serenidade da Sagrada Família. Um belo desejo, mas que traz consigo o veneno protestante contra Maria.

Se alguém já viu aqueles filmes protestantes sobre a vida de Cristo, lembrará que na hora do nascimento de Jesus, eles costumam dar uma particular ênfase nas dores de parto de Nossa Senhora. Não se trata porém de meros efeitos especiais, o que ocorre aí é a negação implícita, mas necessária e certa, da Imaculada Conceição de Maria e de sua perpétua virgindade. De fato, a teologia católica ensina como uma verdade certa que Maria Santíssima não sentiu dores de parto, tanto como um corolário de sua Imaculada Conceição, pois as dores de parto são fruto do pecado original, do qual Nossa Senhora foi preservada; quanto como uma consequência de sua perpétua virgindade, que inclui ter mantido, durante o parto de Cristo, a integridade do seu corpo, como veremos mais adiante.

Foi precisamente essa verdade católica que Francisco negou em sua fatídica mensagem de Natal deste ano. Ele disse o seguinte:

“Serenidade não significa que tudo está indo bem, que não há problemas, dificuldades, não, não significa isso. Como nos demonstra a Sagrada Família de Jesus, José e Maria. Podemos imaginar, quando chegaram a Belém, Nossa Senhora começou a sentir as dores [la Madonna cominciava a sentire i dolori], José não sabia para onde ir, batia em muitas portas, mas não havia lugar…

Se ela sentia as dores, então recaiu sobre ela a maldição dirigida a mulher depois do pecado, conforme se lê em Gênesis, capítulo 3: “Eu multiplicarei os teus trabalhos, e os teus partos. Tu em dor parirás teus filhos, e estarás sob o poder de teu marido, e ele te dominará.” (Gênesis 3, 16).

Mas se recaiu sobre ela estas dores, logo ela não é Imaculada, isto é, não estava livre do pecado original. Com efeito, é evidente que a doutrina católica e bíblica faz das dores de parto uma consequência do pecado original. Mas é precisamente deste pecado original que a Santíssima Virgem foi preservada, como definiu o Papa Pio IX na Constituição Apostólica Ineffabilis Deus, na qual proclama o dogma da Imaculada Conceição.

É impossível a um católico afirmar que a Virgem Maria sentiu dores durante o parto, porque afirmá-lo é uma negação implícita, mas certa, da Imaculada Conceição.

Além disso, quem fala em dores de parto nega também a perpétua virgindade de Maria, que outro dogma de fé infalível e universalmente professado pela Igreja de Jesus Cristo.

A Igreja Católica sempre ensinou que Nossa Senhora foi sempre virgem: antes do parto, durante o parto e depois do parto. Essa virgindade durante o parto implica também que o seu corpo se manteve sempre como o corpo de uma virgem, sem qualquer violação ou ruptura de sua integridade física. Isso todos os católicos confessam ao recitar a Ladainha de Nossa Senhora, quando dizem: mater intemerata, isto é, mãe intacta. Nos catecismos explica-se que Nosso Senhor nasceu de Maria Virgem sem romper sua carne, da mesma maneira que a luz atravessa o vidro sem o quebrar ou que o próprio Cristo atravessou a pedra do sepulcro, no dia de sua Ressurreição, sem a mover.

Assim não admira encontrar em um manual de teologia dogmática anterior à revolução do conciliábulo Vaticano II a seguinte explicação sobre o nascimento virginal de Nosso Senhor:

“A conservação desta integridade corporal e a ausência de dor no parto estão tão ligadas na fé perpétua da Igreja e na tradição patrística com o nascimento virginal [de Cristo] que devem ser mantidas como elementos necessários do dogma do nascimento virginal [de Nosso Senhor]…. Portanto, de modo algum se pode consentir com a interpretação recente da virgindade [de Maria], que quer prescindir dessa integridade corporal e ausência de dor no parto.” (Sacrae Theologiae Summa, vol. IIIA , p. 410 da tradução inglesa).

Na encíclica Munificentissimus Deus, na qual proclama o dogma da Assunção de Nossa Senhora, o Papa Pio XII – ao passar pelos teólogos que confessaram essa doutrina – com eles ensina que a Santíssima Virgem foi preservada das dores de parto:

“E num sermão pregado em dia da Anunciação de nossa Senhora, ao explicar aquelas palavras do anjo: ‘Ave, cheia de graça…’, o Doutor Universal [São Tomás de Aquino] compara a santíssima Virgem com Eva, e afirma clara e terminantemente que Maria foi livre das quatro maldições que caíram sobre Eva… É da mesma opinião, entre outros muitos, o Doutor Seráfico, o qual tem como certo que, assim como Deus preservou Maria santíssima da violação do pudor e da integridade virginal ao conceber e dar à luz o seu Filho, assim não permitiu que o seu corpo se desfizesse em podridão e cinzas… Deste modo, a augustíssima Mãe de Deus, associada a Jesus Cristo de modo insondável desde toda a eternidade ‘com um único decreto’ de predestinação, imaculada na sua conceição, sempre virgem, na sua maternidade divina, generosa companheira do divino Redentor que obteve triunfo completo sobre o pecado e suas consequências, alcançou por fim, como suprema coroa dos seus privilégios, que fosse preservada da corrupção do sepulcro, e que, à semelhança do seu divino Filho, vencida a morte, fosse levada em corpo e alma ao céu, onde refulge como Rainha à direita do seu Filho, Rei imortal dos séculos (cf. 1Tm 1,17).”

Por fim, deve-se dizer que esta afirmação de Francisco não só é um erro teológico grave, mas também é um pecado mortal de blasfêmia, pois diz de Nossa Senhora algo que não lhe convém, o que é um dos modos de blasfemar, como ensina São Roberto Belarmino em sua Doutrina Cristã, junto de todos os autores católicos de teologia moral.

Entre os modernistas, é apenas mais um dia normal de heresia e blasfêmia contra Nossa Senhora. Eles já deixaram de ser católicos há muito tempo. É uma pena que eles sejam sustentados por pessoas que dizem amar Nossa Senhora, pessoas que, ao mesmo tempo – estranhamente – agem como cúmplices de hereges e blasfemadores de Maria Santíssima.

Amostra do Calendário Litúrgico 2023: Aparições Marianas

Segue uma amostra, em formato digital e compactado, de nosso Calendário Litúrgico 2023. Se você ainda não o fez, recomendo que peça o quanto antes o vosso exemplar, para que seja possível prepará-lo e enviá-lo em tempo. O envio da segunda remessa de calendários será entre os dias 22 e 23 de dezembro.

Nosso Calendário Litúrgico 2023 sai por 89,90 à vista, com frete grátis para todo o Brasil, ou em até 3x de 33,30. O pagamento pode ser feito preferencialmente via Pix. Minha chave é este número aqui: 47 991013580. Para outras formas de pagamento, por favor, entre em contato. Atenderei logo que possível. Whatsapp: https://wa.me/5547991013580

Pronunciamentos dos Papas, Cardeais, Bispos e Teólogos sobre a Obrigação de Votar

PRINCÍPIO E FUNDAMENTO

O cristão está obrigado, por lei divina, a cumprir com as suas obrigações de cidadão, em tudo aquilo que não for pecado.

«Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.» (Mateus 22, 21).

«Todo o homem esteja sujeito aos poderes superiores: Porque não há poder que não venha de Deus: E os que há, esses foram por Deus ordenados. Aquele pois que resiste à potestade, resiste à ordenação de Deus: E os que lhe resistem, a si mesmos trazem a condenação.» (Romanos 13, 1-2). Fala-se, neste caso, de poderes legitimamente estabelecidos.

«Submetei-vos pois a toda a humana criatura, por amor de Deus: Quer seja ao rei, como a soberano: Quer aos governadores, como enviados por ele para tomar vingança dos malfeitores, e para louvor dos bons.» (1 Pedro 2, 13-14). Observam os comentadores que São Pedro disse isso nos tempos em que o Imperador era Nero!

Dentre os deveres de um cidadão em uma república está o de votar, logo o cidadão está obrigado a votar para eleger os melhores candidatos possíveis ao governo das coisas públicas. Essa é precisamente a doutrina da Igreja Católica, como se verá a seguir.

OS CRISTÃOS DEVEM ENVOLVER-SE NA POLÍTICA

«Para a salvação pública importa ainda que os católicos emprestem sensatamente o seu concurso à administração dos negócios municipais e se apliquem sobretudo a fazer com que a autoridade pública atenda à educação religiosa e moral da juventude, como convém a cristãos: daí depende sobretudo a salvação da sociedade… Abstendo-se eles, as rédeas do governo passarão sem contestação às mãos daqueles cujas opiniões certamente não oferecem grande esperança de salvação para o Estado. Seria isso, ademais, pernicioso aos interesses cristãos, porque os inimigos da Igreja teriam todo o poder e os defensores dela, nenhum. Evidentemente é, pois, que os católicos têm justos motivos para participar da vida política; porquanto o fazem e o devem fazer não para aprovar aquilo que pode haver de censurável presentemente nas instituições políticas, mas para tirar dessas próprias instituições, tanto quanto possível, o bem público sincero e verdadeiro, propondo-se infundir em todas as veias do Estado, como uma seiva e um sangue reparador, a virtude e a influência da religião católica.» (Papa Leão XIII, Encíclica Immortale Dei, nn. 54 e 55).

A OBRIGAÇÃO DE VOTAR PELO BEM DA SOCIEDADE E DA RELIGIÃO

«Tenham todos presente que, ante o perigo da religião e do bem público, a ninguém é lícito permanecer ocioso… Portanto, é necessário que os católicos evitem com todo o cuidado qualquer perigo, e assim, deixados de lado os interesses de partido, trabalhem com denodo para a incolumidade da religião e da pátria, procurando com empenho, sobretudo, isto, a saber, que, tanto às assembleias administrativas como às políticas ou do reino, venham aqueles que, consideradas as condições de cada eleição e as circunstâncias dos tempos e dos lugares, segundo retamente se resolve nos artigos da citada revista Razón y Fe, pareça que hão de melhor olhar para os interesses da religião e da pátria, no exercício de seu cargo público.» (Papa São Pio X, Epístola Inter Catholicos, 20 de favereiro de 1906).

Os princípios da Revista Razón y Fe, editada pelos jesuítas, que o Papa endossa são, em substância, a obrigação de votar nas eleições e a licitude de escolher o candidato menos mau, na falta de um melhor com chances de ser eleito. Segundo o Papa, não há nisso nada que não seja ensinado pela maior parte dos teólogos de moral e, portanto, trata-se de uma norma lícita e segura (cf. La Civiltà Cattolica, Anno 57.º – 1906 – vol. 2, p. 100).

EM SITUAÇÕES GRAVES, DEVE-SE VOTAR SOB PENA DE PECADO MORTAL

«O exercício do direito de voto é um ato de grave responsabilidade, pelo menos quando se trata de eleger quem será encarregado de dar ao país a sua constituição e as suas leis, particularmente aquelas que afetam, por exemplo, a santificação das festas, do casamento, da vida familiar e da escola, e que orientam, segundo a justiça e a equidade, as várias fases da vida social. Portanto, cabe à Igreja explicar aos fiéis os seus deveres morais que derivam do seu direito de voto.» (Papa Pio XII, Discurso aos Pastores e Pregadores Quaresmais de Roma, 1946: Acta Apostolicae Sedis, vol. 38, p. 187).

«Amanhã os cidadãos de duas grandes nações estarão lotando as cabines de votação. Qual é a questão fundamental nestas eleições? A questão é se essas duas nações, essas duas nações latinas irmãs, que têm mais de mil anos de história cristã, continuarão a se firmar na rocha firme do cristianismo, no reconhecimento de um Deus pessoal, na crença da dignidade espiritual e o destino imortal do homem, ou, pelo contrário, escolherão colocar seu futuro no poder inexorável e totalitário de um estado materialista, que não reconhece ideais além desta terra, nenhuma religião e nenhum Deus. Uma ou outra dessas alternativas se verificará, conforme os campeões da civilização cristã ou seus inimigos fiquem à frente da votação. A decisão cabe aos eleitores, e a responsabilidade, elevada mas séria, é deles.» (Papa Pio XII, Alocução ao Sagrado Colégio de Cardeais, 1.º de junho de 1946: Acta Apostolicae Sedis, vol. 38, pp. 256-257).

«É vosso direito e dever chamar a atenção dos fiéis para a extraordinária importância das próximas eleições e para a responsabilidade moral que daí decorre para todos os que têm direito de voto. Sem dúvida, a Igreja pretende ficar fora e acima de todos os partidos políticos, mas como pode ser possível ficar indiferente à composição de um parlamento ao qual a Constituição dá o poder de legislar em assuntos que dizem respeito tão diretamente ao mais alto interesse religioso, e à condição da vida da Igreja na própria Itália?… Por conseguinte, segue-se: – Que nas circunstâncias atuais é estritamente obrigatório para quem tem o direito, homem ou mulher, participar das eleições. Aquele que se abstém, sobretudo por indolência ou covardia, comete assim um pecado grave, uma ofensa mortal.» (Papa Pio XII, Papa Pio XII, Discurso aos Pastores e Pregadores Quaresmais de Roma, 1948: Acta Apostolicae Sedis, vol. 40, p. 119).

«Cada um deve votar de acordo com os ditames de sua própria consciência. Ora, é evidente que a voz da consciência impõe a todo católico sincero a necessidade de dar seu próprio voto àqueles candidatos ou àquelas listas de candidatos que lhes ofereçam garantias verdadeiramente adequadas para a proteção dos direitos de Deus e das almas, para o verdadeiro bem dos indivíduos, das famílias e da sociedade, segundo as leis de Deus e o ensinamento moral da Igreja.» (Ibidem).

«Há uma grave responsabilidade sobre todos, homens ou mulheres, que têm o direito ao voto, especialmente quando os interesses da religião estão em jogo; a abstenção neste caso, em si – isto deve ser bem compreendido -. é um grave e fatal pecado de omissão. Ao contrário, exercer bem o direito de voto é trabalhar efetivamente para o bem do povo, como leais defensores de Deus e da Igreja.» (Papa Pio XII, Congresso da União Internacional das Ligas de Mulheres Católicas, 11 de setembro de 1947: Acta Apostolicae Sedis, vol. 39, p. 486).

A partir desses pronunciamentos papais aprendemos sobre o caráter grave da obrigação de votar, particularmente em circunstâncias de séria importância para o bem da Igreja ou do Estado. O Papa Leão XIII estabeleceu o princípio geral do interesse em assuntos políticos e cada um dos Papas sucessivos enfatizou a obrigação em circunstâncias particulares. De seus escritos e discursos sabemos que um católico não pode ser indiferente às suas obrigações de cidadão, mas deve usar as forças políticas à sua disposição, particularmente o direito de voto, para melhorar a condição da religião e do bem comum, especialmente quando uma destas coisas ou ambas exijam seu voto.

PRONUNCIAMENTOS DOS BISPOS E CARDEAIS

«É um dever de consciência, para todos os cidadãos honrados com o direito de sufrágio, votar com honestidade e sabedoria, com o único objetivo de beneficiar o país. Os cidadãos estão sujeitos à lei divina como está a Igreja. Dos nossos votos, como de todas as nossas ações, Deus exigirá uma conta. O dever de votar é tanto mais obrigatório para a consciência, porque do seu bom ou mau exercício dependem os mais graves interesses do país e da religião.»

«É vosso dever votar. Deixar de fazê-lo seria uma abdicação culposa do dever de vossa parte. É vosso dever votar honestamente; isto é, para homens dignos de vossa estima e confiança. É vosso dever votar sabiamente; isto é, de forma a não desperdiçar os vossos votos. Seria melhor colocá-los em candidatos que, embora não satisfaçam plenamente todas as nossas legítimas reivindicações, nos levariam a esperar deles uma linha de conduta útil ao país, do que guardar os vossos votos para outros cujo programa de fato possa ser mais perfeito, mas, cuja derrota quase certa, pode abrir a porta aos inimigos da religião e da ordem social.» (Cardeal Léon-Adolphe Amette, Arcebispo de Paris, em carta conjunta com os bispos de França, 1921, citado em Ryan-Boland, Catholic Principles of Politics, pp. 207-208).

«Como pastor de almas tenho não só o direito, mas o dever de esclarecer o meu rebanho sobre as dificuldades e perigos deste momento de importância histórica. A hora atual é tão escura e os perigos de tal magnitude nos ameaçam, que todos os cidadãos devem se interessar pelas eleições. A abstenção é hoje uma falta grave, devida ao egoísmo ou fraqueza, medo, se não covardia. Seria errado supor que um voto a mais ou a menos, pouco importe. As maiorias podem ser ganhas ou perdidas por apenas alguns votos. Inimigos de Deus e da Igreja irão às urnas em massa compacta – por que os católicos deveriam fazer o contrário? Não se favorece os humildes ou os pobres ficando em casa no dia das eleições.» (Cardeal Carlo Salotti, Prefeito da Congregação dos Ritos, 1946: Salviamo-L’Italia – Let us save Italy, Talbet (Londres), p. 187).

«Os Deveres Eleitorais dos Católicos… A participação no voto é uma necessidade essencial para um Estado democrático, e é um direito e uma obrigação de todos os cidadãos. Disto resultam as seguintes conclusões:

1. Os católicos, como membros da comunidade do Estado, têm o direito de exprimir as suas convicções políticas.

2. Os católicos têm o direito de decidir, pelo voto, as leis mais essenciais da vida pública polonesa.

3. Os católicos têm o dever cívico, nacional e religioso de participar nas eleições.

4. Os católicos não podem pertencer a organizações ou partidos cujos princípios contrariem a doutrina cristã, ou cujas ações e atividades visem, em realidade, minar a ética cristã.

5. Os católicos só podem votar nas pessoas, lista de candidatos e programas eleitorais que não se oponham à doutrina e à moral católica.

6. Os católicos não podem votar, nem apresentar-se como candidatos a listas eleitorais cujos programas ou métodos de governo sejam contrários ao bom senso, ao bem-estar da nação e do Estado, à moral cristã e à perspectiva católica.

7. Os católicos só devem votar em candidatos de probidade e retidão comprovadas, que mereçam confiança e sejam dignos representantes do bem-estar do Estado polonês e da Igreja.

8. Os católicos não podem deixar de votar sem uma razão justa e sábia; pois cada voto, dado de acordo com as recomendações acima, ou promove o bem comum, ou previne o mal.» (Cardeal August Hlond, 10 de setembro de 1946: Salviamo-L’Italia – Let us save Italy, Talbet (Londres), p. 188).

«Há alguns que se gabam de que, por causa da corrupção dos políticos, recusam-se a votar. É meu dever dizer-lhes que o cidadão católico tem a obrigação de votar. O próprio Santo Padre declarou recentemente que, quando questões graves estão em jogo, deixar de votar pode ser um grave pecado de omissão.» (Cardeal Bernard Griffin, Arcebispo de Westminster in Catholic Mind, 46: 1028 (agosto de 1948), 534).

«É… o dever mais sagrado do eleitor examinar cuidadosamente os candidatos e suas políticas e, acima de tudo, independentemente de partidos ou facções políticas, votar apenas naqueles cujos princípios promoverão os melhores interesses, morais e sociais, do Estado.» (Episcopado das Ilhas Filipinas, 21 de maio de 1949 in Catholic Mind, 47: 1041 (setembro de 1949), 568-569).

«… Considerai que sois responsáveis não só perante a sociedade, mas perante Deus, pelo exercício honesto, independente e destemido do vosso próprio direito de voto, que vos foi confiado, não para vosso ganho privado, mas para o bem público, e se, cedendo a qualquer influência indevida, agires por favor, afeição ou motivos de ganho desonesto, contra vossa própria visão deliberada do que promoverá o bem do país, haveis violado vossa consciência, traído vosso dever e renegado o vosso país.» (Hierarquia dos Estados Unidos, 1840 in Guilday, National Pastorals of the American Hierarchy, 142-143.)

PRONUNCIAMENTOS DOS TEÓLOGOS

«Os principais elementos da cidadania são os direitos e os deveres. Estas são entidades ou categorias morais. A relação do cidadão com o Estado é tanto ética quanto política. Seus direitos não são todos conferidos pelo Estado; alguns deles são naturais, existindo independentemente do Estado, porque são necessários para o bem-estar individual. Seus deveres para com o Estado não são meramente civis e políticos; em geral são também morais, criando uma força que obriga em consciência… Os deveres do cidadão são verdadeiramente éticos, porque o Estado não é uma instituição social voluntária. Não é como uma sociedade fraterna ou associação profissional.» (Monsenhor John A. Ryan, Catholic Principles of Politics. Nova York, 1946, p. 207).

«Na maioria dos países hoje, o povo se governa elegendo seus próprios legisladores, juízes e executivos. Portanto, uma segunda classe de deveres que incumbe ao cidadão resulta de suas funções como eleitor. O direito de voto tem como corolário um dever especial e esse dever é o da justiça legal.» (Koch Preuss, Moral Theology. St. Louis, 1925-1933, vol. 5, p. 571).

«A abstenção do voto sem motivo parece ser, pelo menos, pecado venial, se o candidato bom tiver competidor mau; pode ser pecado grave se ela for causa de ser eleito um candidato mau. – Ao candidato mau só se pode dar o voto, se isso for necessário para impedir a eleição de candidato pior; neste caso declare-se o motivo de tal proceder. Excepcionalmente poder-se-ia dar o voto também ao candidato mau para evitar deste modo um prejuízo pessoal extraordinariamente grande.» (Padre Heriberto Jone, O.M.Cap., Compêndio da Moral Católica, p. 160, n. 204, III).

«A maioria dos autores que falam da obrigação de votar dizem que ela é sub gravi em si mesma ou sub gravi em questões de gravidade. Após uma breve consideração dos argumentos e opiniões, parece seguro concluir que o cidadão está obrigado sub levi a votar em todas as eleições ordinárias. Se falhar por preguiça, indiferença, etc., comete um pecado venial. Se, no entanto, uma pessoa deixa de votar durante um período de tempo, tornando-se assim um não-eleitor habitual, ele cometeria um pecado mortal pelo número de omissões que poderia acumular para constituir um pecado mortal.»

«Se a questão fosse séria, como o caso entre um comunista ou membro de um grupo igualmente mau e um homem bom e capaz e houvesse a chance do homem mau ser eleito, então o cidadão estaria obrigado sub gravi a votar no candidato digno. Se votasse no comunista ou não votasse, pecaria mortalmente. Se não houvesse chance do indigno ser eleito, então obviamente a obrigação não seria sub gravi.»

«Pelas declarações dos teólogos, parece que a obrigação de votar é grave ex genere suo, cuja matéria é importante em si mesma, mas que admite parvidade de matéria em casos individuais. Ou seja, em casos individuais o assunto pode ser leve, e uma pessoa cometeria um pecado venial por não votar ou votar contra os princípios morais.»

(Padre Titus A. Cranny S.A., The Moral Obligation of Voting. Washington: The Catholic University of America Press, 1952, p. 88).

«Com o termo “candidatos indignos” não queremos dizer necessariamente homens cujas vidas privadas sejam moralmente repreensíveis, mas aqueles que, se eleitos, causariam graves danos ao Estado ou à religião, como, por exemplo, homens de temperamento vacilante que temem tomar decisões.»

«Na vida prática, muitas vezes é difícil determinar se um certo candidato é digno ou indigno, porque parece haver pouco sobre o que julgar com precisão, especialmente em eleições locais ou municipais. Não se segue que todo católico seja necessariamente o melhor homem para um cargo e que todo não católico não o seja; nem que todo católico promova os interesses do bem comum do Estado e da religião e que o não católico não o faça. Mesmo que um homem seja de excelente caráter em sua vida privada, ele não provará necessariamente ser competente em um cargo público. Às vezes também, como São Roberto Belarmino apontou em seu De laicis [c. 4, p. 7], os chamados governantes maus podem fazer mais bem do que mal, como Saul e Salomão. É melhor que o Estado tenha um governante mau do que nenhum governante, pois onde não há governante o Estado não pode resistir por muito tempo, como observou o sábio Salomão: “Onde não há quem governe, perecerá o povo.” [Prov. 11, 14].» (Ibidem, p. 93).

«Tanquerey declara que se a votação for entre um socialista e outro liberal, o cidadão pode votar pelo menos mau, mas deve declarar publicamente por que está votando dessa forma, para evitar qualquer scandalum pusillorum [Synopsis Theologiae Moralis, 3, 981]. Prümmer diz o mesmo [Manuale Theologiae Moralis, 2, 604]. Na verdade, porém, nos Estados Unidos e em outros países onde a votação é secreta, parece não haver necessidade de declarar a maneira de votar.» (Ibidem, p. 94).

«Em seu Casus, Genicot, [p. 138] apresenta um caso de eleição entre um liberal e um comunista. Para evitar escândalo, o cidadão deve dar razões para votar no liberal. Não se apoia o mau candidato, mas simplesmente aplica-se o princípio do duplo efeito.» (Ibidem, p. 95).